Campanha contra esmola no sul do país

Autor Mensagem
LeandroP
Moderador
# nov/21
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Wanton

Exato!

ProgVacas
Membro Novato
# nov/21
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kafka à beira-mar

A filosofia tá ai. Você fez o bem pra ele? Ou pra você?

LeandroP

Porque em princípio eu me sinto bem.

Também achei boa a pergunta e já havia refletido sobre isso. A caridade gera um bom sentimento mútuo. Não é errado se sentir bem ao promovê-la.

Wanton
Veterano
# nov/21
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ProgVacas
A caridade gera um bom sentimento mútuo.

Então, cara... Será?

Porque eu acho que a necessidade de se submeter à benevolência do outro é algo nocivo à saúde mental. A caridade é uma relação díspar de poder, e exercê-la é reforçá-la.

Eu doo dinheiro com dor no coração. Não consigo me sentir bem fazendo isso, de verdade. Acontece porque eu penso demais, claro. Poderia não pensar muito sobre o assunto e apenas curtir o meu instante de nobreza. Quando encaro um pedinte, me sinto uma engrenagem suja e hipócrita do sistema que o oprime.

ProgVacas
Membro Novato
# nov/21
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Wanton

Não acho que seja a mesma coisa para as duas partes, claro que não.

Quando encaro um pedinte, me sinto uma engrenagem suja e hipócrita do sistema que o oprime.

Porra, eu tenho essa sensação também, por outro lado já cheguei a uma razão de que essa própria sensação é também ególatra, porque aí eu estou mais voltado às minhas demandas morais enquanto o outro está em situação emergente.

Também me sinto um fracasso quando dou esmola. É uma ajuda pífia perto da necessidade real do pedinte.

Só que não dá para pensar muito em coisas aberrantes assim, sabe... Porque não há lógica na miséria concomitante com a fartura de poucos.

ProgVacas
Membro Novato
# nov/21 · Editado por: ProgVacas
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Cara, no começo da pandemia, almoçando antes do teletrabalho e ouvindo o jornal da hora na tv eu fique mal por estar comendo bem enquanto via os armários vazios da doninha entrevistada.

Repetia pra minha esposa "não é justo" várias vezes. Fiquei me sentindo impotente. Perdi a fome. Fiquei pior. Nunca passei pela fome, mas isso é uma coisa que me incomoda muito. Posso dizer que é a coisa que mais me incomoda na vida.

Dei uma cesta básica pra uma mulher na escola, mês passado, depois dei mais um pouco... Não tenho condição de dar todo mês. Só eu fiz isso. A nota fiscal da cesta está no mural da sala dos professores, pra ver se alguém se tocava e me ajudava a pagar o cartão... Tá lá, desbotando. Uns disseram que iria ajudar e até agora nada. A mulher já está precisando novamente. Não posso ajudar no mês que vem. Está precarizada pela reforma trabalhista, precisa de ajuda todos os meses. Ninguém mais se move.

ProgVacas
Membro Novato
# nov/21
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4:20h

Com licença

kafka à beira-mar
Membro Novato
# nov/21
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makumbator
Toda a obra do Dostoiévski é excepcional. É meu escritor favorito, ao lado do Kafka (que pelo visto, você também deve adorar, e que tem um excelente livro também inacabado, como o nietotchka).

Apesar do Kafka ser um dos meus escritores prediletos (já cogitei aprender alemão só pra tentar ler a obra dele no original), a inspiração do nickname vem do livro "kafka à beira-mar", do Haruki Murakami, um dos melhores livros que li esse ano.

Wanton
Veterano
# nov/21 · Editado por: Wanton
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kafka à beira-mar
a inspiração do nickname vem do (...) do Haruki Murakami

Então, você é otaku?


ProgVacas
Também me sinto um fracasso quando dou esmola. É uma ajuda pífia perto da necessidade real do pedinte.

O certo seria oferecer um quarto, uma casa, um chuveiro, comida e perspectiva de futuro. Individualmente, a gente é incapaz de ajudar outra pessoa. Todo apoio é um paliativo muito bosta!

makumbator
Moderador
# nov/21
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kafka à beira-mar
a inspiração do nickname vem do livro "kafka à beira-mar", do Haruki Murakami, um dos melhores livros que li esse ano.

Ah, me pegou nessa! Se não contasse eu continuaria achando que o nickname seria uma alusão a um Franz Kafka curtindo o sol na rede em uma praia paradisíaca.

kafka à beira-mar
Membro Novato
# nov/21
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Wanton
Então, você é otaku?

Não! Não gosto de animes/mangás, mas me interesso bastante pela literatura japonesa e pela história do Japão, eu pessoalmente considero uma das mais melancólicas e resilientes. Acho fascinante. A não ser que o termo otaku seja mais geral e envolva a cultura japonesa como um todo, ai sim, eu sou otaku. Pessoalmente gosto mais do termo nippo-friendly.

Insufferable Bear
Membro
# nov/21
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Wanton
Então, você é otaku?

O único otaku aqui sou eu, o resto é poser e não sabe nem falar 日本語.

makumbator
Moderador
# nov/21
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Insufferable Bear

Aqui no OT é tudo gaijin.

Lelo Mig
Membro
# nov/21
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Insufferable Bear

"O único otaku aqui sou eu"

Otaku não sei, mas daku têm alguns outros.

Drinho
Veterano
# nov/21
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mas daku têm alguns outros.

chamou?

makumbator
Moderador
# nov/21
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Lelo Mig
mas daku têm alguns outros.


Não preciso te dar o que sempre foi seu.

ProgVacas
Membro Novato
# nov/21
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Insufferable Bear
O único otaku aqui sou eu

Cara, eu já sabia...

Insufferable Bear
Membro
# nov/21
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mas daku têm alguns outros.
kkk

Viciado em Guarana
Veterano
# nov/21
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Campanha contra o sul do país

Apoiado!

ProgVacas
Membro Novato
# nov/21
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https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2012/06/especialistas-ex plicam-por-que-dar-esmolas-nao-ajuda-os-menores-carentes-3796260.html

Estava lendo esse artigo...

Basicamente fala o que o Lelo disse na primeira página desse tópico, mas voltado às crianças: que a esmola mantém a pessoa na condição de pedinte, que atrapalha o trabalho de outras que tentam retirar as crianças das ruas. É um artigo de 2012 que cita que as famílias carentes recebem cerca de 200 reais de auxílio, chama o Bolsa Família de esmola e o relaciona com escravidão.

Posso ser uma pessoa distraída na rua, mais preocupado com o que eu tenho que fazer do que com o meu entorno, confesso, mas particularmente eu nunca vi, pelo menos nos horários que ando na rua, gente tentando resgatar essas crianças dos semáforos, das calçadas. Já vi, claro, aqueles mutirões de sopa, marmita, lanche, minha esposa e eu sempre estamos envolvidos com esse tipo de atividade, até sei que existem abrigos e um pessoal envolvido em resgatar essas pessoas, não só crianças mas adultos também. Entretanto é muito, mas muito pouco em relação à demanda.

E isso me faz firmar ainda mais o que penso sobre o assunto. Esse tipo de coisa não deve ser pensada em um coletivo de gente carente, mas de indivíduos carentes. É um trabalho necessário porque o estado falha nesse ponto, pois não fosse assim não existiriam esses miseráveis. Não é de verdade uma falha, mas um modo operante da elite econômica que governa e, ainda, seduz eleitos populares a se juntarem a ela promovendo nesses a falsa sensação de pertencimento. Os miseráveis não existem naturalmente, mas são fabricados.

O trabalho voluntário, ainda que público, dessas pessoas que dão esmola e trabalham em mutirões de caridade é legal, mas o problema não é tão pequeno assim.

Continuem dando as esmolas. Muitas vezes é isso que salva o dia do pedinte.

E recusem esse tipo de posicionamento pretensamente intelectual, de deixar essas pessoas sob o cuidado estrito do estado e dessas organizações. Eles não tem nenhum sucesso relativo às duas ações, como atestamos cotidianamente. E não é porque eu ou você damos esmola.

ProgVacas
Membro Novato
# nov/21
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Dinheiro dado a meninos de rua patrocina droga e os mantém fora de casa

Esse é o cabeçalho do artigo.

Que casa? De qual casa o menor fica fora por causa da esmola?

brunohardrocker
Veterano
# nov/21
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ProgVacas
Membro Novato
# nov/21
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Arte é foda, né. Ou ela toca, ou ela transforma uma tragédia em festa!

Será que essa música naturaliza a miséria ou faz a pessoa refletir?

brunohardrocker
Veterano
# nov/21
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ProgVacas

As pessoas tocam Pais e Filhos em versão pagode, enquanto exalam sorrisos e bebem cerveja nos botecos da vida.

Drinho
Veterano
# nov/21
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Será que essa música naturaliza a miséria ou faz a pessoa refletir?

É uma boa pergunta, a canção tem um viés animado né? Não acho que este público que está pulando no video esteja refletindo não.

Me corrija se eu estiver enganado.

ProgVacas
Membro Novato
# nov/21 · Editado por: ProgVacas
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Drinho

Olha, comparando com aquela música "analisando essa cadeia hereditária, quero me livrar dessa situação precária", manja? Não lembro o nome do grupo nem da música.

Então, são duas músicas comparáveis, pois tratam de problemas sociais. Essa música do Skank eu acho que é festiva demais, muito alegrinha, pra tratar desse problema que estamos tratando no tópico. Já a música de axé acho que pela cadência, e pela simplicidade e clareza da letra, faz refletir melhor.

Mas é questão de opinião pessoal, das sensações que me causam.

Lelo Mig
Membro
# nov/21 · Editado por: Lelo Mig
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De qualquer forma (e por favor! Não estou falando em CERTO ou ERRADO), tratar de temas tocantes, delicados e mesmo trágicos com descontração, de forma alegre e com humor sempre foram características do artista e do povo brasileiro.

...desde as marchinhas e lundus dos anos 10 e 20.

makumbator
Moderador
# nov/21
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Lelo Mig

É isso que eu ia comentar. Esse papo que tema triste precisa ter pano de fundo música triste é balela.

Aliás, nem é só no Brasil que é assim, não é uma característica incomum subverter essas expectativas na música.

brunohardrocker
Veterano
# nov/21
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Se fosse um tema triste, a mensagem com certeza não se difundiria tanto entre o povo.

Lelo Mig
Membro
# nov/21 · Editado por: Lelo Mig
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makumbator

"Esse papo que tema triste precisa ter pano de fundo música triste é balela."

Inclusive, o inverso, é bem comum também, a galera (que não sabe nada de inglês e nem procura se informar) casar ao som de "balada romântica", que na real tá contando a história do guri que se matou com um tiro na boca ou dá guria que é depressiva anoréxica... e por aí vai.

Como esta, por exemplo, que conta a trajetória de uma guria viciada em crack:



makumbator
Moderador
# nov/21
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Lelo Mig

E isso ocorre direto na música erudita também. O bridal chorus do Wagner, que é usado para entrada de noivas em casamentos (aqui no Brasil se usa muito mais a marcha nupcial de Mendelssohn, mas o Bridal é o mais usado no hemisfério norte), tem um significado totalmente diferente do que um ouvinte casual imagine.

Na ópera Lohengrin a música é executada logo depois da cerimônia de casamento dos protagonistas. E na sequência o personagem título assassina alguns convidados do casamento e abandona a noiva.

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