Shows de pequeno porte: dicas e ideias quando o recurso é zero, mas a vontade é grande

Autor Mensagem
Ismah
Veterano
# abr/16 · Editado por: Ismah


Vejo que muita gente daqui está a mercê de som de clubes péssimos, com equipamento péssimo.

Vou postar diversos shows em maioria, de bandas anônimas praticamente, outras famosas, que vou encontrando nas minhas peregrinações internáuticas. Usados como exemplos para dicas de como as bandas se saíram ali, e como podemos fazer isso por aqui. Algumas considerações:

Infelizmente sabemos que equipamento de ponta lá fora é mais fácil de conseguir, então pra nós resta improvisar muita coisa.

Parafraseando o Paulo Anhaia: É uma opinião MINHA, baseada em minha experiência de 15 anos tocando algum instrumento, 9 como técnico, e também uns 15, inserido no meio das bandas regionais pelo convívio familiar. E muitas conversas com gente do planeta todo, em grupos desde os tempos de orkut.

Se alguém fizer algo diferente, e achar que está bom, ótimo. Mas não venha discutir sem ao menos gravar e ouvir o que está soando a banda.

DICA #1 TIMBRE

É absurdo como temos timbres RUINS nas bandas de modo geral. As de pequeno porte que não tem técnico para "puxar frequências é absurdamente pior.

Baixos sem definição, guitarras ocupando o espectro de ponta a ponta, os teclados ainda se salvam porque raramente se mexe no timbre deles com periféricos - e quem faz sabe o que está fazendo.

O que precisa mudar?

Se gravar, preferencialmente em multicanal ou em salas e ver como soam. As tracks individuais podem ser passadas por um analisador de espectro e comparadas com as track equivalentes de músicas famosas que se multiplicam pela net (geralmente chamadas de " open tracks").

Guitarras de modo geral soam bem entre 140Hz e 5KHz, chegando a 8KHz em solos. Fora dessa faixa é mais ruído que som, e é dispensável na mix. Principalmente quem toca de pedaleira costuma pecar, pois timbra no fone de ouvido, ou amp de ensaio com volume reduzido, coisa que soa bem diferente no ao vivo com a banda toda. Soar em grupo, é difícil, e leva tempo, ultimamente pessoal está desinteressado ainda por cima.
Existe um problema grave em amps SS, que é o a distorção de agudos no power, principalmente de amps menores, e deixa o som desagradável.Não sei bem a razão disso, ainda está em estudo. Solução é trabalhar na faixa de volume que o amp permitir, nem que isso signifique todos tocar com volume reduzido (lembre da lei do silêncio!).
O MID SCOOP é o melhor caminho para se conseguir o som de enxame de abelhas. Esqueçam graves, esqueçam agudos, guitarra está nos médios. Se cortar os médios no CLEAN fica legal (é o segredo dos Fender), mas no DRIVE, fica péssimo se além de -6dB. Não são exceções ao caso acima, bandas de trash e semelhantes de sons mais ou igualmente pesados, que mesmo scooped, não são exageradas nisso.
Tocar power chords de 4 cordas, 4 cordas (drop tune) também não é recomendável, isso gera uma intermodulação que no contexto geral é difícil de controlar.

Baixos de 5 cordas, e timbres graves no amp deveriam ser vetados de locais pequenos. A 5ª corda é legal mas o grave dela só serve pra embolar o som no ambiente. Segundo, dispende muita energia do amplificador que precisa ser mais potente, e o falante precisa ser maior. Não que não se possa usar, mas que em locais pequenos e médios seja melhor o uso ou da 4ª (caso de guitarra em drop) ou 5ª casa em diante, ou um 4c, pois o todo soará melhor.
Colocar o amp num canto é solução ou problema: cada face funciona como um espelho, refletindo o som e somando +3dB, no chão em um canto a soma chega +9dB (quase o dobro de volume que se não). Isso é desejável quando temos como as guitarras acompanhar em volume (o baterista que geralmente adora), mas quando não é assim, lá na frente está bombando só o baixo pois o canto atua como uma corneta gigante.
E nos baixistas que fecham o agudo então? Agudo é definição, pois as notas estão cada vez mais distantes, seus companheiros de banda agradecem, pois vão TE ouvir melhor, e tu mesmo vai SE ouvir melhor com um timbre equilibrado.
Raramente baixistas usam drive, então o mid scoop acaba sendo bem vindo. Mas novamente um timbre mais médio, ou melhor, médio-grave é bem vindo, pois o lugar é pequeno. Não justifica tremer tudo com 50Hz.

E quando o baterista é o problema? Como qualquer outro membro, se este não se adequar ao projeto, sempre se exaltando, é preciso reavaliar se de fato ele soma ao projeto.

Vamos ao vídeo...

Reparem como cada guitarra tem seu lugar, nenhuma soa grave demais, nenhuma soa aguda demais: elas soam na faixa dos MÉDIOS. O baixo está equilibrado, dá para escutar o baixo no meu notebook! Nenhum instrumento está se sobrepondo aos outros. E não tentem justificar vossa incapacidade pela falta de equipamento.

Existem falhas? Claro, o primeiro solo rápido está dessincronizado, faltou volume no segundo solo etc etc etc. Isso é ao vivo.



Até semana que vem abiguinhos.

Wade
Membro Novato
# abr/16
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Gostei, tem boas dicas.

Toco muito em lugares pequenos com equipamento capenga e muito disso a gente vai aprendendo na surra com o tempo.

Uma dica que dou é em relação ao vocal. Geralmente começam a setar os volumes dos instrumentos primeiro. Obviamente, todo mundo quer soar mais alto e vão nivelando por cima, nivelando por cima e quando começa o show ninguém escuta uma palavra do que está sendo cantado.

Uma forma legal e simples de contornar isso é passar o vocal antes. Ver até onde o volume do mic pode ir sem dar algum problema (microfonia e etc). Daí sim vai ser setado o volume dos outros instrumentos, de uma forma que NÃO cubra o vocal.

Se o sistema de som não permite um volume bom para os mics, fodeu então, vai ter que tocar com tudo bem baixinho.

Prefiro ouvir uma banda baixa, mas entender tudo que ouvir uma parede sonora sem entender porra nenhuma.

Calime
Veterano
# abr/16
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Ismah

Kra, parabéns pelo tópico, que é mto pertinente. De fato tenho certeza que será mto útil, e acredito que muitos aqui tem bastante coisa a contribuir, dado a quantidade de pessoas aqui com bastante vivência nessa situação, e tbm as precárias situações que nós, na maioria aqui amadores/hobbistas costumam enfrentar qdo vão tocar "live", nos deparando com N situações, e buscar sempre nos adaptar para fazer o melhor. Se bem que de uns 10 ano pra cá as situações e equipos melhoraram significativamente em relação a isso.

Ainda não lí o tópico, voltarei aqui pra ler com calma e se possível tbm contribuir.

sandroguiraldo
Veterano
# abr/16
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Ismah, preciso de uma dica...

Toco numa igreja que é bem retangular... 25mt de comprimento por 5mt de largura com pé direito de 6mt.

Na entrada do salão há uma porta de vidro, que pega toda a largura e em cima um janelão de vidro também.

Regulo a equalização de uma forma que fica satisfatório nos retornos, mas no PA fica horrível... como posso contornar isso, visto que não tenho regulagem independente de retorno e PA e geralmente falta agudo no PA.

Ismah
Veterano
# abr/16
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Eita diabos, tu precisa de um milagre não de uma dica kkkk

Na prática precisamos saber a origem da falta do agudo, mas já adianto se usa equalização compartilhada, adeque a mix ao PA, e o monitor que se vire, se tá mais ou menos já basta.

Providencie fotos do PA, e de que detalhes técnicos:

- Vias do PA
- Componentes do PA (marca/modelo corneta, caixa/falante/dutos)
- Materiais das paredes e teto
- Pessoas e ponto de referência (planta baixa salvaria o mundo)

Ismah
Veterano
# abr/16
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Calime
Agradecido, mas é só o começo... ;)

sandroguiraldo
Veterano
# abr/16
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Ismah
Se possível, informe email

Ismah
Veterano
# abr/16
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sandroguiraldo

É possível, mas traria pra cá de todo modo, ja que pergunta está aqui e faltam os dados.

**cabelo.roadie@yahoo.com**

JJJ
Veterano
# abr/16
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marcando

sandroguiraldo
Veterano
# abr/16
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- Vias do PA
- Componentes do PA (marca/modelo corneta, caixa/falante/dutos)
- Materiais das paredes e teto
- Pessoas e ponto de referência (planta baixa salvaria o mundo)


PA modelo SKY700 da Studio R
Teto em forro de isopor com camada de gesso
Paredes alvenaria com uns 30% com textura (já havia um pedaço de parede com textura no salão, acabamos pintando por cima e deixando lá)
Cerca de 120 pessoas, espaço útil do salão tem 20 x 5 x 7 de pé direito

sandroguiraldo
Veterano
# abr/16
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As caixas do PA estão fixas em suportes presos na parede, eu não queria assim, queria prende-los no alto, bem no meio entre as paredes, mas não teve como.

Essas caixas tem equalização, poderia aumentar agudos nelas? Hoje deixo tudo flat nelas.

Ismah
Veterano
# abr/16 · Editado por: Ismah
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Dar ganho não é muito sábio, experimente fechar um pouco os médios e graves. Vou dar umas simuladas aqui.

Acho que contribui mais te passar esse link para ir estudando ou muita coisa soará bem ruim... Comece lá dos primeiros post's

http://www.backstage.com.br/walterullmann/

Ismah
Veterano
# abr/16
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Dica #1.1

Esqueci de deixar uma dica acima que vale para quem toca instrumentos que precisam de amplificação, e correm o risco de ter que usar em linha, mas não tem um simulador... Deixem um pedal de compressor/limiter ou overdrive LEVE de stand by no set!

Se acaso acontecer de usar em linha e a opção de simulação não for viável (seja por que são muitos timbres para se editar, seja porque não usa assim, ou o que for), e usem este pedal como amp! Para isto deixem o drive/ratio (taxa de compressão) no nível desejado, geralmente recomendado o mínimo para sons limpos, e o volume apenas para garantir um nível bom de sinal NO LINE IN da mesa ou do DI/Direct Box. Tone, e outras configurações, ficam a gosto. Sugiro que evitem pedais de compressão com muitos recursos, ratio (pode ter outros nomes), e volume são suficientes, e evita distrações.

Pode parecer confuso, mas um overdrive usa diodos para clipar o som. Estes nada mais fazem que criar um LIMITER (nada mais que um compressor forte) no som de uma forma agressiva. Já o compressor (mais indicado para) dá só uma comprimida no som.

Há quem use um compressor no fim da cadeia sempre (Bruno Melo), e pra turma do SS é uma boa sacada, pois cria a simulação de um valvulado próximo de distorcer.
Não é o que vai te tirar o timbre abelhudo (excesso de agudos e falta de médios), mas é o que vai te trazer um timbre menos bosta quando ligado em linha.

Para baixistas o pedal compressor não é má ideia, e boa parte deles usam. O limiter de fato é mais comum entre baixistas.

Dica #2 PEGADA e PERFORMANCE

Ainda teimando no assunto timbre, que é obviamente a parte mais importante para uma banda, deixo uma série de vídeos falando de pegada (não confundir com tocar forte) que o Lisciel Franco lançou essa semana.

https://www.youtube.com/watch?v=2W2OodXqkgo
https://www.youtube.com/watch?v=E-Dp053l7QQ
https://www.youtube.com/watch?v=VVqDpYots3M

Reparem que o timbre do baixo é horrível sozinho, mas percebam como ele se encaixa no todo. É esse o desafio de uma banda!

O que merece bem destaque é que não existe coisa barata que resolverá, mas não significa que não existe equipamento que custe pouco e seja bom.

A questão é que se deve comprar pela qualidade, não pelo preço.
Não tenho grana infinita? Nem tu, nem eu temos! E aí que começa a busca incessante, e não adianta review, é preciso testar, porque muita coisa funciona para uma determinado contexto.

E performance? Bom, essa a gente perdeu a muito tempo... Ultimamente os shows estão muito de técnicos, onde o cara vai lá canta/toca e vai embora... Muita gente nem tá aí para a banda, e não mudaria nada se fosse um pen drive.

Raramente vejo vocalistas (?) interagindo com a galera, músico que toca olhando pro chão, tem músico que não sabe nem a música de cor, e passa a noite toda LENDO a música numa pasta!

Não tem pra onde correr, um boa noite, uma apresentação, é o mínimo de EDUCAÇÃO, e um vocalista precisa ser um LOUCOtor. Interagir com o público, chamar pra música - isso implica em tocar música clichê, e não o que o músico gosta, quando não for um som autoral.

Saber a música de cor é o mínimo. Não conseguiu lembrar de uma? Não conseguiu decorar? Ok, faça a cola no repertório, no braço, chapéu etc etc etc... Mas de UMA não o repertório inteiro!

Ficar parado no palco, quando não pregado no chão... Eu "culpo" isso por questões de timidez, e a forte influência do punk nas bandas atuais - em maioria as bandas são compostas de pessoas com 30~40 anos, todos viveram sob influência das bandas setentistas, onde o punk teve seu auge, e foi se criando essa tradição por aqui (ponto de vista RS).

Um comparativo bem básico, assista aos dois vídeos, e diga qual banda te cativou mais...

The Youngles - Dublin Irish Pub 2014
Ramones - US Festival 1982

Grandes chances de ficar com Ramones, mesmo que a qualidade das duas bandas tenha ficado no mesmo nível técnico, e ambas sejam beeeeem paradonas.

Ismah
Veterano
# abr/16
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sandroguiraldo

Não recebi as fotos, se desejar enviar, o e-mail (misteriosamente) é cabelo.roadie@yahoo.com.BR.

A princípio, pode ser posicionamento das caixas, e cancelamento por estacionarias no ponto onde você está. Tente se movimentar, ou trocar de ponto de audição.

Também pode estar matando agudos de cada coisa na hora da mix, obviamente vai faltar agudo. Tente rever a "cena" da mesa.

Ainda um terceiro item, pode ser que exista um limiter que esteja atuando em tempo contínuo, ou seja, na sede de dar mais enfase aos agudos, tu acabou matando eles de vez. Verifique estrutura de ganho e CABOS!

Ismah
Veterano
# abr/16
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Ismah
Veterano
# abr/16
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Wade
Membro Novato
# abr/16 · Editado por: Wade
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Sábado toquei com minha banda e se formaram muitas rodinhas em frente ao palco. E toda hora nego caindo em cima da gente e do equipamento. Não de leve, caindo com uma força absurda.

Resultado: o suporte de uma das caixas ativas literalmente entrou dentro da caixa (que caiu, quase na cabeça do outro guitarrista). Grade dos retornos entraram pra dentro dos falantes. Um Vox AC30 foi ao chão. Vários cabos estourados. Pedestal foi pro meio da roda com microfone junto. Pelo menos voltou intacto.

Dica: Quando o palco é no mesmo nível do público, considere colocar as caixas e mesa no fundo do palco. E até seu equipamento (pedais, pedaleira, etc) mais pra trás. E claro, esteja sempre preparado pra um marmanjo de 80kg caindo em cima de você do nada.

Rednef2
Veterano
# mai/16
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Wade
Putz, banda hardcore punk vei?

Wade
Membro Novato
# mai/16
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Rednef2
Pior que não. O som é meio Stoner/Grunge. Não é nada brutal, mas algumas músicas tem umas levadas pesadas e o pessoal tava bem animado (lê-se bêbado).

Ismah
Veterano
# mai/16 · Editado por: Ismah
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Wade

Melhor um palco de caixa de cerveja que isso... Repertório é um problema para bandas recentes, mas tu aprendeu na prática que se a galera tá ameaçando subir na mesa num som leve, é melhor pular as pesadas, punk/HC, trash, melhor evitar ou vai dar problemas... Também fica as custas da segurança isso, mas nem sempre ela está lá, ou afim de cooperar, então a prevenção é ainda o melhor remédio...

Meus pêsames pelo equipamento, que se recuperem logo do estrago.

Wade
Membro Novato
# mai/16
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Ismah
É. O show foi feito meio nas coxas, sem segurança e estrutura. Fica a lição.

As vezes a gente se sente meio metido por exigir algo da organização do evento, mas não tem pra onde correr. Algumas coisas são básicas e tem que garantir que tenha.

Ismah
Veterano
# mai/16
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Acontece, e a gente vai aprendendo... O motivo de alguns artistas exigirem uma coisa absurda, tipo "N toalhas brancas felpudas como um coelho fofinho", é pra ver se o produtor/organizador lê o contrato...
Tem banda que abusa, vi um rider ultimamente que pediram 4 PM5D (custa 80mil cada uma), pra tocar num bar onde cabem 900 pessoas na melhor hipótese...

Ismah
Veterano
# mai/16 · Editado por: Ismah
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Dica #3 - MIXAGEM!

Timbrado tudo de acordo, é hora de mixar a parada. Obviamente que um timbre ruim, não tem técnico que concerta. Então QUANTO MELHOR SEU TIMBRE, MENOS PIOR será o som no PA, mesmo que ele seja péssimo. Ou seja a mix depende do que vem antes!

Infelizmente, os erros mais comuns são timbrar um amp longe dele. O mais eficiente é timbrar o falante apontado para o ouvido, pois agudos são direcionais, e eles VÃO SOBRAR se isso não acontecer, pois mesmo que no teu ouvido não sobre o microfone vai ficar COLADO NO FALANTE, mesmo em off-axis apontando para fora do centro* do falante (eu não gosto, porque corta os médios), vai ter agudo pra caramba, se for um SM57 queé preferido da galera, e é mais agudo... Aí sim tá feita a merda.

Especialmente amps SS tem um problema sério com agudos, que costumam ficar bem presentes. Acontece pois seu funcionamento é plano no canal clean, sem nem ao menos uma leve compressão/limiter, enquanto um valvulado, ou canal de drive de um SS, contém um HPF, a pré-amplificação, onde existe um limiter natural (diodo, e válvulas) que controla isso. Em seguida um BPF pra compensar o HPF inicial. O que deixa as coisas um pouco melhor equilibradas.

*Para o lado oposto do baterista (lado de fora do palco) caso o amp esteja atrás, e apontado para trás caso esteja de lado o amp. Se tiver um amp de baixo por causa de uma formação com duas guitarras fudeu, sem chance de usar off-axis.

Outros instrumentos, como bateria, metais (sax não é como os cornes, que sai só som pela campana!), gaita e vozes, não são tão sensíveis a isso. Todavia, para vozes o preferido é o SM58 se tiver uma voz muito aguda, ou com excesso de médios pode-se cantar fora do eixo central do mic e isso vai dar uma ligeira melhora - Lemmy fazia isso, com duas cápsulas de SM57.

Se tudo isso for bom, basta dar volume e deixar soar. Antigamente, se tinha um cara chamado diretor musical, que corrigia, timbre, pegada... Muitas vezes era um músico mesmo. Chegava e chutava as bolas sem medo se fosse preciso, mas hoje, com pessoas sensíveis, isso quase não rola... Porque magoa as pessoas (ironia e desdém se misturam, e a vontade de usar um palavrão cresceu).

Mas... Aí começam os problemas de soar mal no PA. É aí que entra o técnico. Seria bom se todas as bandas pudessem ter um técnico, uma console digital, ou analógica com um rack de periféricos - coisa que deveria partir da banda. Não acontece infelizmente.

Se for um terceiro - técnico local - que mixar, fica-se sujeito ao gosto (e vontade) dele. Sinceramente, uma banda que o palco soa péssimo, eu também estaria cagando e andando pra mix no PA... Mais um motivo pra soar BEM.

Na condição de técnico da sonorização, minha obrigação é alinhar o PA, e não mixar. Não ganho cachê para mixar a banda X, muitas vezes nem o obrigado se ganha, e quando se dá um conselho (às vezes bem plausível) se passa por ruim. E quando vem resposta sinceramente, com muita falta de educação ou desprezo - e é aí que muitos técnicos chutam o balde e fodem com a banda.

Encarar o técnico de som próprio, como um gasto é totalmente errado, é um investimento para a banda. Mesmo que o cachê seja 100 reais por membro, é possível e viável cada um abrir mão de um pouco para ter o técnico. Em casos de cachês muito baixos, eu acho mais viável operar por porcentagem. Digamos 20% do cachê da noite para o técnico, os outros 80% se descontam os gastos, e divide pela galera.

Voltando a mixagem... Bom, se o técnico não puder estar presente por um motivo qualquer, e um dos músicos ficar responsável pela mix as coisas mudam. Acho que esse músico deveria estar OUVINDO O PA, via fones, e se acostumar assim - não é fácil, mas conheço vocalista que se ouve pelo PA.

Se quiser fazer um investimento, e que melhroa MUITO o resultado da mix por monitor, pode comprar uma placa de som e um note (muitos tem em casa isso já), e um mic de RTA como o Behringer ECM8000, DBX RTA-M. Quando chega na casa, liga o PA joga um pink noise (sample em WAV por favor), isso 5segundos bastam!
Com a curva de resposta em mãos, pode-se insertar um VST de eq da master de uma DAW que permita monitoração em real-time, e ter a mesma resposta do PA no fone. Basta jogar uma cópia da master pro in da mesa e ser feliz.

Óbvio que festival não funciona.

Ismah
Veterano
# mai/16 · Editado por: Ismah
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O vídeo é uma lista do que NÃO deve acontecer num palco, mas tem um técnico de som na história. Tá ruim? Ruim pra caramba, a acústica do lugar, a gravação, a posição do palco... Mas tá razoável o som!!! Isso já é um começo...

https://www.youtube.com/watch?v=PccgjSdvjrU

Um exemplo de ensaio que põe MUITOS shows no chinelo. Simplesmente por que o som vem pronto!

https://www.youtube.com/watch?v=Y9-E72FzQtQ

Ismah
Veterano
# mai/16
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Dica #4 - Captação

Senhores, acho que o passo mais importante sempre é e será a captação. Independente de ser um mic artesanal top pica das galáxias não sei o que, ou um mic XingLing qualquer, é deles que boa parte dos problemas e soluções surgem.

No sábado, o Eduardo "Edu" Coelho (Gravadora Acit), já tinha me deixado uma dica de ouro: tire o globo de um SM58 e ele vira (quase) um SM57... Mas precisava da certeza disso, e tive-a hoje. Descobri também que existe um pop-filter no 58, e que o segredo da "limpeza" do som dos SM's é o boost em 5kHz (lembre-se que são mic's dos anos 50!).

http://shureblog.co.uk/faq-whats-the-difference-between-the-sm58-and-t he-sm57/#.Vz6hT_krIoB

Faz algum tempo que vinha tendo problemas com timbres de guitarra soando extremamente agudos quando gravados, mas ótimos ao meu ouvido ouvindo do amp. Eu sabia que não era a captação, mas tudo parecia estar certo, mas soando errado.
Sentei, segunda na frente do amp e toquei... Chuta merda... Que som horrível! Aí caiu a ficha: agudos são direcionais! Eu não ouvia boa parte dos agudos por estar deslocado em relação ao amp, mas o microfone sim, pois estava em frente ao falante...

Então com base nisso eu coloco algumas ideias:

- Se forem comprar microfones para a banda, comecem por SM58 ou semelhantes, pois vocais são prioritários. Com o tempo comprem mais alguns, e na hora de microfonar um amp ou instrumento, removam os globos MAS NÂO GUARDEM SEM GLOBO, pois a cápsula fica muito exposta!. Isso não vai fazer deles SM57's mas vai chegar bem perto, e caso algum mic de vocal falhe, basta por o globo de volta e terá um mic de voz.

- Na bateria, deem preferência para o mesmo sistema, mesmo que num surdo ou bumbo eles não respondam adequadamente nas baixas frequências, fica novamente a opção de stand by, e na pior hipótese o importante da bateria é o "pum" o resto é detalhe.

- Quando forem timbrar seu instrumento, o façam de frente para as caixas que irão reproduzir o som, ou ainda, em um monitor com o amp já microfonado. Marquem com fita crepe a posição ideal para o mic.

- Em caso de instrumentos acústicos, onde a tendência é variar a proximidade é interessante que evite modelos 57 devido ao efeito proximidade. Para mais http://academiadoprodutormusical.com/blog/1654-efeito-de-proximidade/

Ismah
Veterano
# jun/16
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sandroguiraldo
Veterano
# jun/16
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Ismah
Uso um Arcano A58 pra microfonar o ampli da guitarra, tiro o globo também?

Ismah
Veterano
# jun/16
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sandroguiraldo

Não digo que deves tirar, mas é uma segunda opção com um mesmo mic, e a diferença é absurda.

Ismah
Veterano
# jun/16
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Mais um pouco de bandas fodas... A extinta (?) Lucille Band de Caxias do Sul (DeRos deve conhecer mais que eu sobre eles) lá nos anos 90.

https://www.youtube.com/watch?v=GRNh9FWZpek&list=PLpnDSKt_xr0XUX76CbWK _mF_QZd87YxbJ

Ismah
Veterano
# jun/16
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Um canal voltado a fail's dos rockstars

https://www.youtube.com/channel/UC7fJdvpDD7OkYUQFgdmkaxA

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