Adler3x3 Veterano |
# out/13 · Editado por: Adler3x3
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Não é questão de complemento ou não.
A voz é o principal instrumento dos seres humanos. Além do timbre (som) transmite mensagens, nenhum outro instrumento tem esta capacidade.
E é bom esclarecer alguns pontos. O formato atual das músicas que tocam na maioria das mídias é o da Canção.
Canção é Canção. E tem que valorizar a letra sim, quanto mais expressiva melhor. É uma Canção.
A parte instrumental tem que acompanhar o cantor.
As músicas modernas que tocam nas rádios são baseadas em canções. E as canções são versos ou poesias.
E a melodia é baseada na canção em primeiro lugar. O compositor cantor ao cantarolar cria a melodia. Muito embora muitas vezes o processo de composição seja o inverso, ou seja se cria a melodia para depois se criar a letra. Ou se cria a letra primeiro e depois a melodia. Mas a melodia sempre tem que ser feita para que um Cantor conforme o Tom da música consiga alcançar todas as notas. E para os outros instrumentos é feita uma harmonia de forma a sempre priorizar quem esta cantando, e que jamais sobreponham e deixem a voz num segundo plano (exceto em pequenos trechos que se queira criar um efeito especial). Assim o processo de criação de melodias é diferente do processo de melodias da música instrumental. Além do trabalho do músico arranjador que cria todas as harmonias, que fazem com que a música atinja um nível superior. Mas na maioria dos casos a melodia nasce com o cantor. A música puramente instrumental tenta imitar a voz numa peça, onde também a troca de vozes, de instrumento solo para outro, e até melodias simultâneas (como também acontece no canto). Muito embora tudo seja relativo e existam peças que contém mais harmonia do que melodia. E a soma de harmonias é que acaba gerando uma melodia geral, que fica meio oculta. Lembrem muitos instrumentos musicais no conjunto de uma peça são chamados também de "vozes", porque vozes? É claro que com o desenvolvimento da polifonia através da criação de diversos tipos de instrumentos a coisa não é tão simples assim. A música instrumental tem o seu papel e depois de certo ponto na história começou a ter um caminho independente da voz. E assim em certos casos de música puramente instrumental fica difícil fazer a transposição para vocal, muito embora a voz seja o instrumento mais completo. O próprio Bach considerado pela maioria dos críticos musicais como o maior compositor de todos os tempos criou música para vocais. As suas melhores músicas foram transportadas do vocal para o instrumental, seja por orquestra ou até um órgão. As melhores poesias e versos da antiguidade preservados até os dias de hoje, tem na Bíblia, como um bom exemplo os Salmos, que eram na verdade versos musicais, acompanhados pela Lira ou Harpa. Da mesma forma os cantos hindus de remota antiguidade. E versos são constituídos de palavras, que por si só expressam os sentimentos humanos, ou seja expressam os pensamentos de forma mais clara para quem ouve a voz ou lê. A voz é a expressão da inteligência se manifestando. A música é resultado desta expressão. Primeiro veio a voz, depois veio a escrita. Não tem como separar, e nem criar problemas onde não existem problemas e nem contradições, me referindo a teoria musical em si mesma.
No começo era só a voz, depois acompanhada de um único instrumento como nas canções folclóricas, que mais adiantes foram evoluindo por outras influências até chegar na canção moderna. As canções seguem uma forma de composição em vários estilos em que a letra queiram ou não é fundamental, sem letra não temos canções. E assim dizer (como foi escrito num post anterior deste tópico) que "é triste essa nossa visão de que música é acompanhamento para poesia". Esta frase não faz o mínimo sentido, onde já se viu numa Canção querer tirar fora ou simplificar demais a letra e até tirar fora o Cantor, se a música é originária de uma Canção. A letra quanto mais caprichada melhor, quanto mais conteúdo e sentido do todo melhor, afinal toda a canção tenta passar uma mensagem, e isto não se consegue priorizando uma letra pobre. São duas artes se completando, fora a arte visual que também conta, e outras artes como a dança também. E a verdadeira arte sempre pode ser combinada com outras artes para melhor expressar o pensamento humano.
É claro uma coisa é uma poesia declamada, outra coisa é uma poesia colocada numa letra de música, são duas técnicas de escrever totalmente diferentes. Toda canção é baseada em versos, sejam consideradas pura poesia ou não, ou meras letras feitas sem muito critério e destituídas até de sentido. Sem versos não existe Canção, e esta expressa os sentimentos humanos.
E assim na canção o personagem principal é o Cantor (a) ou Cantores (as) sejam duetos, trios etc. E hoje em dia existem muitos cantores medíocres que contam na sua banda com outros cantores num nível bem superior no backing vocais além de outros instrumentistas que salvam a pátria e dão sustentação a música na hora das apresentações ao vivo. Se o bom senso da técnica musical prevalece-se o certo era um dos membros de backing vocais sair do seu lugar e assumir o posto de cantor. Só que o cantor titular tem charme, tem carisma, é bonito e tal, e a mídia já investiu muito dinheiro na imagem dele. E o outro que sustenta o som e mantém a afinação de verdade é careca e barrigudo, mas deve ter uma participação discreta no palco. É obvio que salta aos olhos a primazia dos cantores sobre os outros músicos, principalmente os promovidos pelos empresários e mídia atual, onde temos a figura do cantor e dos demais músicos profissionais como simples acompanhantes, e em alguns casos podemos dizer como meros empregados. E assim a mídia se centra nos cantores transformando por marketing em estrelas (Star), o que faz parte dos produtos comerciais, e a música que toca na mídia é comercial em essência, mas sempre lembrando que é uma canção e neste formato o cantor é o mais destacado, e é compreensível o destaque que se dá a ele em detrimento dos outros músicos. E muitas vezes estes ditos "meros" acompanhantes no processo musical acabam criando solos e outras partes da música, e não recebem o devido crédito na composição. Bom exemplo disto ocorreu no Procol Harum no grande sucesso de "A whiter shade of pale", onde inicialmente o tecladista que teve uma participação fundamental no sucesso da música não recebeu nenhum crédito pela composição da canção, em que ele usou e na verdade adaptou uma melodia/harmonia de um outro compositor J. S. Bach da era barroca, e teve os seus direitos reconhecidos somente décadas depois. Claro numa banda com músicas de autoria própria a primazia é diferente ,e a relação entre os músicos mais equilibrada, onde conforme o estilo os instrumentistas são mais valorizados até que o cantor. E toda e qualquer banda tem sempre um líder, tem que existir um equilíbrio, pois caso contrário a banda se dispersa. São poucas as bandas que tem um equilíbrio entre os seus membros em que impera a harmonia. E o mais valorizado de todos pode e deve ser o compositor que pode ser um instrumentista, mas que na hora de compor uma canção, canta, muito embora depois o cantor da banda que vai desempenhar. Recentemente um vocalista de um banda de metal esteve no Brasil com músicos totalmente diferente da formação original (Queenryche). Que foi expulso da Banda original justamente por causa dos membros acharem que o vocalista tinha privilégios em excesso. E isto explica em parte um problema que talvez vocês não tiveram as palavras certas para expressar a sua indignação. Mas canção é canção, e nos dias de hoje o que mais se ouve é canção. E muitos críticos comentam que hoje em dia o processo de criação esta esgotado, e existe pouca inovação. A solução esta em incorporar mais elementos da música instrumental a canção. A música instrumental fica num segundo plano, muito embora existam músicas instrumentais que são baseadas no formato de canção. E também existem outras formas variantes em que a música é mais instrumental, muito embora também tenham vocais. E o problema do Rock Brasileiro, que tem qualidade sim, não é por causa da letra, isto é uma visão muito simplista, tem outros elementos envolvidos que não cabe aqui detalhar, talvez num outro tópico. Assim a música tem a parte instrumental e a vocal (primeiro instrumento musical natural), e que deveria existir uma melhor distribuição da renda entre os músicos.
Mas é assim mesmo, quem é do ramo profissional pode explicar melhor esta situação.
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makumbator Moderador
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# nov/13
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Não li todas as postagens do tópico, mas o que eu em geral busco ao ouvir uma música (independente do estilo, e ouço de death metal old school a música erudita, passando por choro, tango, jazz, brazilian jazz e mais um monte de coisas) é meramente prazer estético.
Não sou daqueles que fica analisando tudo que ocorre em uma gravação. Gosto de me sentir imerso na música, justamente para tentar extrair dela o que para mim é mais importante: o efeito estético da obra. Só paro para analisar se eu quiser tocar/arranjar/estudar a referida música. Aí sim me debruço sobre os aspectos mais técnicos dela.
No fim das contas, acabo preferindo muito mais música instrumental do que cantada. Apesar de também apreciar obras com voz, se eu tivesse que escolher para ouvir apenas um dos dois tipos até o fim da vida, escolheria música instrumental sem sombra de dúvida!
Adler3x3 Recentemente um vocalista de um banda de metal esteve no Brasil com músicos totalmente diferente da formação original (Queenryche).
Existem dois Queensryche no momento..hsahsa! Um com o vocalista original + músicos novos e outro com os músicos originais (sem contar aquele guitarrista da formação clássica, que já saiu há muitos anos) + um vocalista novo. Inclusive estão em batalha judicial pelo nome.
Comprei o CD novo dos músicos originais, e senti neles mais do antigo Queensryche do que a versão apenas com o vocalista antigo + músicos novos.
Para mim os instrumentistas é que ficaram com a "vibe" do Queensryche original. A versão do vocalista antigo me soa como banda cover!
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