Lobão esculacha geral!

Autor Mensagem
Claudio Natureza
Veterano
# mai/05 · Editado por: Moderador


Há quatro anos sem gravar, cantor volta com opereta-rock e, como sempre, atira farpas para todos os lados




Porta-voz do mercado independente em guerra constante contra a indústria de disco, e contra qualquer coisa que o incomode — o que significa quase tudo que toca nas rádios — Lobão está de volta, com as garras e a língua afiadas. Musicalmente, tenta novos vôos. Ele lança, dia 7 de junho, no festival da gravadora Tratore, na Modern Sound, “Canções dentro da noite escura”, CD que vem encartado no décimo número da revista que edita, “Outracoisa”. O roqueiro, que também vai integrar o talk show “Saca-rolha”, com Marcelo Tas e Mariana Weickert, que será veiculado na Rede 21, não gravava há quatro anos. Nesse tempo, maturou essa opereta-rock sobre o Leblon e seus personagens, com parcerias póstumas com Júlio Barroso e Cazuza e uma homenagem a Cássia Eller. Disco novo e programa à parte, nessa entrevista retoma o seu gasto discurso e desanca de Carmen Miranda a Chico Buarque, de Caetano Veloso a Maria Rita.

— Meu disco é um manifesto antitropicalista. Fico chocado ao ver que, no ano do Brasil na França, quem nos representa é Carlinhos Brown, Ivete Sangalo, Caetano. Esse povo não me representa. A idéia que fazem da gente é de uma coisa primitiva, singela. O que se faz na música brasileira há muito tempo é anódino e paumolescente como a bossa nova e a lounge, que são músicas de elevador — ataca. — É música católica culpada, que faz elegia à singeleza da pobreza. É “Gente humilde”, “Meu guri” e “Construção”, um rococó barroco de proparoxítonas ao luar. Quero dizer que não nos tornaremos uma micareta constante.

Crítica à forma como
a MPB é exportada

Atualmente, além dos problemas do mercado do disco, das dificuldades dos jovens artistas para gravar, Lobão reclama do que considera uma visão mentirosa da música brasileira no exterior.

— Vivemos o imperativo do gosto europeu. Mas ninguém mais rebola bossa nova em Copacabana. Ninguém vai dizer com tom professoral o que eu sou. Bebel (Gilberto) é um amor, canta bem, mas o que ela faz é um lixo. Maria Rita é o eterno retorno do mesmo — critica. — Este ano, o mercado independente já lançou mais de 300 CDs. Quantos a Universal lançou? É uma ditadura pior que a dos anos 60, quando se torturava e se matava. Hoje o mundo é cor-de-rosa e o mal, impalpável.

No disco, produzido pelo tecladista Carlos Trilha, ele se desdobra em vários instrumentos — guitarras, violões, bateria e alguns teclados. Todo o repertório é embalado por arranjos densos, pesados mesmo. Com esse novo trabalho, tenta provar que, nos últimos anos, não vive apenas do discurso iconoclasta. Morador do bairro há duas décadas, sem cair na nostalgia, Lobão é o personagem-guia desse devaneio e narra em seu repertório o período entre o entardecer e o nascer do sol, no que chama de “Leblon psicodélico”.

— Moro no Leblon, próximo ao Vidigal e à Rocinha. E tenho amigos lá. Mas as pessoas se enturmam de maneira errada, estereotipada, como se tudo fosse “suingue sangue bom”. Numa das faixas, “Homem bomba”, canto “O desespero é uma espécie de devaneio, enquanto o ódio devora o que sobrou de um menino”. Essa é a visão do traficante, do garoto prestes a morrer — discursa. — É minha forma de dizer: “‘Basta!’ é o cacete!”. A vida não vale nada e a resposta é um verbo imperativo? É inútil. É a classe média limpando a sujeira do quintal.

Saudade dos parceiros que já partiram

Para esse discurso, que casa com o momento atual, convocou companheiros de estrada nos anos 80 que não estão mais aqui . Ele musicou a letra de “Seda”, de Cazuza (“A mãe dele, Lucinha Araújo, foi um amor e permitiu inclusive que eu suprimisse uma linha do texto”); de Júlio Barroso, o líder do grupo Gang 90 & Absurdettes, que morreu em 1984, foi aproveitado “Quente”, um de seus últimos poemas, e duas outras poesias que viraram a letra de “Não quero o seu perdão” (“Seu filho, Rá, e Taciana, sua última mulher, liberaram os direitos”). Além disso, uma letra que escrevera para a cantora Cássia Eller no dia de sua morte, “Boa noite, Cinderela”, virou música.

— Quando resolvi falar sobre o Leblon, sobre a noite, sobre esse pântano em que transformaram a música brasileira, resolvi botar os meus amigos para trabalhar. Eles fazem uma falta absurda no meio dessa mediocridade pantanosa — filosofa.

O cantor critica sua geração e a nostalgia dos anos 80. Muita gente que teria copiado grupos como Duran Duran e Police e agora também se copia. Mas ele aponta outros culpados por essa alienação:

— Aturei o tropicalismo até ler o “Verdade tropical” (livro de Caetano Veloso). Isso me encheu. Ninguém é o dono da verdade. Caetano monopoliza a dita inteligência — ataca, fazendo também o seu marketing habitual. — A minha geração foi atropelada por isso. Mas eu me incluo no grupo de Cazuza, Renato Russo, Júlio Barroso e outros, que não davam o braço a torcer, enquanto a maioria seguia a cartilha de Caetano.


Jornal: O GLOBO (15/05/05)



O que vcs acham do que ele escreveu? Puro marketing ou ele tem razão?

Comentem.

Atum Hendrix
Veterano
# mai/05
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ELe é o cara, se ouvesse mais de um Lobão o brasil seria melhor musicalmente.

Claudio Natureza
Veterano
# mai/05
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mas ele fala muitas merdas também.

colocar Chico Buarque no mesmo saco que o axé music é meio cruel.

e se ele acha que o Brasil não é isso, que mostre o que o Brasil é.

Atum Hendrix
Veterano
# mai/05
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Claudio Natureza
Cara, ñ eh q ele fale merda, essa é a visão dele, eu tbm ñ concordo com muita coisa q ele fala mas pelo menos ele ñ fika quieto, ele fala oq pensa.

Wesleywolf
Veterano
# mai/05
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Kra eu nem me atrevo e nao me acho gabaritado para comentar sobre o lobao, o cara é um déspota esclarecido em musica brasileira, um crítico de primeira linha, mesmo desbocado, mereçe muito mais atençao e apreço do recebe, quanto ao objetivo do texto, eu sinceramente nao captei o ponto de vista que ele colocou, vou ler denovo, pois a primeira vista, me pareceu algo inteligível, nao conheço bem sobre movimentos musicais brasileiros, no caso o tropicalismo;

Alexandre Souza
Veterano
# mai/05
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Fico chocado ao ver que, no ano do Brasil na França, quem nos representa é Carlinhos Brown, Ivete Sangalo, Caetano. Esse povo não me representa.

nem a mim

LeandroP
Moderador
# mai/05
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Brasil
mostra a sua cara
quero ver quem paga
pra gente ficar assim

Brasil
qual é o teu negócio?
o nome do teu sócio?
confia em mim

Bozo_O_Palhaco_Traquino
Veterano
# mai/05
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Claudio Natureza

Colocar Dead Fish no mesmo saco de cpm e dibob tb é foda... pra tu sentir o drama...

Mas o Lobão é meio contraditório mesmo, nas próprias atitudes. Uma vez ele veio aqui em Fortaleza fazer show numa universidade particular. Passei a semana afim de assistir o show, comprei meu ingresso antecipado e quando cheguei na porra to show era ele com um banquinho e um violão. Fiquei tão puto que comecei a dar uns cotocos pra ele e chamá-lo de João Gilberto... e até hj isso me dá raiva... e ainda tinham uns fãs incondicionais, fascistóides, querendo me pegar, me hostilizando, dizendo pra eu ir prum show de forró, pagode...

Agora que eu concordo com ele na opisção as grandes gravadoras, ao jabá das rádios e até com esse esteriótipo da nossa música (como se ela fosse uma coisa só, muito exótica, passiva, contemplativa), isso eu concordo...

LOW Fl
Veterano
# mai/05
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Gosto da figura do Lobao.

Ele e um cara que constesta e nao reclama simplismente.

ServeTheServants
Melhor arranjo
Prêmio FCC violão 2008
# mai/05
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Como musico o lobão é um ótimo polemizador :)

Claudio Natureza
Veterano
# mai/05
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Atum Hendrix

velho, se ele fica puto por mostrarem um Brasil que ele não aprecia, que mostre o Brasil que ele aprecia.

ele fala, fala, mas não menciona ninguém que poderia representar o Brasil, exceto uns três cadáveres, e pra mim isso é meio estranho.

eu concordo com muita coisa que ele fala, pois o que é mostrado lá fora não é exatamente a música brasileira de maior qualidade.

mas quem poderia nos representar? Angra? Shaman? Deadfish? Cpm22?

A vwerdade é que não teria cabimento mostrar aos franceses uma cópia do que os anglo-americanos fazem como demonstração da cultura brasileira, e o que o Lobão faz nada mais é do que isso, queira ele ou não.

nada contra o som do cara, eu curto e acompanho a carreira dele desde que ele tocava com os Ronaldos.

mas essa mania de atirar pra todo lado, às vezes pode gerar uma bala perdida em quem tem qualidade.

MatheusMX
Veterano
# mai/05
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o negócio no Brasil e Dr.Sin

Claudio Natureza
Veterano
# mai/05
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EduArdanuy

poi é meu velho, grande banda, mas se vc mostrar a um francês o Dr. Sin como exemplo de música brasileira, negozinho lá não vai entender nada.

MacCa
Veterano
# mai/05
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Ele é um pseudo-intelectual, que fala que os outros querem impôr o certo, enquanto ele faz o mesmo...

marcioazzarini
Veterano
# mai/05
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A vwerdade é que não teria cabimento mostrar aos franceses uma cópia do que os anglo-americanos fazem como demonstração da cultura brasileira, e o que o Lobão faz nada mais é do que isso, queira ele ou não.

Aeh Natureba... Apesar do Lobão ser um cara q tem uma visão bem pra frente quando se diz respeito ao mercado fonográfico (ele está anos à frente das majors em minha opinião), não conconrdo com esse ponto de vista dele...

Apesar de termos ótimas bandas de Metal, Punk, etc, queira ou não, esse pessoal q ele criticou faz o som do Brasil mesmo, Gil, Caetano e cia ltda...

Ed_Vedder
Veterano
# mai/05
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mas ele fala muitas merdas também.

o lobão só fala bobagem... quer bancar o salvador mas ele mesmo se contradiz nas próprias opiniões dele.

eu acho que ele vive num mundo paralelo...

Wesleywolf
Veterano
# mai/05 · Editado por: Wesleywolf
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Claudio Natureza
Concordo, nao se pode mostrar a verdadeira cara do brasil com heavy metal ou punk rock, hardcore, a verdade é que essa questao é complicadíssima, atualmente conheço poucos musicos que talvez seriam dignos de assumir a vanguarda na musicalidade brasileira, Uma opniao:
Para Mostrar a verdadeira face do BRasil em musica, ao meu ver deveria se fundir varios generos, e até musica indigena, pois o que realmente é nato do nosso pais?? Somos um dos paises (senao o propio) com a maior miscigenaçao racial e cultural possivel, fica dificil representar uma verdadeira identidade cultural das terras tupiniquins assim nao?????

Alexandre Souza
Veterano
# mai/05
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Ele lança, dia 7 de junho, no festival da gravadora Tratore, na Modern Sound, “Canções dentro da noite escura”, CD que vem encartado no décimo número da revista que edita, “Outracoisa”.

o foda é q ele sempre dá piti qdo tá lançando um cd novo... marqueteiro duca hehehe

Atum Hendrix
Veterano
# mai/05
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Claudio Natureza
concordo...

Atum Hendrix
Veterano
# mai/05
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Claudio Natureza
ele tem q mostrar oq eh q representa ele, ele só fala do q ñ gosta nunca fala do q gosta, msm assim eu gosto do geito dele

Claudio Natureza
Veterano
# mai/05
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Wesleywolf

não sei cara, talvez o Brasil esteja sofrendo uma espécie de crise de identidade, mas eu levaria pra representar o Brasil a Nação Zumbi, o Lenine, o Hermeto Pachoal, o Egberto Gismonti, o Milton Nascimento, O Jorge Benjor, a bateria da Mangueira, Angra, o Carlinhos Brow, o Oludun,
ai teríamos um painel mais abrangente da nossa cultura, mesmo que eu não ouça alguns desses dai.

mas não levaria o Lobão, ele fala demais e é marqueteiro.

Ed_Vedder
Veterano
# mai/05
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é dificil saber quando o anti marketing não é uma outra ramificação do Marketing.

só conhecendo o carater da pessoa mesmo.

Claudio Natureza
Veterano
# mai/05
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Ed_Vedder

mas o pior é que quanto mais vc lê o que ele escreveu, mas vc passa a dar razão pro cara...rsrs

Ed_Vedder
Veterano
# mai/05
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Claudio Natureza

tu sabe que mesmo não indo com a cara do lobão, eu sempre paro pra ver as entrevistas do cara, até admiro a franquesa dela e tal... mas ai na semana seginte o cara vai tocar no caldeirão do huk rsrsrsrsrs

deathmeister
Veterano
# mai/05
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Eu achei massa quando elE falou merda do iron maiden.

Wesleywolf
Veterano
# mai/05
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deathmeister
Ah, disso eu já nao sabia, já vou encomendar o assassinato dele, hehehe!!!!!!!

Wesleywolf
Veterano
# mai/05
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Claudio Natureza
É tu nao deixa de estar certo, pos para representar com mais fidelidade possivel nossa naçao, deveriamos levar toda essa sopa ai e mais um monte de generos e sub generos, vc colocou o Angra, e bom deixar claro que o Angra foi uma das pioneiras (senao a propia) a fundir o Heavy metal com o Baiao (acho que é isso) um ritmo do nordeste, com a musica Never Understand, do album Angels Cry de 1993, O Kiko loureiro nao nega suas influencias brazucas, tanto quo ultimo album convidaram o Milton nascimento para uma participaçao especial em uma das faixas, é incontestável que o Milton é um ótimo talento brasileiro, tanto que o o grupo em entrevista a um revista, disseram que a repercussao com a participaçao dele foi das melhores possiveis, principalmente no Japao, onde eles disseram que o Milton é um ícone!!!!!!!

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# mai/05
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O Brasil sempre viveu em crise de identidade.
Agora uma coisa é não fazer nada ou se supervalorizar e outra é tentar pensar e fazer algo como o Lobão. Não que ele esteja totalmente certo, não está; mas ele tem o mérito de mostrar a cara, dar a opinião dele, de alguém que toca, trabalha com cultura em geral e lê e pensa criticamente (coisa rara nesse nosso país).
Abç

Claudio Natureza
Veterano
# mai/05
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Mauricio Luiz Bertola

concordo, mas é estranho que ele só saia atirando quando vai lançar trabalho...

abç.

Ed_Vedder
Veterano
# mai/05
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mas é estranho que ele só saia atirando quando vai lançar trabalho...

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