Porque pessoas que não entendem de música hoje em dia conseguem fazer sucesso?

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pianoid
Veterano
# jul/15
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Tecfrente
Pessoal, "qualidades" em música não quer dizer apenas harmonia abarrotada de dissonantes, música dentro do "seu gosto musical", vocalistas eruditos em teoria musical, etc ... Mas "qualidades" também se referem à poesia na música, timbre de voz do vocalista, tipo de expressão (criativa, poética, revolta contra o "sistema", etc ...) que o artista consegue transmitir. E essas coisas é que definem os estilos musicais e em muitas vezes explicam por que determinados grupos fazem mais sucesso do que outros.

isso explica plenamente o sucesso dos MCs do funk

do jeito que a coisa anda, acho que arranhar um violão já pode ser considerado um sucesso

pianoid
Veterano
# jul/15
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Lelo Mig
Deita-te numa cama de pregos
e crie fama de faquir.
Crie fama e deita-te na cama.


bom poemeto

recomendo Um artista da fome, conto curto do Kafka altamente relevante à discussão

Wuju Wu Yi
Membro Novato
# jul/15
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pianoid
ai eu entendi seu ponto mas discordo. creio que ele se referiu aos demais fatores musicais que não sejam puramente relacionados ao quão complexa a música é.

tipo aquele velho papo guitarrístico se a melhor melodia é a do b.b king ou a do malmsteen. porém em um contexto mais amplo.

tango seria pior que bebop? ai vai depender dos critérios e tal. pelo menos foi o que eu entendi do que ele quis dizer.

pianoid
Veterano
# jul/15
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Mauricio Luiz Bertola
Rupturas totais, radicais, são muitíssimo raras (quase que não existem),

coisa rara mesmo, geralmente apenas de artistas obscuros en seu tempo trabalhando isolados e descobertos postumamente

arte é influência atrás de influência. Muitas vezes o que parece ser ruptura abrupta é só por desconhecemos as fontes e influências, que podem ter caído no esquecimento exatamente pelo sucesso do que veio depois. Conhece-se o que veio bem antes e o que veio depois, mas não a transição. Como de Bach a Mozart sem passar pelos filhos de Bach...

Ismah
Veterano
# jul/15
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pianoid
acho que arranhar um violão já pode ser considerado um sucesso

MC Leozinho foi na minha opinião, um dos, se não o melhor, dos MC's que despertaram no batidão, aka funk nacional. E ele uniu tudo que vc falou



Wuju Wu Yi
Membro Novato
# jul/15
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Ismah
sempre fico impressionado com o potencial ritmico do funk. pena que ninguém trabalha em cima disso.

essa música ai é uma ponta de exemplo do que o funk poderia se tornar. o que de certa ótica é um evolução (mesmo sendo mais antigo) em relação aos funks que o pessoal canta outside e a percurssão é beatbox.

sandroguiraldo
Veterano
# jul/15
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Uma simples explicação:

Super valorização da beleza estetica e exposição exacerbada e fácil de mídia.


Ou como diriam os Engenheiros: "Aerodinâmica num tanque de guerra"...

Ismah
Veterano
# jul/15
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Wuju Wu Yi

Já falei em outros momentos, é apenas uma cultura que desde sempre foi tida como marginalizada, em função de ser "coisa de pobre", e conter uma minoria que se envolveu com gangues e tudo mais.

Existiam e preocupavam já naquela época, os problemas que apontamos hoje, mas musicalmente era mais rico.

https://www.youtube.com/watch?v=JjKcWvvSugY

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# jul/15
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Wuju Wu Yi
O tal "fânqui" (me recuso a chamar isso de Funk!), pode até tornar-se, posteriormente, algo culturalmente significativo se caminhar para uma síntese com outros estilos, uso de instrumentos reais, aprimoramento do discurso poético, etc.
Mas isso esbarra no baixíssimo nível cultural da população de baixa renda, (incluindo os artistas, produtores e consumidores - a.k.a "favelados") brasileira, assim como a influência nefasta da criminalidade na vida desses pobres cidadãos; algo que tornou-se generalizado - um Cartola, homem pobre, humilde, negro, favelado, mas que escrevía de forma impressionante, é hoje em dia, algo improvável.
Houveram até alguns artistas que foram para esse lado, como o citado pelo Ismah, Claudinho e Buchechaa, e até a Anitta! Em São Paulo este movimento (hip-hop), tinha um conteúdo crítico muito significativo (Racionais, Facção, etc...), mas isso foi "substituído" pelo tal "fânqui ostentação" , e aqui no RJ para o maldito "proibidão".
Abç

Tecfrente
Membro Novato
# jul/15
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Vocês estão tocando em pontos cruciais e super interessantes. Não sei nem por onde começar ...

Vamos lá:

Mc Leozinho - Se ela dança Eu danço

Nos meus primeiros posts aqui no forum comentei que devemos ter cuidado ao generalizar estilos. Este exemplo dessa música é um caminho daquilo que eu também acho que o Funk poderia se enveredar.

Ótimo ritmo, letras bem diferentes das do funk que vemos hoje em dia, flow legal do Mc ao cantar. Enfim, está aí um exemplo de funk que eu gostava na época e que poderia estar atualmente por aí.

Pioneirismo de muitos sambistas não dando espaço para os atuais

Jorge Aragão, Arlindo Cruz (ambos ex-fundo de quintal), Martinho da Vila e Zeca Pagodinho são sim um dos pioneiros em um dos estilo do "bom samba".

Na minha opinião, atualmente há o Marquinhos (ex-Sensação) como o TOP dos TOP a meu ver.

Ele não começou agora, mas já curtia as músicas dele lá nos idos dos anos 90´.

Ele foi apadrinhado pelo Arlindo Cruz e na época muita gente achava que eles (grupo Sensação) iriam substituir o Fundo de Quintal.

Wuju Wu Yi

Veja só que interessante. Tudo o que você disse sobre a importância e influência do pioneirismo o Marquinhos disse no vídeo abaixo.

O trecho dura apenas 1 minuto (00:24:00 até 00:25:00).



Ele cita, inclusive, os sambista a que você se referiu e a importância deles, num discurso de muita humildade.

Com todo o respeito a esses sambistas, Marquinhos para mim é muito acima da média a tudo o que vemos por aí (em termos de timing de voz, timbre, "flow" correto com a cadência do estilo romântico das músicas, sintonia no tom das músicas e tessitura vocal adequada a cada música que ele canta ... Só tendo "feeling musical" mesmo pra reconhecer essas qualidades).

O DVD dele está pra sair nos próximos meses (participação de toda essa galera mais velha e de um pessoal mais novo, como o Diogo Nogueira)

Pra galera mais nova que não conhece o que é fazer uma poesia de verdade em uma música, veja só isso. É ou não é uma obra de arte musical de alta poesia ? Marquinhos e Jorge Aragão juntos no DVD da época do Sensação (2009)



A melhor deles para mim em termos de várias qualidades musicais, poéticas, instrumentais ... é essa:



Grandes compositores por trás de estilos que sofrem preconceito pela sociedade (samba e sertanejo)

Comentaram acima aí sobre compositores por trás de grupos e estes compositores em sua maioria ninguém conhece.

Um dia desses, peguei um samba dos anos 90 de um dos grupos que nem era muito conhecido, mas sofria preconceito como qualquer outro grupo de samba (ou sertanejo). Daí, curioso que sou, fui pesquisar quem era o compositor de determinada música.
Fui ver que o cara era muito inteligente, tinha um curriculum lattes enorme, doutorado pela USP e etc ...
Daí, vem alguns grupinhos de pessoas que se acham os donos da verdade e grandes conhecedores de música e de qualquer coisa (aquelas pessoas que só gostam de 1 único estilo e criticam os demais, sabem ?) e não tem esse tipo de visão (do que está por trás das músicas que eles criticam).

Jean-Jacques Rousseau ==> "O homem nasce puro e a sociedade o corrompe.

Freud não pensava assim e dizia:

"Os seres humanos já nascem com certos instintos de origem bem primitiva que o seguirá por toda a vida".

Minha opinião:

Os 2 pensamentos não estão em conflito, mas a casuística irá determinar a
aplicação de cada tipo de pensamento.

Lelo Mig
Membro
# jul/15 · Editado por: Lelo Mig
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Mauricio Luiz Bertola

"Em São Paulo este movimento (hip-hop), tinha um conteúdo crítico muito significativo (Racionais, Facção, etc...)"

E, infelizmente, o nível dos Racionais é muito, mas muito acima da média. O que fez com que muitos grupos de hip hop daqui se Sampa não passassem de uma cópia malacabada dos Racionais.

E, podemos voltar aqui, ao que nosso amigo MauricioBahia comentou em outro tópico... a existência de uma ideologia dando estofo e objetivo ao recado do artista.

Mano Brown, sem entrar no mérito de certo ou errado, possui uma ideologia muito forte e ele é muito coerente a sua filosofia. Inclusive não se fazer presente a grande mídia. Recusar em aparecer na TV, recusar fazer show patrocinados por algumas pessoas ou empresas, recusar dar entrevistas a revista e rádios que servem a interesses que ele discorda, entre outras coisas.

Não dá entrevistas a jornais, revistas ou programas televisivos. São raras as vezes que os Racionais MC'S fizeram alguma apresentação na TV, e ainda assim, vender muitos álbuns e shows à custa de um público fiel, cativado na "quebrada", não é prá qualquer um.

Tecfrente
Membro Novato
# jul/15
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Mauricio Luiz Bertola

Wuju Wu Yi
O tal "fânqui" (me recuso a chamar isso de Funk!), pode até tornar-se, posteriormente, algo culturalmente significativo se caminhar para uma síntese com outros estilos, uso de instrumentos reais, aprimoramento do discurso poético, etc.
Mas isso esbarra no baixíssimo nível cultural da população de baixa renda, (incluindo os artistas, produtores e consumidores - a.k.a "favelados") brasileira, assim como a influência nefasta da criminalidade na vida desses pobres cidadãos; algo que tornou-se generalizado - um Cartola, homem pobre, humilde, negro, favelado, mas que escrevía de forma impressionante, é hoje em dia, algo improvável.
Houveram até alguns artistas que foram para esse lado, como o citado pelo Ismah, Claudinho e Buchechaa, e até a Anitta! Em São Paulo este movimento (hip-hop), tinha um conteúdo crítico muito significativo (Racionais, Facção, etc...), mas isso foi "substituído" pelo tal "fânqui ostentação" , e aqui no RJ para o maldito "proibidão".
Abç



Ótimo post Maurício!

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# jul/15
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Lelo Mig
Concordo plenamente...
Apesar de não ouvir Racionais com frequencia, o que ví e ouví me fez ter grande respeito pelo trabalho deles...
Tecfrente
É preciso coerência: A forma artístico-musical não importa, mas sim o conteúdo, a relevância. Hoje em dia, no mais das vezes, não temos nem uma coisa nem outra... Tempos sombrios........
Abçs

Tecfrente
Membro Novato
# jul/15 · Editado por: Tecfrente
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Lelo Mig

Mauricio Luiz Bertola

"Em São Paulo este movimento (hip-hop), tinha um conteúdo crítico muito significativo (Racionais, Facção, etc...)"

E, infelizmente, o nível dos Racionais é muito, mas muito acima da média. O que fez com que muitos grupos de hip hop daqui se Sampa não passassem de uma cópia malacabada dos Racionais.

E, podemos voltar aqui, ao que nosso amigo MauricioBahia comentou em outro tópico... a existência de uma ideologia dando estofo e objetivo ao recado do artista.

Mano Brown, sem entrar no mérito de certo ou errado, possui uma ideologia muito forte e ele é muito coerente a sua filosofia. Inclusive não se fazer presente a grande mídia. Recusar em aparecer na TV, recusar fazer show patrocinados por algumas pessoas ou empresas, recusar dar entrevistas a revista e rádios que servem a interesses que ele discorda, entre outras coisas, não é prá qualquer um.


Sempre admirei também a atitude dos Racionais e o talento do Mano Brown em compor RAP (independente de quem goste ou não, o talento dele com as palavras, colocando ritmos certos, cadência, etc ... era inegável).

Só vou discordar com você pelo fato de ele (Mano Brown) não estar mais tão coerente como sempre esteve. É só acompanhar os jornais e ver a modificação de postura que ele está tendo com tudo o que ele criticou. Se continuar do jeito que está, ela vai até ter um programa num canal aí que faz plim-plim ... Se as coisas continuarem assim ... "Passeando" com artistas bem midiáticos ... Não sei, não. Espero que ele reveja seus conceitos e não seja incoerente.

Todo mundo merece ser feliz, mas se cair em incoerência, deve aceitar críticas também. Principalmente dos fãs.

Nada contra alguém mudar de opinião! Sem nenhum problema.
Desde que isso seja para melhor.
(Raul Seixas já dizia: "♪ Eu prefiro ser ... ♪ essa metamorfose ambulante ... ♪ do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo ...♪)

Tecfrente
Membro Novato
# jul/15 · Editado por: Tecfrente
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Mauricio Luiz Bertola

(...) tempos sombrios (...)

Concordo. Até parece que está havendo um movimento invisível sabotando o desenvolvimento de nossa cultura musical. O pior é que é em todos os estilos ... Não sei se é pra rir ou chorar kkkkk

Mas quanto ao samba ...

Estou satisfeito e curtindo muito as músicas do Marquinhos (o último dos sobreviventes do "bom samba" hehehe)

Quanto aos outros estilos musicais, temos que nos contentar em ouvir as coisas antigas mesmo kkkkk

Tecfrente
Membro Novato
# jul/15
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O engraçado é que quando era mais novo eu ouvia os saudosistas dizerem:

Na minha época a música era melhor ...
Na minha época os jogadores eram melhores ...
Na minha época as coisas eram melhores ...

Daí, tudo isso me dava raiva e eu pensava: "- Esse povo é cego! Não estão vendo as qualidades atuais, não ?!"

Hoje percebo a imaturidade de meu pensamento na época quanto a esses saudosistas kkkkkk Eles estavam certos! Tanto que atualmente vou no YouTube e me vejo escutando músicas de época que eu nem pensava em nascer kkkkk

A 2ª lei da Termodinâmica fala da entropia, que é quando um sistema vai indo para um grau de desordem irreversível. Trocando em miúdos e em linguagem popular é aquela velha frase: "- Tudo tende a piorar".

Calma, gente. Não estou sendo pessimista, foi apenas uma brincadeira fazendo uma analogia com a Física.

Vamos nos abstrair um pouco e nos apegar no que ainda há de bom na música.

Quanto ao futuro ...

"O tempo perguntou para o tempo qual é o tempo que o tempo tem. O tempo respondeu pro tempo que não tem tempo de dizer pro tempo que o tempo do tempo é o tempo que o tempo tem"

Wuju Wu Yi
Membro Novato
# jul/15
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galera, com todo respeito, acho o contexto crítico social da música muito importante, acho tudo o que foi dito aqui muito válido, mas não acho que música resume-se a isso.

grande parte da apreciação musical está muito mais relacionada com a parte sonora e lúdica do que com uma intenção maior de manifesto, críticas e etc.. não que eu não ache imensamente válida essa proposta, essas ligações ideológicas com a música e etc.. Porém em geral, acho que deve haver uma separação bem clara de uma coisa com a outra. Julgamento musical, e julgamento de poesia, seus contextos sociais, e todo o resto, enfim.. Um exemplo é que pra Muitos ouvintes de músicas estrangeira (que não sabem inglês), a letra é completamente secundária, se não irrelevante. Música instrumental é outro exemplo claríssimo.

Bach compunha em um contexto religioso, assim como muitos grandes compositores o fizeram, porém outros compositores compunham apenas por amor a música, e outras motivações eram irrelevantes, com exceções a parte. Percebo grandes influências sociais toda vez que vejo qualquer forma de julgamento musical, e isso me incomoda de certa forma.

Um guitarrista comum muitas vezes não está nada preocupado com qualquer outra coisa que não seja fazer solos fantásticos com a guitarra e ser um exibicionista. Um pianista geralmente quer tornar-se um bom músico, compor belas melodias e se aprimorar musicalmente de uma forma geral. O que quero dizer é que essa análise social cria uma distância entre uma visão musical e uma visão social da música. Cria uma certa ilusão de que grande parte da música não serve apenas para enaltecer o ser humano como ser capaz de fazer coisas muito interessantes.

Mas, fora isso, como disse, acho bem válido esse novo rumo de analise social que o tópico tomou, e concordo com bastante coisa.

Tecfrente
Membro Novato
# jul/15 · Editado por: Tecfrente
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Wuju Wu Yi

Concordo com tudo o que disse.

Quando eu faço análises ou ligações de certos estilos ou músicas com várias áreas "extrínsecas" a ela estou apenas me referindo às "causas" de certos estilos existirem e não a algum tipo de apologia ou finalidade que a música deva ter.

Pelo que estou percebendo nesses debates, eu e você somos as pessoas com as mentes mais abertas em relação à música. Sei que pode ser prematuro dizer isso, mas é o que percebi nesses últimos debates.

Assim como você, não gosto muito do termo "eclético", mas é o único mais próximo que existe para enquadrar alguém que procura ver qualidades em tudo o que é estilo musical. O lado ruim do termo é que muita gente confunde "eclético" como alguém que gosta de todas as músicas hehehe Uma visão distorcida.

Há aqueles que gostam "apenas" de Rock (o restante dos estilos não presta).

Há aqueles que gostam "apenas" de música clássica (o restante dos estilos não presta).

Como dizia Voltaire ...

"Posso não concordar com uma palavra que tu proferes, mas defenderei até a morte teu direito de dizê-las".

É o que posso falar para essas pessoas com gosto musical único.

O mais importante nessa história toda é:

Não vamos fazer da música uma ideologia como os Punk, entre outros, tentaram fazer, pois a música não vai mudar tanto uma sociedade como a Política, por exemplo. Então, deixem cada um ser feliz no estilo que lhe convém, desde que esses estilos não estejam trazendo malefícios direitos ou indiretos a famílias ou a própria sociedade. Caso contrário, não adianta lutar contra algo que só o tempo, o desenvolvimento da educação, cultura, etc ... irá mostrar. Se quiserem ficar enxugando o gelo ...Mas já vou antecipando que isso é improfícuo.

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# jul/15 · Editado por: Mauricio Luiz Bertola
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Wuju Wu Yi
A questão ideológica, ou crítica, como quiser, é apenas um componente, e nem mesmo é o essencial (e isso seria um reducionismo tolo), posto que isso está longe de garantir o que quer que seja numa música. O sentido que quis dar aqui é um contêxto, que abrange estética e técnica (musical, poética, etc). Uma música pode ser complexa e bela e nem sequer possuir letra ou vocal, e uma música pode ser simples e possuir uma letra incrível. Essa letra pode também falar simplesmente de amor, e ser profunda e emocionante.
Às vezes, dado o contêxto histórico-social, uma letra de amor pode ser altamente revolucionária em sua forma e em sua mensagem. às vezes, uma letra "engajada" pode muito bem ser significativa em todos os aspectos (ouça os discos dos Inocentes, principalmente o "Adeus Carne").
O que é imprescindível é talento verdadeiro.
Abç

pianoid
Veterano
# jul/15 · Editado por: pianoid
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funk não é música, é só atitude ritmada

letra também não é música

rcorts
Veterano
# jul/15
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Tecfrente
Devemos discernir o fato de a mídia "empurrar" um cara ou banda para a "massa" e achar que não vai prestar com o fato de esse cara ou essa banda terem muitas qualidades.

A mídia pode empurrar, mas aceita quem realmente gosta ou não tem muita capacidade para avaliar. E essa capacidade a que me refiro não tem a ver só com entendimento musical, mas sim com cultura, como falou o Lelo Mig.

Uma pergunta boba, mas boa para refletir: quantos livros (especialmente literários) você leu neste ano?

Deixo esta pergunta para todos do fórum, e citei especificamente os literários pois a carga poética, dramática ou metafórica dentros desse gênero é extremamente mais rica do que em outros gêneros.

Bom, não duvido muito que a maioria aqui ficou entre 0 e 1, inclusive eu. Agora pensem, se nem nós "músicos" (que em tese deveríamos ser mais ligados às artes, consequentemente deveríamos ler mais do que a média da população brasileira) lemos mais como antigamente... bom, acho que esta é uma informação que ajuda a explicar por que as pessoas hoje se sentem bem ouvindo "Ai se eu te pego!" ou "Vai rolar o pancadão!". E acho que ajuda a explicar também porque os nossos artistas são tão superficiais e descartáveis.

Tecfrente
Membro Novato
# jul/15 · Editado por: Tecfrente
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rcorts

Tecfrente
Devemos discernir o fato de a mídia "empurrar" um cara ou banda para a "massa" e achar que não vai prestar com o fato de esse cara ou essa banda terem muitas qualidades.

A mídia pode empurrar, mas aceita quem realmente gosta ou não tem muita capacidade para avaliar. E essa capacidade a que me refiro não tem a ver só com entendimento musical, mas sim com cultura, como falou o Lelo Mig.

Uma pergunta boba, mas boa para refletir: quantos livros (especialmente literários) você leu neste ano?

Deixo esta pergunta para todos do fórum, e citei especificamente os literários pois a carga poética, dramática ou metafórica dentros desse gênero é extremamente mais rica do que em outros gêneros.

Bom, não duvido muito que a maioria aqui ficou entre 0 e 1, inclusive eu. Agora pensem, se nem nós "músicos" (que em tese deveríamos ser mais ligados às artes, consequentemente deveríamos ler mais do que a média da população brasileira) lemos mais como antigamente... bom, acho que esta é uma informação que ajuda a explicar por que as pessoas hoje se sentem bem ouvindo "Ai se eu te pego!" ou "Vai rolar o pancadão!". E acho que ajuda a explicar também porque os nossos artistas são tão superficiais e descartáveis.


Discordo. Nunca paro de ler. Acho que leio por volta de uns 10 livros por ano, desde a minha adolescência.

O último que estou lendo é um livro de mais de 1000 páginas (é bem comum eu ler livros com essa quantidade de páginas).

Obs: Não são livros literários! Não porque eu não goste, mas porque no momento questões de ordem pessoal me levam a ler determinados livros técnicos. Mas já li também Kafka, Machado de Assis, boa parte da coleção "Os pensadores" e, falando em literário, o último que li foi "O morro dos ventos uivantes".

Mas tudo isso não tem nada a ver uma coisa com a outra ...

Não julgue uma pessoa por isso. Há disléxicos altamente inteligentes!

O Hindemburg Melão (indivíduo talvez com o maior Q.I entre os brasileiros e um dos maiores do mundo) disse uma vez que ele só lê porque essa é a forma mais tradicional de adquirir conhecimento e que no futuro provavelmente o conhecimento nos será dado via "USB-cérebro". Há um artigo dele falando sobre isso. Parece ficção científica essa ideia, mas não duvidemos do desenvolvimento da tecnologia e quando houver a ligação do "silício" com "células biológicas". Aí muita coisa vai mudar:
Inclusive os posts desse forum serão lidos como gibis de comédia pelos futuros terráqueos hehehehe.

O único brasileiro, Arthur Ávila, a ganhar a medalha Fields atual (corresponde ao Prêmio Nobel da Matemática) disse no programa do Jô que não costuma ficar lendo trabalhos de outros matemáticos para aprender. Ele não tem paciência de ficar decifrando o que outros estão escrevendo em um determinado paper. Como ele aprendeu então ? Ele prefere que alguém especialista no assunto explique para ele. Daí depois ele irá estudar, fazer pesquisas para desenvolver esse conhecimento. Mas aprender através de leitura em trabalhos alheios, isso ele disse que não tem paciência.

Quanto a essa visão preconceituosa de que quem lê livros consegue apreciar uma boa música e quem não lê é ignorante ...

Há milhões e milhões de pessoas no mundo que não gostam de ler e apreciam uma boa música!

Há milhões e milhões de pessoas no mundo que adoram ler e gostam de Funk!

Então se não é a cultura e a educação as principais causas do consumismo das pessoas é o quê, então ?

Eu já disse em outro post:

Empatia

Na verdade, é uma "identificação empática", pois pare para pensar o seguinte:

Se o sujeito gosta de alguma música é por que aquela música está relacionada a alguma coisa em seu ser (seja de ordem intelectual, aqui sim o hábito de ler é importante, sentimental, ou seja, a música faz ele refletir sobre momentos de sua vida ou ele mesmo gosta de ouvir músicas poéticas ou de ordem temperamental, como no caso do Rock, em que o sujeito ouve a música e se identifica empaticamente com as frustrações que teve na vida, com as mazelas sociais, com a revolta que ele sente de tudo o que ele acha que está errado, etc ...)

As raízes que fazem alguém ficar horas a fio (como eu) lendo, enquanto outros não conseguem nem ler um índice de um livro é de ordem neurológica. Há pessoas com córtex cerebral propício à leitura, enquanto outras não (maioria). Então vamos parar de julgar as pessoas e entender que há causas (nesse caso, biológicas) por trás disso. Existem muuuuitos talentos, inclusive na música, que não são do tipo de indivíduo que consegue se debruçar em algum livro.

Essa minha postura é quase que única entre aquelas pessoas que são leitores ávidos, pois estas se acham os donos da verdade e julgam outros que não tem o hábito de ler como seres inferiores e ignorantes.

Mas quero deixar bem claro que abraço a causa fortemente. Leiam, leiam e leiam ... tudo que puderem (quem tiver condições psíquicas e tempo, é claro) !!! No meu caso, eu comecei na infância com gibis.

Mas ...

Quantas e quantas pessoas não leem e possuem outras qualidades fantásticas ? Inclusive na área da música.

Tudo é muito relativo.

malucobeleza666
Veterano
# jul/15
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pianoid
funk não é música, é só atitude ritmada

letra também não é música


Velho, não viaja, pelamor, é óbvio que Funk é música.Não seria música porque você não quer que seja né? Pega um MC rodolfinho ae


Tecfrente
Membro Novato
# jul/15 · Editado por: Tecfrente
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malucobeleza666

kkkkkkkkkkkk

Apesar de eu não gostar do funk da atualidade, adorei sua irreverência. Precisamos de atitude assim.

Concordo com você quando dizem que funk não é música. Lógico que é música. Pode não ter a complexidade musical de Franz Liszt, mas é música também.

Possuo aqui um livro clássico que qualquer entendido de música deva conhecer que é "Teoria da Música (Bohumil Med)".

Ele diz ...

"As principais partes de que a música é constituída são:
1) Melodia;
2) Harmonia;
3) Contraponto;
4) Ritmo.

Vejam nos funks antigos abaixo se vocês não encontram esses elementos:









Apesar dos pesares, critico veemente o funk da atualidade pelas "letras", mas nada contra o "ritmo". Ritmo esse que é um das partes que constituem a música, segundo Bohumil Med.

O funk de hoje não faz parte de meus arquivos musicais, mas reconheço talento em alguns jovens por aí que fazem parte desse estilo, exemplo, a capacidade de improviso do Mc Lon.

O problema atual do funk, além das letras, é o fato de muitos desses jovens levarem um estilo de vida que não prestigia "os estudo". Fico preocupado por isso.

Ismah
Veterano
# jul/15
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Tecfrente

Cara esse funk que mencionei, é tão igual aos outros que se desenvolveu nos EUA... Chegou a ver ou ouvir a reportagem que postei?

Santana é um dos maiores ícones de funk, mas tá longe do batidão que temos aqui.

Mauricio Luiz Bertola

Gostei dessa sua aulinha de história. Ficaria feliz por isso se repetir.

Tecfrente
O problema atual do funk, além das letras, é o fato de muitos desses jovens levarem um estilo de vida que não prestigia "os estudo". Fico preocupado por isso.

Não deveria. Pode parece curioso, mas quem curte o estilo, principalmente ostentação é estudante universitário de média renda.

É o equivalente ao sertanejo universitário, que invés de vestir um chapéu de cowboy, resolveu pagar de bad boy, com uma corrente de 5kg. Perceba que ambos almejam coisas em comum: veículos de luxo (Chevy Camaro, Dodge Ram...), mulheres, e baladas... Tanto que temos N parcerias entre dito funk, e cantores sertanejos.

Ah mas na favela... O Bertola disse tudo o baixíssimo nível cultural da população de baixa renda, (incluindo os artistas, produtores e consumidores - a.k.a "favelados") brasileira, assim como a influência nefasta da criminalidade na vida desses pobres cidadãos; algo que tornou-se generalizado - um Cartola, homem pobre, humilde, negro, favelado, mas que escrevia de forma impressionante, é hoje em dia, algo improvável.

Existe sim, o problema, mas ainda assim, não vai ser o gênero musical, fator determinante para as capacidades do indivíduo. Quero dizer, a falta de opções conhecidas (a que se chama falta de cultura) é um dos principais problemas.

É sabido que pessoas ignorantes (e quem acha isso ofensivo, consulte um dicionário antes de me responder, para saber o que se trata de ignorância), que não tiveram acesso a educação superior, talvez nem básica, por qualquer motivo que seja. Estes não tem como passar para filhos, o que não sabem, e a coisa entra em efeito dominó.

Então a formação cultural, inicial do indivíduo, já é fraca. Isso leva as dificuldades escolares, por exemplo. Mas não é exclusivo do garoto que cresce na favela.

Tomemos como exemplo, o garoto que nasce no interior, numa família exclusivamente agrícola, e que dificilmente é pobre. Os pais dificilmente terão hábito de ler, nem por si, tampouco para o filho.

Quando este cresce, é muito provável que ele aprenda a lidar com coisas do cotidiano familiar (tirar leite, fazer pasto, dirigir trator, alimentar animais...) que a ler e escrever. Pelo simples fato, que o desenvolvimento inicial de um indivíduo se dá por imitação de quem o cerca. E isso se dá em aspectos menores, como a fala.

Eu tenho dificuldade com o R, nasci numa família ítalo-alemã, mas me criei numa comunidade exclusivamente alemã. Esse sotaque é natural, devido a não existir pronúncia semelhante no alemão. Mesmo dominando um pouco do italiano (onde também não se tem R acentuado como no português).

O que pode trazer dificuldades no aprendizado, e até algumas vezes desinteresse por estudos. Já que pra ganhar dinheiro ele sabe o que precisa, e não há um porque de pensar em entender plano cartesiano, ou coisas sobre o genoma humano.

Vamos voltar a realidade urbana, especificamente de periferia, ou mais específico ainda: da favela, com o contexto todo.

O mesmo garoto nasce ali. É criado numa família, com todas as características acima, mas ignorante por motivos diferentes (principalmente pobreza). Quando cresce, acaba na rua, possivelmente por ter de ficar solito em casa - coisa que nenhuma criança suporta - enquanto os pais trabalham.

Na rua a criança vê tráfico, prostituição, criminalidade... Isso não é pressuposto que ele vá se tornar marginal, se não o filho de agricultor viraria uma cenoura ou uma galinha.

Mas o contato com pessoas dessa estirpe, e esse tipo de atividade, pode se mostrar uma solução rápida para os problemas sócio-econômicos que tem em casa. Da mesma forma que trabalhar informalmente, ou mesmo formalmente, que não exige escolaridade.

Essa criança-jovem, então TAMBÉM sabe o que precisa pra ganhar dinheiro imediatamente. A contra-ponto do interior (onde geralmente vc acaba trabalhando em casa, ou com algum parente), os lucros são muito desbalanceados. Sem falar no custo de vida.

Pra você fazer um salário mínimo de forma legal, leva um mês. Pra levar buchas de coca, o "cara" de dá 100~300 reais POR DIA.

Wuju Wu Yi
Membro Novato
# jul/15 · Editado por: Wuju Wu Yi
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Tecfrente

concordo com muito do seu pensamento também.

termo eclético

eu não curto muito por causa da referência ao ecléticismo da arquitetura. onde eles faziam uma mistura de diversos estilos (de diversos períodos) por não terem conhecimentos artísticos.

não que as obras não ficavam boas, mas sua origem gera um certo preconceito. rs (e não que eu não aprecie a arquitetura eclética).

logo, em algumas mentes, se dizer eclético significa dizer: "eu não entendo de nada, portando gosto de tudo."

mas claro que é uma interpretação muito ortodoxa.

"Posso não concordar com uma palavra que tu proferes, mas defenderei até a morte teu direito de dizê-las".

É o que posso falar para essas pessoas com gosto musical único.


Eu acho bem interessante essa frase. A única coisa que entro em desacordo com ela, é que eu tenho a tendência de censurar coisas improdutivas em meios com intenções produtivas, se é que consegui me fazer entender.

Não vamos fazer da música uma ideologia como os Punk, entre outros, tentaram fazer, pois a música não vai mudar tanto uma sociedade como a Política, por exemplo.

Muito bom. Apesar de que eu reconheço o enorme potêncial, não so da música, como do cinema e as demais artes para mudar o pensamento das pessoas, porém apenas como ponta pé inicial, deve haver em grande parte congruência política como você disse para esse mecanismo funcionar.

Creio que a enorme aceitação e incentivo do homosexualismo por exemplo, provem em grande parte de influências midiáticas, cinematográficas, e artisticas em geral.

Caso contrário, não adianta lutar contra algo que só o tempo, o desenvolvimento da educação, cultura, etc ... irá mostrar. Se quiserem ficar enxugando o gelo ...Mas já vou antecipando que isso é improfícuo.

concordo sem por nem tirar. a base central para a mudança é o desenvolvimento da educação de forma a fazer a cultura saltar exponencialmente. O resto é enxugar gelo como você afirmou.

Tecfrente
rcorts

Eu penso o seguinte, literatura pode ser realmente uma ponta de ligação para o progresso mental de forma a abrir portas para a pessoa musicalmente. uma pessoa que lê tem a Tendência a se aproximar da cultura musical, pela correlação entre as artes em si. Porém as varias professoras e professores de literatura espalhados por ai que ouvem música pop estão ai pra mostrar que são apenas Tendências mesmo.

Penso que conhecimentos artísticos aproximam muito mais da cultura musical.

E achei seu post bem interessante Tecfrente. rs

Mauricio Luiz Bertola

Verdade. Essa ótica que você apresentou eu concordo. E ainda digo que a música também pode ser simples e bonita independente de outros fatores, assim como uma letra pode ser sem peso ideologico, com intenções apenas para entreterimento e expressividade e ser uma letra interessante.

o grupo que indicou não tem uma sonoridade que me chame muito a atenção, mas parece ter qualidade sim, principalmente para quem curte.

malucobeleza666
Tecfrente

eu também não vejo sentido em afirmar que funk (carioca) não é musica. nem tenho muito o que falar sobre isso, os fatos meio que falam por si. rs

estes funks antigos acho bem interessantes, eu gosto deles, cresci ouvindo.

Wuju Wu Yi
Membro Novato
# jul/15
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Ismah
Opa

Já falei em outros momentos, é apenas uma cultura que desde sempre foi tida como marginalizada, em função de ser "coisa de pobre", e conter uma minoria que se envolveu com gangues e tudo mais.

Existiam e preocupavam já naquela época, os problemas que apontamos hoje, mas musicalmente era mais rico.


Isso. E realmente também penso que era mais rico antes.

Bem interessante esse vídeo. Impressão minha ou as pessoas de classe baixa falavam um português melhor?

Wuju Wu Yi
Membro Novato
# jul/15
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Ismah
Bem legal seu post ai em cima. Eu penso que o funk carioca ostentação tem uma qualidade cruelmente cômica.

Uma crítica séria a isso é a que vejo nesse vídeo que sempre posto, que inclusive é um exemplo de que o funk carioca pode vir a ser tornar um estilo muito rico musicalmente.



Ismah
Veterano
# jul/15
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Impressão minha ou as pessoas de classe baixa falavam um português melhor?

De certa forma, parece o mesmo. Pode ser influência de um mundo não globalizado. Tanto que o contraste entre os sotaques mineiro, carioca, paulista, nordestino, sulista etc era mais evidente... Hoje o nosso idioma está mais unificado, como o resto.

Ponto G foi uma música composta (até onde sei) por um duo nordestino de João Pessoa, na Paraíba: Os Nonatos. Mas ganhou o país (como outras composições deles), na voz do Gusttavo Lima, um mineiro, erradicado em Goiânia...

Quero dizer, em função da globalização hoje um peida do outro lado do país, dá pra sentir o cheiro aqui no sul.

Mas e que isso tem a ver com o falar? Tudo.

Da mesma forma como a música se espalha facilmente, gírias e trejeitos da fala também. Quem não ouviu (ou falou) em algum momento a expressão "para nossa alegria"?

rcorts
Veterano
# jul/15
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Tecfrente

Perdão amigo, acho que você me interpretou mal e levou a minha colocação a um patamar muito mais alto do que realmente se coloca. Primeiramente, me referi à questão da apreciação como segundo plano, a minha crítica em suma foi em relação à produção artística (que aliás é a proposta do tópico), mais do que propriamente à sua apreciação.

Segundo, não afirmei que SOMENTE pessoas com o hábito de ler tenham a capacidade para apreciar obras com conteúdo estético mais bem elaborado, ou capacidade de fazer uma avaliação crítica de um estilo musical ou mesmo uma peça isolada. Acho bom nem tocar em estilos, pois isso sim seria generalizar, e não gosto de fazer isto. Inclusive, não afirmo com veemência que todo funk ou todo sertanejo universitário seja a mesma coisa e fadado ao lixo. Não sou deste tipo de posicionamento. Prefiro analisar obra por obra, banda por banda, álbum por álbum, em vez de jogar essa carga sobre qualquer estilo que pode ter todo tipo de artista, de charlatões a românticos, do lixo ao luxo.

Mas de uma forma geral, o que eu quis dizer foi que a leitura é um exercício imaginativo extremamente rico, capaz de contribuir tanto para a percepção e interpretação, quanto formar num indivíduo a habilidade de compreender e tecer metáforas. Algo que, convenhamos, anda muito empobrecido nos dias atuais.

O Hindemburg Melão (indivíduo talvez com o maior Q.I entre os brasileiros e um dos maiores do mundo) disse uma vez que ele só lê porque essa é a forma mais tradicional de adquirir conhecimento e que no futuro provavelmente o conhecimento nos será dado via "USB-cérebro".

Bem Matrix isso né. Também não dúvido que um dia seja possível. Mas também não sei das limitações desse método de aprendizagem. Pode ser que facilmente e rapidamente um indivíduo através deste método consiga aprender e armazenar grande carga de informações. Porém, não necessariamente significa que estes conhecimentos o tornariam de pronto um indivíduo hábil em empregá-los de forma sábia e criativa.

Lembre-se, conhecimento por conhecimento uma biblioteca per si resolveria a maioria dos problemas do mundo, quando na verdade as pessoas que mais contribuíram para o planeta até hoje sempre foram pessoas sábias, criativas ou vanguardistas. Ou seja, pessoas habilidosas em utilizar o pouco ou muito conhecimento que dominavam para realizar grandes ações.

Outra coisa, Q.I alto por si só, pelo menos no meu ponto de vista, não implica que um indivíduo seja necessariamente criativo. Um matemático de alto Q.I pode ser capaz de resolver problemas de cálculo altamente complexos, o que não significa que apenas por isso seja capaz de criar um bom poema ou encontrar uma solução diplomática adequada para encerrar um conflito.

Então, esclarecida a importância que eu atribuí à leitura, continuo achando que sim, o mundo hoje lê menos que há poucas décadas e a criatividade artística meio que ficou condicionada a uma ordem de processos mais superficiais e efêmeros. Bagagem é importante. Não se faz um omelete sem ovos!

Ah, para ficar mais claro ainda, o conceito de leitura não deve se resumir apenas à leitura de livros, mas deve ser extendido também a outras formas de leitura, como por exemplo a leitura que uma pessoa faz do mundo ao seu redor, do seu círculo social e dos fatos a que se expõe. São as pessoas letradas pela vida, e isso também é uma forma de leitura, a qual não desprezo de modo algum. Mas até isso parece que está empobrecido no mundo de hoje.

No entando, a capacidade criativa de transformar estas informações em trabalho de qualidade é o elemento final para fechar a equação. Só para constar, falei especificamente em criatividade artística, pois há outros tipos de criatividade possíveis, como criatividade empresarial, criatividade para sobrevivência, para resolução de conflitos e etc...

Quanto à empatia...

Bom, só tenho a dizer que concordo parcialmente. Empatia é um dos aspectos do gosto musical, mas outros aspectos como construção de identidade (por se sentir incluído em um grupo que consome produtos culturais similares), círculo social, formação educacional/cultural e até aspectos de ordem fisiológica, biológica e psicológica também ajudam a explicar, em maior ou menor grau, por que um indivíduo consome ou não um produto cultural.

Wuju Wu Yi
Porém as varias professoras e professores de literatura espalhados por ai que ouvem música pop estão ai pra mostrar que são apenas Tendências mesmo.

Bem, nada em humanidades é 100% objetivo, senão seria exato. Em humanidades tudo é relativo. Apesar de ter gente que queira colocar tudo em termos objetivos e dados númericos. Por isso concordo com você.

Só devemos lembrar que o pop é muito amplo para ser colocado no mesmo balaio. E a própria literatura às vezes é muito pop para ser sempre eruditizada, o que também exige balaios diferentes, concorda?

Penso que conhecimentos artísticos aproximam muito mais da cultura musical.

Também é uma hipótese válida, como a minha da leitura.

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