Transformadores, a sonoridade do núcleo

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A.Sim
Membro Novato
# mai/16 · Editado por: A.Sim
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Para se observar a curva B-H, o procedimento é simples. Nós temos um equipamento "profissional ", que eu mesmo projetei e construí, mas que é baseado no mesmo processo simples que se encontra nos livros. Eu uso para verificar a qualidade dos núcleos que compramos. Dá trabalho, mas a parte boa e que posso compartilhar é que o material que recebemos é sempre homogêneo e dentro das especificações do fabricante. Ainda bem; imagina a dificuldade e o custo de devolver uma caixa com 20 a 30 kg de lâmina não-conforme...

A medição de indutância é complicada e mereceria um capítulo completo à parte. Pontes de medida simples e "multitestes que medem indutância" não medem a indutância primária corretamente. A melhor maneira simples de medir a indutância primária é determinando a reatância indutiva, aplicando uma tensão conhecida e medindo a corrente. Eu sei que a corrente é distorcida mas o resultado é mais significativo do que aquele apresentado pela ponte. Na verdade, a indutância primária não é constante ( varia com o valor instantâneo da tensão aplicada ), mas o valor obtido calculando-se a reatância aparente permite pelo menos comparar dois transformadores feitos com núcleos diferentes, que é o objetivo final. A medição pode ser feita para várias excitações ( tensões primárias ) diferentes, e para cada excitação ter-se-á um valor de indutância diferente. apenas deve-se tomar cuidado de não ultrapassar o ponto de saturação do ferro; acima desse ponto, os valores de indutância encontrados têm pouco significado devido à excessiva distorção que a corrente primária apresenta.

Com relação aos diferentes tipos de núcleo, vou compartilhar minha opinião mais adiante.

macaco veio
Veterano
# mai/16
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A.Sim
primeiramente quero agradecer a sua generosidade, a maioria de quem fabrica trafos nao gosta de passar nenhuma informacao, ja viram os prospectos de fabricantes de trafos? tem la tamanho do buraco para o parafuso, cor do trafo, etc so coisa que nao interessa, informacoes realmente relevantes nao tem quase nada. Eu nao sou fabricante, aprendi a enrolar meus proprios e aprimorei alguma coisa, apenas um enrolador que conheci me passou algumas tecnicas, a maioria dos outros escondiam ate a maricota de enrolar. Tenho uma consideracao a fazer e' sobre a orientacao do fluxo magnetico que os dominios das GO se orientam melhor que as GNO segundo foi o que entendi da sua explicacao, entao realmente as GO sao, nao digo imbativeis mas superiores. Num trafo E I o fluxo se espalha pra tudo quanto e' lado e de certa forma ficando meio fora de sincronismo com a orientacao dos dominios (se e' que entendi certo). Um nucleo toroidal nao teria pelo menos essa vantagem ja que me parece que o fluxo fica tudo numa direcao so e assim tendo um rendimento maior?

A.Sim
Membro Novato
# mai/16 · Editado por: A.Sim
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Olá, colega "macaco veio".

É mais ou menos isso, mas é um pouco diferente. Acompanhe o raciocínio. Comparemos duas bobinas iguais, uma com núcleo GO e, outra, com núcleo GNO, ambos de mesmas dimensões.

É mais fácil orientar os domínios na chapa GO do que na GNO, por que, na GO, os domínios já estão pré-orientados na direção da laminação.

Por mais fácil significa que precisamos de um campo magnético mais fraco na bobina primária: para um mesmo fluxo, a corrente magnetizante primária é menor com GO do que com GNO. Da mesma forma, se a corrente magnetizante é menor, então a indutância primária é maior.

Sendo mais fácil orientar os domínios, as perdas por histerese no GO são menores.

Ambos os tipos de chapas têm aplicação na indústria elétrica. A chapa GO tem menores perdas e, assim, tem seu uso preferido em transformadores de distribuição, onde a variável "perda" tem importância significativa, afinal, um transformador de distribuição fica ligado 24/7/365.

O fluxo deve sempre atravessar a chapa GO no sentido da laminação, pois é nessa direção que as propriedades magnéticas são mais vantajosas. Se o fluxo atravessar a chapa noutra direção, o material vai se revelar muito "ruim". Com o fluxo a 90 graus da direção de laminação, a permeabilidade é cerca de 50 x menor do que aquela encontrada com o fluxo na direção de laminação. Os núcleos toroidais e os núcleos C, onde a chapa é enrolada sempre na direção de laminação, e os núcleos de transformadores de distribuição, que são feitos de chapas cortadas na medida, permitem aproveitar integralmente as propriedades magnéticas otimizadas da chapa GO. As lâminas EI, por outro lado, não permitem aproveitar as propriedades do GO em 100%, pois têm pequenas seções nas quais o fluxo corre a 90 graus da laminação ( no E, nos trechos que unem as pernas laterais com a perna central ). Por sorte, esses trechos são de pequeno comprimento e não prejudicam muito as propriedades da chapa.

Em máquinas elétricas ( motores e geradores ) onde o fluxo flui de forma radial, não se pode usar vantajosamente o GO. Para esses casos usa-se extensivamente o GNO.

Num núcleo EI o fluxo não se espalha "para tudo quanto é lado "...há uma certa dispersão pelo fato de que há duas faces da bobina viradas "para fora". A quantidade de fluxo disperso vai depender do grau de saturação do núcleo.

Por outro lado, o transformador toroidal é vantajoso com respeito à dispersão, pois o fluxo se concentra "todo" dentro do núcleo, com muito pouco fluxo disperso externamente.

Ramsay
Veterano
# mai/16
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Por outro lado, o transformador toroidal é vantajoso com respeito à dispersão, pois o fluxo se concentra "todo" dentro do núcleo, com muito Por outro lado, o transformador toroidal é vantajoso com respeito à dispersão, pois o fluxo se concentra "todo" dentro do núcleo, com muito pouco fluxo disperso externamente.

A.Sim
Obrigado pela resposta, mas, "pouco fluxo disperso" significa o que em termos de som?

A.Sim
Membro Novato
# mai/16 · Editado por: A.Sim
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Olá, Ramsay:

Em transformadores de força, pouco fluxo disperso externamente significa induzir pouca interferência em circuitos próximos, dispensando muitas vezes a blindagem magnética que é necessária com transformadores EI. Em áudio, deveria significar uma redução na indutância de dispersão, com uma consequente melhoria na resposta de agudos. Entretanto, pelas informações apresentadas no documento que anexaste, as indutâncias de dispersão são equivalentes àquelas que se obtém com núcleo EI e entrelaçamento adequado.

A.Sim
Membro Novato
# mai/16 · Editado por: A.Sim
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Olá a todos :

Eu tenho à disposição dos interessados o artigo original do Goss onde ele apresenta o material "grão orientado" pela primeira vez. Quem quiser ler, pode solicitá-lo pelo meu email pessoal ou o da Schatz.

Eu sugiro prestar atenção nas discussões a partir da página 531, onde os "mestres" dão a sua opinião sobre o trabalho do Goss...

A.Sim
Membro Novato
# jun/16
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Olá a todos :

eu achei este artigo
http://www.pearl-hifi.com/06_Lit_Archive/07_Misc_Downloads/Toroidal_Tr ans_Myths.pdf

dissertando sobre o mito dos toroidais em áudio.

macaco veio
Veterano
# jun/16
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bom artigo, eu ja desconfiava dos toroidais.

kem69
Veterano
# jul/16
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A.sim.. pra variar, excelente texto. Parabéns.
Li tudo e fiquei com 2 dúvidas.
Um núcleo quadrado afinal tem alguma vantagem sobre um núcleo retangular em relação ao fluxo magnético?
E sobre essa chapa GNO recozida. Ela traz alguma vantagem sobre a GNO sem recozimento (em transformadores de saída)?
Obrigado.

A.Sim
Membro Novato
# jul/16 · Editado por: A.Sim
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Olá, Kem :

A seção retangular permite obter um transformador menor do que uma seção quadrada equivalente. Com lâminas padronizadas, o volume ocupado pelo núcleo é igual a 7,5(a^3) ( 3a x 2,5a x a). Dobrar a seção magnética mantendo o mesmo a, significa que o volume passará para 15(a^3). Usando uma seção quadrada, é necessário usar uma lâmina com a=a x sqr2 e o volume passa para 21(a^3) - isso se o tamanho maior existir. Tomando como exemplo uma lâmina de 1" / 25 mm, a nova largura da perna central precisaria ser 35 mm e será necessário escolher entre a lâmina 1,25"/ 32 mm e a 1,5"/ 38 mm; essa última, proporcionando um transformador ainda mais volumoso.

A resistência do bobinado, entretanto, é minimizada com o uso da seção quadrada. Uma espira no primeiro caso tem 6a de comprimento; no segundo caso, apenas 5,65a. Isso faz com que os enrolamentos tenham uma resistência cerca de 6% menor com a seção quadrada e, também, utilizem uma menor quantidade de fio. É mais fácil acomodar o fio quando a seção é quadrada, especialmente nas camadas mais superiores. Por fim, como a reatância de dispersão é minimizada com o uso de bobinas compridas, é novamente vantajoso usar seções quadradas quando se procura minimizar esse parâmetro.

A chapa GNO recozida tem perdas um pouco menores do que a chapa não-recozida. Esse parâmetro é importante no projeto dos transformadores de força, especialmente à medida que o tamanho físico aumenta. Nos transformadores de saída, como já provei em um texto publicado em outro fórum, a perda da lâmina não tem relevância na resposta do transformador, exceto eventualmente quando operado à potência máxima, na mínima frequência de resposta. Mesmo assim, a influência não é significativa.

kem69
Veterano
# jul/16
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Obrigado pelas respostas...

A.Sim
Membro Novato
# jul/16 · Editado por: A.Sim
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Olá a todos .

Eu achei mais esse artigo a falar sobre o material "aço elétrico"; está em Português, é relativamente atual ( 2002 ) e a parte ( mais ) interessante começa à página 112.

http://www.pmt.usp.br/ACADEMIC/landgraf/nossos%20artigos%20em%20pdf/02 Lan%20%20recope%20.pdf

Boa leitura !

A.Sim
Membro Novato
# ago/16 · Editado por: A.Sim
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Olá a todos :

Pois eu prometi a minha opinião sobre qual núcleo usar e acabei deixando o tempo passar.

Eu vou dar a minha opinião, enquanto escuto os retornos dos colegas :

a) "Eu quero construir um amplificador valvulado mas não tenho muito dinheiro e/ou experiência e/ou não sei se vai dar certo e/ou minhas expectativas são limitadas ".

Para esse caso eu recomendo usar um transformador econômico, feito naturalmente com núcleo GNO. A potência aqui envolvida geralmente é pequena e o amplificador é, via de regra, SE. Transformadores econômicos têm uma frequência de projeto relativamente alta, o que prejudica os graves de certa maneira - os nossos são projetados para 120 Hz. Mesmo assim, a resposta é razoável para instrumentos e satisfatória para uso em áudio com alto-falantes pequenos, que geralmente têm resposta pobre abaixo de 100 a 150 Hz. Por outro lado, por um custo um pouco maior, pode-se adqurir um modelo 60 Hz, que já dá uma resposta de graves boa para a maioria das aplicações. Em qualquer das duas situações, use núcleo GNO sem medo.

Eu recomendo , ainda, esquecer a frase derrotista " não sei se vai dar certo". É claro que é necessário um certo conhecimento de Eletrônica para se montar um amplificador, mas o circuito de um amplificador valvulado é muito simples e com certeza, "você também vai conseguir montar ". Qualquer coisa, o nosso Apoio Técnico está sempre pronto para ajudar - você "vai sim conseguir montar o seu amplificador e fazê-lo funcionar".

A.Sim
Membro Novato
# ago/16 · Editado por: A.Sim
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b) "Eu quero construir um amplificador de guitarra clone da marca Fulano / Beltrano / Ciclano / Milano. Precisa ser grão orientado ? "

Não, não precisa. A distorção que o guitarrista quer ouvir, ou produzir, não vai ser influenciada pelo fato do núcleo ser GO ou não. Mas é importante verificar se o transformador GNO para o seu clone é um "clone" do transformador original, especialmente quanto ao tamanho.

Use o valor que seria gasto com o núcleo GO para adquirir componentes de marca ( ou mojo ), válvulas da moda, etc.

A.Sim
Membro Novato
# ago/16 · Editado por: A.Sim
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c) "Eu quero construir um amplificador HiFi de boa qualidade, mas o dinheiro está curto. Preciso usar GO ? "

Para esse caso eu recomendo empregar o dinheiro extra que seria gasto com o núcleo GO para adquirir um bom transformador GNO com resposta de graves estendida. Reduzir a resposta em frequência do transformador de saída é mais significante do que reduzir a distorção introduzida pelo transformador, visto que essa ( dentro de certos limites ) será minimizada pela realimentação negativa. Use GNO sem medo.

Construir um amplificador HiFi requer um certo dispêndio de capital; HiFi e baixo custo são características conflitantes. Assim, é preciso um certo preparo emocional para receber e aceitar o custo de um transformador de saída HiFi de 100 W, 50 W ou mesmo 20 W, com respostas que iniciem em 40 Hz, 30 Hz ou, ainda, 20 Hz, como muitos pedem...

A.Sim
Membro Novato
# ago/16 · Editado por: A.Sim
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d) "Eu quero construir um amplificador ( HiFi ou instrumento ) E DINHEIRO NÃO É PROBLEMA. "

Essa situação é a melhor de todos os mundos. Use GO e peça um transformador com resposta estendida para 20 Hz, 10 Hz ou mesmo 5 Hz. O núcleo GO vai proporcionar uma menor distorção e um melhor rendimento.

Não sendo o custo um fator limitante, pode-se ainda utilizar núcleo em C ( que permite aproveitar melhor as propriedades do material GO em relação ao laminado convencional EI ) ou, ainda, núcleos confeccionados com ligas especiais ou materiais amorfos.

macaco veio
Veterano
# ago/16
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A.Sim
Acho que voce deveria especificar o valor em decibeis em relação a frequencia mínima, que eu saiba para amplificadores de guitarra é -3dB o que significa uma certa queda de volume na frequencia mais baixa em relação as medias (mas cada um calcula de um jeito!). Como é que vou entender um trafo economico como voce diz com corte de 120hz e um nao economico com corte de 60. O mizão da guitarra é 82hz, eu pelo menos não consigo comparar mais economia com menos economia em relacao a frequencia, pra mim seria uma nova forma de medir. É o mesmo caso do hi-fi com 5hz pra quem nao tem problema de dinheiro, confesso que a minha primeira expressão foi; Voce tá maluco! Qual o valor do corte entao?
A meu ver GO é pra quem quer trafo pequeno, leve e com minima perda, para o resto é GNO. Desculpe, sem ofensa, e´so uma critica sugestiva.

Ismah
Veterano
# ago/16 · Editado por: Ismah
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macaco veio

Mizão é a 82Hz (um pouco acima), mas o harmônico é só a 164Hz... Se tu crê piamente, que um amp de baixo , com um instrumento de 4 cordas em EADG, produz 41Hz, ou um de 5 cordas, o amp reproduz 31Hz (30.8 na verdade), vamos precisar rever alguns conceitos...

31Hz nem num conjunto de 4x15 como o Lemmy usava... São 11m de lambda, se considera que o falante tenha ao menos 1/4λ, isso implicaria em um AF absurdamente grande, ou um GAP gigantesco, para uma potência abissal... E haja madeira dura pra se manter grudada...

Mas é a velha tara do brasileiro por sub-grave... To num bate boca seguido por causa disso... Nego querendo resposta de bumbo 28" na guitarra...

macaco veio
Veterano
# ago/16
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Nego querendo resposta de bumbo 28" na guitarra... kkkk eu ja trabalhei de tecnico de som nos anos 80 (ao vivo e em estudio) aparece cada uma, Certa vez estavamos num estudio e um tecnico fez uma merda de uma mixagem, ai ele nos levou para uma outra salinha onde pretendia fazer algo parecido com uma masterização, e ele me disse: Ta vendo cara, agora é que eu vou processar o som. Ai eu respondi: Voce ja julgou e condenou o som, agora que voce vai processar?
Bom, no caso do ampli de baixo responder 41hz vai depender do trafo (em valvulados), seguindo o criterio, que eu saiba ele deveria responder os 41hz com a metade do volume em relação a 82hz (-3dB) o que seria mais ou menos o grafico da banda passante do ampli como regra geral. Mas pode por uma margem de erro grande por conta do trafo (construção e calculo) e falando assim parece ser simplesmente uma relação linear mas penso que por melhor que seja feito a coisa toda é logaritima.

A.Sim
Membro Novato
# ago/16 · Editado por: A.Sim
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Olá, colegas :

Pois é, os graves... eles são o calcanhar de Aquiles de qualquer amplificador valvulado. A necessidade da reprodução dos tons graves na alta-fidelidade é tão importante que foi um dos motivos do desenvolvimento do alto-falante dinâmico por Rice & Kellogg nos anos 20. Os problemas na reprodução dos sons graves são bem conhecidos, bastando citar :

a) a curva de resposta do ouvido humano. A audibilidade dos sons graves vai ficando deficiente à medida que a intensidade do som vai diminuindo ( curvas de Fletcher-Munson / Robinson-Dadson, ou curvas de audibilidade constante ISO 226 ). Isso significa que, se o tom grave não tiver uma certa intensidade relativa à intensidade média do programa sendo executado, ele vai resultar mascarado pelos sons médios. É por causa da curva de resposta do ouvido humano que os amplificadores de HiFi têm o controle de loudness, que reforça a resposta de graves do amplificador quando o volume de saída está em níveis baixos.

b) a resposta de graves do alto-falante. Um alto-falante responde somente a partir da sua frequência de ressonância, que é ditada pelo sistema massa-mola composto pela elasticidade da suspensão e pela massa do cone. Aumentar simplesmente a massa do cone fazendo-o mais pesado implica em reduzir o rendimento do alto-falante; dessa forma, o aumento da massa do cone deve ser feito aumentando o seu tamanho. Reproduzir sons de baixa frequência com rendimento implica em usar alto-falantes de diâmetro grande.

c) a resposta do transformador à baixa frequência. Para uma determinada seção magnética, o valor B * f é uma constante. Como existe um valor de inducão magnética máxima Bmax, além da qual a distorção fica superior ao valor ótimo determinado pela classe do transformador ( coeficientes de Partridge ), sucede que o tamanho físico do transformador de saída aumenta à medida que, para uma determinada potência, a mínima frequência de resposta do transformador é diminuída. Isso exige o uso de mais ferro, mais cobre e mais mão-de-obra, aumentando o preço do transformador.

A.Sim
Membro Novato
# ago/16 · Editado por: A.Sim
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Assim, conclui-se que a reprodução de sons graves com "qualidade" ( já ouvi o termo "graves de respeito" ) é dispendiosa, porque :

a) é preciso "potência", a fim de evitar o mascaramento dos graves pelos tons médios da música;
b) é preciso alto-falantes de bom diâmetro com frequência de ressonância baixa, associados a sonofletores adequados;
c) é preciso um transformador de saída "grande", tanto por causa da potência como por causa da reduzida frequência mínima de resposta.

Baseado no exposto, fica a pergunta : sob qual potência de trabalho deve a resposta mínima de um transformador de saída ser especificada ?

SergioTrindade
Veterano
# ago/16
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No caso de amp de guitarra não há uma fórmula ou parâmetro de dimensionamento específico. Existem muitas variáveis subjetivas como o tipo de música, o gosto e a maneira de tocar do guitarrista, além de características intrínsecas dos falantes usados.
Tomemos como exemplo os amplificadores fender, que possuem (ao menos na minha opinião) uma bela resposta para sons limpos com graves fracos estalados muito interessantes. Eles normalmente possuem um trafo subdimensionado, de construção simplificada do tipo lo-fi de segunda linha. Alguns deles como o champ e o deluxe, possuem resposta de graves muito acima dos 200hz para -3dB (segundo minha estimativa grosseira).
Para ter som limpo interessante na guitarra o mais importante não é a resposta forte de graves e sim não embolar os graves.
Um amp JCM 2203, tem um transformador de saída de núcleo bem maior e teoricamente melhor que o do que um twin reverb que tem, em tese a mesma potência.
Se você ligar ele nos falantes C12K do twin os graves excessivos vão embolar e as notas agudas ficam muito irritantes porque também são mais pronunciados. Pessoalmente já fiz esse teste em casa e o resultado é horrível, na minha opinião.
Já fiz muitos testes comparando diferentes transformadores no mesmo amp e percebi que o melhor nem sempre é o melhor.
Essa divagação teórica demais sobre esse assunto é muito bacana geralmente não leva a lugar nenhum.

rafael_cpu
Veterano
# ago/16
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Interessante discussão!
Acompanhando o tópico aqui :))

T+

Ismah
Veterano
# ago/16 · Editado por: Ismah
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A.Sim
b) a resposta de graves do alto-falante. Um alto-falante responde somente a partir da sua frequência de ressonância, que é ditada pelo sistema massa-mola composto pela elasticidade da suspensão e pela massa do cone. Aumentar simplesmente a massa do cone fazendo-o mais pesado implica em reduzir o rendimento do alto-falante; dessa forma, o aumento da massa do cone deve ser feito aumentando o seu tamanho. Reproduzir sons de baixa frequência com rendimento implica em usar alto-falantes de diâmetro grande.

Hum... Não é bem assim, responde deficientemente, mas responde abaixo desse ponto...

Tomemos como exemplo o The Governor (mais escuro, curva de frequência, mais claro curva de impedância). Possui um roll-off em 80Hz...

A caixa influi muito nisso... Por exemplo, se colocado numa com sintonia em 30Hz (curva de ganho e curva de resposta da caixa), vai prover uma resposta bem diferente dessa que é medida se não me engano com o falante "livre"...

Agora passemos para uma CORNETA DOBRADA! Onde se aproveita o ar movimentado para trás para graves, e ar movimentado para frente para médios e agudos... Pesa pra p*&¨%, mas é outro nível... Lembra das W-Horn com falante de 100W? rsrs

Sacrifica-se volume por resposta... Nada mais que um filtro passivo e mecânico de frequência... Antigamente não rolava disso... Amps eram fracos, falantes por consequência precisavam ser de baixa potência e a saída era tamanho... Temos AF's com Fs de 2,5"...

Tá mas e se o amp não mandar, tudo bem, eu aceito que não adianta a caixa responder... Mas, mesmo com um amp que responda linearmente até XHz, o cut-off não é abrupto - só é viável com uso processamento FFT com corte absurdo de elevada queda de dB/oitava, fica algo nada musical...

Digamos que no caso do baixo, num exemplo teórico, já que não é todo local que isso é viável, nem a logística ficaria viável na maioria dos casos ou seria... Eu penso que sim, vale a pena ter um amp valvulado de 250W (precisaria de 4 caixas das que supus para aguentar isso tudo), acabando por tirar volume igual de um de 100W sacrificando SPL geral, para ter mais sub...

Em caso de hi-fi, 100W praticamente são absurdos... 50W (25 para cada lado) são mais que suficientes...

NOTA O Loud/Surround de diversos aparelhos, não é ganho, mas menor atenuação. Nada mais é que um LPF e HPF que deixa os extremos do espectro pular uma seção de atenuação (resistor), ou mesmo em alguns casos, o pot de volume...

macaco veio
no caso do ampli de baixo responder 41hz vai depender do trafo (em valvulados), seguindo o criterio, que eu saiba ele deveria responder os 41hz com a metade do volume em relação a 82hz (-3dB) o que seria mais ou menos o grafico da banda passante do ampli como regra geral.

Digamos que responda 41Hz a -3dB, 20,5Hz a -6dB... Volta-se o que disse acima... Sacrificando SPL geral, com uma caixa ou corneta sintonizada nessa freq, dá pra chegar lá... É absurdamente desnecessário, pois não tem nada audível a volume "humanos", mas dá pra chegar...

Não sei realmente porque tem gente que quer isso... Sério mesmo que o cara que não escuta se o instrumento está desafinado, vai sentir falta da fundamental, quando tem uma série harmônica inteira rolando...?

Dá pano pra manga, pra calça, colete, terno...

SergioTrindade
Essa divagação teórica demais sobre esse assunto é muito bacana geralmente não leva a lugar nenhum.

Todavia, leva... Apenas não se aplica exatamente a guitarra, mas a amplificadores...

A.Sim
Membro Novato
# ago/16 · Editado por: A.Sim
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Olá, Ismah :

Só comentando rapidamente, pois não quero desviar o rumo da discussão :

a) " Hum... Não é bem assim, responde deficientemente, mas responde abaixo desse ponto..."
Sim, responde. Mas não invalida a minha afirmação, que não teve o intuito de ser rigorosa. No exemplo citado da Eminence, fress = 101 Hz, utilizável a partir de = 80 Hz. Acusticamente, essa diferença é desprezível.

b)"A caixa influi muito nisso... Por exemplo, se colocado numa bass reflex dutada, com sintonia em 30Hz..."
Sim, com certeza. A caixa altera a resposta do alto-falante. Eu estava falando do "alto-falante", sozinho...não mencionei o gabinete acústico, e de propósito.

c)"Antigamente não rolava disso... Amps eram fracos, falantes por consequência precisavam ser de baixa potência..."
Exatamente outra coisa. Os amplificadores eram fracos, então os alto-falantes precisavam ter rendimento, ou seja, gerar bastante som com a pouca potência que recebiam. Rendimentos de 2 a 5% eram comuns. Sugiro pegares os parâmetros T-S do Eminence mencionado e usar o programa da primeira imagem ( eu esqueci o seu nome ) para calcular o rendimento...muita sorte se der 1%.

Ismah
Veterano
# ago/16
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A caixa altera a resposta do alto-falante.

Não querendo pagar de sabe-tudo, entendi perfeitamente o que quis dizer, apenas para não deixar brechas para ideias erradas para um mais leigo que vier a ler...

A caixa altera a resposta do CONJUNTO, o AF continua respondendo de forma igual.

o programa da primeira imagem ( eu esqueci o seu nome )

É o WinISD, to trabalhando com ele e o Hornresp.

Sugiro pegares os parâmetros T-S do Eminence mencionado e usar o programa da primeira imagem para calcular o rendimento...muita sorte se der 1%.

Se quiser/puder me ensinar ficarei grato, desconheço essa função. Todavia, é um dos mais eficientes do mercado. O gráfico é com 0,5W aplicados.

dB = 20 * Log (75) + 101 = 138,5 dB

Isso é volume ein...

NOTA: Havia colocado um parâmetro errado do AF, coloquei o diâmetro nominal de 305mm e não o do cone de 294,4mm. Os gráficos foram atualizados, bem que me pareceu estranho.

macaco veio
Veterano
# ago/16
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Digamos que responda 41Hz a -3dB, 20,5Hz a -6dB... Volta-se o que disse acima... Sacrificando SPL geral, com uma caixa ou corneta sintonizada nessa freq, dá pra chegar lá... É absurdamente desnecessário, pois não tem nada audível a volume "humanos", mas dá pra chegar...
Bom, a tecla mais grave no piano é o La zero que da 27 hz, eu escuto ela numa boa, ate uma mais grave so que começa a soar tudo a mesma coisa, perde-se o senso de afinação e claro tem os harmonicos juntos mas a fundamental esta la.
Eles normalmente possuem um trafo subdimensionado, de construção simplificada do tipo lo-fi de segunda linha. Alguns deles como o champ e o deluxe, possuem resposta de graves muito acima dos 200hz para -3dB (segundo minha estimativa grosseira).
Pois é, e o pessoal fica montando JCM800, é melhor montar Fender que da pra mandar enrolar o trafo no enrolador da esquina. So nao acho que seja muito acima dos 200hz, acho que seja mais abaixo.
... os graves excessivos vão embolar e as notas agudas nao seria excesso de medios junto com os graves? esquisito.
Essa divagação teórica demais sobre esse assunto é muito bacana geralmente não leva a lugar nenhum.
Como nao leva, olha quanta coisa ja foi exclarecida ate aqui, concordo que medir qualidade é meio dificil mas pode se ter uma ideia se for estabelecido alguns parametros para comparação e assunto nao fugir tanto dos parametros.
sob qual potência de trabalho deve a resposta mínima de um transformador de saída ser especificada ? acho que a uma potencia variavel porque ela vai mudar dependendo da tensao DC que botar no trafo e se for pra manter o mesmo valor de F alguem vai ter que mudar, que mude o Z entao. KKKK

A.Sim
Membro Novato
# ago/16 · Editado por: A.Sim
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Olá, Ismah :

"A caixa altera a resposta do CONJUNTO, o AF continua respondendo de forma igual."

A resposta do alto-falante é alterada, sim. Veja o caso simples da suspensão acústica. A frequência de ressonância do alto-falante é aumentada pela presença da massa de ar confinada pela caixa. Ele não continua respondendo de forma "igual"...

Esse assunto está merecendo um tópico à parte. Quem se habilita a iniciá-lo ?

Ismah
Veterano
# ago/16
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macaco veio
eu escuto ela numa boa, ate uma mais grave

Não creio que a questão seja essa. Eu creio que tu a escute perfeitamente bem, mas para isso se tornar audível, um AF de 21" e alguns mil watts aplicados...

Mais massa, implica em mais graves, e menos eficiência (SPL por potência aplicada, em dB/W/m). Menos massa, menos graves e mais eficiência...

macaco veio
Veterano
# ago/16
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Ismah
Talves nao estejamos falando da mesma coisa, escute isso http://onlinetonegenerator.com/subwoofer.html

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