A casa caiu para a Gibson? Governo dos EUA investiga.

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vintagentleman
Veterano
# ago/12
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Pessoal,

Eu moro na Amazônia e infelizmente vejo que pelo tamanho do território e pela falta de pessoal a fiscalização das derrubadas ilegais e do transporte irregular de madeiras (toras enormes, do tamanho de casas) é incipiente.

Já vi esses caminhões de toras, mas soube que num plantão da Rodoviária aqui tem três policiais, por exemplo. Outra coisa, já ouvi falar de documentação ilegal para transporte de madeira.

Na prática, num interior daqui madeira "de lei" custa quase nada. E como já disseram, a utilização não é nada nobre, como seria a fabricação de instrumentos musicais...

conandrade
Veterano
# ago/12
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Essa notícia lamentável gerou algumas questões, bastante leigas, de minha parte. Deixando a questão da preservação de lado, seriam as madeiras que usamos hoje, de fato, as melhores madeiras possíveis para confecção de um instrumento? Será que não existem "melhores" e mais desconhecidas? O Pau-Brasil por exemplo, seria uma madeira boa pra instrumento? Seria o conceito "melhor" completamente abstrato? Como é isso? Será que o que temos por qualidade, é tambem, fruto de marketing? Digo: "o ébano é melhor que o cedro!"; ou "a marca X usa um maple melhor que a marca Y..."

Evidentemente a tendência disso é piorar para quem quer ver um instrumento feito à mão e com peças nobres. Principalmente com todo esse papo de sustentabilidade rolando, mundo mais verde e toda aquela coisa (nada contra!). Mas... não sei, se hoje já estamos lidando com alternativas, como no caso do "Baked Maple" ao invés de Rosewood nos fretboards da Gibson, é pq as coisas não estão muito legais... imagino nos próximos 20 anos. (Fica a questão: baked maple é melhor/pior que rosewood? pq?)

Ia lamentar muito ver outras gerações escutando guitarras de acrílico! rs

conandrade
Veterano
# ago/12 · Editado por: conandrade
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vintagentleman
A população daí tem que fazer barulho sobre isso (e muito mais). É coisa séria demais e nego não vê! Não tá nem aí! Assistimos novela enquanto há um julgamento de mensalão.

Esse Brasil é muito desunido e isso é de propósito. Não é a toa que a capital é em Brasília, longe de tudo e de todos: ali ninguem atrapalha. REFLITAM.

Aqui no Rio de Janeiro, zona 'nobre', ninguem ouve falar do que há por aí, ou no Nordeste ou do Sul, nos noticiários. No máximo São Paulo e Minas. É como se vcs fossem o "resto". Sem sacanagem. Nego só quer saber de futebol e mulher gostosa.

MMI
Veterano
# ago/12
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conandrade

seriam as madeiras que usamos hoje, de fato, as melhores madeiras possíveis para confecção de um instrumento?

Sim, de certa forma. Existem algumas alternativas interessantes, aqui mesmo no Brasil e suas florestas. Mas existe algo de tradição na construção de guitarras.

O Pau-Brasil por exemplo, seria uma madeira boa pra instrumento?

Segundo especialistas, não é. É o que há de melhor para arcos, mas não para o instrumento em si. E é outra madeira em vias de extinção, proibida de comercializar.

Seria o conceito "melhor" completamente abstrato? Como é isso? Será que o que temos por qualidade, é tambem, fruto de marketing?

Um pouco abstrato, mas com vários pontos concretos. Vale a densidade, fibras, ressonância, facilidade de trabalho, visual, resistência, toque. Há algo de marketing (ou melhor, tradição), onde dizem que madeiras brasileiras chegam a ser melhores que as tradicionais tonewoods, mas perdem na tradição.

Dos materiais sintéticos, são muito poucos os que chegam a ser bons para instrumentos. Um é a fibra de carbono, mas é cara e difícil de manusear. Já experimentei alguns instrumentos desse material, como violões Adamas, são excelentes. Há 2 semanas me impressionei muito com um violão Rain Song todo desse material, onde pela rigidez do carbono dispensa o bracing e dá muito som.

Apesar de ser de SP, vejo muita gente prestando muita atenção nas regiões mais distantes do Brasil, onde existem muitas oportunidades, e fazem muita grana com isso.

vintagentleman
Veterano
# ago/12
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conandrade

Pois é cara, é muito triste, mas a verdade é que a situação do desmatamento é muito complexa vista daqui. Tem muita gente pobre que vive disso por estas bandas e muito vagabundo rico que se aproveita da situação.

Tem que dar para o povão alternativas de subsistência, investir na educação, prover a Amazônia de infraestrutura para quem quer produzir de forma sustentável, embora até isso seja falacioso, ou seja é sustentabilidade "para inglês ver".

Quem mora no Brasil mais desenvolvido não tem nem ideia do que acontece por aqui. Dá um desespero às vezes, parece o "Velho Oeste", parece uma terra sem Lei...

É uma corrupção monstra e descarada e muitos do povo são malandros também, porque elegem uma verdadeira cambada vendendo seus votos e ficando depois "clientes" de assistencialismo, populismo e outros "ismos" horríveis.

Acredite que o problema seríssimo do desmatamento por aqui vai parar lá no fim das prioridades, tamanhas são as outras mazelas.

E voltando ao tópico, se a Gibson entende que o mogno é o máximo, que o ébano é uma panaceia musical, então que desenvolvam tecnologias de reflorestamento dessas madeiras que permitam suprir as necessidades de sua produção, que plantem para depois utilizar essas matérias primas.

Eu também não quero guitarras de plástico e não sou santo, já comprei um pedaço maciço de freijó (suficiente para um corpo de guitarra) por vinte reais. Não quis nem saber de onde veio...

E ainda cheguei a dizer em tom jocoso "tá aí um bom motivo para derrubar uma árvore!"

Mas isso não está certo e não é engraçado, já pensou se todo cara que toca guitarra quisesse fazer o mesmo?

Só que mudar costumes é muito difícil, é um processo longo e muitos dizem que a natureza não vai conseguir esperar.

E todo mundo vai acabar pagando a conta, não é mesmo?

conandrade
Veterano
# ago/12 · Editado por: conandrade
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Coisa estranha: vi nos "últimos posts" antes de entrar que tanto o MMI quanto o vintagentleman postaram depois de mim, aqui. Quando entro no tópico... o último post que vejo é o meu "há 7 horas".

EDIT:

Depois que postei isso, apareceu tudo... eu hein!

vintagentleman
Veterano
# ago/12
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conandrade

"Coisa estranha: vi nos "últimos posts" antes de entrar que tanto o MMI quanto o vintagentleman postaram depois de mim, aqui. Quando entro no tópico... o último post que vejo é o meu "há 7 horas"."

Isso acontece comigo também quando acesso a página pelo meu smartphone android, mas no PC não...

Del-Rei
Veterano
# ago/12
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vintagentleman
investir na educação

No dia que isso acontecer, os problemas do mundo acabam.
Mas a miséria é muito mais rentável.


vintagentleman
É uma corrupção monstra e descarada e muitos do povo são malandros também

Os grandes ladrões, políticos, são basicamente pessoas do povo com o poder. Se tirassem todos os ladrões do poder e concedessem o poder ao povo, continuaríamos vivendo num país podre.


Acredite que o problema seríssimo do desmatamento por aqui vai parar lá no fim das prioridades, tamanhas são as outras mazelas.

Infelizmente esse "problema" existe porque é conveniente (a muita gente) que exista. Não é por falta de interesse... Muito pelo contrário.


E voltando ao tópico, se a Gibson entende que o mogno é o máximo, que o ébano é uma panaceia musical, então que desenvolvam tecnologias de reflorestamento dessas madeiras que permitam suprir as necessidades de sua produção, que plantem para depois utilizar essas matérias primas.

A culpa é nossa, que entre uma LP com escala em Rosewood e uma com Backed Maple, escolheríamos a com Rosewood, haha.


E todo mundo vai acabar pagando a conta, não é mesmo?

Já estamos pagando..................

Um aceno de longe!!!

Curly
Veterano
# ago/12
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conandrade

Coisa estranha: vi nos "últimos posts" antes de entrar que tanto o MMI quanto o vintagentleman postaram depois de mim, aqui. Quando entro no tópico... o último post que vejo é o meu "há 7 horas".


de uns meses pra cá, vc tem que estar o tempo todo com login feito no forum, senão, vê apenas um conteúdo bem defasado.

vintagentleman
Veterano
# ago/12
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Del-Rei,

Parece que nessa questão de mudança de costumes, atrapalham muito as paixões dos homens...

Veja, eu sou apaixonado por guitarras e minha verdadeira obsessão me fez vacilar em relação aos problemas ambientais do planeta...

Eu não sabia do problema da Gibson quando comprei a minha e me pergunto se faria alguma diferença se soubesse... Gibson é sonho!

O mesmo ocorre em relação aos carros, que "brasileiro é louco por carro" que "people love their cars", que "la macchina è bella" etc, e assim as emissões de gases do efeito estufa vão aumentando e o espaço e a mobilidade diminuindo...

Mas automóvel é paixão, simbolo e ideal de liberdade etc.

São valores das pessoas, e para mudá-los... Dói, literalmente.

Abraço

MMI
Veterano
# ago/12
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vintagentleman

E voltando ao tópico, se a Gibson entende que o mogno é o máximo, que o ébano é uma panaceia musical, então que desenvolvam tecnologias de reflorestamento dessas madeiras que permitam suprir as necessidades de sua produção, que plantem para depois utilizar essas matérias primas.

Veja, isso é um problema de todos os luthiers do mundo, não só da Gibson. O pessoal tende a achar que a Gibson é uma super-potência, bilionária. Não vou dizer que é pobre e pequena, mas não é essa maravilha toda, tanto é que já quebrou algumas vezes e quase quebra com esse rolo.

A Gibson compra madeiras de terceiros, especialmente da Luthiers Mercantile. Raras empresas do ramo, como a Taylor, investem diretamente na produção de madeiras. Tanto é que a Taylor é dona da maior empresa de fornecimento de ébano atualmente, que vem de Camarões, já que o excelente ébano do Gabão praticamente parou de ser fornecido e o de Madagascar parou, foi o que deu esse rolo todo. Talvez você não tenha lido o link que mostrei ali atrás, é muito interessante e mostra porque Bob Taylor resolveu usar ébano claro em seus instrumentos. De toda forma, dá uyma olhada nesse vídeo e reflita um pouco...



No caso, os caras estão pegando spruce nos confins do Alaska, mas não é tão diferente para as outras madeiras. Repare que fazem uma operação complexa, com helicópteros, atrás de madeiras para os violões. Note que se trata de uma árvore de 300 anos. Como uma empresa média como a Gibson vai comprar uma fazenda na América do Sul para plantar mogno, uma na África para plantar ébano, uma no Alaska para plantar spruce e uma nos EUA para plantar maple (para ficar com poucas madeiras, faltaria rosewood e poplar para ficar só nas madeiras comuns de linha deles, deixando várias outras para trás). Nessas fazendas vão plantar árvores para serem cortadas daqui a 300 anos se tudo der certo, mas vão precisar cuidar, pagar impostos, vigiar para não ser roubado, evitar queimadas nesse tempo. Isso se nesse tempo não for proibido o corte. Ou seja, é absolutamente inviável um investimento de 300 anos e é aí que fica difícil. Honestamente não vejo solução para instrumentos que usam madeiras de 100-300 anos, acho que vai acabar isso aí.

vintagentleman
Veterano
# ago/12 · Editado por: vintagentleman
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MMI,

É muito interessante o projeto de sustentabilidade da Taylor. Eu não conhecia realmente, mas talvez deva servir como referência.

Obviamente, quando me refiro à Gibson, a reflexão serve para todas as outras empresas da área e melhor explicando, alguém terá que reflorestar ou desenvolver tecnologias que possibilitem a existência comercial dessas madeiras maravilhosas, ainda que em menor escala, mesmo daqui a trezentos anos.

Outra opção são os materiais sintéticos citados, mas daqui a séculos as pessoas vão olhar para uma Gibson de mahogany como hoje olhamos um violino Stradivarius, isso com certeza...

Pode ser ainda que melhorem o processamento e qualidades do que hoje chamamos de compensado. É uma boa possibilidade, porque o compensado é feito de árvores de reflorestamento que crescem em poucos anos, diferentemente de uma imbuia centenária, por exemplo.

Isso está acontecendo com os móveis. Antigamente eram maciços e pesados e hoje tem estruturas internas ocas, mas revestidas de chapas da madeira "nominal" digamos. São móveis mais leves, mas com resistência adequada à função.

Penso que o mesmo ocorrerá com os instrumentos musicais. A tecnologia propiciará menor uso de madeiras, com bastante eficácia. Mas claro que sentiremos saudades das "boa", das "antiga", rsrsrs

conandrade
Veterano
# ago/12
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A contribuição que foi dada acima foi especialmente elucidativa. Muito agradecido!

Esta questão de tradição em torno das madeiras usadas dá uma baita história pra ser contada, imagino. Há muitos séculos o ser humano confecciona instrumentos. Tribos confeccionavam instrumentos. Boa questão pra pesquisar... curioso! Não só em torno de guitarras, evidentemente. Mas em vários momentos nestas inovações, devem ter havido testes/questões com materiais usados desde pianos até atabaques e flautas (rs). Índios faziam instrumentos. Os asiáticos outros completamente diferentes. E por aí vai...

Voltando à realidade,
Pergunto se são necessários "300" anos de espera para poder fazer o corte? Nós pegamos o "estoque" pronto e até pouco tempo atrás, o replantio não era nem discussão. Talvez não seja todo este tempo para plantar, crescer e colher. Ou estaria falando besteira?

XBK
Veterano
# ago/12
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conandrade

ninguem ouve falar do que há por aí, ou no Nordeste ou do Sul, nos noticiários. No máximo São Paulo e Minas. É como se vcs fossem o "resto". Sem sacanagem. Nego só quer saber de futebol e mulher gostosa.

No norte e nordeste também tem mulher gostosa (vide festa de Parintins). No sul, então, nem se fale.

E futebol, também tem. Vai dizer que não conhece o glorioso PENAROL de Itacoatiara?

Brincadeiras a parte, o problema é bem maior e "mais embaixo". Mogno vem sendo extraído ilegalmente de reservas indígenas, na maioria das vezes sob a supervisão dos povos que habitam tais reservas para poderem encher os tanques de suas caminhonetes.

Indio também tem o direito de ter caminhonete, celular, avião. Mas o governo não dá condições para exploração racional da terra. O resultado é que muitos deles acabam pegando um "atalho", já que as terras - e o que está em cima delas - são deles.

Europeus pagam cerca de R$ 18 a 22 mil reais uma mesa de mogno. Os índios vendem o metro cúbico por menos de R$ 200.

Quem ganha nesse jogo?

Índios e europeus/americanos. Quem perde é a natureza e todos nós.

Aliás, "primeiro mundo" adora falar em preservação, mas os tratados são sempre assinados por seus governantes em cima de uma mesa de mogno ou jacarandá da bahia.

O dia que descobrirem um combate eficaz à lagarta que ataca o mogno e o cedro, vai ter muita gente plantando. Até lá, poucos são os aventureiros (e que se darão bem).

Portanto, a exploração ilegal vai continuar, até que consiga ser combatida a praga natural e possa ser plantado em larga escala.

Abs.

OBS: não esquecendo que a maioria das gibson não são feitas de mogno.

XBK
Veterano
# ago/12
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conandrade

Complementando.

não esquecendo que a maioria das gibson não são feitas de mogno.

...EXTRAÍDOS DO BRASIL.

Uma árvore, quanto mais velha, melhor madeira. O corte comercial do mogno se dá a partir do 16º a 24º ano, dependendo do solo e tratamento.

A partir de 15 a 16 poderá ser extraída madeira. Porém, não terá a qualidade que são feitas as guitarras hoje em dia.

O uso comercial da madeira de mogno leva em conta seu aspecto visual e de fácil manejo, além de sofrer pouca torção e rachaduras na secagem.

Porém, acredito que para instrumento, onde deve ser levado em conta a ressonância, ela vai alcançar a maturação a partir de 20 anos.

QUANTO MAIS VELHA, MELHOR.

conandrade
Veterano
# ago/12
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XBK
É meu camarada... o assunto é sério aqui nesse mundo. Enquanto formos tratados com alienação, não iremos pra frente. Fica difícil não acreditar em teorias de conspirações... é cruel. Não vou extender o assunto para não desvirtuarmos do tópico. O fato é que o Poder corrompe os pobres de espírito e são poucos que realmente controlam as coisas nesse nível. Sarney me veio à memória... rs

Ri muito com a brincadeira das mulheres gostosas... nesse ponto o Brasil é sensacional...
-

Não vejo alternativa tambem, para as guitarras que usam essas madeiras de + de 100 anos. Entretanto acredito que conseguirão uma alternativa com madeiras mais novas. Talvez passem a limitar severamente os instrumentos de alto nível... quem pode dizer?

leo2505
Veterano
# ago/12
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Espero que um dia eu consiga minha guitarra de mogno a preço justo aiuehaiueh

jpguitarsolo
Veterano
# ago/12
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Tem que ser muito idiota mesmo pra achar que mais guitarras vão fazer um mundo melhor, a vida do planeta e a nossa saúde em PRIMEIRO LUGAR pessoal, se a Gibson esta usando madeira ilegal então devem sofrer as devidas punições.
Sem arvores, sem VIDA.

MMI
Veterano
# ago/12
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jpguitarsolo

Tem que ser muito idiota mesmo pra achar que mais guitarras vão fazer um mundo melhor, a vida do planeta e a nossa saúde em PRIMEIRO LUGAR pessoal, se a Gibson esta usando madeira ilegal então devem sofrer as devidas punições.
Sem arvores, sem VIDA.


Mas a discussão nunca foi essa. Procure se informar, mas ninguém fala que guitarras vão fazer um mundo melhor, muito menos a discussão passa pela saúde de alguém. Como aparentemente você não tem a menor ideia do que se passa, te dou um resumão, mas sugiro se informar se gosta de guitarras ou se quer formar opiniões embasadas.

A Lei Lacey, promulgada em 1900 para reduzir as importações de espécies animais ameaçadas de extinção, foi alterado em 2008 para incluir todas as plantas e produtos vegetais no mesmo esquema, sem grandes alterações, o que a deixou bastante mal escrita. Nas alterações também se tornou necessário que as empresas comprovassem que não haviam violado as leis dos países exportadores.

Agentes federais invadiram fábricas de Gibson em Nashville e Memphis em 2009 e 2011, alegando que a empresa tinha comprado e importado ilegalmente madeira de ébano de Madagascar e de jacarandá e ébano da Índia, baseado nessa Lacey Act.

Existem 2 formas de certificação entrar madeira nos EUA. Uma é mais rígida, pela certificação da FSC (Forest Stewardship Council) que é um órgão mundial e "Controlled Wood" que é um mecanismo de custódia da FSC para evitar as fontes mais controversas, incluindo a madeira colhida ilegalmente, madeira extraída durante a conversão de floresta natural (o desmatamento), as ameaças ao alto valor de conservação, sendo perfeitamente legal. A Gibson é um grande comprador de madeira certificada pelo FSC, a madeira confiscada por agentes federais não foi certificada pelo FSC, era "Controlled Wood".

O caso da Gibson diz respeito à Lacey Act, pois uma lei indiana que requer valor agregado indiano de fabricação antes de certas espécies de madeira poderem ser exportados. Não houve reclamação da Índia, mas os padrões do FSC, atualmente, não abordam tais leis que lidam com o comércio ou uso da madeira após a derrubada. Mas houve uso político e foi discutido que o corte das toras em tábuas não dava o valor agregado da Índia e por isso infringia a lei daquele país, tornando a madeira ilegal. Isso atingiu a Luthiers Mercantile e todo o país, que complicou todos os luthiers e gerou uma discussão que tornaria ilegal andar com um instrumento com esse tipo de madeira e mais ainda, sair dos EUA com instrumentos de madeira ameaçada. Essa é a discussão toda, sem nenhuma palavra de saúde, vida do planeta.

A Gibson fez um acordo que inclui uma multa de US $ 300.000 e um pagamento de serviço de US $ 50.000 a National Fish and Wildlife Foundation para a proteção de espécies de madeira protegidas utilizadas em instrumentos musicais. A Gibson também vai retirar suas reivindicações de madeira apreendida na investigação, incluindo ébano com um valor total da de US $ 261.844, o que deixou a empresa em dificuldades, com riscos de fecharem as portas, junto com outros pequenos produtores que enfrentam muitas dificuldades para luthieria.

edalko
Veterano
# ago/12
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Tenho para mim que daqui a pouco, as grandes empresas vão lançar estudos no mercado dizendo que a madeira do corpo não influiencia no som final do instrumento.
E, assim sendo, vão começar a fazer instrumentos de MDF e afins, pois somente com esses materiais será possível fazer frente à demanda por instrumentos.
Isso se não fabricarem corpos e braços de plastico.
Enfim, se a madeira legal está acabando e cada dia mais fecha-se o cerco sobre o corte ilegal, algumas ideias anteriormente embutidas em nossas cabeças por essas empresas (como ser melhor o corpo de mogno, com tampo em maple, etc), serão radicalmente modificadas por elas mesmas.

Led Zé
Veterano
# ago/12
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edalko
Tenho para mim que daqui a pouco, as grandes empresas vão lançar estudos no mercado dizendo que a madeira do corpo não influiencia no som final do instrumento.
E, assim sendo, vão começar a fazer instrumentos de MDF e afins, pois somente com esses materiais será possível fazer frente à demanda por instrumentos.
Isso se não fabricarem corpos e braços de plastico.

Também não é pra tanto , né...Acho que se usa o mogno, rosewood, alder, ébano, etc pois existe uma tradição em fabricar instrumentos com essas madeiras. Com um número gigantescos de espécies de plantas, não é possível que não exista soluções de qualidade e, mais importante ainda, sustentáveis , para a fabricação de instrumentos. Não precisa sair do mogno para o MDF. Com cereteza existe madeira boa nesse mundo .

Andreziculaxxx
Veterano
# ago/12
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MMI
XBK
conandrade
Muito legal ver uma discussão em alto nível no FCC.

Infelizmente essa situação só irá se resolver quando as nossas florestas se tornarem pequenas reservas ambientais e quase todas as espécies só poderão ser apreciadas em parques isolados, algo parecido ao que acontece com o Pau-brasil em parques metropolitanos.

Também acredito que algum material sintético como fibra de carbono ou plástico, poderá simular uma madeira, mas isso fica para o futuro.

Agora também acredito que vão surgir grandes áreas de reflorestamento para venda de madeiras fora do mercado de papel ou móveis.

XBK
Veterano
# ago/12
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PARA TODOS

Como muitos devem saber, é muito difícil de cultivar mogno por conta da lagarta que ataca os brotos.

Mas 95% daqueles que "passam" pelo FCC gostaria de ter uma guitarra de mogno.

Então, f***-se a Gibson, a Fender, a PRS e outras, e também quem fica querendo que as empresas de guitarra se ferrem.

Porque ao invés de reclamar do desmatamento e da escassez de madeira, cada um daqui não planta uma muda de mogno?

Assim todos poderão ter sua guitarra, aliviando a dor na consciência.

Moro em São Paulo e não vejo uma árvore de mogno. Em compensação, a árvore que mais se encontra nas ruas de São Paulo é a Tipuana, uma árvore que é da Bolívia/Argentina.

Com as chuvas de verão, dezenas delas caem e são serradas pela Eletropaulo (companhia de luz).

Pior são os ficus que estão proliferando. Tem que ter poda regular e arrebentam calçadas e encanamentos.

Nos grandes centros o plantio de mogno, acredito, seria mais fácil, pois a "selva de pedra" já é um atual fator inibidor da presença da mariposa Hypsipyla Grandela. Isso aliado aos pombos que comem qualquer porcaria suspensa no ar.

Se isso acontecesse, daqui a 20 anos ia ter voluntários para trabalhar na Operação Verão da Eletropaulo de graça, só para pegar um tronco e fazer uma dúzia de guitarra de mogno.

O MUNDO FICARÁ MAIS FELIZ COM GUITARRAS DE MOGNO (pelo menos, o mundo dos guitarristas).

O MUNDO FICARÁ MAIS FELIZ COM ÁRVORES DE MOGNO.

E PODE HAVER MUNDO COM AMBOS.

Eu já fiz minha parte: já plantei um mogno, um cedro, um pau-brasil e dois jacarandás da bahia. Não vou usufruir deles, mas alguém usufruirá no futuro (paguei $ 30,00 na muda de mogno, e R$ 2,00 nas demais).

E quem quer ver a Gibson se ferrar? Já fez a sua parte?

brunosilva22
Veterano
# ago/12
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XBK

jah vou ali ver se arrumo uma muda d mogno.....

edalko
Veterano
# ago/12
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Cara, mas o alnce não é assim plantar tão-somente.
E o manejo?
E a autorização?
Vc planta, tudo bem, mas como vc vai cortar?
Plantar não é o problema, o problema é saber como vc vai poder cortar a árvore.
Hoje em dia com mapeamento aéreo, o IBAMA e órgãos ambientais tem pleno conhecimento do onde tem madeira, e no momento que há o corte, o cara tá fuzilado.
EU morava na região Metropolitana de Curitiba, numa chacara de 4 alq, e lá tinha uma área pequena, encrustrada no meio do bosque, com uma metragem bem pequena, pertencente a um terceiro. Contudo, tinha dentre outras árvores e arbustos, um pinheiro enorme.
Agora vc imagine uma região isolada, no meio do nada, com milhares de árvores.
Pois um dia, o dono do local, às duas da madruga, resolveu cortar o pinheiro e levar embora. Mal o cara derrubou o pinehiro, o pessoal do IAP estava lá para apreender e multar.
Como souberam? Eu não sei.

Agora se vc conhecer alguem de madeireira, tera conhecimento de que essas madeiras nobres são vendidas a rodo no mercado negro.
Contudo, eles preferem nem negpciar isso, porque dá uma tremenda dor de cabeça.

Se vc quer mogno para construir um corpo, futuramente, isso vc consegue com luthier ou madeireira de confiança.
mas acho que isso não é o problema aqui.

Se a Gibson tivesse feito um uso sustentável de madeira, com certeza nesses 60 anos de exploração já teriam madeira suficiente para fabricação de seus instrumentos.
Contudo, na visão capitalista e imediatista acharam que nunca o seu império comercial seria abalado. Mas esqueceram dos ecologistas e, principalmente, dos políticos kkkk

MMI
Veterano
# ago/12
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edalko
Led Zé

Acho também. Vão ter que substituir e nisso terão que enaltecer qualidades de materiais novos, seja de madeira ou não. Eu já disse, acho fibra de carbono muito legal, compraria fácil uma guitarra com braço desse material ou mesmo um violão Rain Song todo de carbono ou um Adamas, parcialmente de carbono. Não gosto das guitarras de materiais plástico como as de acrílico. Por outro lado, pelo que ouvi falar, fico louco para experimentar essa de alumínio do Adrian Vandenberg. Ou seja, hoje até existem materiais que substituem a madeira dos instrumentos, mas ainda é caro, pouco conhecido e tem alguma resistência no mercado.

Eu já me garanti, tenho na minha coleçãozinha mogno, rosewood, spruce, maple, poplar, jacarandá da bahia, ébano... Vai ficar cada vez mais difícil, jacarandá da bahia já está quase proibitivo.


Andreziculaxxx
XBK

Vocês tem sua razão, mas não se discute nesse assunto as nossas florestas nem pau-brasil. A Gibson não importa madeira brasileira há anos.

XBK, o mogno é uma árvore da floresta amazônica. Até pode crescer em SP com algum cuidado, mas aqui não é a região dessa árvore. O jacarandá da bahia é da mata atlântica, mas também não é da região de SP, é mais ao norte que é a região original. O pau ferro já cresce bem aqui em SP e não é incomum nas ruas, serve bem para guitarras. Não entendi, quem quer ver a Gibson se ferrar? É um processo, com fundo bastante político, onde já ferrou para todos os fabricantes e se a Gibson se ferrar, vai piorar mais ainda para todas empresas do ramo.

brunosilva22
Veterano
# ago/12 · Editado por: brunosilva22
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edalko

eh soh plantar no quintal e meter o machado nela daqui uns 30 anos..... moleza

EDIT: ermm... quero dizer "meter a MOTORSERRA nela..."

MMI
Veterano
# ago/12
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edalko

Pois é, não é porque você plantou num terreno seu que vai poder cortar um mogno ou um jacarandá da bahia. Aliás, isso é crime inafiançável, é mais simples matar uma pessoa do que derrubar uma árvore dessas, por incrível que pareça.

Minha família tem um sítio, onde numa área que queríamos que permanecesse verde, temos jacandá da bahia, mogno, pau ferro, pau brasil, araucária e outras. Temos plena certeza, aquilo é impossível de derrubar hoje, além do que passa o helicóptero regularmente por ali fiscalizando, o pau brasil é motivo de excursão de algumas escolas da região. Se cortar, cana!

De toda forma, isso é outro assunto, porque pelo visto todo esse rolo não tem absolutamente nada a ver com contrabandistas de madeira como alguns estão sugerindo. O problema maior deles foi com os políticos mesmo.

brunosilva22
Veterano
# ago/12
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MMI

*Brunosilva runs to teh hills and hides*

Junior AJNB
Veterano
# ago/12
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Puts, quando um cara perguntou nesse tópico o que ia ser da Gibson, acho que em setembro de 2011, eu postei respondendo:

Certamente a Gibson vai continuar a fabricar guitarras e daqui a 2 anos essa noticia provavelmente vai vir à tona outra vez

Tirando os "2 anos", eu tava certo, me sinto um vidente agora

______________________________

Agora, eu acho muito estranho isso, só a Gibson foi pega...

E a PRS? E a Fender? E a ESP?

Tirando as PRS SE e as Fenders mais baratas, todas essas marcas utilizam madeiras tops, como mogno, ébano (no caso da PRS e ESP) e etc...

Aí fica a pergunta, como essas empresas conseguem madeira certificada sem ser pegas, e se eles conseguem, por que a Gibson nao faz a mesma coisa?

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