Musica Eletroacustica, atualidades.

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Ken Himura
Veterano
# mar/08
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Jabijirous
Gostei da Träume, muito legal! Entedi um pouco da partitura hahaha, faz depois uma bula!

Ricnach
Veterano
# mar/08
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Jabijirous


É realmente vou precisar de um editor de verdade para trabalhar direito, além do Nuendo qual vc recomenda?

_music_4_ever_
Veterano
# mar/08
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Jabijirous
Gostei da textura do inicio!! escutei muito rapido não deu pra perceber muita coisa, até pq eu to sem fone!! mas o q eu puder perceberé que a questão do pan foi meio que pouco usado (posso estar falando besteira!) reverberação tb é bem importante! voce chegou a usar? outra coisa que eu senti falta foi da espacialização, o som ficou muito na cara o tempo todo sacou? a pausa foi ótima, pq nao continuou a usar?? voce poderia ter usado intercalando o som grave ou apenas fragmentos do som agudo!! voce tem material pra trabalhar mais de 20 minutos de música ai!

credo....eu até me assusto... :)

Jabijirous
Veterano
# mar/08
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É realmente vou precisar de um editor de verdade para trabalhar direito, além do Nuendo qual vc recomenda?

bicho, tem sonar, cubase/nuendo, logic, pro tools!! eu escolhi o cubase/nuendo (uso "/" pq os 2 são identicos) mas tem gente que gosta de sonar, outros do pro tools, o logic é só pra mac, como tu tem mac, derrepente o logic é uma boa ferramente pra voce! alias o logic é foda pra cacete!!

Ricnach
Veterano
# mar/08
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Vou tentar achar o Logic então. Depois mando novas versões!!

Valeu!

Ken Himura
Veterano
# ago/13
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Dando um up, também (pá de ouro pra mim!).

Cadê a produção eletroacústica do pessoal?

Jabijirous
Veterano
# ago/13
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NOSSA, 2008.

Ken Himura

Tu gosta de morto vivo kkkkkkkkkk

Insufferable Bear
Membro
# set/13
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Os exemplos citados aqui foram produzidos bem antes dos computadores pessoais aparecerem.
Naquela época a síntese de sons puramente digitais era extremamente limitada, o fato de sempre começarem com senóides ou outros sons igualmente simples (ou ruídos para usar filtros) é evidência disso. Hoje existem métodos de síntese poderosíssimos que nossos computadores reproduzem em tempo real, coisas que há 50 anos atrás poderia demorar dias.

Eu imploro ao pessoal daqui que dêem mais algumas chances aos sons digitais ouvindo composições mais recentes. :P
Tipo Curtis Roads (vídeo).
Eu sou mais programador (e matemático) do que músico, eu até entendo que há uma certa barreira entre esses mundos, métodos de síntese que vão além das simples senóides, filtros e modulações podem se tornar incompreensíveis para alguém sem uma base matemática boa, o que faz ter sentido o esforço que fazem para esconder toda a matemática da coisa para os músicos poderem usar, como as GUI nos VSTi.

Insufferable Bear
Membro
# set/13 · Editado por: Insufferable Bear
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Acho que a primeira coisa que me chamou atenção em sons puramente eletrônicos foi a idéia de que quando você modela matematicamente um objeto físico e simula no seu computador, você pode impor condições impossíveis sobre seu objeto e ter resultados inesperados. Ou simular objetos que possuem propriedades que não podem ser medidas experimentalmente.

Por exemplo, um sistema de 3 corpos agindo somente sob a força da gravidade como três planetas isolados no espaço. É um sistema dinâmico bem complexo, gera sons inarmônicos, não tem periodicidade mas não é aleatório, é o que chamam de um sistema caótico.
E você ainda pode impor uma curvatura no espaço (para ficar fácil imaginar, imagine que eles estão no plano e que ele plano é curvado, ele pode virar uma bola ou qualquer outra coisa) e você pode ter um sistema completamente diferente.

Ken Himura
Veterano
# set/13
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Insufferable Bear
Mas eletroacústica não é só síntese. O interesse por música puramente eletrônica é baixo hoje em dia.

Insufferable Bear
Membro
# set/13 · Editado por: Insufferable Bear
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Mas eletroacústica não é só síntese.
Mas eu falei em defesa do som puramente eletrônico.

O interesse por música puramente eletrônica é baixo hoje em dia.
Eu não acho que seja... Talvez se você restringir somente ao pessoal que sai da faculdade de música, mas aí eu entenderia (mas se deixássemos esse pessoal em cargo da música eletrônica, ficaríamos travados rapidinho). Como disse, se quiser inventar um som novo hoje você vai ter que enfrentar muita matemática, coisa que poucos compositores eu vi querendo...

d.u.n.h.a.
Veterano
# set/13
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Insufferable Bear
O que você acha do som das bandas de mathcore (ou chaoscore, ou technocore, como alguns chamam)?

Insufferable Bear
Membro
# set/13
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d.u.n.h.a.
Nunca ouvi com atenção, acho, por que?

d.u.n.h.a.
Veterano
# set/13
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Insufferable Bear
Por causa da matemática na música, que eu sei que você curte.

Ken Himura
Veterano
# set/13 · Editado por: Ken Himura
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Insufferable Bear
Mas eu falei em defesa do som puramente eletrônico.

Stockhausen em 1950. Hauahauhau!

Mas o contexto hoje é outro, só eletrônicos hoje em dia é pouco explorado porque o pessoal tem receio de ficar preso a Stockhausen e o elektronische musik. Hoje, vejo ainda muito interesse em textura (mesmo fora da eletroacústica), em instalações sonoras, em música mista e pouco em explorar síntese pela síntese.

Talvez se você restringir somente ao pessoal que sai da faculdade de música, mas aí eu entenderia (mas se deixássemos esse pessoal em cargo da música eletrônica, ficaríamos travados rapidinho)
90% do público de eletroacústica é ligado à academia e os maiores centros deste tipo de música (e de sound art também) são extremamente formais, isso não tem nem como mudar a curto ou médio prazo.

A música eletrônica se ramificou bastante até atingir o mundo pop e se vender, mas as outras vertentes ainda estão presas ao mundo acadêmico.

Como disse, se quiser inventar um som novo hoje você vai ter que enfrentar muita matemática, coisa que poucos compositores eu vi querendo...
Só se você pensar em síntese como forma de criar sons novos. Existem textura, técnicas extendidas de instrumentos "comuns", técnicas espectralistas, experimentalismo, novas correntes de pensamento "tradicional"...



Instrumentação: flauta (e flauta baixo), clarinete em Sib (e gaita), guitarra elétrica, piano / teclado (midi e synth), vibrafone, glockenspiel, marimba, 3 gongos (do# grave, do# agudo e sol agudo), 3 pratos suspensos ( splash, china médio e china grande), tam tam médio, bumbo, gaitinha afinadora de guitarra (http://m4.uxcell.com/photo_new/20070615/c/ux_a07061500ux0005_ux_c.jpg ), violino, viola e violoncello, além da eletrônica.

8 instrumentistas no palco. Tem uma miríade de sons novos. E a parte eletrônica só aparece depois de quase 1min de música.

Acho que um compositor nunca teve tantas ferramentas para trabalhar na História. O lance é manjar de todas, ou pelo menos da maior parte delas.

SODAPOP
Veterano
# set/13 · Editado por: SODAPOP
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o problema de eu achar musica eletroacustica tao legal quanto o programa do Gugu eh que nenhum compositor que eu tenha ouvido realmente fez um uso dos infinitos recursos de modo que me agrade. Acho que eh porque quem normalmente se interessa nisso tem uma visao de musica totalmente... diferente da minha, digamos. Um dia eu perco tempo aprendendo sobre tudo isso e aplicando esses recursos de um jeito massa, mas enquanto nao achar necessario, estou muito feliz me expressando com minhas outras ferramentas.

Insufferable Bear
Membro
# set/13
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Ken Himura
Mas não é irônico não querer se prender à música eletrônica e ao mesmo tempo usar os mesmos instrumentos que são usados há séculos? Qual é a diferença entre se prender a sons puramente eletrônicos, que tem potencialmente possibilidades ilimitadas, e se prender a um clarinete em Bb?

E a questão de música eletrônica no mundo acadêmico é meio estranho. Eu vejo muitos compositores se apropriando de técnicas já existentes e aplicando em suas composições, tipo John Chowning e a modulação de freqüência, de certa forma inovador para a música, mas não para a idéia de "novos sons". De certa forma na música clássica eu nunca vi "novos sons" com raras exceções. Tristan Murail disse que a evolução dos sintetizadores e dos sons eletrônicos deve mais a Pink Floyd que a Stockhausen, eu não concordo com essa frase, mas eu concordo com a idéia que ela expressa.

No fim, se eu digo que existem tantas possibilidades na música puramente eletrônica é claro que isso se aplica à mista, só acho que vocês são injustos com os pobres sons digitais. :p

Eu ouvi muita coisa do Fausto Romatelli há pouco tempo atrás, gosto muito.

SODAPOP
Veterano
# set/13
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Insufferable Bear
Tristan Murail disse que a evolução dos sintetizadores e dos sons eletrônicos deve mais a Pink Floyd que a Stockhausen, eu não concordo com essa frase, mas eu concordo com a idéia que ela expressa.

Eu concordo com uma conviccao irracionalmente avassaladora

Insufferable Bear
Membro
# set/13
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SODAPOP
Mas tu é fanboy de PF.

Ken Himura
Veterano
# set/13
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Insufferable Bear
Mas não é irônico não querer se prender à música eletrônica e ao mesmo tempo usar os mesmos instrumentos que são usados há séculos?
Eu acho fundamental. Não respeito compositor que não saiba escrever pra instrumento acústico.

Qual é a diferença entre se prender a sons puramente eletrônicos, que tem potencialmente possibilidades ilimitadas, e se prender a um clarinete em Bb?
E por que o Clarinete em Bb teria possibilidades menores que um som eletrônico? Tem técnicas novas pra instrumentos "velhos" sendo criadas praticamente todos os dias, não existe fim de possibilidades - a limitação vem do intérprete.

Tristan Murail disse que a evolução dos sintetizadores e dos sons eletrônicos deve mais a Pink Floyd que a Stockhausen, eu não concordo com essa frase, mas eu concordo com a idéia que ela expressa.
Nesse ponto, eu concordo com o Murail. O trabalho das bandas prog em 70-80 pra evolução do sintetizador é bem marcante. Mas o trabalho do Stockhausen é mais voltado pra técnica de composição, mesmo se baseando inicialmente em síntese (principalmente aditiva - adoro aqueles estudos). Stockhausen foi pioneiro em serialismo integral e espacialização do som, por exemplo.

No fim, se eu digo que existem tantas possibilidades na música puramente eletrônica é claro que isso se aplica à mista, só acho que vocês são injustos com os pobres sons digitais. :p

Acho que tem a ver com a relação do compositor/músico com o instrumento acústico. Sei lá, deve haver alguma razão de psicoacústica hahaha! Mas, pro meu estilo, acho desperdício trabalhar só com sons digitais - apesar de poder fazê-lo sem problema algum (por sinal, desconfio que tenho que compor uma peça só com síntese subtrativa até o fim do ano). Apesar de ir me especializando em eletroacústica e tecnologia musical, sou sinfonista e devo sê-lo por boa parte da minha vida.

SODAPOP
o problema de eu achar musica eletroacustica tao legal quanto o programa do Gugu eh que nenhum compositor que eu tenha ouvido realmente fez um uso dos infinitos recursos de modo que me agrade. Acho que eh porque quem normalmente se interessa nisso tem uma visao de musica totalmente... diferente da minha, digamos.
Mas é isso! Gosto não é passa pelo crivo racional - e a maior parte das correntes dos séculos XX e XXI é muito racional, exige uma imersão de raciocínio enorme na música para que ela seja inteligível, e acaba prejudicando a apreciação. Principalmente da parte daqueles que não têm muito contato com a coisa hehehe. Pode tirar uns bons meses pra se acostumar com a coisa hehehe. Até pra analisar é tenso, são outros sistemas tanto de notação quanto de análise.

Ken Himura
Veterano
# set/13
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Em homenagem ao amigo Insufferable Bear, deixo uma obra feita só com síntese FM:



SODAPOP
Veterano
# set/13 · Editado por: SODAPOP
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Insufferable Bear
Mas é isso! Gosto não é passa pelo crivo racional - e a maior parte das correntes dos séculos XX e XXI é muito racional, exige uma imersão de raciocínio enorme na música para que ela seja inteligível, e acaba prejudicando a apreciação. Principalmente da parte daqueles que não têm muito contato com a coisa hehehe. Pode tirar uns bons meses pra se acostumar com a coisa hehehe. Até pra analisar é tenso, são outros sistemas tanto de notação quanto de análise.

A unica coisa que eu realmente me dediquei pra estudar que tem uma linguagem diferente foi a musica do Varese, que alias eh bem diferente de eletroacustico. Eu aprendi, entendi o que rolava na musica e depois veio a sensacao que sempre me vem quando eu termino de estudar linguagens diferentes (atonalismo livre inicial do Schoenberg, dodecafonismo, Messiaen), que eh tipo "hmmmm, interessante. Ta, e dai?" ahuahuahu
Alguns principios eu sinto um valor forte e adoto, mas parece que as vezes sao coisas que os compositores nem priorizavam.
E meio que muito compositor se ve obrigado a estudar sobre coisa que na verdade ele nao se interessa, existe tambem uma especie de superioridade moral em ter esse conhecimento, que eh vendido meio que como uma seita para iniciados. Eu realmente acho tudo isso uma bela duma...
Tenho um brother que pilhou demais com essas Flor Menezices ha um tempo atras, devo dizer que ele dizer que pra ele, se auto-proclamar musico eletroacustico da um tesao.
Sem contar que DETESTO como esses teoricos contemporaneos complicam e problematizam TTUUUUUUDOOOOOO, coisas que pra mim sao tao gostosas e faceis. Nao que eu seja especial, mas eh que realmente nao tem misterio nenhum em nada disso.

Ken Himura
Veterano
# set/13
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SODAPOP
A unica coisa que eu realmente me dediquei pra estudar que tem uma linguagem diferente foi a musica do Varese, que alias eh bem diferente de eletroacustico.
Depende do que você considerar "eletroacústico". O trabalho do Varèse com certeza é uma das influências dessa corrente (só ouvir obras como "Ionization", "Intégrales" e principalmente "Poème életronique"). Há algumas análises espectromorfológicas (técnica de análise eletroacústica) de obras do Varèse, Babbit, Boulez e outros.

E meio que muito compositor se ve obrigado a estudar sobre coisa que na verdade ele nao se interessa, existe tambem uma especie de superioridade moral em ter esse conhecimento, que eh vendido meio que como uma seita para iniciados. Eu realmente acho tudo isso uma bela duma...
Aí é outra questão. Você, como um compositor do século XXI - se formalmente treinado - deve aprender as técnicas usadas pelas principais correntes de composição dos últimos 100 ou 150 anos, mesmo que depois não vá usar nada disso. É limitante por um lado, mas por outro, são ferramentas que você pode usar para fazer o que gosta - vide Berg, que adorava o pós-romantismo e criava obras seriais extremamente cantábiles e doces, é uma espécie de velho-novo. Também há compositores hoje em dia que usam como sistema de composição os modos rítmicos, técnica de composição de 800 anos atrás. Na minha opinião, ferramentas funcionais são sempre úteis.

Sem contar que DETESTO como esses teoricos contemporaneos complicam e problematizam TTUUUUUUDOOOOOO, coisas que pra mim sao tao gostosas e faceis. Nao que eu seja especial, mas eh que realmente nao tem misterio nenhum em nada disso.
Mas até aí, eu também hahahaha. Tem muita gente buscando pelo em ovo - como os ególatras que todos os anos tentam criar novos métodos de análise para "explicar" Tristão e Isolda e ficarem famosos, como outros teóricos importantes - mas tem muita gente boa fazendo coisa interessante. É só saber filtrar, acho eu.

Insufferable Bear
Membro
# set/13
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Ken Himura
Eu acho fundamental. Não respeito compositor que não saiba escrever pra instrumento acústico.
Eu não concordo, eu acho que um compositor deveria ter opções.
Aliás, foi por isso que não fui pra faculdade de música, achei um exagero ter 7 ou 8 matérias de contraponto e harmonia obrigatórias no currículo.

John Chowning é um bom exemplo de alguém que pegou uma teoria muito antiga e aplicou na música porque ela não requer muito dos computadores, FM é uma das coisas mais simples de se implementar, foi legal na época porque ainda assim dava resultados muito mais interessantes que a síntese aditiva e, como não podiam fazer bancos de filtros como se faz com muita facilidade hoje, síntese subtrativa.

E quando você fala em compor com síntese subtrativa me soa como "vou compor com a escala de dó", não que uma música do tipo não possa ser extremamente interessante (como uma música feita só com a escala de dó, e para piano, para um dedo), mas pra mim é uma limitação e tanto, e que nos velhos tempos fazia muito sentido.

Sem contar que DETESTO como esses teoricos contemporaneos complicam e problematizam
Ninguém gosta desses caras. Principalmente em música eletroacústicas, onde não há como analisar levando em conta os valores que existiam antes.
Aliás, eu imagino se alguém tentaria analisar a interpretação também...

E meio que muito compositor se ve obrigado a estudar sobre coisa que na verdade ele nao se interessa
Então você não me obrigaria a estudar contraponto e harmonia também?

E sobre música mista, vocês consideram apenas peças onde tem um intérprete ali ao vivo ou vale músicas que apenas usam sons naturais processados?
Porque às vezes no fim os sons não se parecem nada com algo natural.
http://www.youtube.com/watch?v=th_Pqchfo3o

Ken Himura
Veterano
# out/13
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Insufferable Bear
Eu não concordo, eu acho que um compositor deveria ter opções.

Só tem opções depois de formado! Que nem médico, hahahaha! Na verdade, que nem qualquer graduação.

A academia te dá as ferramentas que a sociedade (e, claro, os decanos da faculdade) espera que um compositor saiba, num grau bem amplo. Depois disso que ele se especializa - por isso que é grande o número de compositores fazendo pós, geralmente em composição (focando em alguma corrente ou análise) ou em sonologia.

Aliás, foi por isso que não fui pra faculdade de música, achei um exagero ter 7 ou 8 matérias de contraponto e harmonia obrigatórias no currículo.
95% do que um compositor faz envolve contraponto e/ou harmonia, fora a repercussão que estes dois tem em outras "matérias', como forma/estrutura e orquestração. Se expandir o conceito, afeta até eletroacústica. Natural que isto seja parte do cerne do curso.

Repito: não respeito compositor que não saiba escrever pra instrumento acústico com um mínimo de competência.

E quando você fala em compor com síntese subtrativa me soa como "vou compor com a escala de dó", não que uma música do tipo não possa ser extremamente interessante (como uma música feita só com a escala de dó, e para piano, para um dedo), mas pra mim é uma limitação e tanto, e que nos velhos tempos fazia muito sentido.
Mas é assim mesmo. Estas limitações são passadas pelos professores, do tipo "use isto e isto e se vire". Neste caso, não estarei compondo só pra mim, mas pra alguém que me dá as regras do jogo - super comum em faculdade de composição (e até na vida profissional, quando te comissionam pra compor uma peça assim e assado).

Além do mais, sem um corpo de limitações, você ou não compõe nada ou demora uma vida inteira pra fazer uma obra apenas. Aí eu sigo o exemplo do Stravinsky - a primeira coisa que ele fazia era definir um corpo de regras básicas para seguir, para ter uma ideia do material e como trabalhá-lo. Não ter regras (muito comum hoje em dia em estilos mais experimentais) acaba atrapalhando mais do que ajudando no meu ponto de vista.

Claro que, por minha conta, eu faria um samba do criolo doido com síntese, mas a matéria exige um tipo de síntese por vez pra ver se o aluno entendeu os conceitos básicos - mesma coisa com música concreta.

Não sei se já falei aqui em algum tópico, mas a primeira parte do meu processo criativo é restringir minhas opções, tanto de material quanto de cores. Só aí é que a mágica acontece.

Principalmente em música eletroacústicas, onde não há como analisar levando em conta os valores que existiam antes.
Depende. Pierre Schaeffer mesmo analisava suas músicas com formas tradicionais. Schoenberg quando criou o dodecafonismo também - aliás, ele tirou a ideia de composição serial de Bach e de técnicas contrapontísticas.

Não é porque é novo que necessariamente todo o passado deixa de valer.

Aliás, eu imagino se alguém tentaria analisar a interpretação também...

Análise é uma das coisas mais feitas pela academia, e por compositores em geral. Ainda mais hoje em dia, com tanta coisa acontecendo. Um sistema de análise que acho interessante pra eletroacústica, por exemplo, é o espectromorfológico, baseado em escritos de D. Smalley. http://www.rem.ufpr.br/_REM/REMv12/02/analise_morfologica_embocaduras. htm - análise de uma peça de um compositor que já me deu aula, feita por ele mesmo. A peça pode ser ouvida em Desembocaduras - SoundCloud

Tem uma outra também, que vi um artigo propondo, baseada nos escritos de textura de W.Berry, mas ainda tô lendo sobre e parece bem interessante.

SODAPOP
Veterano
# out/13 · Editado por: SODAPOP
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Ken Himura
Aí é outra questão. Você, como um compositor do século XXI - se formalmente treinado - deve aprender as técnicas usadas pelas principais correntes de composição dos últimos 100 ou 150 anos, mesmo que depois não vá usar nada disso.

Na verdade isso eh um ponto de vista, nao uma verdade.
Eu nao DEVO aprender nada. Nao gasto meu tempo lutando pra ser considerado um compositor erudito do seculo XXI pra um nicho. So sou sou uma pessoa como qualquer outra, e por acaso gosto de me expressar com a musica. De maneira que eu me sinto feliz e ainda agrado umas pessoas. Essas coisas sao minhas obrigacoes, nao ter que estudar o que acham que eu tenho que estudar. Se acharem bonito, podem nao me chamar de musico erudito, azar... eu nao quero ser considerado nada por ninguem, so quero ser feliz e fazer as coisas do jeito que eu acho legal.
Quando eu ouco musica eletroacustica imagino que da pra fazer muita coisa legal mesmo. Ja tenho varias ideias a respeito... mas isso vai me despender um tempo de estudo que no momento prefiro gastar com outras coisas.

Ken Himura
Veterano
# out/13
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SODAPOP
Nao gasto meu tempo lutando pra ser considerado um compositor erudito do seculo XXI pra um nicho.
Nem deve, ou isso acontece naturalmente ou caímos naquele grupo dos teóricos que querem reinventar a roda pra obter fama.

Essas coisas sao minhas obrigacoes, nao ter que estudar o que acham que eu tenho que estudar. Se acharem bonito, podem nao me chamar de musico erudito, azar... eu nao quero ser considerado nada por ninguem, so quero ser feliz e fazer as coisas do jeito que eu acho legal.
Se você for autodidata, sim. Se você entrar numa instituição de ensino ou ter algum tutor, vai ter que seguir a regra que te for imposta.


---
A todos:

Também acho a academia bem retrógrada - principalmente no meu caso, por ser formado em informática e não em música e querer me dedicar às correntes mais tecnológicas. A academia é lenta demais em absorver as mudanças (tanto de tecnologia quanto de metodologia) e reprime muitas coisas interessantes por vaidade intelectual de quem manda nos departamentos. Fora que aqui no nosso país temos os conhecidos problemas com desvio de verba, burocracia, administrador ladrão na cara de pau... só piora o cenário.

Mas, ainda dependendo da escola/programa, é um caminho a se perseguir interessante pelos contatos e principalmente por alguns professores, mesmo com todas as mazelas.

Lá fora não tá tão diferente no quesito de conservadorismo (a maior parte das inovações desta área são de grupos autônomos, alunos que se juntam, fóruns de internet e afins), mas você encontra melhor estrutura - principalmente se for lidar com eletroacústica e sound art.

SODAPOP
Veterano
# out/13 · Editado por: SODAPOP
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Ken Himura
Tenho otimos tutores nesse sentido, de me dar uma certa autonomia em relacao a eu ser honesto comigo mesmo, sei que sao poucos

Casper
Veterano
# out/13
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E por que o Clarinete em Bb teria possibilidades menores que um som eletrônico?

Por vários motivos. Posso citar alguns:

1) A dinâmica de um clarinete é bem limitada;
2) Os timbres são limitados e fixos;
3) Um clarinete pode gerar uma nota de cada vez;
4) O portamento (glide) de notas é complicado e limitado
(em um synth eu consigo glide de D0 até D10);

O instrumento eletrônico abre possibilidades sonoras
sensacionais, coisas não possíveis com instrumentos
tradicionais. Por ser tão amplo, também permite que a
estupidez humana não encontre limites.

Mas continuo acreditando no sintetizador como ferramenta
criativa.

Ken Himura
Veterano
# out/13
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Casper
1) A dinâmica de um clarinete é bem limitada;

É a madeira com maior nuances de dinâmica por toda a tessitura, excluindo a região de quebra, especialmente o baixo (clarone). Isto falando em solo, porque em conjunto, vai do ppppp ao fffff com facilidade.

2) Os timbres são limitados e fixos;
Não se você modificar a técnica/usar técnicas estendidas. Ou processar o som em tempo real hehehe.

3) Um clarinete pode gerar uma nota de cada vez;

Pode fazer acordes de até 4 notas. Tem gente que consegue mais. Uma técnica chamada multifônicos. Em grupo, obviamente, pode fazer o diabo.

4) O portamento (glide) de notas é complicado e limitado

Limitado pela tessitura, só. Gliss. é um efeito constante da escrita deste instrumento em especial.


Quem limita as possibilidades somos nós, não os instrumentos/timbres.

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