Qual a diferença da Les Paul de 57 pra de 59

Autor Mensagem
Dr LOHBU
Membro Novato
# mar/14


queria saber se a alguma diferença do modelo standard de 57 pro de 59, no corpo, no braço... ou então alguma vantagem que uma possa ter sobre a outra tanto nas Gibsons quanto nas Epiphones!

MMJr
Veterano
# mar/14 · Editado por: MMJr
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A diferenca e de 2 anos...

Delson
Veterano
# mar/14 · Editado por: Delson
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MMJr
Além de dois anos, creio que temos ainda a cor, a espessura do braço, os trastes, a construção e o tipo da madeira do top, dentre outros paranauês que o MMI pode responder mais precisamente.


Dr LOHBU
Nas Epiphone, creio que essa diferença não seja tão perceptível, mas nas Gibson, cada uma tem as características que as fazem diferentes uma da outra.

MMI
Veterano
# mar/14
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a construção e o tipo da madeira do top, dentre outros paranauês que o MMI pode responder mais precisamente.

Então vamos aos paranauês... kkkkkk (homenagem ao amigo Delson)

A primeira e talvez mais óbvia diferença é que a 57 é goldtop. Até 58, tinha a standard goldtop e a custom preta, além de modelos inferiores. No segundo semestre de 58 a Gibson lançou a pintura burst, talvez porque a Fender havia lançado stratos com um novo 3 tone sunburst. Em julho eles apresentaram o primeiro protótipo de Les Paul com pintura burst, chegou ao mercado lá para setembro/outubro.

Como a goldtop tinha pintura sólida, a Gibson não se importava muito com a madeira do top. Usavam geralmente 3 pedaços de maple aleatoriamente. Dá para ver muito claramente nas poucas que receberam um refinish e ganharam pintura translúcida, a Lucy que foi do Clapton e do George Harrison mostra bem isso, era uma 57. Quando passou a ser translúcida, cherry sunburst, tiveram que correr atrás de maple figurado (chamam de fiddleback maple) para fazer com uma emenda central e bookmatch. Os fornecedores não estavam preparados para fornecer isso, foi difícil conseguir nas madeireiras, não puderam escolher só os quartersawn, tiveram que aceitar também os riftsawn, flatsawn e eventualmente até uns plain maple. Mas conforme o tempo foi passando, nas 59 e 60 o fornecimento já estava mais estabelecido e na média ganharam um top mais figurado e mais para quartersawn, mas se acha tampos bem menos figurados em algumas 60 que em algumas 58, fica claro que isso é uma média.

Falando em "média", a outra diferença marcante é o braço. Na média, os braços entre 58 e 60 foram afinando. Não havia CNC, não havia um padrão bem estabelecido para o braço, cada luthier fazia do jeito que lhe parecia bom. Então há 57/58 com o braço mais fino que 60, mas em geral houve um afinamento dos braços. Nas reissue ele fazem isso de forma bem marcante, hoje há o padrão de cada ano e todas ficam próximas deste padrão. Então, para concluir, numa R7 espere um braço bem gordo, maior que numa R9.

Agora vamos para outras diferenças mais sutis...

Até 59 as Les Paul ganhavam trastes mais finos. No meio de 59 a Gibson começou a usar trastes maiores, a mudança começou a partir do serial 9 0600 mais ou menos.

Houve uma recolocação do logo no headstock quando as Les Paul passaram a ser sunburst.

O "heel" na junção do braço com o corpo diminuiu, então espere numa 59 algo bem menor que numa 57.

Os captadores recebiam um cover de metal. O cover funciona como um "tone filter" deixando o som com menos brilho e "mais doce". Alguns retiravam o cover de metal. A Gibson usava até 59 peças para captadores pretas. Em 58, o Seth Lover recebeu uma ligação do fornecedor porque estavam com baixos estoques de plástico preto. O Seth Lover autorizou o fornecimento de plástico creme, o mesmo do "mounting ring" dos captadores, já que ficavam escondidos debaixo do metal. Em 59 começaram a sair PAF`s com este plástico, lançando os "zebra pickups". Eventualmente saíram captadores todos brancos também. Os captadores recriados com base nos PAF`s são complicados... Os próprios PAF não seguiam um padrão, tanto no imã (Alnico 2, 3, 5, usavam o que tinham a mão) tanto em número de voltas. Há também uma questão do envelhecimento do Alnico. Para não me alongar, senão isso aqui vai longe (se quiserem eu conto uma hora), nas reissue são usados diferentes captadores, atualmente são os burstbuckers ou custom buckers. Mas alguns projetos custom podem receber outros, uma signature andou saindo com captadores Ron Ellis, ultra bem feitos, fiéis e cheios de segredinhos. Dizem ser espetaculares estes captadores.

Até 65 todas as partes de metal (o que era prateado) eram banhadas a níquel, que tem um brilho mais difuso do que quando é cromado e dá um "ar vintage". A ponte e o cordal eram feitas a mão, então de novo, cada peça era única. Em 55 o Ted McCarty inventou o que foi oficialmente chamado de Tune-O-Matic e recebeu o "part number" ABR-1. A base da ponte era uma liga de zinco e os saddles de latão (liga de cobre e zinco), tudo banhado a níquel. O tailpiece era de alumínio banhado de níquel. O alumínio havia sido escolhido pelo peso, mas como era um processo trabalhoso niquelar o alumínio, mais tarde trocaram para uma liga de zinco. Isso dá diferença no som!

Em linhas gerais são estas as diferenças. Não espere este nível de detalhes numa Epi, alguns detalhes so nas Gibson Reissue e uns poucos só nas Tom Murphy.

Chega, né? kkkkkk

MMI
Veterano
# mar/14
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Só complementando...

Nas Reissue a Gibson usa potenciômetros diferentes, assim como capacitores bumblebee. Os Bumblebee atuais não são iguais aos vintage... Os pots vintage tem uma curva mais suave que os atuais, eu acho mais legais, se bem que provavelmente o Jeff Beck não acha. rs

Dr LOHBU
Membro Novato
# mar/14
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Eu tenho vontade de Comprar uma Epiphone Standard 1957 Gold Top. Será que o braço mais grosso é uma desvantagem pra solar mais rápido?

Hammer
Veterano
# mar/14
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MMI

E ai como esta a GAS este ano? fala nisso já testou alguma les paul traditonal 2014?
Abs.

MMI
Veterano
# mar/14
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Hammer

GAS? Acho que não sofro desse mal... Será? kkkk

Este ano chegou um amp Fender Twinolux e em breve vai chegar uma guitarra muuuuito especial. No mais estou quieto. ;-)

Delson
Veterano
# mar/14
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Dr LOHBU
Epiphone Standard 1957 Gold Top
Ela é uma 1957 só no nome. É uma Epiphone Les Paul Standard comum.

Lelo Mig
Membro
# mar/14
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Dr LOHBU

Além dos "paranauês" citados pelo MMI, coloca como mais uma diferença uns 2 a 4 mil doláres....hehehe

Gilberto Juba
Veterano
# mar/14 · Editado por: Gilberto Juba
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MMI

Se puder fale um pouco sobre gibson 50´s wiring.

Parece que nem as Reissue tem essa ligação. Já teve a oportunidade de testar?

Seus posts são sempre interessantes.

Abraço!

MMI
Veterano
# mar/14
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Gilberto Juba

Nessa você me pegou... rs

Eu já toquei em Gibson da década de 50, já li que tem mais de 1 wiring que chamam de 50`s. Mas nunca parei para fazer comparações a respeito disso, confesso que em matéria de mexer em guitarra, o ferro de solda é o que eu menos gosto. Claro que sei fazer, tenho aqui, já fiz, mas não curto. Então já testei sim, mas tem questão de pots diferentes, detalhes diferentes de cada guitarra, não vou me arriscar a falar bobagem... ;-)

Uma coisa eu posso te garantir. Minha Gibson R9 Murphy tem o wiring no padrão "modern" como o esquema que você mostrou.

Gilberto Juba
Veterano
# mar/14 · Editado por: Gilberto Juba
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MMI

De certa forma, uma R9 do cacife da Tom Murphy sair no pradrão "modern" já é um indício do chamado 50's wiring não ser uma característica importante, acho que não existia um padrão.

Por outro lado, vi relatos positivos sobre o tom vintage desse esquema. Acho que pode ser uma questão de preferência pessoal e deve variar muito de acordo com outras especificações da guitarra.

Também não gosto do ferro de solda, mas parece simples essa modificação, ainda vou testar.

Delson
Veterano
# mar/14
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MMI
Andei observando que as Reissue têm um tal de "Maple Spline", no braço, se eu não estou enganado, fica entre o tensor e a escala. Serve pra dar mais resistência ao braço? Alterar o timbre? As originais tinham esse detalhe?

MMI
Veterano
# mar/14 · Editado por: MMI
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Delson

Cara, essa você tirou do fundo do baú, super detalhe... rs

O "maple spline" tinha das antigas sim. Altera sim o timbre e não foi com a colocado lá para dar mais resistência provavelmente, mas acaba que provavelmente dê mais resistência sim.

Não sei o que o pessoal aqui entende disso e de tensor, então vou explicar mais ou menos... Na Gibson se usava o tensor simples (hoje se chama de vintage), onde o braço recebia uma canaleta debaixo da escala para instalação do "parafusão" do tensor e precisava de uma madeira (maple spline) para escorar e deixar o tensor arqueado para fazer sua função. Acho que esta foto ilustra isso. Então ele foi colocado ali para formar o sistema do tensor, mas acaba por servir como em reforço estrutural e deve ter alguma influência no timbre.

O que acontece é que houve muitas mudanças nisso. O parafuso do tensor mudou de lugar com os anos, em 68 relançaram com o cover no headstock quase tocando no nut, talvez por uma alteração do ângulo do headstock em relação ao braço. Alguns bons luthiers já me falaram que esse tensor vintage é mais difícil de fazer, dá mais trabalho, só que dá melhor som comparado ao tensor duplo mais moderno. Se retira menos madeira com o tensor vintage, lembrando que o braço é a parte onde mais mexe com o timbre e envelhecimento. Dizem que a diferença no timbre é significante, com certeza a diferença no envelhecimento do instrumento é bem diferente.

O problema é que o tensor vintage não suporta tão bem os 40, 50 anos de uma guitarra vintage. Alguns luthiers afirmam isso para justificar o uso de tensor duplo, por aguentarem mais.

Nas guitarras da década de 50, com tensor vintage, os braços se deformaram segundo 2 padrões... Só lembrando, um braço tensionado tem áreas de compressão e alongamento nas paredes das células da madeira. Com os anos, a madeira perde a elasticidade por perda de água e cristalização de componentes.Ela tende a "memorizar" a posição mesmo se a tensão das cordas for relaxada, fica mais solidificada.

O padrão 1 seria um arqueamento, ou seja, forma um arco com a tensão das cordas, mesmo com a força contrária do tensor.

O padrão 2 chamam de "neck rise", é uma "barriga" que sobe em direção às cordas na região do 13o traste mais ou menos. É ali que por baixo a madeira do braço aumenta para encaixar no corpo e formar o "heel". Do 16o traste em diante o braço faz parte do corpo, colado, o heel é mais grosso e suporta mais tensão. A razão é que no 12o e 13o traste a tensão do braço subitamente aumenta porque é o ponto de apoio, formando um fenômeno que chamam de "concentration of stress". A energia de deformação (tensão das cordas) se concentra onde há mudança de rigidez, por isso o braço continua colado à escala, mas sobe. Então esta parte se deforma e solidifica, influenciando no timbre. Se é algo bom? É discutível...

Todas essas deformações nas guitarras vintage traduzem numa mudança do ângulo do braço. Todo este conjunto é usado, entre outras coisas, para explicar o som das guitarras vintage.

Desculpe se ficou longo ou complicado, mas tudo isso tem a ver com a questão de "maple spline", tensor, resistência do braço e envelhecimento.

Abraço

MauricioBahia
Moderador
# mar/14 · Editado por: MauricioBahia
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Valeu MMI!

Uma verdadeira aula!

Abs!

ps. MMIpédia? hehe

Delson
Veterano
# mar/14 · Editado por: Delson
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MMI
Desculpe se ficou longo ou complicado, mas tudo isso tem a ver com a questão de "maple spline", tensor, resistência do braço e envelhecimento.

E ainda pede desculpas por dar uma SENHORA AULA, como bem disse o MauricioBahia.

Sou MUITO curioso sobre a construção de guitarras, principalmente a Les Paul, para com a qual eu tenho um carinho muito especial.

Mas, já que esse tópico virou um Vade Mecum da Les Paul, que tal adicionamos mais uma questão? Hide Glue X Titebond. A Gibson está usando a Hide Glue na junção do braço com o corpo (e, se eu não me engano, na colagem da escala também) das Reissue. Na colagem do top, provavelmente ainda usam a Franklin Titebond. Qual seria a "maravilha" que a Hide Glue proporciona, além de um visual mais "clean" na colagem?

Por favor, MMI, não me mate, kkkkkkkkkkkk

erico.ascencao
Veterano
# mar/14
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MMI
Cara, esta planilha que você postou com dados de diversos exemplares contém dados de alguns ou de todos os exemplares? Só existem 8 LPs 1958 na face deste planeta?!!

MMI
Veterano
# mar/14
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Delson

Qual seria a "maravilha" que a Hide Glue proporciona, além de um visual mais "clean" na colagem?

A maioria dos luthiers top usam a Titebond. Mas não posso falar muita coisa sobre isso...

erico.ascencao

Cara, esta planilha que você postou com dados de diversos exemplares contém dados de alguns ou de todos os exemplares? Só existem 8 LPs 1958 na face deste planeta?!!

Existem poucas 58 burst, porque como eu disse elas eram goldtop até o primeiro semestre. Em julho mostraram um protótipo burst na Namm e chegou ao mercado lá para setembro, outubro. Aliás, a Les Paul 58 #8 3324 feita exclusivamente para a Mary Ford, esposa do Les Paul, eu acho sensacional, tanto que fizeram uma série limitada. Mas tem bem mais de 8 LP`s 58 burst documentadas. Talvez não foram medidas pelo Yasuhiko Iwanade, mas fotografadas foram.

Em todo caso, este artigo responde melhor sua pergunta, não?

MMI
Veterano
# mar/14
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MauricioBahia

Ainda bem que o modera não levou a mal... O cara queria saber de Epi! rs

MMI
Veterano
# mar/14
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erico.ascencao

Uma observação: tem ao menos 1 burst 58 no Brasil. O cara comprou numa época que era possível achar essas pérolas pelo mundo, como diz o artigo, no sótão de alguém. Não consta do livro, mas está aqui em São Paulo e é real, verdadeira.

EduJazz
Veterano
# mar/14
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MMI

Já me disseram q o Edu Fullertone se baseou nos caps. de uma 58 "de verdade" pra fazer os paf dele. Será que é essa q vc citou?

MMI
Veterano
# mar/14 · Editado por: MMI
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EduJazz

Exatamente essa, eu conheço o cara, é do Marcus Rampazzo. Foi essa mesma, inclusive foi levada a guitarra do Felipe para ser comparada lado a lado. O comentário dele foi: "parabéns, vocês chegaram lá". Para quem conhece o cara, quer dizer muito... kkkkkk

EduJazz
Veterano
# mar/14
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MMI

Você chegou a tocar na bixinha? Será que ela fica guardada num cofre? Quanto você estima que vale a guitarra!

É, lendo isso só aumenta o amor que eu tenho pela minha!

MMI
Veterano
# mar/14
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EduJazz

Apesar de ter vários convites, nunca deu certo de ir lá, infelizmente. Ela não fica num cofre, o maluco tem aquelas guitarras ali, recebe visitas, deixa tocar. Não sei quanto valeria aquela guitarra, é muita grana com certeza, mas não saberia dizer.

Gilberto Juba
Veterano
# mar/14
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MMI
O Marcus Rampazzo é um dos maiores especialistas em instrumentos vintage do país e o maior em beatles. Tive a oportunidade de conhecer a coleção dele no fim dos anos 80, na época eu tinha uma banda que tocava basicamente beatles e stones e todos faziam aula com ele, menos eu que era baterista. O cara já deu aula pra meio mundo..

Gilberto Juba
Veterano
# mar/14
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Olha a 58 GT do Marcus


MauricioBahia
Moderador
# mar/14
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Gilberto Juba

Sensacional!

Valeu!

ps. essa música é uma obra prima!

erico.ascencao
Veterano
# mar/14
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EduJazz
Quanto você estima que vale a guitarra!
Olha, a ordem de grandeza deve ser mais ou menos essa. Eu chutaria no mínimo uns US$20k.

EduJazz
Veterano
# mar/14
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erico.ascencao

Aaaah eu acho que a 58 vale mais. A aura em torno das 58-60 é a maior de todas. Mas aí só o MMI pra dirimir a dúvida!

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