A qualidade da madeira influencia no timbre?

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Bog
Veterano
# nov/11
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Curly

ô.o

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=viol ino-stradivarius-recriado-tomografia-computadorizada&id=010170111129

guitartube
Veterano
# nov/11
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Bog

Acústico é outra história. Agora vamos ver o som como vai ser né?
Tem o verniz que afeta a absorção/reflexão do som ....
O grande bizonhada dos luthiers de guitarra elétrica foi tentar transportar para um instrumento sólido (sem caixa de ressonância), as propriedades dos instrumentos acústicos.

flw!!!!!

makumbator
Moderador
# nov/11 · Editado por: makumbator
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Bog

Esse tipo de coisa rola há décadas. Na europa há alguns instrumentos que são cópias "científicas"(alguns mais, outros menos, e usando várias técnicas) de Stradivarius, Guarneri, entre outros.

Acabam ficando bons instrumentos, mas sem aquele "algo mais". Pelo menos na opinião de quem os toca.


Há também um mercado imenso(no Brasil também) de cópias "não-científicas", em que luthiers copiam ao máximo as medidas, shapes, espessuras, materiais e características de instrumentos famosos.

Aqui dois exemplos(um violino e uma viola):

http://www.ebay.co.uk/itm/ANTONIUS-STRADIVARIUS-CREMONESIS-1700-RARE-G ERMAN-VINTAGE-COPY-REALLY-OLD-LQQK-/300614085650?pt=LH_DefaultDomain_0 &hash=item45fdfeec12


http://www.ebay.co.uk/itm/Antonius-Stradivarius-COPY-Viola-Made-German y-/220886570666?pt=UK_Musical_Instruments_Sting_Instruments&hash=item3 36ddd96aa


Off:

Já toquei em um contrabaixo acústico de 1800 e pouco. Era um instrumento excelente, e com grande sonoridade, coisa fina. Mas curiosamente o melhor que eu já toquei foi construído nos anos de 1990.

O meu acústico ainda é novo, de 1962...hehehe!

Bog
Veterano
# nov/11 · Editado por: Bog
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guitartube

Heheh, eu sei. Só me lembrei do comentário do Curly quando li a reportagem. =P

makumbator
Acabam ficando bons instrumentos, mas sem aquele "algo mais". Pelo menos na opinião de quem os toca.

Acho bem provável...

Curly
Veterano
# nov/11 · Editado por: Curly
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Bog

blz, é isso aí, aplicação da alta tecnologia para se chegar a conclusões,vamos ver se a sonoridade vai corresponder. Acredito que possa chegar a ser bem próxima sim.

Por que não utilizam também tecnologia de verdade no caso dos instrumentos sólidos ? acho que as somas envolvidas seriam bem maiores. Porque ESSA aqui é brincadeira né ?...

Mas se fizerem uma guitarra asim, serei o 1o a comprá-la, como fiz com o sistema VG da Roland e a Yamaha Rgx A2, essa última sim deve ter sido uma pesquisa grande para se chegar numa construção alternativa, como pode uma guitarra que pesa 1,5 kg gritar daquele jeito?

Cristhyano
Veterano
# nov/11
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Por outro lado, se o corpo influenciasse tanto, a guitarra de acrílico do steve vai provavelmente soaria uma merda.

Bog
Veterano
# nov/11 · Editado por: Bog
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Curly

Pois é, eu acho até que com essa coisa da escassez de madeira boa, empresas como a Yamaha vão enxergar uma oportunidade, e não o fim do mundo.

Aliás, você falou do sistema VG, e eu tenho uma observação curiosa que pode ter a ver com o tópico. Eu inicialmente liguei o GK-3 numa guitarra "tipo" Les Paul, com tampo de maple, e agora liguei numa Les Paul Studio Vintage, daquelas sem tampo. Sei que o som devia ter ficado igual, mas não ficou: na nova, ele parece ter perdido um pouco do brilho. "Coincidentemente", a tradição diz que o tampo de maple... deixa o som mais brilhante. Sei que pode ter sido por outros fatores - regulagem e modelo da ponte, distância até as cordas, até impressão pessoal, mas não deixa de ser interessante observar isso.

Tem mais um detalhe que me ocorreu sobre a pesquisa citada. Quando você faz este tipo de análise, não basta olhar para as frequências no espectro audível. Isso é uma das primeiras "epifanias" que eu tive quando comecei a estudar DSP. Ocorre que, mesmo que a gente não escute, esses componentes da frequência podem influir no comportamento do equipamento. E, no caso de instrumentos acústicos, o nosso corpo reage a frequências que não ouvimos - um exemplo são as ondas sub-sônicas que antecedem terremotos, que fazem algumas pessoas sentirem desconfortos (e eu constatei isso na própria pele).

Eu acho que existe uma possibilidade de parte da questão "analógico x digital" residir nestas frequências inaudíveis. Ocorre que, dependendo das frequências que estivermos falando, o equipamento usado na medição pelos brasileiros é inapropriado.

guitartube
Veterano
# nov/11
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Bog
Tem mais um detalhe que me ocorreu sobre a pesquisa citada. Quando você faz este tipo de análise, não basta olhar para as frequências no espectro audível. Isso é uma das primeiras "epifanias" que eu tive quando comecei a estudar DSP. Ocorre que, mesmo que a gente não escute, esses componentes da frequência podem influir no comportamento do equipamento

Os Luthiers por considerarem o modelo acústico como válido no corpo sólido, criaram um impasse. Para eles, no modelo considerado (sólido), o corpo ressoa em resposta as frequências geradas pelas cordas, e esta frequência de ressonância "inaudível" no corpo, "agiria" como elemento interferente na vibração das cordas. Mas se vc ler um trabalho de PFC linkado neste tópico, vc vai ver que a frequência de ressonância das diversas madeiras ficam entre 148-207 Hz, ou seja, elas só irão entrar em ressonância nestas fequências graves, fora isso, elas só receberão as vibrações do corpo com baixa energia e terminarão por amortecer após um breve período. O que não está no espectro inaudível não interfere na faixa audível. Entretanto, podem existir tais frequências inaudíveis que afetam os nossos outros sentidos, mas aí já entramos na psico-acústica, e esta, leva em consideração cada indivíduo.


ondas sub-sônicas que antecedem terremotos,

Pois é, os polvos conseguem sentir com muita antecedência e até hj ainda não se descobriu como funciona este intrigante processo.

flw!!!!!

guitartube
Veterano
# nov/11 · Editado por: guitartube
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Curly
Porque ESSA aqui é brincadeira né ?...


Ele usou este amp como monitor somente, não teve nenhuma função na captura do sinal. Porém acho que ele devia mencionar o processo de captura mais detalhadamente.

flw!!!!!

Curly
Veterano
# nov/11
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guitartube

pois é mano, mas a questão é que com um amp de verdade o volume alto poderia influenciar pelo impacto das ondas sonoras no corpo, um efeito tipo feedback, nesse caso a madeira pode fazer diferença.

guitartube
Veterano
# nov/11
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Curly
poderia influenciar pelo impacto das ondas sonoras no corpo

Pode sim brow, mas aí a gente caí em um modelo diferente do que tem sido estabelecido para o corpo sólido. A influência neste caso seria induzida por um elemento externo e não inerente ao elemento madeira.

Um pouco disso ocorre com o instrumento acústico, nele ocorre a ressonância na caixa e aí o volume aumenta, batendo e reverberando nas cavidades, alterando assim os harmônicos.

flw!!!!!.

Curly
Veterano
# nov/11
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guitartube

vale a pena falar um pouco da rgx a2, a guitarra tem um sustain impressionante, o volume dela desplugada é alto, numa festa aqui em casa uma galerinha pegou ela desplugada e ficou cantando mpb !

ela tem o corpo sólido com um sanduíche de madeira dura por fora e madeira leve por dentro, com uns tubos de metal atravessando.

http://usa.yamaha.com/news_events/guitars_basses/yamaha-rgx-a2-electri c-is-a-real-revolution/

não recomendo a guitarra porque ela é tão leve que dá a impressão de ser aquela do guitar hero, é muito estranho !

guitartube
Veterano
# nov/11 · Editado por: guitartube
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Curly
vale a pena falar um pouco da rgx a2
Eu conheço e já tinhamos conversado sobre ela.

ela tem o corpo sólido com um sanduíche de madeira dura por fora e madeira leve por dentro, com uns tubos de metal atravessando.

A construção é interessante.

Quando eu vou gravar com minha Semi-acústica, eu regulo, e estando satisfeito com o timbre, começo a gravar. Posteriormente quando vou ouvir o resultado, acho estranho, e aquela nuance de timbre bacana que rolava na gravação, desaparece. Na verdade, durante a gravação, eu ouvia o timbre que é capturado pelo caps e o timbre acústico da guitarra. Isso ocorre até com guitarra de corpo sólido, só que com menos intensidade. Certamente vc já sabe disso por experiência própria com essa guitarra.

Isso acima engana a gente quando comparando guitarras com diferentes madeiras. Acusticamente (desplugada), existem diferenças de timbre diferenciando a madeira do corpo, e este fator acústico altera a nossa percepção exclusiva do timbre que sai do amplificador. Entretanto, analisando apenas o que sai do captador, as nuances desaparecem.

flw!!!

Curly
Veterano
# nov/11
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guitartube

o carinha também fala isso no trabalho dele mas sei lá... Se fosse há um tempo atrás, tinha peças aqui em casa pra montar umas 3 strats, hehe, foram embora naquela limpeza que te falei, se estivessem ainda aqui iria montar um experimento para postar aqui, hehe !

guitartube
Veterano
# dez/11
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Curly
o carinha também fala isso no trabalho dele mas sei lá...

Talvez seria interessante fazer um vídeo gravando uma guitarra normalmente usando os captadores magnéticos, e depois fazer a mesma gravação acrescendo um microfone próxima ao corpo da guitarra.

flw!!!!!

ROo
Veterano
# jun/13 · Editado por: ROo
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Em um outro tópico havia informado que estou desenvolvendo um trabalho sobre o mesmo tema, utilizarei este por ter dado mais discussão.
Embora ainda não tenha feito a parte empírica e consequente modelagem de dados matemáticos, creio que possa situar vocês melhor sobre algumas coisas.

Os pesquisadores desse trabalho que deu tanta polêmica da UNICAMP, analisam o "timbre" por uma perspectiva muito ingênua.
Dentre as características que geralmente apontamos de uma fonte sonora, destacam-se altura, intensidade e timbre. Esta última é que apresenta a definição mais difícil. Não são claramente expressos diretamente por relações físicas, ou seja, "alto, baixo, agudo, grave", coisas que podemos ver numa alteração de volume, ou intensidade.
O timbre por muitas vezes é descrito como "escuro, claro, espaçado, fechado, aberto e etc". Essas definições são concomitantes com quais atributos físicos? E aí está a questão.
De forma geral, seria “atributo do sentido auditivo em termos do
qual o ouvinte pode julgar que dois sons similarmente apresentados com a mesma intensidade e altura, são dissimilares" (American Standard Association). Mas isso não é uma definição que os teóricos abraçam.
Existem diversas abordagens para os fenômenos sonoros e a respeito do timbre, por exemplo a cognitiva, perceptiva, psicoacústica, física. É só procurar sobre análise de timbres de instrumentos e as diversas perspectivas.

Enfim... para chegar em: taxar invariavelmente que os corpos dos instrumentos de diferentes madeiras não afetam o timbre de um instrumento foi precipitado.
Melhor seria: Não percebemos diferenças significativas analisando sobre apenas UM aspecto do que imaginamos ser timbre. E não totalizando todo o conceito de timbre.

Porque outros trabalhos que abordam tema semelhante, sobre o comportamento de instrumentos elétricos, utilizando outra metodologia, fazendo pesquisas auditivas com pessoas, por exemplo, apontam resultados discrepantes. Então, generalizar para todo o conceito de timbre, desconsiderando atributos psicológicos, cognitivos, conceituais me soa precipitado.
Creio que até o final do ano que vem tenha realizado experimentos mais concretos para sustentar a opinião que emito aqui. Acho que é um tema relevante para nós, não só para entendermos a questão melhor, mas para que outros trabalhos sejam também desenvolvidos. Porque a produção é - por incrível que pareça - escassa no mundo todo sobre esse tema.

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# jun/13
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Porque outros trabalhos que abordam tema semelhante, sobre o comportamento de instrumentos elétricos, utilizando outra metodologia, fazendo pesquisas auditivas com pessoas, por exemplo, apontam resultados discrepantes. Então, generalizar para todo o conceito de timbre, desconsiderando atributos psicológicos, cognitivos, conceituais me soa precipitado.
Creio que até o final do ano que vem tenha realizado experimentos mais concretos para sustentar a opinião que emito aqui. Acho que é um tema relevante para nós, não só para entendermos a questão melhor, mas para que outros trabalhos sejam também desenvolvidos. Porque a produção é - por incrível que pareça - escassa no mundo todo sobre esse tema.


ALF is back
Veterano
# jun/13
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Porque outros trabalhos que abordam tema semelhante, sobre o comportamento de instrumentos elétricos, utilizando outra metodologia, fazendo pesquisas auditivas com pessoas, por exemplo, apontam resultados discrepantes. Então, generalizar para todo o conceito de timbre, desconsiderando atributos psicológicos, cognitivos, conceituais me soa precipitado.

ROo
Em um outro tópico havia informado que estou desenvolvendo um trabalho sobre o mesmo tema, utilizarei este por ter dado mais discussão.
vc falou o q eu queria ouvir! sei de qual topico vc está falando...lembro da discussão...aquele trabalho em q o cara poe um motorzinho palhetando uma corda de uma guitarra deitada numa mesa foi o cumulo! ngm toca assim...musica é totalemtente humana...por um computador pra analisar spectros é o mesmo erro q testar a vacina pro HIV numa placa de petri com cultura de células! nao funciona in vivo!

Die Kunst der Fuge
Veterano
# jun/13 · Editado por: Die Kunst der Fuge
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ROo
cognitiva, perceptiva, psicoacústica

Pô, o tempo passa e você, que parecia entender a situação, me volta aqui cometendo o mesmo erro do pessoal que não entendia?

A questão da influência da madeira no timbre termina nas frequências emitidas pela fonte sonora (Na verdade, sendo rigoroso, nas frequências que entram e sofrem o processo de amplificação, mas como isso também será mantido constante, vou me referir apenas à emissão sonora).

Passou daí, não importa se (ceteris paribus: altura e intensidade):
- Duas pessoas ouvem o mesmo som e acham coisas diferentes sobre ele.
- A mesma pessoa ouve o mesmo som duas vezes (sem saber) e acha os sons diferentes.
- Uma pessoa ouve um som, depois de um tempo de vida perde a percepção de algumas frequências e passa a achar o MESMO som diferente (e com razão, neste caso).

Em todos os casos o timbre emitido ainda é o mesmo, as diferenças de percepção declaradas pelos sujeitos não podem em hipótese alguma ser atribuídas a uma contribuição da madeira.

Em todos estes casos citados, caso haja mudança, ela ocorreu por conta da percepção do sujeito, NÃO pela contribuição da madeira (ou qualquer outro fator que se passe antes da emissão sonora) no timbre [que é o que queremos medir].

Qualquer fator de influência que ocorra depois da emissão sonora não diz absolutamente nada sobre a influência da madeira no timbre.

Porque outros trabalhos que abordam tema semelhante, sobre o comportamento de instrumentos elétricos, utilizando outra metodologia, fazendo pesquisas auditivas com pessoas, por exemplo, apontam resultados discrepantes.

Isso é evidente!
Afinal, estão usando pra comparar um método de medida muito menos preciso, mais variável e totalmente enviesado: A audição humana.

É praticamente o mesmo que tentar determinar a altura de um objeto usando como método de medida apenas a visão de voluntários, o resultado será extremamente variado, impreciso e inconfiável.

E não faz o menor sentido metodológico atribuir esta variabilidade (oriunda do método de medida) ao fator que está sendo analisado.

Lelo Mig
Membro
# jun/13 · Editado por: Lelo Mig
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A qualidade da madeira influencia no timbre?

Em instrumentos elétricos sólidos, absolutamente NÃO!

Acreditar que altera, baseado no ouvido humano, como citou nosso amigo Die Kunst der Fuge em sua ótima colocação:

É Crença!

Medir com aparelhos ultra sensíveis, dentro das condições controladas de um laboratório:

É Ciência!

E ciência não se faz com crendices!

Então porque se faz instrumentos com madeiras nobres há séculos?

A resposta é simples:

Faça o corpo de uma guitarra de MDF e uma de Mogmo.

Jogue as duas no quintal e deixe expostas a Sol, Chuva, Vento, Humidade, Fungos e etc.

Compare as duas após 3 meses.

O Mogmo estará quase intacto e o MDF todo fudido!

É pela qualidade de MATERIAL que se usam madeiras nobres em instrumentos sólidos e não por características sonoras!

ogner
Veterano
# jun/13
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Opa!!!

Here we goooooooooooooooooooo!!!

\o/

MauricioBahia
Moderador
# jun/13
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ogner

Como dizia Madonna em sua "melhor fase": "Again and again, over and over."

Die Kunst der Fuge: Em todos estes casos citados, caso haja mudança, ela ocorreu por conta da percepção do sujeito,

Acho que eu fiz um tópico sobre isso!

.)

ROo
Veterano
# jun/13 · Editado por: ROo
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Die Kunst der Fuge
Sim, eu entendo o que você disse.
O que eu quis dizer é que a análise do experimento se baseou em um aspecto de que os teóricos imaginam que seja o timbre, em apenas uma condição. Se fosse só pela medição de frequências médias, não haveria tanto trabalho em cima da questão.
O artigo não é, ou não deveria ser, taxativo sobre a influência de diferentes madeiras no corpo do instrumento, porque ele não analisou as outras facetas que compõe o conceito de timbre, nem se demonstrou antenado sobre as metodologias de medição e qualificação física do timbre, que um monte de gente estuda há décadas.

taxar invariavelmente que os corpos dos instrumentos de diferentes madeiras não afetam o timbre de um instrumento foi precipitado.
Melhor seria: Não percebemos diferenças significativas analisando sobre apenas UM aspecto do que imaginamos ser timbre. E não totalizando todo o conceito de timbre.

Saca? Não é dizer que influencia ou não, mas que não sejamos precipitados. Excelente a contribuição do pesquisador, mas o problema está muito, MUITO, longe de ser resolvido.

Pra você ter ideia do debate da conceitualização de timbre, isso é um resumo de um trabalho da UFMG "Timbre de um instrumento musical: caracterização e representação"
: A representação do timbre de um instrumento musical envolve problemas de grande complexidade.
Apesar da conhecida correlação entre o timbre e o conteúdo espectral do som, o mapeamento das características
espectrais dos mais variados tipos de sons produzidos por um instrumento e sua utilização de forma semanticamente
relevante exige uma metodologia de análise de dados específica. Este trabalho apresenta uma abordagem
para este problema através do mapeamento das curvas de variação temporal das amplitudes dos componentes
harmônicos, extraídos através da Transformada Discreta de Fourier, utilizando técnicas de Análise por Componentes
Principais (PCA). As bases ortogonais definidas pela PCA possibilitaram grande redução de dados e a criação de
subespaços timbrísticos capazes de representar os sons do instrumento em várias alturas e níveis de intensidade.
Técnicas de classificação de dados permitiram uma análise semântica destes espaços timbrísticos, possibilitando
a classificação de grupos de timbres semelhantes neste espaço e ratificando a PCA como uma forma eficiente da
representação da dinâmica de timbres de instrumentos musicais.


Link:http://www.musica.ufmg.br/permusi/port/numeros/14/num14_cap_05.pd f

Entendeu o que eu quis dizer? Embora de uma maneira eu concorde com você sobre não deixar a percepção dos ouvintes e questões subjetivas alterarem a análise sobre o problema, as características da madeira; este trabalho e nenhum trabalho focou na multidimensionalidade do timbre.
Não mencionei os trabalhos que atentam na percepção humana porque creio na infalibilidade dela, mas por nenhum estudo ainda ter focado na multidimensionalidade do timbre, alguns aspectos da percepção podem estar relacionados a outras dimensões que não envolva a única demonstrada no artigo em questão, de maneira simplista. Estamos longe de fechar a questão.

rcorts
Veterano
# jun/13
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Hilário esse tópico. Hilário mesmo. Assim como falam que a madeira do corpo não influência na sonoridade de instrumentos elétricos sólidos, já ouvi muita baboseira como por exemplo: "a madeira da escala só influencia no timbre se for fretless, se tiver trastes não há influência alguma".

Me preocupa muito a ética nas pesquisas, ou mesmo quais os procedimentos científicos adotados para a construção das metodologias. Já vi uma outra pesquisa em que um cara também utiliza-se de procedimentos físicos de medição para afirmar exatamente o contrário sobre as propriedades das madeiras no timbre. Na pesquisa dele várias madeiras comportam-se diferentemente, tanto em termos de sustain quanto de ataque. Enfim, me parece que para provar a hipótese inicial do projeto de pesquisa vale tudo, distorcer dados, escolher os métodos mais convenientes, omitir detalhes que talvez fossem mais relevantes do que o próprio método. O que se ganha? um diploma, a satisfação do ego e o benefício da arrogância.

Sei que tem gente aqui que vai me acusar de senso comum, de empirismo. Sinceramente, estou coçando o sovaco! Mas recentemente, troquei o braço de maple com escala de maple da minha guitarra por outro de maple com escala em ébano. Nenhuma outra parte da guitarra foi alterada, nem captadores, nem tarraxas, nem mesmo a espessura, o tipo, ou a marca das cordas. Mas a diferença na sonoridade não resultou em uma simples "nuance". A diferença foi estrondosa, absurda. E os parâmetros que eu imaginava se mostraram muito verossímeis.

Se um músico não for capaz de perceber diferenças sonoras usando seu ouvido, melhor virar um atleta ou um burocrata. Imagino que se Les Paul estivesse vivo hoje, venderia suas guitarras em uma loja de penhores e passaria a procurar coisa mais interessante pra fazer na vida.

ROo
Veterano
# jun/13
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ALF is back
O método cientifico deve apresentar um experimento controlado, minimizando qualquer tipo de influência que prejudique na apuração dos dados. Nisso, eu acho que o trabalho o qual você mencionou foi perfeito.

E a questão aqui não é música, o trabalho do cara é física, não é arte. O aparelhinho reproduzia uma palhetada, era isso que importava.

ROo
Veterano
# jun/13
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rcorts
Atacar a índole dos pesquisadores é leviano. Espanta-me você realmente crer que estudos da UNICAMP seriam apenas egocêntricos. Discrepância entre dois trabalhos devem ser analisadas e são ÓTIMAS para o desenvolvimento do conhecimento.

Se você trocou a escala (que nem é o foco do trabalho), ótimo, mas não tem relevância científica.
E engraçado você mencionar o Les Paul porque ele seria um dos caras EXATAMENTE responsáveis pelo suposto resultado da não influencia do timbre das madeiras no corpo.
Sua "The Log", uma das primeiras guitarras de corpo sólido foi a responsável por dar estabilidade aos captadores eletromagnéticos e diminuir consideravelmente a vibração do corpo e, conforme o trabalho da UNICAMP, diminuir o acoplamento entre corda e corpo.

ALF is back
Veterano
# jun/13 · Editado por: ALF is back
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ROo
verdade!

a unica ctza q tenho é q é um tema polemico...vamos ouvir de tudo!
o problema de se isolar "o maximo" pra assegurar a integridade do experimento é onde mora o maior perigo...eu como cientista (biólogo que trabalha com transplante de celulas tronco pra transplante) sei q corremos o risco de isolar detalhes importantes pois, se estamos fazendo um experimento, é pra testar coisas q nao conhecemos!
é impressionante o quanto sabemos sobre o comportamento de células progenitoras em meio de cultura de células...mais impressionante ainda é o quanto todo esse conhecimento nao serve pra nada in vivo!

Die Kunst der Fuge
Veterano
# jun/13 · Editado por: Die Kunst der Fuge
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ROo
Entendeu o que eu quis dizer?

Não sei ao certo. Vamos tentar esclarecer.

Quando você diz:

este trabalho e nenhum trabalho focou na multidimensionalidade do timbre.

Quando você fala sobre multidimensionalidade do timbre você está se referindo apenas a outras maneiras físicas de se medir e analisar o timbre?

Se sim, então eu concordo com você e foi falha minha não ter interpretado corretamente o seu post.

A questão toda é que você citou:

"Existem diversas abordagens para os fenômenos sonoros e a respeito do timbre, por exemplo a cognitiva, perceptiva, psicoacústica"

Estou certo de que se queremos determinar a contribuição da madeira no timbre do instrumento, nenhuma dessas abordagens é relevante para a questão, apenas a física e imagino que você já entenda o motivo.

E neste outro trecho:

alguns aspectos da percepção podem estar relacionados a outras dimensões que não envolva a única demonstrada no artigo em questão, de maneira simplista.

Se por "aspectos da percepção" você estiver se referindo a alguma propriedade física hipotética que varia entre os instrumentos e que não foi detectada pela forma como a medição foi feita, também estou de acordo.

Este artigo que você postou aí neste último post fala de uma outra forma de medir e analisar os dados, qual foi a conclusão do mesmo? Ele isolava as variáveis?

Além disso, na sua pesquisa, você achou outras formas de se medir as propriedades físicas do som que parecem ser bons indicadores?

ROo
Veterano
# jun/13
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ALF is back
Uma abordagem interessante in vitro e in vivo, por isso eu falei sobre a precipitação, Excelente o trabalho realizado, mas demonstrou apenas uma hipotética faceta de um conceito multidimensional de difícil precisão.
Por isso... "longe de resolver a questão".

ROo
Veterano
# jun/13 · Editado por: ROo
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Die Kunst der Fuge
Sim, exatamente isso, então estamos de acordo :)

Estou certo de que se queremos determinar a contribuição da madeira no timbre do instrumento, nenhuma dessas abordagens é relevante para a questão, apenas a física e imagino que você já entenda o motivo.
Sim, o problema é o que entendemos como timbre... ou o que não entendemos, que ele é multidimensional é "fato". Eu tenho preferência por física e em outras formas de representação e catalogação do timbre, um estudo mais minucioso de um instrumento e não só de apenas uma propriedade que não abrange todo o conceito de "timbre".

Esse trabalho da UFMG eu tive contato agora e é de difícil leitura, eu preciso ler antes os autores nos quais ele se apoiou, não tenho muita noção dessa catalogação temporal e PCA, MDS, SOM. Mas me mostra que o "buraco é bem mais embaixo" do que as análises realizadas no estudo da UNICAMP.
As outras abordagens, psicoacústica, cognitiva e etc. serviriam como base para concluirmos se hipotéticas diferenças apontadas por uma análise feita "no buraco beeeeem mais embaixo" são perceptíveis por ser humanos, ou se as diferenças apontadas são realmente simples subjetividades, como você apontou antes.

Ah, sua última pergunta:
"Além disso, na sua pesquisa, você achou outras formas de se medir as propriedades físicas do som que parecem ser bons indicadores?"
Não, porque como eu falei, estou apanhando pra estudo da UFMG, estou tendo que ler coisas mais básicas sobre timbre para poder tomar realmente criar uma metodologia concreta.

Dando meu parecer final sobre o trabalho da UNICAMP: Achei sério, parece ser bem conduzido, confio na "índole" dos pesquisadores, o único problema é que eu acho que não se alinharam aos debates sobre o que queriam definir: o timbre. Pecou aí.

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