Cientificismo X Religiosidade

Autor Mensagem
Bog
Veterano
# jul/07
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LeandroPanucci
evidências que a nossa ciência ainda não explica.

Eu sei que existem aos montes. O que não quer dizer que a causa delas seja espiritual, ou que coisas metafísicas devam ser estudadas pela ciência.

Bog
Veterano
# jul/07 · Editado por: Bog
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LeandroPanucci

Complementando, não estou aqui negando a espiritualidade, mas sim afirmando que ela não é objeto de estudo da ciência, e sim uma questão de fé. Um deus como o Deus dos cristãos não pode ser testado, não pode ser estudado, não pode ser destrinchado pela ciência - aliás, isso é óbvio para qualquer um que creia no deus descrito na Bíblia também.

BTW, Raul Seixas pode ter sido um cara bem legal, mas não se trata de uma autoridade quando o assunto é ciência. Ele mesmo vivia imerso em misticismo, algo que transparece nas suas letras.

KaTy
Miss Simpatia 2012
# jul/07
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Bog
Cara, tu se expressa muito bem. Adoro ler o que escreves.

Bog
Veterano
# jul/07
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KaTy

Hhahaha, que nada, eu só estou aqui defendendo o meu peixe mesmo. Sou pesquisador, e se amanhã declaram que "ciência é má" eu fico sem emprego. :P

KaTy
Miss Simpatia 2012
# jul/07
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Bog
Tá certo. Tem que garantir o seu futuro =]

LeandroP
Moderador
# jul/07 · Editado por: LeandroP
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Bog

É verdade, o Raul não era nenhuma autoridade no meio científico. Mas a espiritualidade é estudo da ciência, só que infelizmente ela não dispõe de equipamentos seguros pra realizar experiências mais objetivas. Os cientistas que estudam a espiritualidade, normalmente, são os que tem esta mesma tendência de enxergar, como você por exemplo. Os que não tem essa tendência, procuram outros rumos que a ciência oferece. Um exemplo são os que tentam uma comunicação sem ser de forma mediúnica, onde o médium pode influenciar quase que totalmente o rumo da experiência, mas com aparelhos eletrônicos. Tá certo que isso ainda não convence, porém eles estão neste caminho; existe universidades no Brasil e no exterior.

Eu entendi que você não nega a espiritualidade, e que é bastante cauteloso com relação ao assunto. É como alguns milagres, que deixam de ser quando o homem compreende a causa do "efeito misterioso".

Bog
Veterano
# jul/07
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LeandroPanucci

Não conheço qualquer instituição científica SÉRIA que estude a espiritualidade em si. Existem sim estudos sobre as MANIFESTAÇÕES psicológicas e neurológicas de pessoas que afirmam terem experiências espirituais - e não deixa de ser curioso, por exemplo que tanto freiras em oração quanto monges em meditação ativem as mesmas partes do cérebro. Mas é só nesse tipo de direção que a ciência pode ir, porque os objetos de estudo aí são seres humanos, palpáveis, tangíveis.

Médiums podem ser estudados, mas de forma alguma podem servir como instrumentação. Não são determinísticos, e nem têm um projeto fisicamente explicado. Além disso, não funcionam em ambientes controlados - um pré-requisito para qualquer estudo científico que se preze. Ou seja, um suposto médium não pode ser instrumento porque pode estar falando com um espírito, mas também pode estar fantasiando, alucinando, ou mesmo inventando. Lembra daquele prêmio de 1 milhão de dólares oferecido a quem fizer qualquer demonstração comprovada de habilidade paranormal? Qualquer médium poderia ganhá-lo. O prêmio continua lá simplesmente porque ou os médiuns não falam com espíritos OU não são capazes de fazê-lo de maneira determinística e controlada. Ambas as hipóteses tornam eles inaceitáveis como instrumento (mas não deixam de ser possíveis sujeitos).

Tenho uma amiga que é espírita, e ela me explicou que os espíritas acreditam que o espírito é feito de substância, matéria. Logo, existe pelo menos em tese um instrumento capaz de detectá-los, uma "lente de ver espírito". Se existem pesquisadores dispostos a encarar a empreitada, ótimo. Mas enquanto o tal instrumento não for colocado a prova, a existência de espíritos não pode ser tomada como premissa para nada que seja científico. Existem na história da ciência casos de "raios misteriosos" ou "energias invisíveis" que caíram no descrédito porque ninguém - nem mesmo os mais fiéis defensores dessas coisas - conseguia detectá-las. Algumas delas foram bater nas portas da pseudociência, como a radiestesia. Até segunda ordem, nenhum passo pode ser dado até que comprove a presença de espíritos materiais. Isso no caso de eles realmente possuírem substância, como creêm os espíritas, porque se eles forem metafísicos (não estão contidos no unverso), a busca está fadada ao fracasso.

Sei que posso parecer meio chato com esse papo, mas... é a minha profissão, e de certa forma, é a minha vida. Tinha um professor que uma vez disse que cientistas devem ser céticos profissionais. Concordo plenamente. Do contrário, se começarmos a colocar no balaio da ciência coisas que não podem ser tocadas pelo método científico, um pesquisador não será muito diferente de um sacerdote egípcio, um feiticeiro de vudu ou um padre católico.

LeandroP
Moderador
# jul/07 · Editado por: LeandroP
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Bog

Não está sendo chato, pelo contrário. Não posso rebater seus argumentos porque vou a favor deles. Médiuns não são mesmo confiáveis pra experiência científica, pois eles interferm diretamente nos resultados. Os espiritualistas e os cientistas ainda não encontraram este caminho, mas eu acredito que isso não está distante. Lembra-se de Julio Verne com suas idéias espacias?! Ainda não é dado como fato certos mistérios, mas existem essas possibilidades. É só uma questão das duas correntes entrarem em harmonia. Depois que separaram a religião do estado, o homem evoluiu bastante tecnologicamente. Sem querer se aprofundar no estudo religioso, talvez a ciência em harmonia com a espiritualidade sejam "O Consolador" que o Novo Testamento se refere, o "Espirito da Verdade"... talvez.

Tinha um professor que uma vez disse que cientistas devem ser céticos profissionais.

Concordo também. Mas um outro cientista respeitado disse algumas frases que me impressiona:

"Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é que tudo é um milagre".

"A coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério. Esta é a fonte de toda arte e ciências verdadeiras".

"Penso noventa e nove vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho no silêncio, e a verdade me é revelada".

"A realidade é uma ilusão, embora bastante persistente."

"Você não pode provar uma definição. O que você pode fazer é mostrar que ela faz sentido".


e

"A imaginação é mais importante que o conhecimento".

(Albert Einstein - Cientista)

Nada vai derrubar a sua profissão de cientista. Embora ainda exista muita resistência, dentro e fora do campo científico, a ciência chegou num certo ponto onde é impossivel que isso aconteça.

Também não precisamos ter tanta pressa, mas muita cautela. A eletricidade por exemplo, foi descoberta havia muitos séculos, mas somente no século XIX é que ela pode ser realmente experimentada, no século XX passou a ser essencial. E agora no século XXI é que poderemos tirar mais proveito desta energia. Quanto a matéria do espírito, você sabe que existem matérias de diferentes densidades e que a matéria tem diversas propriedades.

Bog
Veterano
# jul/07
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LeandroPanucci
"A imaginação é mais importante que o conhecimento".

Eu gosto dessa afirmação. :)

Hehhehe, acho que o problema com essas "coisas de espírito" e ciência é simplesmente que existem coisas que saem da alçada da ciência, e assim devem permanecer. Como eu disse, um deus como o Deus cristão não pode ser experimentado, modelado, testado ou avaliado. Deus não cabe num tubo de ensaio. Portanto, é e vai continuar sendo uma questão de Fé. Nunca de ciência.

Isso não quer dizer que devamos ficar sempre presos ao convencional. Muitas coisas legais apareceram por conta de pessoas que seguiram conta a maré. Eu mesmo já tive que ouvir um "cuidado com essas idéias pós-modernas" porque tenho a mania de colocar sistemas não-determinísticos inspirados em biologia em problemas tradicionalmente resolvidos por meios bem determinísticos, matemáticos.

Mas mesmo aqueles que seguem caminhos "alternativos", como seria o caso de alguém que pesquisa espíritos feitos de matéria ou a homeopatia, precisam respeitar certas premissas básicas. Do contrário, o negócio descamba para o misticismo puro, para o "funciona se você acreditar". Aí não pode... :P

LeandroP
Moderador
# jul/07
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Bog

Eu concordo contigo, e em TUDO existe a matemática. A ciência ainda não explica certos efeitos, mas os observa cautelosamente. Não podemos esquecer que a ciência foi se desenvolvendo, porém engatinhando. E só agora, com a revolução da informática, da eletrônica digital, a nanotecnologia, etc., é que a ciência realmente caminha em pé, e podemos nos vislumbrar com o que ela tem pra nos mostrar, das coisas que estão na natureza, no espaço, ou num simples floco-de-neve. E por trás de todas essas coisas existe uma lógica perfeita, uma ordem inteligente. E cada vez que se descobre um coisa nova, existem milhares de outras novidades por trás desta. Em paralelo, os espiritualistas mais preocupados com os assuntos etéreos, também não conseguem "provar científicamente" suas idéias. Acho que neste novo milênio as portas vão se abrir e muitas coisas serão desvendadas e outras jogadas fora. Se você observar as "ondas de evolução religiosa", verá que ocorre algo parecido, quando ao longo da história, uma religião influencia a outra, e costumes são absorvidos e outros caem em desuso. Mas como você disse, tem que tomar cuidado pra não mistificar... embora eu acredite que quase tudo que é místico tem seu fundo de verdade, escondido em algum lugar ainda desconhecido. "Há mais mistérios entre o céu e a Terra do que supõe a nossa vã filosofia" (Hamlet - William Shakespeare).

Bog
Veterano
# jul/07
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LeandroPanucci

Hehhehe, eu não acho que tudo o que é místico tenha um fundo de verdade, mas uma demonstração de que existem coisas que a humanidade desconhece. Algumas delas, com o tempo serão esclarecidas. Outras podem se esclarecer em alguma possível vida futura, caso exista esse tipo de coisa. Outras serão mistérios eternamente. E é por isso que sempre vai existir misticismo - porque existem mistérios que continuaram ser mistérios para sempre. E a maior parte das pessoas não consegue viver numa realidade onde existem "mistérios misteriosos" para os quais não existe resposta. As pessoas QUEREM uma resposta, nem que essa resposta seja um exercício de pura fé em algo que não pode - e nem poderá - ser demonstrado.

Curioso mesmo é ver como um agnóstico e um provável teísta conseguem conversar civilizadamente e respeitando a posição alheia. Pior ainda, concordando em quase tudo. :P

LeandroP
Moderador
# jul/07
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Bog

Pois é, a velha pergunta do mineiro: oncotô, doncovim e proncovô hehehehe

Dogs2
Veterano
# jul/07
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Bog
a espiritualidade não é objeto de estudo da ciência

Ponto final.

Bog
Veterano
# jul/07
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LeandroPanucci

Hahahaha, eu tenho uma música cujo refrão é bem esse aí. :-D

LeandroP
Moderador
# jul/07
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Dogs2

Eu diria "ainda não", no lugar de "ponto final".

Eu boto uma fé na ciência. Isso não está muito longe, porque tem muitos cientistas trabalhando em cima disso.

Bog

Pô, faltou o "pronconoistaíno". :P

Jason
Veterano
# jul/07
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eu creio na ciencia

leandro rodrigues
Veterano
# jul/07
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LeandroPanucci
Bog


Posso ficar aqui ou não?

Bebam água

Dogs2
Veterano
# jul/07 · Editado por: Dogs2
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LeandroPanucci
Eu diria "ainda não", no lugar de "ponto final".

Ah, não começa
hauhauahua
A metafísica deixou de ser ciência há muito tempo... se vc acha que vai voltar a ser ciência, legal, mas com a física não dá pra se meter em Deus, simplesmente porque "metafísica" vai além da física, e Deus é metafísico (teoricamente).

Bog
Veterano
# jul/07 · Editado por: Bog
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Dogs2
LeandroPanucci

A metafísica nunca foi ciência. Sempre foi filosofia. A ciência se destacou da filosofia exatamente porque trata apenas de fatos físicos, tangíveis, experimentaveis e etc. Conforme o método se sedimentou, a ciência se afastou da filosofia. A filosofia ficou com o ramo das idéias e do intangível.

Nenhum cientista sério que se preze pode tentar estudar Deus ou um espírito metafísico. Como eu já falei n+2 vezes: não dá para testar, não dá para experimentar, não dá para medir, não dá para modelar. Logo, não é ciência. E sim, é ponto final, neste caso.

Agora, quanto a possíveis espíritos feitos de substância... fico esperando a prova. Enquanto não me apresentarem a "lente de ver espírito", vou continuar achando que não passa de uma possibilidade - e não exatamente das mais prováveis. Um espírito metafísico faria muito mais sentido. E seria intangível, não-testável, não-experimentável, não-mensurável, não-modelável e não-científico.

Dogs2
Veterano
# jul/07
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Bog
A metafísica nunca foi ciência.

Ah, é mesmo, vc tá certo! Eu misturei e distorci as idéias do Kant na minha cabeça haiuahua

Bog
Veterano
# jul/07
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Dogs2

Bom, de certa forma, as 2 coisas já estiveram juntas sim. Mas ainda não eram ciência... A ciência mesmo não nasceu de uma hora para outra, e se afastou gradualmente da filosofia.

Dogs2
Veterano
# jul/07 · Editado por: Dogs2
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Bog
Aham, tô ligado. ;)

leandro rodrigues
Veterano
# jul/07
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Ai que saudades do Fodius e da Snow

Bog
Veterano
# jul/07
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leandro rodrigues

Por que?

LeandroP
Moderador
# jul/07
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Nenhum cientista sério que se preze pode tentar estudar Deus ou um espírito metafísico.

Não me importo se for um cientista louco e ousado. Loucura é tentar prever como será o mundo daqui 30 anos. A ciência que ficou amarrada por séculos, hoje deu um salto enorme. Não me refiro estudar a Deus, e concordo que Deus não é objeto de estudo. Mas se prender as coisas tangíveis e se trancar num laboratório frio não é a única maneira de se fazer ciência. Sou ignorante no assunto, mas sou um sonhador. Também gosto daquela frase: "A imaginação é mais importante que o conhecimento".

Por acaso, achei esta crônica:
http://www.cb.ufrn.br/~araujo/Cronica2.html

Bog
Veterano
# jul/07
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LeandroPanucci

Leandro, estudar o metafísico não faz de um cientista "louco e ousado". Aí é que tá, o metafísico simplesmente não cabe na definição de ciência. Alguém que se dedique ao metafísico não pode ser considerado um cientista. Ele não está defendendo uma tese alternativa, não está simplesmente apoiando uma teoria que vai contra o senso comum. Ele está estudando algo que a princípio não pode ser estudado. Não pelo método científico. Ele está entrando em domínos que não são tangíveis para a razão, em coisas que só podem ser "sentidas", mas não podem ser medidas ou testadas.

Veja bem, estou falando apenas do metafísico. Se existir um espírito feito de substância, matéria, que esteja contido no universo, ele pode a princípio ser estudado pelo método científico. Mas ninguém - repito NINGUÉM - tem um resultado concreto que sequer aponte para a existência (ou não) de tal espírito. Se alguém me apresentar um resultado real, eu posso até aceitar. Do contrário... Dizer "eu acredito no espírito criado por Deus" não é ciência. É religião, exercício de fé.

Vou te dar como exemplo de "ciência estranha" o trabalho que eu fiz no mestrado. Durante o meu mestrado, eu ouvi durante uma conferência alguém me dizer: "tome cuidado com essas idéias pós-modernas". A razão: eu gosto de misturar idéias vindas da biologia para resolver problemas de computação. Mais especificamente, eu tinha uma idéia de usar agentes baseados em FORMIGAS para mapear uma rede de nodos. O problema é que as tais formigas têm um componente aleatório no seu comportamento, e é muito difícil de modelar matemáticamente uma rede dinâmica com centenas de nodos e agentes com comportamento aleatório. Ou seja, já de cara, eu sabia que não ia provar nada matematicamente. E esse é um problema para o qual as soluções normalmente são bem determinísticas e provadas matematicamente.

Até esse ponto, o que eu estava fazendo em pouco diferia de uma idéia maluca guiada por pura fé. Eu estava sendo "louco e ousado". Eu simplesmente acreditava que formigas virtuais andando numa rede e jogando feromônios numéricos nos nodos fazia sentido. Mas só isso não é o suficiente para convencer ninguém. Primeiro, eu acabei descobrindo que outras pessoas já haviam pensado em usar formigas para resolver outros problemas. Também tive que detalhar as minhas "formigas", tive que propor um ambiente para testá-las, colocar isso para funcionar, coletar os dados e usar a estatística para mostrar que, mesmo que eu não provasse matematicamente, os vários gráficos davam evidências o suficiente de que a idéia funcionava. Ou seja, eu pude TESTAR. E qualquer pessoa que siga a minha "receita de fazer formigas" e as coloque num ambiente como o que eu propus, deve ter o mesmo resultado. Só aí é que o meu trabalho pode ser considerado "científico". Depois disso, levei mais de 2 anos para conseguir uma publicação internacional de qualidade com esse trabalho.

Mesmo que a idéia fosse meio alternativa, mesmo que eu tenha ficado feito moleque bobo parado olhando uma carreirinha de formigas na praia (sim, eu fiz isso), até eu fazer EXPERIMENTOS ou pelo menos uma MODELAGEM, aquilo nào era ciência, era só uma idéia. Em nada diferia de algo como "dar 3 pulinhos no ano novo traz boa sorte" ou "tomar chá de maçã faz bem para a alma".

Talvez essa longa história mostre de alguma forma que existe um grande abismo entre apostar em idéias alternativas e simplesmente tentar produzir conhecimento científico sem evidências. E, como já disse várias vezes, conseguir testar/modelar algo que não está restrito às leis do nosso universo (== metafísico) não vai produzir qualquer evidência. Logo, o metafísico fica lá, na filosofia, mas nunca na ciência. E assim, Deus vai continuar sendo uma questão de fé, nunca de ciência. Que é o que eu tenho dito desde o começo, hahahaha

LeandroP
Moderador
# jul/07
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Ele está entrando em domínos que não são tangíveis para a razão, em coisas que só podem ser "sentidas", mas não podem ser medidas ou testadas.

Não concordo neste ponto. Domínios que não são tangíveis aos dedos ou algum equipamento eletrônico, mas a razão também não é uma coisa que se pega, apalpa, tira um raio-x, faz backup, etc.

A exatidão das Ciências Naturais vem sendo questionada mais e mais. Hoje se prefere chamá-las simplesmente de “Naturais”. Como imaginar a matemática como uma ciência “exata” se é fundamentada em postulados arbitrários e chega a hipercubos e geometria multiplana não existentes em nossa dimensão? Qual a exatidão disso? Na física, pior ainda: ao se resolver um problema qualquer aparece no postulado coisas como: “desprezar a resistência do ar” ou “imaginar atrito igual zero”. Mas o ar não oferece resistência? O atrito não existe de fato? Qual a “exatidão” de uma ciência que despreza as coisas reais?

“Se a Filosofia traz respostas quanto ao ser do Homem no mundo, as Ciências Humanas têm de ser obrigatoriamente filosóficas caso pretendam ser científicas!”
Lucien Goldman, livro intitulado Ciências Humanas e Filosofia, da Editora Difel)


Não estou dizendo com tudo isso que espíritos existem, que existem gnomos, fadas e duendes.

Você não pode misturar "a fé", que é crença, convicção em alguém ou alguma coisa (que até então a ciência não diz que sim e nem que não, mas observa); com superstições ridículas de dar 3 pulinhos na virada do ano, etc. Mesmo assim, como eu disse antes, até o místico ou o senso ridículo tem seu fundo de verdade. Por exemplo: a superstição de passar por debaixo de uma escada trazer má sorte, foi a maneira que algum cara utilizou pra explicar pra um mané que passar debaixo de uma escada pode ser perigoso, porque pode ter alguma ferramenta nela e cair sobre a pessoa. O mané carrega a superstição e evita um acidente que um intelectual distraído não observa. Quebrar espelho dá 7 anos de azar. Por que? Porque é caro um espelho. Se hoje o custo ainda é elevado e o processo é delicado, imagine isso no começo do século XX. A Filosofia levanta as pistas e a ciência estuda, e classifica. Por que as ciências, ou os estudos, não podem se relacionar, se tudo se relaciona no universo? Os 3 pulinhos na virada de ano deve ter sido uma bicha bêbada de champanhe inventou :P

Não é uma questão de afirmar no momento se existe ou se não existe. Fico me valendo da sabedoria popular que diz: onde tem fumaça, tem fogo. Não nos custa nada investigar. Estamos neste mundo e temos o nosso tempo. Cada um direciona a sua capacidade intelectual pro que achar melhor. Enquanto um cara formado na universidade estuda no laboratório, o outro formado busca recursos na natureza, o outro procura vestígios do passado, o outro leciona, o outro escreve um livro e o outro larga mão de tudo e vai tocar guitarra. O fato do cara ter um diploma universitário o qualifica pro trabalho, mas não diz que ele não deve estudar outras coisas. A mente humana é universo que está bem mais perto do que um outro planeta, mas ainda é um universo misterioso, só aguardando algum diplomado ousado, com vontade (principalmente) de desvendar. Quando o homem perdeu o medo de enfrentar os mares e o oceano, ele se deu uma oportunidade de conhecer "o novo mundo". Quando ele suspeitou que a Terra não era o centro do Universo, ele plantou a idéia sem ter a certeza, e morreu por conta disso. Mas a sua idéia sobreviveu à matéria que constituiu o cérebro, e outro com a mesma vontade e mais sorte, fez a confirmação. É neste ponto que estou querendo chegar, não vou afirmar que existe espíritos neste fórum.

Esse papo das formiguinhas é foda... até elas tem o seu "livre-arbítrio".

leandro rodrigues
Veterano
# jul/07
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Bog
Por que?

Porque eles diziam sempre que: Os Crentes acreditam em um Deus, e os Ateus não acreditam em um Deus.

Logo...

LeandroP
Moderador
# jul/07
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leandro rodrigues

Logo... Bebam água!

:P

Bog
Veterano
# jul/07
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leandro rodrigues

Mas a discussão de agora tem uma diferença: não tem nenhum ateu querendo provar que Deus não existe e nenhum crente tentando converter um ateu. :-)

LeandroPanucci

Acho que você não entendeu onde está o "x" da questão. Vou então fazer uma pergunta retórica:

Você é capaz de propor ou imaginar ao menos UM método que pode ser usado para testar/avaliar/medir de maneira repetível algo que não esteja sujeito às leis físicas do universo (ou seja, algo metafísico)?

Como imaginar a matemática como uma ciência “exata” se é fundamentada em postulados arbitrários

A matemática, dentro do universo abstrato que propõe, é exata. Nós nos damos o luxo de acreditar nesse universo abstrato da matemática por uma razão muito, muito simples: ele funciona. A quantidade de evidências materiais que temos disso é tão esmagadora que não tem nem como pensar no contrário. Mas não é só isso. A matemática nasceu como uma ciência "pura", já que não procura qualquer explicação fora de si mesma. O resultado da conta não muda de acordo com quem faz a conta (bom, não deveria, hehehe), não envolve subjetividade, não é afetado pela vontade de qualquer criatura dentro ou fora dela.

desprezar a resistência do ar” ou “imaginar atrito igual zero”

Quando você propõe uma teoria, você cria automaticamente um MODELO. Aliás, nós vivemos criando modelos, simplesmente porque enxergar sempre o sistema completo é muito complexo para a gente. Assim, a gente vai fazendo modelos mais simples conforme a necessidade. Essas coisas que vc citou são simplificações que servem para isolar alguma propriedade. E, novamente, continuam funcionando de maneira repetível e objetiva. Só acreditamos na gravidade (desprezando ou não a resistência do ar) porque até hoje não se viu qualquer pessoa ou objeto para os quais ela não valesse.

Ou seja, mesmo que os modelos em si sejam coisas abstratas, as evidências sobre as quais os tais modelos são construídos são muito palpáveis.

Quanto a escadas e quebrar espelhos: mas continua não sendo científico. Eu não estou dizendo que só o que é provato cientificamente tem valor. Estou dizendo que fé, crença e superstições são todas coisas que por si só não são científicas.

onde tem fumaça, tem fogo. Não nos custa nada investigar.

Eu mesmo disse que alguém pode estudar os espíritos caso eles sejam feitos de matéria/substância. A princípio, isso os torna "testáveis". Mas quando as pessoas falam "a ciência", às vezes parece que todos os cientistas precisam estudar tudo, o que não é o caso. Se existem pessoas dispostas a investigar espíritos que estão contidos no universo, ótimo, elas podem fazê-lo. Desde que respeitem os princípios mais básicos da ciência (repetição, refutação, redução). Do contrário, não é ciência.

Quando o homem perdeu o medo de enfrentar os mares e o oceano, ele se deu uma oportunidade de conhecer "o novo mundo".

E o novo mundo era físcico e tangível.

Quando ele suspeitou que a Terra não era o centro do Universo, ele plantou a idéia sem ter a certeza, e morreu por conta disso. Mas a sua idéia sobreviveu à matéria que constituiu o cérebro, e outro com a mesma vontade e mais sorte, fez a confirmação.

E a confirmação foi feita por meio de cálculos matemáticos que simplesmente batiam surpreendetemente bem com o que era osbervado no universo físico e tangível.

Continuo afirmando: o metafísico não pode ser tocado pela ciência. Não pode ser testado por meio de experimentos repetíveis. Não pode ser modelado de maneira redutível. Não pode ser explicado de maneira refutável. O metafísico é intangível para a ciência.

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