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Ismah Veterano |
# dez/15
Versão breve:
Quando se precisa de mais energia para reproduzir o pico (no caso, para reproduzir freq mais baixas), a tensão cai, e a corrente sobe, em razão da potência ser constante.
Sendo mais evidente nos valvulados, gera compressão, e em níveis maiores, aquele overdrive (agora faz mais sentido a palavra) leve, num ataque, e consequente pico, mais forte. Uma breve modulação praticamente DC.
Versão completa:
Por "Manolo" da TUBEAMPS (São Bernardo do Campo, SP) http://www.tubeamps.com.br/sag.htm
SAG x válvulas retificadoras SAG
SAG, é um termo muito comum em amplificação valvulada para guitarras. Como tudo que se relaciona a essa área, é envolto em uma atmosfera mística. Falando curta e grosseiramente, SAG não passa de uma "arriada" da fonte de alimentação quando o amplificador está em alto volume. Ou seja, você está tocando com um som alto e, de repente, fere com mais força as cordas de sua guitarra, de onde a dinâmica da amplificação valvulada iria responder maravilhsamente com mais volume. Se existir SAG na fonte desse amplificador, nesse exato momento ela não consegue manter a corrente total e o resultado é uma ligeira queda de tensão. Essa queda de tensão se traduz por uma amplificação menos eficiente, uma queda instantânea de volume que acaba funcionando como uma compressão que é, em geral, muito agradável aos ouvidos e está místicamente relacionada a amplificadores vintage.
Na verdade, amplificadores vintage (os mais antigos) utilizavam uma válvula diodo. Mais conhecida como retificadora, essa válvula tem a (genéricamente indesejável) característica de apresentar uma resistência da ordem de 100 a 150 ohms. Quando se exige maior corrente da fonte, aumenta-se a queda de tensão através da resistência dessa válvula e o resultado é uma queda na tensão esperada nos anodos das válvulas de potência e no consequente poder de amplificação. Menor volume instantâneo = compressão.
Quando não haviam diodos de silício, utilizavam-se essas válvulas para retificar a corrente AC (corrente alternada) e convertê-la em corrente DC (corrente contínua), que é a tensão responsável pelo trabalho das outras válvulas. Naquela época os capacitores de filtragem também eram bem mais caros que hoje em dia e a utilização de menores capacitâncias também deixava a fonte mais propensa a produzir SAG. Mais tarde os fabricantes começaram a substituir as caras retificadoras do tipo GZ34, 5U4 e 5Y3 por simplesmente dois diodos de silício. Mais seguros, mais rápidos, sem resistência e, principalmente, de custo irrisório, esses diodos permitiram até a eliminação de transformadores de shoke, através de um incremento nos capacitores de filtragem da fonte. O resultado foi um ligeiro aumento na potência e no "punch" dos amplificadores, pois não havia mais SAG e, se havia, era muito pouco. Como sempre acontece no mundo da guitarra, os guitarristas descobriram que aquele defeito dos amplificadores antigos deixava o timbre da guitarra mais agradável. E começou a lenda de que é necessário uma válvula retificadora para que um amplificador soe bem.
Esse conceito é 100% falso. É perfeitamente possível induzir todo o SAG do mundo em um amplificador pela símples inclusão da resistência que apresentam as válvulas retificadoras ou uma maior ainda, conforme o desenho da fonte. Por exemplo, um Twin Reverb Blackface possui retificação a diodos e apresenta pouco SAG, uma vez que o transformador de alimentação é bem dimensionado e a fonte idem. A inclusão de um resistor de, digamos, 100 ohms @ 25W após os diodos fará com que a fonte se comporte exatamente como se tivesse uma problemática válvula retificadora, produzindo uma compressão tão vintage quanto seria com ela.
Enganam-se os que argumentam que existem outras características na válvula que proporcionam uma mágica no timbre. A retificadora simplesmente retifica. Após isso existe uma tensão tão DC quanto seria com diodos de silício. O SAG é provocado exatamente pela sua resistência.
Abaixo cito as principais desvantagens de uma válvula retificadora:
Preço. São mais caras que as de potência. Considere uma GZ34 custando cerca de 50% a mais que uma 6L6GC Esquentam sobremaneira. Um chassi onde as válvulas ficam de cabeça para baixo, como em qualquer combo, o aquecimento irradiado para o restante do chassi pode ser insuportável. Nem sempre são encontradas. Não são realmente muito usadas, principalmente pelos dois motivos acima. Costumam queimar com frequência. Uma frequencia muito maior do que as de potência. Às vezes, entram em curto-circuito, ou seja deixam de retificar e a alta tensão AC é repassada para toda a fonte de alimentação, transformador de saída e as placas das válvulas, resultando em 100% de prejuízo no circuito ativo de um amplificador.
SAG e classe A
Amplificadores ditos classe A (VOX AC30, VOX AC15, Alguns Single Ended reedições, etc) não apresentam SAG. Se são classe A, já estarão em SAG permanente caso utilizem uma válvula retificadora, o que não provoca compressão, apenas uma potência mais baixa durante todo o tempo. O que acontece é que os amplificadores em classe A já estão conduzindo toda a corrente disponível durante todo o tempo, assim não existe queda de tensão quando mais exigido na potência, que é o que caracteriza o SAG.
Alguns fabricantes ainda as utilizam?
Sim, diversos fabricantes as utilizam. VOX, Fender, muitos handmakers americanos e a própria Mesa Boogie. Nos casos da VOX e Fender, é um quesito para manter 100% de compatibilidade entre suas reedições e os antigos originais. É mais fácil fornecer o que o mercado espera do que argumentar este árido assunto com um público que, efetivamente, acredita em mágica sonora. A Mesa Boogie, por outro lado, poderia utilizar resistores de SAG em seus Rectifiers, mas não o faz; ela prefere utilizar uma ou duas válvulas retificadoras porque, ela mesma, finge que acredita em mágica, como ela própria admite em seu documento em que defende a utilização de PCB.
Se esses fabricantes todos as utilizam, por que a Tubeamps não as utiliza, então?
Ótima pergunta. Até para mim isso seria um mistério. Talvez eu goste de "esmurrar ponta de faca". Mas, na verdade, a explicação é bem mais símples: Eu gosto de autenticidade e verdade em tudo o que eu faço. Para mim é bastante óbvio o círculo vicioso que se criou em torno desses mistérios em torno dos valvulados e faço questão de náo participar dessa roda e de todo o comércio baseado nessas crenças. Veja mais a este respeito clicando aqui.
Conclusão
Eu não recomendo a utilização de uma retificadora. Quando me pedem a instalação de uma, sempre utilizo todos estes argumentos e deixo, sabiamente, o cliente decidir por si mesmo.
Dica
Caso esteja familiarizado com montagens ou manutenção de valvulados e quiser saber como instalar um resistor de SAG, permanente ou chaveável, entre em contato com a Tubeamps e terei imenso prazer em orientá-lo sobre como proceder, o material que precisa adquirir é ínfimo e o resultado obtido muito satisfatório. Não vou simplesmente publicar o esquema e instruções aqui porque, por mais simples que possa ser, envolve a manipulação de circuitos de alta tensão e cuidados redobrados sempre são necessários.
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Schenker Veterano |
# dez/15
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apesar de gostar do som que a retificadora proporciona, pra mim o grande problema delas é a inconsistência e a flutuação do som (provavelmente porque ele não está conseguindo retificar a contento devido às variações na rede elétrica, acredito eu.).
por isso prefiro a opção de "variac" embutido, que abaixa a tensão de entrada, dando um SAG mais natural . . .
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Hitman Veterano |
# dez/15
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Marcando
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Ismah Veterano |
# dez/15
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Schenker
SAG natural soa estranho rs Mas o VARIAC não atuaria nessa flutuação, o máximo que chegaria perto de estabilizar a tensão DC seria uma fonte chaveada, com um banco de capacitores para segurar (quanto maior, melhor) alguma variação.
Pensando num auto-chaveado (vulgo estabilizador), há controvérsias, que a poluição que o delay (atraso) dos relés causa, é pior que a flutuação normal (e menos natural, já que terá um dente na potência).
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Ningen Veterano |
# dez/15 · Editado por: Ningen
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Ismah
Não sou guitarrista muito menos toquei em amp valvulado mas achei bem interessante o texto. Agora sei de onde vem aquele SAG do Guitar Rig rsrsrs.
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MMI Veterano
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# dez/15
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Ismah
Vou ser muito chato, desculpa. (já avisei, logo de cara)
Cara... Discutir SAG aqui é meio que discutir sobre guitarra vintage, 99,9% do pessoal não sabe o que é na prática. Quantos aqui tem realmente experiência com guitarras vintage - não me refiro a tocar uma vez, digo tocar frequentemente, ter conhecido várias, e não é a mesma coisa que velharia. Da mesma forma, quantos aqui tem um amplificador valvulado com SAG e mais ainda, explora e sabe exatamente quando o SAG acontece e explora (ou se aborrece) com ele?
Minha opinião... O assunto é um atrativo enorme para os especialistas do google, que querem ler tudo e saber tudo, mas não tem a menor ideia do que se trata ao empunhar uma guitarra. A teoria é linda, a prática é nula, mas discute e tem opiniões, extremamente tendenciosas na direção do carinha do site ou do youtube que se diz dono da verdade, sem a menor noção ou vergonha de debater algo não domina. Foda...
Em tempo: retificação a válvula tem sua graça, tem sua razão. Para mim não é algo imprescindível, mas a retificação e atenuação do meu amp Fender acho um dos pontos mais altos dele. Se seria a mesma coisa tirar as válvulas e fazer o esquema descrito? Não sei, tendo a desacreditar até que me prove o contrário, nem seria a primeira vez que não concordaria com um texto desse cara. O que eu afirmo é que não se acredite nos vídeos e textos da internet (muito menos nos meus), está cheio de "donos da verdade" por aí, que erram, mentem, se enganam e até que falam a verdade, verdade esta que pode ser diferente de pessoa para pessoa. A única conclusão que tiro do texto é: "o Manolo pensa desse jeito que escreveu", mas não levo a sério não, não passa disso.
Desculpe.
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Insufferable Bear Membro |
# dez/15
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Sag é um acrônimo? não é a palavra?
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SergioTrindade Veterano |
# dez/15
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MMI Essa história eu conheço, vem do antigo site da Aiken Amplification: http://www.aikenamps.com/index.php/technical-q-a
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SergioTrindade Veterano |
# dez/15
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Concordo com o MMI Aliás não entendo porque há tanta discussão sobre o assunto. Provavelmente porque acreditamos nas coisas que escrevem por aí. O sag um efeito de compressão bem sutil que se percebe com o volume alto. Existe centenas de coisas mais importantes para a resposta ao toque e expressão musical. Se você estiver tocando e tiver uma bela loira de mini saia na frente do palco. O efeito no som vai ser, no mínimo, 197 vezes maior.
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nichendrix Veterano
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# dez/15
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SergioTrindade Se você estiver tocando e tiver uma bela loira de mini saia na frente do palco. O efeito no som vai ser, no mínimo, 197 vezes maior.
Dependendo dos atributos e do rebolado, acho que é umas 10x maior... kkkkk
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Lelo Mig Membro
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# dez/15 · Editado por: Lelo Mig
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"tudo que se relaciona a essa área, é envolto em uma atmosfera mística."
Cara, apesar de conhecer um pouco sobre sonorização e eletrônica, o "mistico" fica por conta de toda a discussão entre leigos e pseudo entendidos debatendo conceitos complexos. Até porque até início dos anos 60 praticamente todo ampli era com retificação valvulada e não havia nada de místico nisso... era o trivial, o banal.
Uma coisa é neguinho dizer... "Não sei porque, mas eu prefiro o som dos valvulados antigos"... outra dizer "Os valvulados antigos são melhores porque o desenho do circuíto blá, blá, blá...." é aqui que começa a falação de merda e um monte de leigo pagando de entendido.
Eletrônica, circuíto de valvulados, retificação e etc, são assuntos complexos, é física complicada e que a grande maioria não entende poha nenhuma.......incluindo eu.
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MMI Veterano
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# dez/15
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SergioTrindade nichendrix Lelo Mig
Ainda bem... Vocês entenderam. Valeu.
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Ramsay Veterano |
# dez/15
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O que o S.A.G faz na verdade, além de uma leve compressão, é dar uma amaciada no som que fica mais aveludado e com menos ataque a palhetada. Mas, isso fica a gosto do freguês, ou seja, tem gente que gosta e tem gente que não. Por isso é que a Mesa Boogie, em seus amps valvulados, tem uma chave que comuta da retificação valvulada para a com diodos sólidos.
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Hammer Veterano |
# dez/15
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La vou chutar tambem.. Tem diferenca tem, porem e' possivel fazer com diodo e ficar proximo a retificacao valvulada, sim.
No fim e' igual comparar um marshal com o marshall no Kemper, tem diferenca ate tem.
Mas a questao e se esta diferenca faz diferenca pra vc ou nao.
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Ramsay Veterano |
# dez/15
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Hammer E chutou mesmo!!! É óbvio que tem diferença, mas, "fazer com diodo e ficar próximo a retificacão valvulada" não rola nem no Kemper, pq são duas situações totalmente diferentes.
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nichendrix Veterano
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# dez/15 · Editado por: nichendrix
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Ramsay
Não tem nada a ver, o Randall Smith nunca negou que considera tanto distorção de power quanto SAG um defeito inadmissível de qualquer circuito valvulado. Tudo nos Mesa/Boogie é feito pra minimizar ao máximo essas duas coisas, embora nenhuma delas possam ser 100% eliminadas, no caso da distorção de power é mais fácil chegar perto dos 100% do que no caso do SAG.
Tanto que os Mark até recentemente só usavam retificador valvulado quando estão em modo Classe A e Transitorizado quando em Classe AB. Os Dual Rectos surgiram em parte meio que por pressão de clientes que queriam a opção de manter o retificador valvulado em classe AB e na tentativa de diminuir o SAG ele passou a usar valvulas 5AR4 ou usar configurações com duas 5U4G para ter um pouco mais de SAG que os retificadores de silício, mas não ao ponto que ele considera um defeito, essa sempre foi uma solução que ele usou, mas não achava a ideal.
Foi por isso que eles criaram a tecnologia Rectifier Tracking, que faz com que essas mudanças sejam automáticas e só em uma configuração de canais e potência seja possível escolher entre os dois tipos de retificadores, sendo eles fixos em qualquer outra configuração de canais/potência.
Hammer
Sinceramente, isso tudo é meio besteira, SAG é defeito, é retificador não funcionando direito, tentar fazer um SS ficar igual a um Valvulado é como pegar uma Ferrari de hoje e "modificar" pra ficar tão ineficiente quanto uma dos anos 50.
Lelo Mig
Cara, isso é foda, é o lance do pensamento mágico e da solução mística. Circuitos vintage em geral são muito simples e muito ineficientes, não existe nenhum aspecto objetivo que esses circuitos possam ser considerados superiores a qualquer circuito atual, é a mesma coisa entre valvulado e SS, não tem nada, mas absolutamente nada que uma válvula faça que um componente de silício não faça melhor e mais eficientemente.
A física e a eletrônica disso é até relativamente simples, uma boa parte, talvez até a maior parte daria pra entender com um estudo um pouco mais aprofundado da física de segundo grau (tanto é que a maioria dos circuitos valvulados e dos criadores deles só tem o segundo grau).
A menos que você queira realmente entrar nos detalhes mais ultra profundos, como as diferenças no padrão de movimentação dos eletrons no silício (semi-metal) e no metal dos diodos valvulados, que são coisas em que você vai ter que entrar em tópicos um pouco mais avançados de eletro-magnetismo e em alguma coisa mais básica de quântica, a física disso tudo não é do outros mundo.
Mas aí a coisa já vai prum nível em que é meio como discutir se as rugosidades da casca do ovo podem afetar o gosto da gema porque a galinha tem que botar mais força com o fiofó do que botaria se fosse perfeitamente liso.
Só que no fim existe um lado subjetivo, muito maior, que atribui até qualidade a coisas que a priori são consideradas defeitos, como distorção, compressão de power, válvula, nada disso é qualidade tecnicamente, é defeito, mas se criou um conceito subjetivo em que isso é qualidade, logo nenhuma medida objetiva pode distinguir bom de ruim. É aí que surge toda essa baboseira sem limites que a gente vê. Tanto que em nenhuma outra aplicação se discute essas besteiras.
Qualquer aplicação em que válvula é usada e considerada a opção mais eficiente, só ocorre ou porque ainda não encontraram algum material que seja mais eficiente para lidar com aquelas voltagens (como é o caso de aceleradores de partículas, como o LHC) ou então o custo de usar esse tipo de material mais eficiente é muito alto (como é o caso transmissores de rádio para sondas espaciais mandarem fotos em Full HD de Plutão), mas aí estamos falando de potência em níveis cavalares e não de amplificadores de guitarras.
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Lelo Mig Membro
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# dez/15 · Editado por: Lelo Mig
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nichendrix
Você esta correto... mas quando digo eletrônica e física complexa, em meu texto acima, é em relação a opinião de guitarristas em geral... explico:
Sim, eu friso guitarristas, porque raramente vejo outra classe de músicos discutindo assuntos, fora o básico e essencial, sobre seus instrumentos, que não o "toca-los". Nunca vi saxofonistas, por exemplo, discutindo ligas metálicas ou acionamentos mecânicos "pagando de engenheiros"... os caras sabem o fundamental, que precisam saber, e de resto concentram sua energia em estudar música e tocar.
Virou moda entre guitarristas entender de madeira, de bobinas de captadores, de circuítos valvulados e etc.
Um circuíto valvulado é relativamente simples, mas dou o rabo, se 1 entre 100 guitarristas for capaz de desenhar um circuíto analógico simples, num papel de pão, e alguém montar este circuíto e funcionar. Então, se não sabem isso, não sabem nada! Não são técnicos em eletrônica, não são engenheiros e divagam sobre assuntos que não entendem.
Podemos conversar superficialmente sobre coisas importantes para um "músico" saber. O conceito geral de um valvulado e a diferença para um SS, conceitos gerais de analógico e digital, e etc.
Mas alguns assuntos, ainda que tratados de forma leviana, são complexos...
Quase tudo que se discute em válvulas são os "efeitos inesperados e, pode se dizer até indesejados delas". São "fenômenos" físicos produzidos nelas.
E, reafirmo... não é discussão para leigos. Têm papa no assunto gastando décadas em cima de circuítos simples.
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MMI Veterano
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# dez/15
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Lelo Mig
Um circuíto valvulado é relativamente simples, mas dou o rabo, se 1 entre 100 guitarristas for capaz de desenhar um circuíto analógico simples, num papel de pão, e alguém montar este circuíto e funcionar. Então, se não sabem isso, não sabem nada! Não são técnicos em eletrônica, não são engenheiros e divagam sobre assuntos que não entendem.
Tenho uma boa notícia para você: acho que você não vai precisar dar o rabo! Os caras que saberiam fazer isso são muito menos que 1:100. Mais ainda, os caras que fariam isso que eu conheço, em boa parte não seriam denominados guitarristas por sua habilidade e carreira com o instrumento... Ufa! Escapou, hein?
Ramsay
É óbvio que tem diferença, mas, "fazer com diodo e ficar próximo a retificacão valvulada" não rola nem no Kemper, pq são duas situações totalmente diferentes.
Eu não sou macho para afirmar como o Lelo que daria o rabo, mas duvido que alguém num teste cego apontaria com certeza o Kemper e o Marshall com sag. Não mesmo... São situações totalmente diferentes, de fato, mas por outro lado, iguais. É discutir sexo dos anjos, infindável isso aqui. :)
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Drinho Veterano |
# dez/15
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Kemper e o Marshall com sag
eu até sou curioso com assuntos que vao alem do tocar.....
tipo ah acho que o negocio assim é mais legal pra mim, ou negocio da marca tal......
agora aqui realmente se trata do campo da ciência.....
como no meio do barulho pra mim o que importa é que saia som pelo menos parecido com o que eu espero ouvir, pode ser só parecido, lembrar, nada de específico, pra mim vocês estão falando realmente grego.... mas é isso ae!
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nichendrix Veterano
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# dez/15 · Editado por: nichendrix
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Lelo Mig Cara, eu não falei que esse conhecimento era um senso comum entre guitarristas, aliás diria que não é senso comum entre nenhum grupo, já que depende de entender a tão famigerada e temida matemática. Enfim, não é um conhecimento do outro mundo se o cara for estudar isso, o cara não precisa fazer um doutorado em Cambridge pra entender o que é um valvulado, ele só precisa ser muito bom nos assuntos que qualquer pessoa estuda no segundo grau, não bom de tirar nota 10, mas bom de entender o suficiente pra aplicar os conceitos em diversas situações, mas aí, quantas pessoas são realmente muito boas nos assuntos que estudou no segundo grau dessa forma?
Então a deficiência já começa aí, e quando falta conhecimento, entra o pensamento místico/mágico de que existe alguma fonte ultima do timbre perfeito, ou que existe um componente que faz qualquer pessoa ter o timbre dos sonhos e toda a baboseira que nós guitarristas gastamos tanto tempo discutindo (e eu estou incluso nisso e olha que até entendo bem o que existe por trás).
O lance de se gastar "décadas" sobre circuitos simples, é muito menos ligado a aspectos puramente técnicos e muito mais ligado a como usar esses aspectos técnicos para se chegar a um determinado resultado subjetivo.
Qual o som perfeito de Fender ou a distorção perfeita? Isso é subjetivo, tudo num circuito contribui para se chegar nesse aspecto subjetivo e aí realmente pode-se gastar uma vida mexendo num circuito ultra simples, não porque seja algo do outro mundo, mas porque o que você está medindo não é objetivamente mensurável.
Um complicador é que muito da percepção desse parâmetro subjetivo que está sendo medido muda com o tempo. Se você perguntar o que é o som de Fender perfeito pra mim hoje é diferente de 2-3 anos atrás, que é diferente de 10 anos atrás.
E realmente não se discute tanto atributos dos outros instrumentos, eu toco saxofone desde criança, em geral no máximo se discute quais marcas são melhores e mesmo isso são as mesmas há uns 50 anos. Ninguém vai ficar discutindo qual liga de metal faz com que o Conn Lady Face tenha sido o preferido de tantos saxofonistas da década de 50.
Só que no fim, eu acho que isso se deve muito ao fato de não existir tanta variação de timbres possíveis por causa do instrumento. Por exemplo, se você ouvir o Charlie Parker ou o John Coltrane tocando ao longo da carreira, não importa qual instrumento toquem, eles sempre soam como eles. O Nick Wright e o John Lord vão soar do jeito que soam independente da marca/modelo de teclado que usem. O Itzhak Perlman tinha trocentos violinos de Stradivarius e Guarnieri até coisas bem recentes, mas sempre soava o mesmo em todos.
Agora tu pegar um Clapton ou um Gilmour ou qualquer outro guitarrista fodão, por mais que exista um elemento imutável no som, que é a pegada deles, há uma diferença significativa deles tocando com Strato, com Tele, com Les Paul, usando Fender, Marshall, Mesa ou usando um Tube Screamer, um Fuzz Face, Muff ou um Tone Bender.
Em parte isso tem muito a ver com o caráter "fundo que quintal" do instrumento. Todos os outros foram projetados por pessoas que estudaram aquilo por muito tempo até chegarem ao conceito de como soa um saxofone perfeito, como soa um violino perfeito, como soa um sintetizador perfeito. Aí ou se produz industrialmente com métodos que vão minimizar toda e qualquer variação ou se produz artesanalmente com alguém que passou décadas estudando pra aprender a fazer algo que tenha aquelas características.
Agora olha pra guitarra elétrica, foi criada por guitarristas, em suas garagens, os amplificadores e efeitos igualmente, raramente um modelo de guitarra surgiu de algum estudo mais aprofundado, era um cara que tinha uma ideia foi numa loja de 1,99 passou numa serraria e fez algo novo em casa e depois ficou famoso e todo mundo passou a usar. A coisa foi assim, meio entre o artesanal e o faça você mesmo, até pelo menos o final dos anos 70.
Essa característica improvisada da maior parte do desenvolvimento do instrumento, fez com que ele tivesse variações enormes. Não existe o amplificador de guitarra perfeito, não existe o som de guitarra perfeito, nao existe o pedal x, y ou z perfeito. Guitarrista fala em som de Strato, de Tele, de Les Paul, saxofonista fala de sax alto, tenor, soprano, sopranino, etc., cada um deles tem o seu som perfeito e todas as marcas tentam chegar lá. Ironicamente esses improvisos do começo, viraram lendas e hoje 30-40 anos depois a gente está voltando pro ponto em que copiar as gambiarras do iniciode alguma faz sentido e ficamos nessa masturb@ção mental durante a madrugada em fóruns sobre como o timbre fica foda com SAG (mesmo que quase ninguém aqui tenha ouvido um amp Sagando na vida), ou qual o país que tem o melhor mogno ou o melhor jacarandá ou sobre o transistor NPN com unicórnios dourados que produz um som igualzinho ao do Jimi Hendrix e essas besteiras que a gente perde um tempo da danado discutindo.
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Luiz_RibeiroSP Veterano |
# dez/15 · Editado por: Luiz_RibeiroSP
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Do ponto de vista técnico, acho muito importante estudar e pesquisar o máximo sobre as características sonoras de cada circuito. Com maior conhecimento é possível entender melhor a física envolvida e projetar equipamentos melhores, criar algoritmos para simulação com maior eficiência e fidelidade. Do ponto de vista como guitarrista, eu no caso um guitarrista desleixado, vejo como curiosidade técnica. Não vou gastar com equipamentos caros e se eu gastar vai ser um e pronto, porque não posso. Se algum dia eu encontrar num estúdio um amplificador com retificação a válvula não vou nem fazer questão de tentar explorar este efeito, vou me preocupar em fazer o ensaio.
O assunto é muito interessante, só precisamos entender onde nos encontramos, entre os extremos do conceito técnico e nosso cotidiano com a guitarra.
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Ismah Veterano |
# dez/15
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MMI
Tem meu respeito, mas não acho que eu devo me calar e não abordar temas assim, porque vai vim um especialista de Google Search. É o mesmo que andar de guarda-chuva porque PODE chover...
Leio o resto amanhã...
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MMI Veterano
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# dez/15
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Ismah
Com todo respeito também... Você aborda o que quiser, não precisa se calar. Você não entendeu.
Valeu
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Ismah Veterano |
# dez/15
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Talvez não tenha entendido mesmo, estava/estou bem cansado. Entendo que o nível técnico do fórum não é tão alto para ser produtiva essa discussão, quanto seria num fórum como o valvulados.com ou handmades.com.br ...
MAS... minha esperança é que a partir disso alguém tenha um ponto de partida para assuntos técnicos...
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Lelo Mig Membro
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# dez/15 · Editado por: Lelo Mig
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Ismah
Cara, minhas considerações não foram em função do tema de seu tópico... acho até importante e válido.
Mas, se aceita um conselho de amigo "quanto seria num fórum como o valvulados.com ou handmades.com.br"... cuidado! muito cuidado!
É justamente nestes habitats que costuma se encontrar uns bichos chamados "Gurus da Eletrônica Vintage"......esses bichos fazem um estrago dukacete quando o assunto é propagar mitos!
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nichendrix Veterano
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# dez/15
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Lelo Mig Mas, se aceita um conselho de amigo "quanto seria num fórum como o valvulados.com ou handmades.com.br"... cuidado! muito cuidado!
É justamente nestes habitats que costuma se encontrar uns bichos chamados "Gurus da Eletrônica Vintage"......esses bichos fazem um estrago dukacete quando o assunto é propagar mitos!
É bem por aí, o povo tem uma visão quase religiosa de como as coisas funcionam, não se tocar que 90% do que falam não tem base nenhuma e está pautado apenas por percepções bem subjetivas.
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nichendrix Veterano
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# dez/15 · Editado por: nichendrix
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Ismah Uma coisa que achei interessante no texto do Manolo é o fato de que ele cita os AC30 e AC15 como amps classe A, só que nenhum desses amps é classe A, ambos são classe A/B (alguns mais frescos preferem dizer que é A/B+, porque em geral eles amplificam mais sinal da onda de entrada que o esperado de um classe B ou A/B, mas não chegam aos 100%), e eles tem SAG sim, só socar volume neles que eles chegam lá, ao menos todos os que pude testar nessas condições chegaram, o meu AC30 o sag fica até bonitinho, mas em geral estou com o ouvido doendo quando chega lá e rapidinho volto pra algo mais confortável.
Outra coisa engraçada é ali marcando 200VAC, em lugar com tensão 220V é muito comum ver pico de 350-450VAC e não é muito raro ter maior a ponto de ver lampada estourar não.
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Ismah Veterano |
# dez/15
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Lelo Mig Cara, minhas considerações não foram em função do tema de seu tópico... acho até importante e válido.
Convenhamos a guitarra foi construídas som um mundo mítico, cheio de gambiarras, de onde se adaptou diversas coisas, até o amplificador... Não tem pra onde correr, os estudos são escaços, e tendenciosos. Cabe a nós filtrar e ser cético quando preciso. Apenas.
Quando me referi a locais assim, falava de caras que sabem do que estão falando. Tem os grupos no face também... E por lá tem cara com 20, 40, 60 (!) anos de eletrônica no áudio, e com formação zero. Cara que dá pau em engenheiro bem formado, apenas com a prática. Como também tem nego que vem com ideias bisonhas, e sem fundamento.
Coisas como híbridos, qualidade real do que temos hoje, como as coisas operam são coisas que carecem de discussão, porque ficou o conservadorismo de "gurus vintage" de que só válvula presta, e devido a situação semi-escrava que temos no mercado, não se tem músicos com roadies capacitados, o que leva o músico a precisar conhecer seu equipamento, ou se fuder cada pouco na mão de técnicos desonestos (300 reais por uma troca de ponte retificadora numa fonte)...
Se eu estudo isso, não é por ser roadie, isso foi consequência.
nichendrix
ele cita os AC30 e AC15 como amps classe A, só que nenhum desses amps é classe A, ambos são classe A/B
Pesquisei os esquemas e é vero, e parece que este é um engano comum ainda por cima. Cabe ao leitor filtrar esse erro, e inserir ali um Gibson GA8, Fender Champ, Vox AC4...
Outra coisa engraçada é ali marcando 200VAC, em lugar com tensão 220V é muito comum ver pico de 350-450VAC e não é muito raro ter maior a ponto de ver lampada estourar não.
Não saquei a relação. Mas sim, é possível, e é terrível. Apenas o 220 é uma média quadrada (rms), os picos são normalmente de 250VAC.
Sob título de curiosidade, na casa que tocamos sábado à noite, na sexta faltou energia, e contrataram um gerador. Quando o responsável ligou o gerador, o fez com o disjuntor ligado... Resultado: freezers, geladeiras, equipamento de som (nada do palco nem do PA graças), lâmpadas, etc, tudo queimado. Prejuízo na casa de 6 dígitos.
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Casper Veterano
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# dez/15
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Nesse fim de semana tive a oportunidade de brincar com um Fender Princeton Reverb:
http://support.fender.com/schematics/guitar_amplifiers/65_Princeton_Re verb_schematic.pdf
Podem checar: Válvula retificadora (com diodos para proteção), transformador de saída pequeno, falante Jensen, tudo pronto para ser um desastre em termos de não-linearidade e o escambau.
Mas tem um som sensacional. Tudo que os transistorizados (+ pedal + pedaleiras DSP) tentam emular com sucesso limitado está lá, com meia dúzia de válvulas e mais nada. Se isso não é impressionante, eu não sei o que é.
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Luiz_RibeiroSP Veterano |
# dez/15
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Casper desastre em termos de não-linearidade e o escambau.
Eu vi uma entrevista do Dunble onde ele disse que um amplificador de guitarra não pode ser linear, porque não fica com um bom som. Acho que o Leo Fender chegou a mesma conclusão. O principio de um amplificador é justamente possuir uma variação logarítmica de amplificação, mesmo quando trabalha em regiões lineares de polarização. Acredito que o fato de amps de instrumentos trabalharem em polarizações não lineares da classe AB seja aumentar a eficiência, e pelo que pesquisei nenhum projetista no inicio teve intenção de criar distorções perceptivas nos seus equipamentos. O que mais aprendemos em livros é evitar distorção nas amplificações. Eu gosto muito de pesquisar sobre este assunto, mas confesso que estas místicas que geram tanta polemica atrapalham muito, pois alem de algumas posições xiitas de pessoas que de modo geral não possuem conhecimento técnico ha uma idealização sobre circuitos e muitos mitos a respeito. Se discordar de alguma coisa ja falam que você não sabe nada, que o bom era tudo com válvula polarizada errada, que o capacitor de óleo tem um timbre fenomenal e faz milagre, blablabla, acho quem em 1950 a norma ISO ainda estava sendo implantada.
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