Ismah Veterano |
# mar/20
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Mauricio Luiz Bertola
Mais ou menos! Se é assim, não dá pra apontar um fato como único causador. Quanto mais fundo estou indo na engenharia mecânica, mais vejo que a ideia é absurda. Se vive fases, ondas, tendências ou como queira chamar. Na década de 50, o esporte a motor teve seu boom. Os maiores construtores do mundo, trabalhando para produzir o carro mais rápido do mundo, o carro com a fórmula número 1. Macaco vê, macaco faz. Na sucessão de fatos, todo mundo queria ter o carro mais veloz, o mais rápido. Em cada região, isso foi adaptado para a realidade local. Motores cada vez maiores, com sobre-alimentação e tudo mais... Com isso muitas mortes, o que começou a pegar mal. Então, começaram a focar muito em segurança, para criar a ideia de um esporte mais seguro...
Vieram as ondas de crise do petróleo, e ficou inviável fazer carros como até então. Carro passou a ser uma ferramenta e não um "brinquedo". Passada essa crise, as pessoas viram potencial em eficiência. Então entrou em cena a injeção, que fazia mais com menos e de um jeito nunca visto. E as crises petrolíferas e econômicas, forçaram a indústria para um caminho de baixo custo. Isso é nítido na aviação! Nos anos 70, era análogo a um cruzeiro de luxo.
As leis de proteção ambiental, são a forca pra muita coisa. A indústria do automóvel, é muito limitada. Se opera cada vez mais próximo do limite do material, e por dois motivos: melhor precisão de projeção e maior eficiência no resultado final.
Beto Guitar Player a famosa obsolescência programada
Então... Isso é uma corrente de pensamento, e meio que sempre foi assim. Se pegar a série-documentário Harley e os Davidson, vai ver o óbvio da época: muitas pessoas foram pioneiras, e partiram pra tentativa e erro.
Existiam sim engenheiros, e desde o iluminismo provavelmente. Porém, como até hoje, eles estão em nichos que dão mais dinheiro - e dinheiro garantido - não fabricando bicicletas ou projetando pedais de guitarra... Isso não dá lucro nenhum, perto do que outros ramos pagam. Lucro dá tu conseguir ser o próximo Ferdinand Porsche, e projetar o Fusca... Lucro dá tu trabalhar pra Motorola e fabricar satélites... O fato é que a engenharia existia, mas não existiam nada dos cálculos que se tem hoje, quiçá algum software CAD.
Como o Lelo coloca, a indústria visa maior lucro. Então o caminho é achar um meio termo entre o preço de venda e o número de vendas. Pegue a Honda CG. Ela é absurdamente cara, para o que oferece. Porém ainda é a moto mais vendida no país. Logo, a Honda vai incrementando lentamente, e aumentando o preço até que perceber que as vendas caem. Baixa o preço, e as vendas voltam a subir. Aquela regra de mercado, bem manjada...
A durabilidade, não é tão preocupante hoje. Não sei tu, mas uma grande maioria das pessoas que conheço, não fica mais de 5 anos com o mesmo carro. Vende ou troca, porque isso, porque aquilo, encheu o saco e blá blá blá... No contexto da série, se usava as máquinas de fundição para peças de trem a vapor, pois era o que tinha. Se usava ferro fundido, porque era o que tinha. Desse uma CNC, eles fariam por extrusão. Como não tinha como projetar, se chutava um valor. E por motivos óbvios, se preferia errar para mais.
Locomotivas a vapor são bastante rústicas. Não por vontade, mas por limitação técnica mesmo. Algumas não tem nenhum rolamento, exigem que se engraxe antes do uso, horas e horas para entrar em funcionamento... Guarde essas informações... Nisso, os primeiros veículos adotaram os métodos já existentes. Enquanto hoje se produz um carro a cada duas horas. Na época é perfeitamente aceitável, que um carro demorasse ao menos dois meses - é ainda hoje o que um carro artesanal demora pra ficar pronto.
Já pesou o custo disso? Mesmo uma empresa como a Ford, quando já estabelecida como linha de produção, não conseguiria vender um carro tão barato assim. 50 anos depois, o primeiro VW Fusca, feito no Brasil custou algo em torno de 170 mil reais (em valores atuais). Hoje com essa grana, tu compra algo com bem mais que um motor 1.2 l, 36 cv, 4 marchas, e top speed de 110 km/h... Atualmente, por 1/3 disso, se compra um VW Up TSI Xtreme. O motorzinho de 1 l, rende 105 cv (A) e 101 cv (G), 5 marchas, que bate 183 km/h...
Há décadas, nesse ramo e em vários outros, a indústria é pressionada para prezar pela vida. Não é pra durar, mas para garantir que os ocupantes saiam vivos. Como dito pelo Lelo, desmanchava o poste, o carro tava intacto, e todo mundo morto dentro. Hoje, a indústria é pressionada pelos governos, a gerar produtos eficientes - ou seja, converter energia A em energia B, com o mínimo de perdas... Eficiência e alívio de peso são coisas que andam juntas. O motor de alumínio, dura muito menos que o de ferro. É mais leve, tem menos atrito, assim rende mais potência, porém dura menos. Aliás, estamos a cada dia mais perto dos motores de competição nas ruas. Isso atende os dois lados. O governo, que quer carros eficientes, e o consumidor que já não fica a vida toda com o mesmo carro.
Obsolência programada? Pode acreditar nela, mas é bem mais abaixo o furo do que simplesmente a indústria malvada, que quer apenas te vender mais.
Lelo Mig Se por um lado, obviamente, a indústria visa lucro, por outro é permitido o acesso a pessoas que antes não podiam ter
Esse talvez seja o maior ponto - tanto pra música, como pra qualquer coisa. Gravações eram o estado máximo da arte, até que ficou algo popular. Apareceu um monte de gente que não tem tanto talento, mas conseguiu acertar uma - e pasmem, as pessoas gostam e consomem muitas coisas simples...
Estava vendo um canal gringo sobre bateria. O cara é um mago do assunto, conhece muito sobre baterias do início do século passado. O fato é que jazz leva a fama de chato, enquanto punk leva a fama de visceral. Porém, na prática, uma linha de bateria de jazz (swing, no caso) é muito mais agitada que uma de punk. Essa é uma no bumbo, e uma na caixa, e já era...
Só que o swing, caiu no esquecimento na atualidade. Tirando uma minoria, ninguém consome mais swing como produto. Diria que até uma minoria sabe que existiu... O que é natural! Dá pra ver resquícios disso no rock dos anos 60/70, e agora de volta com o linear drum ao pop. Só que são resquícios.
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