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Casper Veterano
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# out/13
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Caro Ken Himura:
1) A dinâmica de um clarinete é bem limitada;
Eu tinha uma impressão totalmente errada sobre o clarinete. Um conhecido com limitações havia me mostrado que era complicado ter som muito baixo ou alto, mas percebo que a limitação era dele, e não do instrumento. Claro que com um sintetizador analógico eu consigo uma margem dinâmica de mais de 110dB, mas isso é totalmente inútil em um contexto musical. Falha minha, me desculpe.
http://www.compositionlab.co.uk/learn-about/woodwind/what-is-that-soun d/clarinet---dynamics.aspx
2) Os timbres são limitados e fixos;
Outra frase infeliz, eu quero explicar melhor. Não que o clarinete é uma buzina de caminhão, realmente ele pode ter suas nuances de timbre, mas um sintetizador pode começar uma nota com um som de um instrumento e terminar com outro, a liberdade de timbres é em outra escala. Posso começar com um som de violino, que vai se transformando em tuba, por exemplo, e com um som de flauta no meio do caminho.
3) Um clarinete pode gerar uma nota de cada vez;
Estou me referindo a um instrumento apenas. Acordes são possíveis pelos harmônicos, imagino eu, mas mesmo assim são limitados e para poucas pessoas, e o número de acordes possíveis é limitado também, por questões físicas do instrumentos.
4) O portamento ([i]glide) de notas é complicado e limitado.[/i]
Outro ponto onde eu estava completamente enganado. Comparando com um sintetizador é limitado, mas eu estou fazendo uma comparação covarde:
http://www.youtube.com/watch?v=YBPrK861Q-8
Resumindo: Eu sou um imbecil.
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Ken Himura Veterano |
# out/13
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Casper Resumindo: Eu sou um imbecil.
Hahaha! Que nada! Esse é o tipo de discussão que sempre é proveitosa, até pra quem só tá lendo.
Outro ponto que muita gente esquece ao abordar este assunto é que ao falar de um timbre "isolado" temos que pensar num pequeno contexto. Exemplificando com o clarinete ainda, dá pra escrever solo ou em naipe, e são escritas bem diferentes. Pegando umas palavras do universo eletroacústico (tipomorfologia do PS), estes dois casos vão se diferenciar em massa, timbre harmônico, talvez dinâmica (dependendo do que estiver escrito), mas a massa é bem evidente. Fora que, tendo 4 caras tocando ao mesmo tempo dentro de um naipe abre 4x mais possibilidades de sobreposição melódica do que apenas um solista. Fica mais fácil escrever polifonicamente, acordes etc etc.
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Ricnach Veterano |
# nov/13
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Uooooll isso aqui ainda existe!
Excelentes exemplos dados pelo Ken Himura!
Passando uma geral, concordo que as faculdades de música estão engessadas, e que a exploração de timbres da musica eletroacustica acadêmica anda risivel.
Acho que estou me tornando Critico musical por agora, e recentemente fui a uma série de concertos de musica contemporanea em BH, e a parte eletroacustica me decepcionou muito. Porém outros grupos estão crescendo e buscando compositores, destaco o Schlag!
Não sei de vocês, mas agora estou atolado de compromissos acadêmicos e não tenho tempo para compor, é só estudo e trabalho para pagar as contas, quem sabe daqui uns anos consigo compor novamente.
Mas em termos de música eletrônica "pura". Creio que o pessoal do Noise foi quem mais inovou no assunto desde então...
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Insufferable Bear Membro |
# nov/13
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e recentemente fui a uma série de concertos de musica contemporanea em BH, e a parte eletroacustica me decepcionou muito. Eu perdi o concerto de eletroacústica da bienal aqui no rio. Pode falar mais sobre isso? Eu tenho a impressão de que existe gente ainda mexendo com ondas senoidais, modulação de amplitude e colagens à la Schaeffer em pleno século XXI, que apesar de ainda serem coisas interessantes estão bem datadas.
Creio que o pessoal do Noise foi quem mais inovou no assunto desde então... E o pessoal da síntese granular, eu acho.
Ken Himura Acho que a questão é que qualquer limitação em instrumentos acústicos não é uma limitação para instrumentos eletrônicos, é claro que sempre dá pra expandir, de uma forma ou outra, mas vai tentar convencer alguém a disponibilizar espaço e grana pra um concerto com 300 clarinetes... Acho que a questão deixa de ser musical e passa para a praticidade, um pc e uma guitarra podem criar um "peso" e variedade digno de uma orquestra bem grande com muito menos recurso.
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Ken Himura Veterano |
# nov/13
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Insufferable Bear Eu perdi o concerto de eletroacústica da bienal aqui no rio. Pode falar mais sobre isso?
Foi bom, só tinha gente fera no programa. Não assisti, mas ouvi vários bons comentários. Rolou domingo passado também no CC da Justiça um concerto só de eletroacústica ótimo, todas as peças espacializadas em 14x2.
mas vai tentar convencer alguém a disponibilizar espaço e grana pra um concerto com 300 clarinetes... Desnecessário até, 10 já é clarinete suficiente pra substituir uma orquestra de violinos.
Acho que a questão deixa de ser musical e passa para a praticidade, um pc e uma guitarra podem criar um "peso" e variedade digno de uma orquestra bem grande com muito menos recurso. Depende do que você quer fazer. Eu sou um pouco mais tradicional, eu acho a orquestra sinfônica da virada do século XIX pro XX o melhor instrumento já criado na questão de cores e possibilidades. Juntando um pequeno grupo sinfônico com eletrônicos (Mutationem VII em diante, do Claudio Santoro) você tem o céu como limite. Apesar que eu curto umas paradas bem loucas feitas apenas com captação piezo-elétrica + filtragem, eu gosto muito desse contexto misto.
Mas já que você falou guitarra + pc, é uma saída legal também. O Bryan Holmes fazia uns improvisos na Lapa uns anos atrás (no Plano B) com guitarra, controlador, theremin e laptop, vira e mexe ele faz umas paradas assim. Procure por ele no facebook ou no google, é gente boa demais.
--- Pra todos: Alguém vai inscrever peça em algum concurso/edital? Posta o link, galera! Vários editais quase não são divulgados e quase ninguém escreve nada, é triste porque fica molezinha de ganhar às vezes.
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Hawklord Veterano |
# nov/13 · Editado por: Hawklord
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Ken Himura
Alguém vai inscrever peça em algum concurso/edital? Hum... Como faz para se inscrever num concurso desses? Eu tava pensando em ir atrás disso ano que vem, tenho uma peças que estou compondo e queria tentar, mas não tenho a menor ideia de onde começar pra achar algum concurso do tipo.
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Ken Himura Veterano |
# nov/13
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Hawklord Depende do que fala no edital. No caso de música acusmática, geralmente envolve só o envio da música em wave pra comissão, muitos pedem em canais separados também (se não for mono, óbvio). E tem que preencher a ficha de inscrição com seus dados. Só isso - a menos que o concurso peça algo específico, o que é mais raro.
Alguns têm inscrições pagas, outros gratuitas. Alguns dão bons prêmios em dinheiro também. Mas o fato de conhecerem sua obra pelo país e no exterior também (dependendo da abrangência do concurso), às vezes, rende mais que o dinheiro do prêmio.
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