Archtops - história, desenvolvimento, marcas, conversas, sons e tudo mais

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nichendrix
Veterano
# mai/15
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MMI

A L-5 acústica é mais antiga que a ES-150, mas a versão elétrica da ES-150 veio primeiro.

MMI
Veterano
# mai/15
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nichendrix

um dos poucos que ainda condições pra tocar desses pertence a um colecionador brasileiro

A essa altura acho que pertenceu. Mas não cabe essa conversa aqui...

aí que surgiu o Gibson L-5, o L que eu saiba é de Loyd, já que ele modificou bastante os projetos originais do Orville Gibson que tinham boca oval.

Isso é uma lenda, não é verdadeira. Bem antes de Loar aparecer por lá, a Gibson já fazia a L1. Este era o nome da linha de guitarras, "L". Mais tarde a L1 virou flatop e este modelo ficou conhecido como o modelo de Robert Johnson. É verdade que Lloyd Loar merecia que este L fosse em homenagem a ele, mas o que ele fez foi desenvolver a L5, a L1, L2, L3 e L4 não foram obras dele.

JJJ

Não, neste tópico vou me limitar às guitarras archtop, muito mais ás carved (sólidas), que são o ponto mais alto no mundo da guitarra e que quase ninguém no fórum conhece. Não vou passar do que já falei em relação às semi-sólidas ou mesmo das sólidas, não faria o menor sentido num tópico dedicado às archtops.

MMI
Veterano
# mai/15
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nichendrix

A L-5 acústica é mais antiga que a ES-150, mas a versão elétrica da ES-150 veio primeiro.

Sim, sem dúvida.

JJJ
Veterano
# mai/15 · Editado por: JJJ
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MMI
Não vou passar do que já falei em relação às semi-sólidas ou mesmo das sólidas, não faria o menor sentido num tópico dedicado às archtops.

Ok, tá certo. Mas posso te perguntar sua opinião pessoal sobre a 335? Não precisa contar história nenhuma, só fiquei curioso pra saber se curte ou não. Basta responder "gosto" ou "não gosto" e te deixo em paz! rs

boblau
Veterano
# mai/15
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JJJ

sei que a minha opinião não vale muito, mas um dos melhores timbres que já escutei numa jam na minha frente foi com uma 335 ligada num twin reverb só no cabo....

carlcarl
Veterano
# mai/15 · Editado por: carlcarl
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é por topicos como este,sem esquecer que estamos diante de um excelente musico que de vez enquanto dedico alguma coisinha que toco a este grande professor e amigo.uma vez mais muito obrigado MMI
abç

MMI
Veterano
# mai/15
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JJJ

Minha opinião pessoal sobre 335... Muito pessoal, tá?

Gosto! Acho que as câmaras tem sim um fator acústico importante, tanto que elas tem uma variabilidade muito grande. Para mim as cavidades não só tem papel no feedback como no componente vibratório, na ressonância da guitarra. Isso faz diferença.

Tenho uma Lucille, que seria uma 355 modificada. Gosto dela, não é minha favorita, mas é legal. Se me perguntassem, acho que hoje dificilmente compraria uma 335. Acho que tem melhores, como a que a Dunamiz fez recentemente, a Collings I35 Deluxe ou a Benedetto GA35. Acho que as madeiras sólidas acrescentam uma sonoridade que me agradam, apesar que tem gente que prefere as 335.

carlcarl

Quanta honra! Obrigado pelas palavras.

MMI
Veterano
# mai/15 · Editado por: MMI
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Pouco antes de sua morte em 1995, Jimmy D`Aquisto que já era considerado o maior fabricante de guitarras de todos os tempos, construiu para Scott Chinery uma de suas masterpieces por suas linhas e cor azul, a D`Aquisto Centura Deluxe. Scott Chinery foi um dos mais importantes colecionadores de guitarras que existiu. Chinery percebeu que nesta época que a arte das archtop havia chegado a um máximo, em termos de qualidade e diversidade. Havia muitos luthiers talentosos produzindo essas guitarras, na época mais de uma centena na América do Norte.

Em 1898 apareceu a primeira patente de archtop, da Gibson. Como centenário deste marco, Chinery foi aos melhores luthiers que existiam e pediu que interpretassem sua Centura Deluxe para ver as diferenças e mostrar a capacidade de desenvolvimento para igualar ao mestre, com a única obrigatoriedade: que fosse azul, com o mesmo pigmento usado por D`Aquisto, fornecido por ele. Foi uma competição amigável, cobrindo vários estilos e preços que variavam entre 3.500 a 35.000 dólares, que acabou com se tornando a coleção das maiores archtops já feitas. A entrega das guitarras foi um evento que reuniu os luthiers, músicos como Scotty Moore, Tal Farlow, Johnny Winter e outros para verem as 22 guitarras, todas acústicas (não tinham captadores). Tais guitarras foram tema de exposições em museus, tema de um livro e foram cedidas para um CD de Martin Taylor e Steve Howe. Os luthiers foram:

Bob Benedetto - Talvez a mais famosa dessas guitarras, que mais se destacou. A guitarra dele foi chamada de La Cremona Azzurra. Fez uma guitarra com abertura florais, ao invés dos tradicioais f-holes, com soundport e de desempenho excepcional. Não é a toa que é considerado hoje o maior luthier vivo do planeta.

John Buscarino - estudou 2 anos com Benedetto. Fez uma guitarra bastante tradicional. Scott Chinerydescreveu como: A powerful guitar with great tonal qualities.

Mark Campellone - um músico que se formou em Berklee que virou luthier.

Bill Comins - outro músico com curso superior e que estudou luthieria com Benedetto.

D`Leco Guitars - de uma dupla de luthiers, James Dale e Maurice Johnson. Fizeram uma bonita guitarra com aberturas florais.

Fender Custom Shop - Foi feita uma guitarra com a marca Fender D`Aquisto Custom Ultra, liderada por Stephen Stern.

Gibson Custom Shop - fizeram a Gibson Super 400 Custom, pelo time da Custom Shop, liderados por Jim "Hutch" Hutchins. Chinery estava cético com esta guitarra, masquando tocou, apesar de já ter tocado as melhores Super 400 que existiam, achou que era a melhor Super 400 que já tinha visto.

Steve Grimes - fez uma guitarra de som bem aberto, além de uma flatop.

Bill Hollenbeck - foi aprendiz de Bill Barker.

Mark Lacey - australiano, cresceu em Londres e se mudou para os EUA com a ajuda do famoso expert em guitarras George Gruhn. Fez uma bela guitarra com o tailpiece em bronze e inlays de ouro.

Bozo Podunavac - uma belíssima guitarra, cheia de inlays e outra pequena, a Baby Blue Bozo.

Jim Triggs - Uma guitarra fortemente influenciada por D`Angelico. Trabalhou na Gibson em Nashville também.

Bill Collings - Esse é o sujeito que faz as 335 sólidas que falei, tinha nesta época 19 empregados na sua fábrica, inclusive com uma CNC.

Linda Manzer - canadense extremamente renomada, foi aprendiz de D`Aquisto,como falei atrás. Faz os instrumentos de Pat Metheny. Tem uma fila de mais ou menos 2 anos, para instrumentos que custam no mínimo 15 mil dólares até 100 mil dólares.

Ted Megas - faz 8 a 10 instrumentos por ano de forma meticulosa. Usou cocobolo em seu exemplar.

John Monteleone - exímio representante da escola de NYC. Trabalhou como reparador (aqui chamam de luthier, né...) de uma das mais conhecidas lojas de instrumentos vintage, a Mandolin Brothers e depois passou a construir seus próprios instrumentos. Fez uma guitarra com uma abertura oval mais duas aberturas laterais (soundport), sendo que todas elas com sistema de porta que permitiam fechar a abertura. Monteleone foi, junto com D`Angelico e D`Aquisto, tema de uma exposição no Metropolitan Museum of Art de NYC, onde ele construiu 4 guitarras para o evento, para as 4 estações do ano. Um dos 4 guitarristas que se apresentaram com estes instrumentos foi Chico Pinheiro, brasileiro que logo em seguida assinou com a Benedetto. Outra fato interessante, Mark Knopfler ficou tão impressionado com sua Monteleone que fez uma música para ele.

Brad Nickerson - também se formou em Berklee e resolveu ser luthier. fez uma guitarra com belos inlays.

Tom Ribbecke - um inovador incansável. Tem ideias incríveis, uma delas a guitarra Fibonacci com um bracing inovador. Fez também uma archtop com a incrível "the tree", uma árvore de mogno extremamente figurada (sim, isso é mogno). O João Cassias trabalhou com ele por um tempo, aprendendo e fazendo uma forte amizade com Ribbecke.

Theo Scharpach - um austríaco, o único europeu do grupo.

Kim Walker - trabalhou para George Gruhn. Fez uma guitarra com belíssimo inlay.

John Zeidler - um habilidoso luthier que fabrica desde seus 15 anos.

Outros construtores que merecem ser mencionados:

Bill Moll - faz as guitarras de John Pizzarelli.

Ervin Somogyi - um dos maiores e mais respeitados artistas de luthieria. Seus cursos, em especial o "the Responsive Guitar" é procurado pelos maiores luthiers do mundo. Também teve o João Cassias morando em sua oficina, no papel de aprendiz.

Jimmy Foster - foi um dos mais respeitados luthiers, infelizmente não está mais entre nós. Pude passar uma tarde com ele, conhecendo sua oficina e aprendendo muito, além de me deixar tocar com sua mais que especial guitarra pessoal, esta Royale.

Peerless Guitars - faz as guitarras de Martin Taylor.

Ken Parker - outro grande revolucionário. Depois de desenvolver as guitarras Parker e vender, partiu para revolucionar as archtops.

Vou me atrever a colocar aqui o João Cassias. Como já falei atrás, extremamente bem formado, porque além de estagiar com mestres, se formou como o melhor aluno em muitos anos no Galloup School of Guitar Building and Repair. Tem uma das melhores coleções de madeiras do mundo, sem dúvida, e talento de sobra.

Continua... Abs

Ismah
Veterano
# mai/15
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MMI

Não é nem um pouco da minha conta, mas vc é o que na vida, para conseguir estes feitos, no mínimo incríveis?

MMI
Veterano
# mai/15
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Ismah

Sou apenas um mercosulino que rala e se f... como os outros. Mas que já rodou o mundo atrás de guitarras, estúdios, luthiers e algum conhecimento musical, que é pouco.

Os luthiers, especialmente de archtops, costumam ser muito unidos e acessíveis. Para passar uma tarde na Benedetto é só mandar um email solicitando, por exemplo. Jimmy Foster foi até mais longe, queria me arrumar umas apresentações com ele e um amigo dele. Se fosse para cantar (sou pior que um frango esgoelado), ficaria meses por lá ganhando uma graninha, já que ele tinha datas marcadas e adorava bossa nova, em especial na língua portuguesa. Ele me falou do Katrina passando por sua casa (era próximo de New Orleans) e de como sobreviver num furacão, só não me falou que eram os seus últimos meses de vida.

nichendrix
Veterano
# mai/15 · Editado por: nichendrix
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MMI
Um que é pouco falado mas que manda muito bem e tem um trabalho muito variado é o Phillip Petillo, que fazia guitarras pro Tal Farlow, o cara faz sólidas mas o lance dele são violões, archtops e quadros feitos em machetaria, muitas vezes feitos com as sobras de madeira, abalone e madre-perola do trabalho nos instrumento.

Ismah
Veterano
# mai/15
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MMI

Não só os "achery", mas todas essas classes de luthiers, técnicos etc tendem a ser unidos. Meu luthier, queria por força que me tornasse aprendiz dele, sem custos. Como financeiramente me seria inviável na época não aceitei, mas nas primeiras aventuras com valvulados e eletrônica, cheguei a passar horas e mais horas ao telefone.

Talvez porque os bons já sejam mais de idade, e desejam apenas deixar seu legado para alguém - não lembro de muitas famílias tradicionais na luthieria, principalmente na atualidade.

Filippo14
Veterano
# mai/15
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Caralho, que guitarras fodas hahahah. O lance dessas guitarras é que elas são basicamente um violão. Pelo que eu entendi cada um desenvolve o seu modelo, baseado claro nas ideias iniciais da década de 20, 30, só que cada um tem uma espessura, abertura, tamaho, formato, ou seja, são modelos diferentes. O que pôe mais mágica na brincadeira é que esse tipo de instrumento exige "mais" da construção, madeira, etc pelo fato de não possuir captadores em grande parte deles. A construção desse tipo de instrumento tem que ser impecável, são obras de arte mesmo. Tópico foda demais, parabéns à todos aí e continuem ahahahha.


Abração

boblau
Veterano
# mai/15
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Filippo14

O problema é a GAS que bate em cheio...

boblau
Veterano
# mai/15
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MMI

vc não colocaria nesta sua lista de menções o Steve Marchione? Achei as guitarras dele "conservadoramente inovadoras".

MMI
Veterano
# mai/15
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nichendrix
boblau

Sim, cabem outros nome nesta lista. Podemos falar do Dan Koentopp, Roger Sadowsky e outros. Mas estou achando que já tem informação demais, não? o.O

Filippo14

Na verdade são violões que podem ou não receber captadores. No caso das Blue Guitars, a encomenda foi para instrumentos acústicos, mas muitas vezes atualmente recebem captadores. Pode ser colocado um captador fixado ao tampo ou, muitas vezes, flutuante. São verdadeiras obras de arte mesmo.

boblau
Veterano
# mai/15
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MMI

informação demais????

Que nada....

Neste tópico quanto mais melhor!

Vou postar, se você permitr, vídeos de um colecionador do EUA.

MMI
Veterano
# mai/15
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boblau

Manda! Lembrei que não postei vídeos do Chinery.

boblau
Veterano
# mai/15
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Bom, vou humildemente contribuir com o tópico criado pelo MMI com uma sequência de vídeos chamados "Portrait Guitars".

Trata-se de um tributo à família de um colecionador de guitarras americano chamado Don Fisher. Ele escolheu a dedo 6 luthiers para construir uma guitarra Archtop dedicada a cada uma de suas 5 filhas e à sua esposa, totalizando 6 guitarras. O desafio era que os luthiers deveriam traduzir em uma guitarra a beleza e a personalidade de cada uma dessas mulheres.

No vídeo, os seis luthiers se apresentam, apresentam o processo de criação e construção em uma festa onde as guitarras são apresentadas em primeira mão às 6 mulheres e ao próprio Don.

1- Vídeo de apresentação
https://vimeo.com/47833846

2-Guitarra de Bill Comins
https://vimeo.com/47690574

3- Guitarra de Steve Andersen
https://vimeo.com/47685070

4- Guitarra de Stephen Marchione
https://vimeo.com/47620531

5- Guitarra de Steve Grimes
https://vimeo.com/47563731

6- Guitarra de Mark Lacey
https://vimeo.com/47555287

7- Guitarra de Ted Megas
https://vimeo.com/47544867

8- Resumo dos Luthiers
https://vimeo.com/44975119

Quem me mostrou estes vídeos foi o João Cassias no processo de criação da minha Archtop que estou encomendando com ele neste momento.

Reservem um tempo para assistir os vídeos com calma.

nichendrix
Veterano
# mai/15 · Editado por: nichendrix
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MMI
Gosto! Acho que as câmaras tem sim um fator acústico importante, tanto que elas tem uma variabilidade muito grande. Para mim as cavidades não só tem papel no feedback como no componente vibratório, na ressonância da guitarra. Isso faz diferença.

Tenho uma Lucille, que seria uma 355 modificada. Gosto dela, não é minha favorita, mas é legal. Se me perguntassem, acho que hoje dificilmente compraria uma 335. Acho que tem melhores, como a que a Dunamiz fez recentemente, a Collings I35 Deluxe ou a Benedetto GA35. Acho que as madeiras sólidas acrescentam uma sonoridade que me agradam, apesar que tem gente que prefere as 335.


Eu vou discordar um pouco aqui. As camaras não tem função acústica, ao menos não por projeto ou intenção, nem pra feedback era pra ter. Na verdade a 335 surgiu como uma alternativa mais dentro da estética da época ao que eram as Les Paul.

As Les Paul que hoje são veneradas, na época sofriam com vendas muito baixas, então em 59 a Gibson decidiu testar diversos novos modelos pra ver quais pegavam, surgiram guitarras como Flying V, Explorer, Firebird, 335 e 330. As 3 primeiras surgiram como uma tentativa de ter algo mais moderno e futurista como as Strocaster da vida, já as duas ultimas surgem como uma resposta a quem queria algumas das vantagens de uma Les Paul como sustain e resistência a feedback, mas que não fosse tão feia e nem pesada.

Pra atender essa demanda eles retomaram a idéia da The Log, mas com a espessura de uma Les paul e o bloco central de Maple pra ficar mais leve. Só quase 10 anos depois que se começou a notar que a idéia não era tão simples e que existiam aí umas medidas ideais. Isso porque a partir de 65/66 a Gibson começa a fazer a linha da 335 cada vez mais fina, com nut cada vez mais estreito, e o som piorou muito, lá por idos de 70 eles começam a fazer elas mais grossas novamente e experimental com diversas medidas até achar o ponto realmente ideal que era próximo ao que era em 59 (não é a mesma coisa ainda é um pouco mais fina e com corpo levemente maior).

Enfim, existe ali um limiar que tem como trabalhar para que a guitarra tenha algumas características diferentes, como mais corpo, ou mais presença, a Gibson em especial testou bastante construções alternativas durante os anos 70, como 335 em Walnut (que eu gostei bastante) ou com baterais e fundo em rosewood e top de spruce ou maple, toda de maple inclusive o braço, ou com braço e bloco central de mogno e o restante de maple. Testaram maior, menor, mais fina, mais grossa, com braço mais pesado, menos pesado, maior distância entre cordas, menor distância entre cordas, escalas de ebano, maple, mais recentemente backed maple. No fim, existe uma especificação que é o que tem mais benefícios, que o usado pelas 335 de hoje em dia.

Dos anos 80 em diante começam a testar alternativas com as camaras pra ver como fazer soar melhor. Aí entra tanto o trabalho da Gibson com séries como a 336 e a 339 como os outro luthiers, em geral de archtops que começam a criar versões 335 de algumas de suas guitarras. Aí se descobre que existem formas de melhorar o timbre ainda mais.

Agora em termos de desempenho, eu discordo que a Collins e a Benedetto (e os equivalentes na linha da Gibson a 336 e 339), sejam superiores às 335 laminadas, porque em geral não são. Elas tem um timbre levemente superior quase você usa pra tocar jazz, bossa, algumas coisas com menos drive, mas qualquer situação que você queira ganho médio pra alto, que pra mim é uma das situações em que as 335 realmente brilham, elas ficam aquém da construção clássica com madeiras laminadas e na boa, salvo o fator pegada, pra mim a pegada das Collins e até mesmo de algumas Washburn, mesmo nessa praia mais som limpo essas guitarras só ficam levemente na frente de uma 335 das realmente boas, quando ficam.

De todas as guitarras que a Gibson fez, a 335 ainda é a única que ninguém que copiou conseguiu fazer algo realmente melhor, é a única que ninguém apresentou grandes inovações ou grandes alterações que pudessem se dizer que fazem realmente a diferença. A diferença é sempre circunstancial, não é como pegar uma L-5CES e comparar com uma Benedetto de mesmo preço e ver que a Benedetto é significativamente melhor.

Sim, cabem outros nome nesta lista. Podemos falar do Dan Koentopp, Roger Sadowsky e outros. Mas estou achando que já tem informação demais, não? o.O

Sim, mas falar de escola de New York depois do D'Aquisto e do D'Angellico, tem que falar uma hora no Petillo, já que junto com o Monteleone e o Benedetto foi um dos grandes nomes que surgiram na década de 60/70 continuando a mesma tradição dos dois, e acho que dos 3 talvez seja o mais roots, já que o Monteleone e o Benedetto uma hora partiram pra inovar, o Petillo continua fazendo as coisas do jeito que sempre foram feitas.

E o Sadowski tem umas guitarras que eu sou doido pra por a mão pra sabqer qual é a delas e nunca tive oportunidade, mas um violão que toquei dele uma vez era de cair o c* da bunda.

Hammer
Veterano
# mai/15
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caramba esse topico ta ficando fantástico!

MMI
Veterano
# mai/15
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nichendrix

Desnecessária essa discussão aqui, mas claramente a cavidade tem função acústica, até pelo seu texto. Qualquer cavidade na guitarra vai ser uma câmara de ressonância, por isso tendem a dar mais feedback, por consequência uma sólida ou com bloco central vai aumentar o sustain - função acústica clara. Mais ainda, os estudos posteriores, alterando a ponte, a espessura, o bloco, tudo isso foi a respeito do desempenho acústico em última análise. E isso, faz, de certa forma, que uma tenha o som diferente da outra, mais que nas sólidas.

Como eu frisei ali, eu acho que as sólidas me agradam mais, de forma geral, que as laminadas. É muito raro uma 335 que soe como elas, apesar que exitem, mesmo para sons com mais ganho. Essa é a minha impressão e de outras pessoas, como o Rampazzo e uns conhecidos gringos.

Deixa para lá, não é a ideia falar de 335 aqui, nem quero.

Abç

nichendrix
Veterano
# mai/15
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MMI
Cara, quando a impressão vai contra toda a forma de como a parte física do negócio funciona, é complicado discutir... uma hora a gente senta e discute isso comendo uns burgers... kkkkk

nichendrix
Veterano
# mai/15
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MMI

Eu ia até me empolgar e fazer um texto sobre diferenças entre archtops com madeiras sólidas e laminadas, mas fui arrumar as compras do supermercado, dei um mal jeito nas costas e vou é deitar, amanhã quem sabe eu meta o pitaco pra contribuir um pouco sobre a diferença entre uma e outra.

MMI
Veterano
# mai/15
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Um vídeo legal, para quem entende inglês. É uma palestra do Howard Paul, CEO da Benedetto.



vintagentleman
Veterano
# mai/15
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Ôpa, esse é cabeça. Marcando para ler com calma depois...

nichendrix
Veterano
# mai/15 · Editado por: nichendrix
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MMI
Eu só tenho um porém com essa fala do Howard Paul. Tanto pela comparação do vinho como com a guitarra.

Eu acho que existe sim a necessidade de se preservar esse lado artistico e artesanal dessas coisas, mas ele dá muito a entender que no caso de um instrumento como uma archtop esse é o único caminho a se ir.

Só que é como vinho, uma garrafa de Romanée-Conti, quando é barata é 12mil dólares, se você só pensa nisso, você nunca vai comer vinho com pizza, você vai economizar por ano pra acabar com isso em 1 noite. Você vai comer a pizza com um Cocha y Toro de 20 reais do Pão de Açucar e deixa o Romanée-Conti pra alguma ocasião pra lá de especial.

A mesma coisa vale pra archtops, existe as "museum quality" que são de cair o cu da bunda, mas não são pra todo mundo, e o que faz com os outros 99% dos músicos do mundo que nunca vão ter grana pra ter uma dessas?

Aí que entra a idéia da regularidade de uma produção industrial, sem isso, guitarra seria coisa pra milionário diletante e não para os músicos que realmente vivem disso e tem que tocar em bares e eventos pequenos.

Enfim, existe espaço pras duas coisas, uma não tem que ser o fim da outra, e nem o fato de uma ser em escala industrial que é necessariamente ruim. Até porque se for pensar bem, pra cada grande gravação feita com uma Benedetto ou D'Aquisto, tem umas 200 feitas com as Gibson ES-175, que junto com a L-5CES são o cavalo de batalha do jazz.

MMI
Veterano
# mai/15
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Seguindo mais um pouco... Vou falar um pouco de construção, o que explica o porque desse tipo de guitarra ser considerado o ponto mais alto deste instrumento.

Escolha de madeiras

Idealmente se usa madeiras com 6% de umidade, secas por no mínimo 5 anos, mas muitos fabricantes de violinos e cellos dizem que os melhores resultados são com madeiras secas por pelo menos 20 anos.

Bob Benedetto não vê diferença notável entre secar naturalmente ou secar em estufa. Mas refere que é necessário cuidado na estocagem e ambiente de trabalho, com controle climático - 21 graus Celsius (70 graus F) e umidade entre 40 e 55%. Trabalhar sem controle atmosférico resulta em rachaduras.

Para o top tradicionalmente se diz que o melhor é o spruce europeu, mas há boas alternativas como o red cedar, adirondack spruce, engelman spruce e o mais usado, sitka spruce. Idealmente deve ser "quartesawn", com os veios retos e paralelos, com 18 a 22 veios por polegada. Muita atenção precisa ser dada aos veios na escolha da madeira. Veios largos são mais "macios" enquanto veios bem estreitos são mais rígidos, portanto um tampo com veios largos tende a ser mais espesso e dar o som mais grave, além de precisar de um bracing mais pesado. Aliás, a mais perfeita madeira (spruce ou cedar), com os veios transversais (quartersawn) e rigidamente paralelos devem ser reservados para o bracing.

O fundo tradicionalmente é de maple, sendo o o hard maple americano mais brilhante que o maple europeu. Também precisa ser muito bem escolhido. Para as laterais, o maple muito figurado é mais difícil de trabalhar pois tende a quebrar mais durante o processo de moldagem. Para o braço, tradicionalmente se usa o maple, mas os construtores modernos tem evitado braços pesados, já que quanto mais leve, mais acusticamente responsivo o instrumento vai ser. Então alguns tem optado por braço de mogno - que também varia bastante de densidade. Além de variações nos minerais devido ao crescimento, solo e regime de chuvas do local da árvore, o mogno varia bastante da base da árvore ao seu topo. A base, sujeita a mais pressão, tem a madeira bem mais compacta e densa em relação ao topo, tende a figurar mais também.

Escavar o tampo e fundo

É uma técnica centenária vinda dos violinos. Claro, existem as laminadas que são mais fáceis de fazer em linha de produção. A Gibson tradicionalmente usa 2 folhas de maple com uma folha de poplar no centro, como um sanduíche.

Não é um procedimento simples, requer muita experiência e habilidade. Desde o início, é necessário fazer o "tap tunning", com a habilidade de segurar num do nós vibratórios, percutindo no centro. Também vai sendo testada a resistência á pressão no centro e a flexibilidade da peça, mas sempre deixando o centro mais rígido (funciona mais ou menos como um alto falante, o centro é rígido, na borda tem uma maleabilidade que é meio como uma suspensão). Como geralmente se usa peças em "bookmatch", emenda das duas peças precisa ser a mais perfeita possível. A forma de escavar depende das aberturas e do bracing que será usado.

Aberturas

O f-hole é uma assinatura do construtor, cada um faz seu desenho. A posição deles é bem importante, mudando o som conforme a posição onde é feito. Algumas abertura mais modernas, como nas "florais", requerem um tampo e bracing diferentes. A área de abertura também é crucial, se for pequena o som fica abafado, se for grande demais perde projeção.

Vale lembrar que as primeiras Gibson eram com aberturas ovais ou redondas. Esse tipo de abertura dá um som com mais graves e agudos mais fracos.

Bracing

O bracing tem a função primordial de distribuir as vibrações no tampo e dar suporte para sustentar a pressão da ponte. Basicamente se usa o parallel bracing e o X bracing.

O parallel bracing lida bem com a força longitudinal das cordas, com menos chance de distorção do "top plate", permitindo as luthier deixar a espessura do tampo mais uniforme. É bem parecido com os violinos e cellos. Costuma produzir um som acústico mais alto e é adequado quando se vai escavar uma cavidade para um captador.

O X bracing não lida tão bem com a tensão longitudinal, então o luthier tem que deixar mais espessa a região central.

Benedetto diz que se pode colar com um pouco de tensão o bracing, que resulta num timbre mais responsivo e potente. Isso se perde em aproximadamente 5 anos e resulta numa perda de volume significativa. É rotineiro a troca do "bass bar" em violinos e cellos por este motivo, mas não em guitarras, que não são construídas para serem desmontadas. Desta forma ele não recomenda tensionar o bracing.

Laterais

O tamanho ideal é de 3 polegadas, independente de ser 16", 17", ou 18". Aumentar o tamanho do corpo não resulta necessariamente em melhora na qualidade do som. Diz o Bob Benedetto que acima de 3 1/4" as notas mais altas ficam fracas e magras.

Na década de 50 a Gibson lançou as Thinlines, como a ES-120, ES-125, ES-140, ES-225, Byrdland Thinline, ES-350, ES-330 até chegar na ES-335, ES-345 e ES-355. Deixo um texto sobre elas aqui. Não se pode esperar das thinline um som acústico comparável às full bodied, mas não são decepcionantes, acho bem legal. Destaco que gostei muito e teria a ES-125, Byrdland thinline e a ES-330.

Acho que era isso basicamente, não vou mais além falando de neckblock, tailblock, kerfed linings, side braces, sound port etc. porque já foi longe e deu para notar a arte envolvida na construção das archtops.

Abs

MMI
Veterano
# mai/15
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nichendrix

Sim, sem dúvida. Eu mesmo curto muito caras como Wes Montgomery que sempre se apresentou de L5 ou mesmo George Benson (este tem archtops fenomenais!!!) que se apresenta com Ibanez. Longe de mim dizer que esses caras não tem timbre ou mesmo que eu não gosto de ouvir.

Existe sim espaço para todas, talvez o Howard Paul esteja vendendo o peixe dele também. Mas reconheço (tenho certeza que você também) que uma archtop foda dessas de museu são um outro papo - que nem eu nem você vamos ter um dia, infelizmente (ou não, vamos apostar no Cassias...)

Me pediram para criar este tópico para falar deste tipo de guitarra, que praticamente ninguém nunca viu no fórum. Longe de mim falar que L5, Ibanez Benson, ES-175 etc. são lixo, elas tem sua aplicação. Só que a razão deste tópico foi o pedido do pessoal de falar sobre este tipo de archtop, o que tem de melhor, que ninguém conhece por aqui e que de certa forma vai de encontro com o que o Howard Paul disse. Só que sem nenhum tipo de interesse comercial ou autopromoção.

nichendrix
Veterano
# mai/15 · Editado por: nichendrix
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MMI

Com certeza, só que no fim, acho que o tópico fica mais completo se incluir ao menos as mais tops das "laminadas", afinal a guitarra que mais vende na linha do proprio Benedetto é a Bravo, Foster também tinha suas laminadas, etc.

Existe uma progressão aí que eu e você ao menos em teste e em alguns casos sendo dono fizemos e que acho que é necessário pra entender a diferença. Em geral começa com uma archtop totalmente elétrica, feita de laminado, que no meu caso foram principalmente a Epiphone Joe Pass e a Ibanez GB-10 do Evaldo (com uns periodos usando bastante a Gibson ES-175 de um outro amigo meu), daí em geral passa-se ou por uma com laterais e fundo laminado e tampo sólido ou pra uma toda de madeira sólida das mais "simples", no meu caso foi uma Gibson L-5CES (do mesmo dono da 175) e depois pude conhecer uma baratinha que me surpreendeu, que foi a Epiphone Emperror Regent. Por fim chega-se à essas artesanais todas sólidas feitas com madeiras envelhecidas por matusalém e que levam anos pra ser feitas, que no meu caso os contatos mais próximos foram inicialmente com um amigo americano que era professor e missionário lá em THE e depois com outros amigos e conhecidos que também admiravam esse tipo de guitarra, como você.

A construção dos 3 tipos é basicamente a mesma, muda matéria prima e a perícia do construtor, então acho que sem passar pelos 3 estágios, é difícil pro cara que nunca pegou numa top de linha dessas ver o oceano de diferença que tem pra uma GB-10 ou ES-175 ou mesmo uma bem mais modesta como uma Epiphone Joe Pass ou Emperror Regent.

Acho que aqui vale a pena a comparação da experiência do Cléber e do Evaldo, por exemplo o Cléber percebe de forma muito mais difusa a diferença entre a Epiphone dele e uma archtop artesanal, ele sabe que tem diferença, percebe que tem, mas não é tão fácil pra ele definir exatamente o que tem de diferente ali fora saber que uma é feita com materiais melhores e por mão de obra mais qualificada.

O Evaldo tem duas Ibanez que estão entre as melhores da linha normal de semi-acusticas da Ibanez a GB-10 (George Benson) e a PM-2 (Pat Metheny). Pra ele foi muito fácil perceber que na hora as diferenças, depois em casa a gente passou horas conversando sobre isso, como alguns sons que ele tinha na cabeça e que eram tão difíceis de sair das guitarras dele, pareciam sair naturalmente da Benedetto 16-B.

Até entre eu e você já existe uma diferença enorme de percepção, você tem uma em casa pode experimentar diáriamente, mesmo não sendo uma Museum Grade 50mil dólares é uma guitarra superior a 99% das outras do mesmo tipo, e da época que você comprou pra cá, dá pra ver a evolução na percepção de detalhes, que eu, que quando você comprou ela, tinha mais ou menos uma experiência similar, e que apesar de entender as diferenças que você fala, nem sempre elas são tão claras pra mim, em parte por não ter uma no dia a dia.

Então acho que falar um pouco dessas diferenças ajuda muito a entender porque a construção desse tipo de guitarra é uma arte e porque essa arte tem que ser preservada, porque caras como o João Cassias tem que ser mais incentivados a continuar isso no Brasil, etc.

Comparando com carro, sem esse parâmetro, é como pegar um cara que está acostumado a andar de corsa e pedir pra ele achar uma grande diferença entre um Mustang GT500 e uma Ferrari. Ele não vai perceber de cara que o couro do banco da Ferrari é absolutamente sem falhas, que é cortado a laser pra que nenhuma falha da peça de couro, esteja dentro das peças que farão o banco, que o couro é curtido de uma certa forma pra ser mais macio, etc, etc, etc.

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