regulagem de baixo de dois tensores

    Autor Mensagem
    WormKrash
    Veterano
    # ago/06


    Olá,

    já estou me habituando a regular meus instrumentos a meu gosto, até por morar onde um bom luthier é quase impossível encontrar. tenho um baixo de 6 cordas com dois tensores, e por meu interesse na parte de luthieria sempre leio algumas coisas, mas o que vi esses dias me criou uma bela dúvida:

    Baixos de seis cordas e instrumentos mais preciso podem apresentar vez por outra dois tensores que devem ser ajustados individualmente para controlar além da concavidade a direção do braço em relação ao corpo do instrumento. Este ajuste é bem mais complicado do que o ajuste de um único tensor e não o recomendo a leigos.

    sempre regulei os dois tensores na mesma proporção e obtive bons resultados, tratando os dois com a mesma função, mas segundo esse trecho um deles direciona o posicionamento do braço perante o corpo. Isso me parece meio erroneo, porque se fosse assim, meu braço (escala de 10cm de altura) já tinha virado um pastel há muito tempo. Alguém tem mais informaçoes sobre isso?

    Obrigado.

    Mauricio Luiz Bertola
    Veterano
    # ago/06
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    WormKrash
    Baixos com 2 tensores são de difícil regulagem mesmo, pois os dois tensores são colocados para a prevenção de "entorsses", que inutilizariam o instrumento, e não para regular a "...direção do braço em relação ao corpo do instrumento...". Isso me pareceu um equívoco de quem escreveu.
    Abç

    WormKrash
    Veterano
    # ago/06
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    Mauricio Luiz Bertola

    Valeu o esclarecimento! Posso continuar tratando os dois tensores da maneira que estou fazendo então?

    Mauricio Luiz Bertola
    Veterano
    # ago/06
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    WormKrash
    Sim.

    kevin magno
    Veterano
    # ago/06
    · votar


    Caro bassbrother WormKrash,

    Estou alinhado com o Bertola. Me parece muito inconsistente a colocação.

    Seu tópico "regulagem de baixo de dois tensores" instou-me a colocar algumas notas, até mesmo porque alguns músicos teimam em sedimentar algumas crenças reinantes e deveras, errôneas.

    A primeira observação mister de ser feita é que, estas informações não substituem o conhecimento, a experiência, o senso de julgamento, a intuição, a percepção, a avaliação, a análise dedutória, e sobretudo a interveniência de um luthier, porquanto - a médio juízo -, não se mostram não realizáveis sem sua ajuda.

    Eu aqui no fórum mais observo e quase nunca me pronuncio. São tantas as colocações inadequadas quanto sem elegância - para não adjetivar pejorativamente.

    Mas acho que nós poderíamos fazer o fórum evoluir com a troca de mais informações.

    A esse respeito eu tenho algumas colocações que acolhi nessa vida de baixista-amador errante, seja pesquisando, lendo, ouvindo e acima de tudo praticando com meus erros e acertos, e essas eu quero compartilhar com você, esperando que possam ir ao encontro de suas dúvidas.

    Eu lhe diria em primeiro lugar que nós devemos abandonar "as crenças limitantes", a de que, por exemplo, " baixo só pode ser tocado pelas mãos de um luthier, sob pena de acabar com o instrumento". Isso não existe.

    Eu eu até imagino que caras da estatura do Maurício Bertola - a quem reputo as mais altas considerações - sejam consonantes neste ponto, não osbtante, de ele seja um experimentado profissional e prestigiado membro dessa comunidade e que as suas objeções a este que escreve, estejam na ambiência técnica, momento em que declino que rivalizar-me com ele, dado o respeito e enorme consideração que tenho por seu conhecimento.

    Não tenha medo. Mesmo porque as alterações que você fizer terão dimensões reduzidas, a cerca do escopo mecânico que envolve o instrumento.


    Procure desenvolver uma sintonia fina com seu instrumento. É nesse ínterim a que me reporto.

    Assim como o mestre luthier que escolhe a madeira que lhe parece a mais apta a utilização que pretende dar-lhe, tentando penetrar no segredo de cada prancha, onde tenta ler a história individual da árvore que lhe deu origem e seus agregados de valor para cada fim em si, tente estabelecer uma "relação" com seu instrumento.

    A grosso modo, qualquer pedaço de madeira que seja transpassado por cordas retesadas irá produzir necessariamente algum ruído, que captado e amplificado, proporciona som. Observe que, na medida em que nos familiarizamos com nossos instrumentos, aprendemos que este relacionamento deve migrar para patamares cada vez mais íntimos e passamos, isto posto, ao longo do tempo, a relacionarmos com nosso instrumento de uma forma cada vez mais pessoal, aprendendo a lidar com seus detalhes.

    Não tendo a mesma acuidade sensitiva, perceptual e técnica dos luthiers, cabe-nos conhecer, pelo dever - de forma rudimentar, ao menos – as peculiaridades que se lhe apresentam nosso instrumento de paixão – o contrabaixo.

    Com estas informações condensados espero em princípio “encorajar-lhe” a assumir os riscos e num plano secundário possibilitar que você possa efetuar uma regulagem básica no seu contrabaixo, se este não apresentar deficiências – ditas “congênitas”.

    É importante frisar que algumas variáveis - especificamente - climáticas exercem um fator preponderável no “status quo” de seu instrumento. Alternâncias bruscas de temperatura combinadas com variações abruptas da umidade relativa do ar, impõem um certo grau de impacto na estrutura física do instrumento e por analogia na qualidade do som por ele produzido. Isto é facilmente compreendido quando se consensa que as madeiras são sensíveis as flutuações de temperatura, umidade. O são porque as madeiras são “organismos respiradouros” com singularidades específicas. Os instrumentos de cordas baseiam-se na teoria das ondas estacionárias, ou seja, na freqüência das ondas sonoras que as cordas emitem. Essas freqüências naturais dependem de três principais fatores: a densidade linear das cordas (a massa da corda dividida pelo volume que a mesma ocupa), o módulo da tração a que elas estão submetidas (se a corda está mais apertada ou frouxa no braço do instrumento - tensão) e o comprimento linear da corda - entonação.

    As madeiras, portanto, empregadas para construir instrumentos são de diversas espécies. Em muitos casos, para além da espécie, especifica-se também a origem geográfica, deste modo traduzindo a influência das condições de crescimento nas respectivas propriedades acústicas. Acho que apenas o luthier e uns poucos “não profissionais” - e isto naturalmente não inclui a mim - tentam penetrar na alma de cada corte, extraindo-lhe as lembranças e prazer intelectual em dar-lhes vida, de outra forma.

    Assim, cedro, pau-marfim, espruce, rosewood, abeto, pinho, jacarandá, pau santo, mogno, freijó, nogueira, marupá, ébano, pau preto, maple, pau santo, ash, pau ferro, roxinho entre outras tantas, são como identidades individuais e nominais em que a ressonância e outros atributos - das peças de madeira -, conferem “traços” únicos em cada instrumento.

    Nas madeiras em geral, se considerarmos do ponto de vista da organização espacial dos tecidos e dimensões das células, do teor e níveis de extractivos, da densidade e variações dimensionais em função da humidade e da frequência fundamental, além do tempo de reverberação, estaremos pois, imiscuindo-nos num terreno que eu - seguramente - não tenho e muitos poucos - o teriam, envergadura para opor-lhes defesa estritamente científica.

    Tratemos neste caso das especificidades que nossa percepção urge alcançar: anatomia, física e acústica.

    É por esse e outros motivos, que as madeiras que constituem um contrabaixo são necessariamente diferentes, para corpo, braço e escala. Cada uma dessas partes deve concorrer cada uma a seu turno - em elasticidade e freqüência - para uma melhor dinâmica na reflexão das vibrações. Isto posto, conclui-se que: além das propriedades inerentes da madeira, deve-se levar em grande conta sua resistência mecânica.

    Tensão

    As cordas perfeitamente afinadas exercem uma considerável força de tração no braço do instrumento. É preciso ajustar-se a idéia de que para toda e qualquer força aplicada, uma outra força é naturalmente demandada para colocar o sistema em equilíbrio.
    Veremos pois, que esta “lei” não se ajusta na sua completa extensão quando falamos na tensão aplicada ao braço.

    As cordas quando são tocadas produzem uma perturbação elíptica que tem seu maior ponto de contato e amplitude no centro. Ora, se se imagina que as cordas devem vibrar obedecendo a este princípio, elas naturalmente precisarão de uma "folga adicional" entre sí e o braço do instrumento, mais precisamente entre os trastes e o ponto de máximo de sua vibração para poderem produzir um som "sem trastejamento".

    As aspas referem-se a uma certa reserva de compreensão. É absolutamente normal haver um trastejamento mínimo em determinados trastes ou regiões do braço. Isto pode ser causado por, desde variações milimétricas de altura dos mesmos, a pequenas falhas estruturais e/ou tratar-se de um nível maior de tensão ou até mesmo fragilidade em determinada região do instrumento.

    Ocorre que nesta conta soma-se: o braço, a força empregada, a tocabilidade, e o tipo de corda usada.

    Daí já podemos concluir que o braço não pode ser reto! Ele deve ter uma pequena curva para possibilitar que a corda vibre.

    Neste posto concluímos também que esta “folga” apresenta uma variância de um instrumento para outro, além de representar o estilo de tocar e principalmente o desejo e expectativas pessoais de cada músico.

    Como avaliar o "alinhamento" do braço?

    Agora sabemos que todo braço tem de ter algum "empeno" - curvatura -, mínimo, ou não.

    Então precisamos checar agora se esta "curva" está dentro dos padrões aceitáveis ou requeridos.

    1º - Tome seu baixo e coloque-o no sentido do comprimento do corpo para a mão. Pense que você está fazendo uma "mira". Posicione o olho como se fizesse do início da escala, sua "alça de mira".

    2º - Já é possível determinar visualmente esta folga, principalmente a partir do 8º até 14º traste.

    3º - Apoiando seu instrumento sobre a perna, utilize o cotovelo para apertar a corda na altura do final do braço, em seguida, pressione com o dedo indicador da mão esquerda em cima do 1º traste.

    4º - Ainda pressionando com o cotovelo do braço direito, com o dedo indicador da mão direita - parcialmente livre - aperte a corda na altura do 9º traste ou meio do braço.

    Esta folga é o "status quo" do seu braço.

    Agora se suas cordas estão excessivamente altas, você poderá baixa-las.

    Isto significa que você irá diminuir a "ação das mesmas".

    Como já vimos, a corda tensionada produz uma força que é absorvida em toda a extensão do braço.

    Esta força precisa ser contrabalançada. Se não ela irá impor severos danos ao braço devido a exposição permanente de tensão em uma só direção, além do que irá proporcionar uma tocabilidade mais difícil, porque elas estarão mais distantes dos trastes.

    Como efetuar ajustes no seu tensor?

    Os tensores tem peculiaridades inerentes.

    O tensor pode ser uma vareta, barra, haste, bastão de metal, ou aço e até mesmo uma peça de grafite que perfaz "a alma" do braço. Ele é incrustado no interior do braço a fim de asseverar rigidez mecânica ao braço do instrumento.

    Sua função principal é opor-se as solicitações empreendidas pelas cordas que "puxam" o braço para frente. Uma vez apertando o tensor reduz-se as forças aplicadas sobre o braço pelas cordas, mantendo-o - o braço - dentro uma solicitação mecânica - tensão - suportável.

    Mas o tensor serve a mais demandas: para corrigir, atenuar e acentuar a tensão do braço em uma direção, de maneira a favorecer que o instrumento trabalhe dentro de uma carga de tensão razoável.

    E porque digo razoável e não específica?

    Porque ninguém pode precisar - absolutamente ninguém - a real tensão empregada quando se aperta ou afrouxa o tensor.

    Pense: os luthiers devem empregar um enorme escopo sensitivo e empírico na hora de "calcular" quantos quartos ou oitavos de volta são necessários para aquele determinado instrumento.


    Os mais comuns de tensores são, os simples, os de duas ações, os de dupla ação e os tensores não ajustáveis de braços reforçados.

    Vamos agora ver como fica na prática:

    Neste caso é preciso estabelecer um marco para as ações de ajustes. Você precisa talvez fazer anotações de todo os dados de seu instrumento, para poder a partir dessas informações ter configurado um perfil inicial.

    Se tiver de abaixar as cordas você invariavelmente irá diminuir a tensão sobre o braço, porque a corda ficará "mais frouxa". Neste caso você terá de apertar o tensor no sentido horário. Existem peculiaridades que me fogem ao conhecimento que certamente estão no exclusivo campo de domínio de um luthier, e à elas evito discorrer.

    Em igual medida, se você trocar a calibragem terá de efetuar um mínimo ajuste. Tome como média o seguinte: se o seu instrumento estiver pouco desregulado, faça o ajuste antes de efetur a troca de corda.

    Para aperto, não dê mais de 1/2 volta numa única sessão de ajuste. Preferencilamente, vá de 1/4 de volta em cada sessão. Aprenda com os erros, mas não vá além de um ponto em que não se possa voltar ou reconsiderar suas ações.

    A propósito, eu tenho 3 baixos. Dois Tagimas TG6B e um Thunder Five de 5.

    Vou ver se tiro umas fotos das minhas medidas e mando-as para você, ou até mesmo ilustro passo a passo com fotos como podemos nos aventurar nesse terreno, nem tanto pantanoso quanto fazem parecer “alguns”.

    Boa sorte e boas tentativas e acertos, bassbrother!

    Magno Santos
    Cachoeiro de Itapemirim - ES

    kevin magno
    Veterano
    # ago/06
    · votar


    Caro bassbrother WormKrash,

    Estou alinhado com o Bertola. Me parece muito inconsistente a colocação.

    Seu tópico "regulagem de baixo de dois tensores" instou-me a colocar algumas notas, até mesmo porque alguns músicos teimam em sedimentar algumas crenças reinantes e deveras, errôneas.

    A primeira observação mister de ser feita é que, estas informações não substituem o conhecimento, a experiência, o senso de julgamento, a intuição, a percepção, a avaliação, a análise dedutória, e sobretudo a interveniência de um luthier, porquanto - a médio juízo -, não se mostram não realizáveis sem sua ajuda.

    Eu aqui no fórum mais observo e quase nunca me pronuncio. São tantas as colocações inadequadas quanto sem elegância - para não adjetivar pejorativamente.

    Mas acho que nós poderíamos fazer o fórum evoluir com a troca de mais informações.

    A esse respeito eu tenho algumas colocações que acolhi nessa vida de baixista-amador errante, seja pesquisando, lendo, ouvindo e acima de tudo praticando com meus erros e acertos, e essas eu quero compartilhar com você, esperando que possam ir ao encontro de suas dúvidas.

    Eu lhe diria em primeiro lugar que nós devemos abandonar "as crenças limitantes", a de que, por exemplo, " baixo só pode ser tocado pelas mãos de um luthier, sob pena de acabar com o instrumento". Isso não existe.

    Eu eu até imagino que caras da estatura do Maurício Bertola - a quem reputo as mais altas considerações - sejam consonantes neste ponto, não osbtante, de ele seja um experimentado profissional e prestigiado membro dessa comunidade e que as suas objeções a este que escreve, estejam na ambiência técnica, momento em que declino que rivalizar-me com ele, dado o respeito e enorme consideração que tenho por seu conhecimento.

    Não tenha medo. Mesmo porque as alterações que você fizer terão dimensões reduzidas, a cerca do escopo mecânico que envolve o instrumento.


    Procure desenvolver uma sintonia fina com seu instrumento. É nesse ínterim a que me reporto.

    Assim como o mestre luthier que escolhe a madeira que lhe parece a mais apta a utilização que pretende dar-lhe, tentando penetrar no segredo de cada prancha, onde tenta ler a história individual da árvore que lhe deu origem e seus agregados de valor para cada fim em si, tente estabelecer uma "relação" com seu instrumento.

    A grosso modo, qualquer pedaço de madeira que seja transpassado por cordas retesadas irá produzir necessariamente algum ruído, que captado e amplificado, proporciona som. Observe que, na medida em que nos familiarizamos com nossos instrumentos, aprendemos que este relacionamento deve migrar para patamares cada vez mais íntimos e passamos, isto posto, ao longo do tempo, a relacionarmos com nosso instrumento de uma forma cada vez mais pessoal, aprendendo a lidar com seus detalhes.

    Não tendo a mesma acuidade sensitiva, perceptual e técnica dos luthiers, cabe-nos conhecer, pelo dever - de forma rudimentar, ao menos – as peculiaridades que se lhe apresentam nosso instrumento de paixão – o contrabaixo.

    Com estas informações condensados espero em princípio “encorajar-lhe” a assumir os riscos e num plano secundário possibilitar que você possa efetuar uma regulagem básica no seu contrabaixo, se este não apresentar deficiências – ditas “congênitas”.

    É importante frisar que algumas variáveis - especificamente - climáticas exercem um fator preponderável no “status quo” de seu instrumento. Alternâncias bruscas de temperatura combinadas com variações abruptas da umidade relativa do ar, impõem um certo grau de impacto na estrutura física do instrumento e por analogia na qualidade do som por ele produzido. Isto é facilmente compreendido quando se consensa que as madeiras são sensíveis as flutuações de temperatura, umidade. O são porque as madeiras são “organismos respiradouros” com singularidades específicas. Os instrumentos de cordas baseiam-se na teoria das ondas estacionárias, ou seja, na freqüência das ondas sonoras que as cordas emitem. Essas freqüências naturais dependem de três principais fatores: a densidade linear das cordas (a massa da corda dividida pelo volume que a mesma ocupa), o módulo da tração a que elas estão submetidas (se a corda está mais apertada ou frouxa no braço do instrumento - tensão) e o comprimento linear da corda - entonação.

    As madeiras, portanto, empregadas para construir instrumentos são de diversas espécies. Em muitos casos, para além da espécie, especifica-se também a origem geográfica, deste modo traduzindo a influência das condições de crescimento nas respectivas propriedades acústicas. Acho que apenas o luthier e uns poucos “não profissionais” - e isto naturalmente não inclui a mim - tentam penetrar na alma de cada corte, extraindo-lhe as lembranças e prazer intelectual em dar-lhes vida, de outra forma.

    Assim, cedro, pau-marfim, espruce, rosewood, abeto, pinho, jacarandá, pau santo, mogno, freijó, nogueira, marupá, ébano, pau preto, maple, pau santo, ash, pau ferro, roxinho entre outras tantas, são como identidades individuais e nominais em que a ressonância e outros atributos - das peças de madeira -, conferem “traços” únicos em cada instrumento.

    Nas madeiras em geral, se considerarmos do ponto de vista da organização espacial dos tecidos e dimensões das células, do teor e níveis de extractivos, da densidade e variações dimensionais em função da humidade e da frequência fundamental, além do tempo de reverberação, estaremos pois, imiscuindo-nos num terreno que eu - seguramente - não tenho e muitos poucos - o teriam, envergadura para opor-lhes defesa estritamente científica.

    Tratemos neste caso das especificidades que nossa percepção urge alcançar: anatomia, física e acústica.

    É por esse e outros motivos, que as madeiras que constituem um contrabaixo são necessariamente diferentes, para corpo, braço e escala. Cada uma dessas partes deve concorrer cada uma a seu turno - em elasticidade e freqüência - para uma melhor dinâmica na reflexão das vibrações. Isto posto, conclui-se que: além das propriedades inerentes da madeira, deve-se levar em grande conta sua resistência mecânica.

    Tensão

    As cordas perfeitamente afinadas exercem uma considerável força de tração no braço do instrumento. É preciso ajustar-se a idéia de que para toda e qualquer força aplicada, uma outra força é naturalmente demandada para colocar o sistema em equilíbrio.
    Veremos pois, que esta “lei” não se ajusta na sua completa extensão quando falamos na tensão aplicada ao braço.

    As cordas quando são tocadas produzem uma perturbação elíptica que tem seu maior ponto de contato e amplitude no centro. Ora, se se imagina que as cordas devem vibrar obedecendo a este princípio, elas naturalmente precisarão de uma "folga adicional" entre sí e o braço do instrumento, mais precisamente entre os trastes e o ponto de máximo de sua vibração para poderem produzir um som "sem trastejamento".

    As aspas referem-se a uma certa reserva de compreensão. É absolutamente normal haver um trastejamento mínimo em determinados trastes ou regiões do braço. Isto pode ser causado por, desde variações milimétricas de altura dos mesmos, a pequenas falhas estruturais e/ou tratar-se de um nível maior de tensão ou até mesmo fragilidade em determinada região do instrumento.

    Ocorre que nesta conta soma-se: o braço, a força empregada, a tocabilidade, e o tipo de corda usada.

    Daí já podemos concluir que o braço não pode ser reto! Ele deve ter uma pequena curva para possibilitar que a corda vibre.

    Neste posto concluímos também que esta “folga” apresenta uma variância de um instrumento para outro, além de representar o estilo de tocar e principalmente o desejo e expectativas pessoais de cada músico.

    Como avaliar o "alinhamento" do braço?

    Agora sabemos que todo braço tem de ter algum "empeno" - curvatura -, mínimo, ou não.

    Então precisamos checar agora se esta "curva" está dentro dos padrões aceitáveis ou requeridos.

    1º - Tome seu baixo e coloque-o no sentido do comprimento do corpo para a mão. Pense que você está fazendo uma "mira". Posicione o olho como se fizesse do início da escala, sua "alça de mira".

    2º - Já é possível determinar visualmente esta folga, principalmente a partir do 8º até 14º traste.

    3º - Apoiando seu instrumento sobre a perna, utilize o cotovelo para apertar a corda na altura do final do braço, em seguida, pressione com o dedo indicador da mão esquerda em cima do 1º traste.

    4º - Ainda pressionando com o cotovelo do braço direito, com o dedo indicador da mão direita - parcialmente livre - aperte a corda na altura do 9º traste ou meio do braço.

    Esta folga é o "status quo" do seu braço.

    Agora se suas cordas estão excessivamente altas, você poderá baixa-las.

    Isto significa que você irá diminuir a "ação das mesmas".

    Como já vimos, a corda tensionada produz uma força que é absorvida em toda a extensão do braço.

    Esta força precisa ser contrabalançada. Se não ela irá impor severos danos ao braço devido a exposição permanente de tensão em uma só direção, além do que irá proporcionar uma tocabilidade mais difícil, porque elas estarão mais distantes dos trastes.

    Como efetuar ajustes no seu tensor?

    Os tensores tem peculiaridades inerentes.

    O tensor pode ser uma vareta, barra, haste, bastão de metal, ou aço e até mesmo uma peça de grafite que perfaz "a alma" do braço. Ele é incrustado no interior do braço a fim de asseverar rigidez mecânica ao braço do instrumento.

    Sua função principal é opor-se as solicitações empreendidas pelas cordas que "puxam" o braço para frente. Uma vez apertando o tensor reduz-se as forças aplicadas sobre o braço pelas cordas, mantendo-o - o braço - dentro uma solicitação mecânica - tensão - suportável.

    Mas o tensor serve a mais demandas: para corrigir, atenuar e acentuar a tensão do braço em uma direção, de maneira a favorecer que o instrumento trabalhe dentro de uma carga de tensão razoável.

    E porque digo razoável e não específica?

    Porque ninguém pode precisar - absolutamente ninguém - a real tensão empregada quando se aperta ou afrouxa o tensor.

    Pense: os luthiers devem empregar um enorme escopo sensitivo e empírico na hora de "calcular" quantos quartos ou oitavos de volta são necessários para aquele determinado instrumento.


    Os mais comuns de tensores são, os simples, os de duas ações, os de dupla ação e os tensores não ajustáveis de braços reforçados.

    Vamos agora ver como fica na prática:

    Neste caso é preciso estabelecer um marco para as ações de ajustes. Você precisa talvez fazer anotações de todo os dados de seu instrumento, para poder a partir dessas informações ter configurado um perfil inicial.

    Se tiver de abaixar as cordas você invariavelmente irá diminuir a tensão sobre o braço, porque a corda ficará "mais frouxa". Neste caso você terá de apertar o tensor no sentido horário. Existem peculiaridades que me fogem ao conhecimento que certamente estão no exclusivo campo de domínio de um luthier, e à elas evito discorrer.

    Em igual medida, se você trocar a calibragem terá de efetuar um mínimo ajuste. Tome como média o seguinte: se o seu instrumento estiver pouco desregulado, faça o ajuste antes de efetur a troca de corda.

    Para aperto, não dê mais de 1/2 volta numa única sessão de ajuste. Preferencilamente, vá de 1/4 de volta em cada sessão. Aprenda com os erros, mas não vá além de um ponto em que não se possa voltar ou reconsiderar suas ações.

    A propósito, eu tenho 3 baixos. Dois Tagimas TG6B e um Thunder Five de 5.

    Vou ver se tiro umas fotos das minhas medidas e mando-as para você, ou até mesmo ilustro passo a passo com fotos como podemos nos aventurar nesse terreno, nem tanto pantanoso quanto fazem parecer “alguns”.

    Boa sorte e boas tentativas e acertos, bassbrother!

    Magno Santos
    Cachoeiro de Itapemirim - ES

    WormKrash
    Veterano
    # ago/06 · Editado por: WormKrash
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    kevin magno

    primeiramente gostaria de agradecer pela resposta, chegar aqui demanhã e me deparar com um relato tão pessoal e direto ultrapassou todas as minhas expectativas.
    creio que podemos trocar boas informaçoes, até porque o baixo em questão aqui também é um TG6B, que teve sua escala retificada e os trastes trocados, mas é um TG6B.
    Há mais ou menos três dias houve uma mudança climatica violenta onde moro (Bolívia), e mesmo com o case térmico o baixo empenou. Eu sou extremamente chato com ajustes, gosto das cordas cravadas nos trastes devido as técnicas que mais utilizo, e foram poucas as vezes que meu instrumento voltou de uma oficina com o ajuste precisamente aonde queria, mesmo com toda a comunicação com o luthier. Talvez por nunca ter trabalhado com um bom profissional, como julgo o próprio Bertola pelo auxílio que já me prestou aqui várias vezes na falta de um luthier, estou conhecendo meu instrumento de uma maneira bem mais íntima, e sem dúvida uma boa carga de experiência vem sendo aproveitada.
    Estou em uma novela aqui também, vou colocar uma outra captação que agora espero que chegue até o dia 8, como me prometeram, então serei obrigado a confiar meu baixo a uma pessoa para fazer o corte na madeira para a nova captação, após isso vou trocar de encordamento e refazer os ajustes de tensores e ponte. Creio que fazer isso agora seria um stress maior para o instrumento e trabalho em dobro.
    Vou tirar as medidas dos ajustes que o baixo está agora, no meu horário de almoço, e mais tarde volto a postar aqui.

    Espero continuarmos com o contato, e mais uma vez, muito obrigado.

    Rodrigo

    Mauricio Luiz Bertola
    Veterano
    # ago/06
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    kevin magno
    Magno, o seu texto é bastante oportuno e coloca questões que eu reputo como muito importantes. A principal delas, e muitas vezes sou mau compreendido nisso, refere-se à experiência "sensitiva" ou empírica que devemos desenvolver para trabalharmos um instrumento; isso só vem com o tempo e a experiência.
    Outra questão é em relação às madeiras. Nós, baixistas (sim, também me aventuro nas cordas graves!), geralmente temos maior sensibilidade para timbres específicos relativos às madeiras e sutilezas de construção, mas, ultimamente tenho me tornado cada vez mais "minimalista" em minha concepção da construção de instrumentos, talvez por optar pela sonoridade mais "pura" dos tipos específicos de madeiras, talvez por ter percebido que essas diferenças (guardadas as devidas proporções), são sutís, e mais intuídas do que sentidas (ouvidas) de fato.
    Creio que seu texto é importante e agradeço muitíssimo pela interlocução.
    Abçs

    kevin magno
    Veterano
    # ago/06
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    Bertola,

    Suas intervenções são sempre muito abalisadas e precisas - o que me faz imaginar a "solidão dos seus pensamentos". Você tem em mim um admirador em alta conta!

    WormKrash,

    Legal! Vamos trocar umas idéias! Vou ver se tiro umas medidas para a gente trocar informações.(cá entre nós, se não fosse a renitente reserva que muitos nutrem pelos tagimas em geral, poderíamos afirmar categoricamente - excetuando a captação que eu previdentemente troquei, tratar-se-ia, de um grande contrabaixo). Quem tem sabe!

    WormKrash
    Veterano
    # ago/06
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    kevin magno

    Já fui condenado quando expus minha idéia do Set Bass PODxt Live + Tagima TG6B com captadores e circúito EMG, e talvez pro futuro ferragens Gotoh, sendo o Tagima não digno de receber esse investimento. Hoje eu não sei a quantas anda a fábrica da Tagima no quesito qualidade, mas o que sempre afirmo é que, concordando plenamente com teu comentário, excetuando a parte elétrica (e talvez a ponte) é um ótimo contrabaixo. Posso ser duvidoso pra falar isso por ter mãos muito grandes e ter sido o unico instrumento de 6 cordas que me senti confortável até hoje, mas tirando essa particularidade, e gostar muito do braço dele em termos de tocabilidade (criticado por muitos), acho o acabamento dele muito bom, apesar do meu eu ter comprado usado e ter vindo bem surrado.

    estou colocando 2 EMGs 45TW, que apesar do parto que está para chegarem estou confiante que cheguem próxima quarta. Se ficar legal vou por um BQS (ou outro, ainda estou um pouco em dúvida) Control, fazer as furaçoes para as chaves e potenciometros a mais e talvez trocar as ferrangens, aí acho que fica como quero.

    Vou te fazer um bombardeio de perguntas, responda se tiver tempo e paciencia, ok? Aproveitando que estou abusando, se o Bertola quiser comentar alguma loucura, por favor (risos):

    - qual set de captadores e circuito tu pos nele?
    - como ficou o resultado final do som?
    - cobriu todo campo harmônico ou sente defasagem na corda C ou B?
    - como contornou o fato de ter que alterar a madeira (no caso dos EMGs que é preciso alargar mais o buraco e preencher em altura por serem mais "gordos e baixos" que os originais)?
    - como ficou o acabamento final? esteticamente mesmo.
    - a parte elétrica coube no compartimento? apesar do circuito EMG ser em "peças" e pequeno, eu acho o compartimento um pouco justo.
    - continua com uma bateria ou fez um circuito de 18v? Estou pensando em mandar vir com as ferragens um compartimento de 2 baterias da Gotoh e fazer mais essa alteração
    - pergunta meio off do assunto: algum dos teus baixos veio com a tarracha da corda C invertida? eu achei bem estranho, ela é como as tarrachas das cordas de cima, então tenho que afinar ela sempre pra direção oposta

    Obrigado desde já.

    Mauricio Luiz Bertola
    Veterano
    # ago/06
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    WormKrash
    De fato a qualidade dos instrumentos Tagima caiu muito, infelizmente.
    Abç

    kevin magno
    Veterano
    # ago/06
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    WormKrash

    são caps custon by ladessa com pré baseado no esquema elétrico da alembic, caps tagima originais e emg para o de 5 cordas

    ele tem um esquema elétrico com placa e com atenuador de frequência, de maneira a possibilitar uma gama de timbres

    estes caps cobrem seguramente 115mm, sem defasagem na corda C ou B

    vc tem que invariavelmente "rasgar a madeira", tentando minimizar ao máximo os danos de natureza estética.

    ficou bom em linhas gerais à excessão de duas pequenas "descascadas" na hora da furação para colocar mais knobs, fêmea para plug e chave

    ficou um espremido só, mas coube

    ele continua com uma bateria apenas

    não, estão alinhadas e orientadas para uma mesma direção

    no fim de semana vou tirar ums fotos pra vc ver

    kevin magno
    Veterano
    # ago/06
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    WormKrash

    A propósito...

    A quantas sai o set EMGs 45TW e o circuito BQS?

    WormKrash
    Veterano
    # ago/06
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    kevin magno

    Obrigado pelas respostas.

    eu moro na Bolívia, comparar preço aqui é covardia, até porque pago mais barato que em Miami.

    cada EMG 45TW eu paguei U$90.00 e o circuito sai em U$140.00. Dolares americanos.

    zegotinha
    Veterano
    # ago/06
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    É o seguinte moro em uma cidade pequena e aqui não tem luthier, as vezes me aventuro em erros e acerto aqui. mas a questão do tensor me ficou um pouco confusa ainda.
    Para cordas de menor tensão eu de vo apertar o tensor é isso? no mesmo caso se quiser "baixar" as cordas do instrumentos ?

    kevin magno
    Veterano
    # ago/06
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    zegotinha


    Verifique primeiro a concavidade do braço apertando a corda SI ou Mi do seu baixo no primeiro e no último traste ao mesmo tempo. Observe a distância entre a corda e o traste do meio. O correto é que exista uma pequena distância que varia de 1mm a 2,5mm, conquanto que tenha mais de uma dezena de detalhes para um diagnóstico mais preciso, nesse sentido.

    Se vc for trocar o jogo ou até mesmo alterar a tensão, terá indubitavelmente de efetuar ajustes no tensor.

    Via de regra, é o seguinte:

    Quando apertado, o tensor aumenta a tração gerando "concavidade" do braço. (neste caso, o braço estará sendo puxado para tras). Para ilustrar, pense que alguém atras de vc amarrou uma corda no seu pescoço e o puxou para tras, neste caso vc não fica meio esticado, certo?.

    É o mesmo com o braço.

    Então, se vc trocar as cordas pelas de maior tensão e calibre, vc terá de "aumentar" a carga de tensão no braço, apertando o tensor - sentido horário, para poder estabelecer um equilíbrio nas solicitações mecânicas inerentes ao braço. (neste caso, o braço estará sendo puxado para tras)

    No sentido oposto, se vc substitui as cordas pelas de menor tensão e calibre, vc terá de "aliviar" a carga de tensão no braço, afrouxando o tensor - sentido anti-horário.


    Se vc for abaixar a corda vc precisará ajustar o tensor, afrouxando-o, pois terá diminuída a tensão sobre o braço.

    É preciso determinar as medidas iniciais e a partir delas poder ter parâmetros para mexer no instrumento. É um risco se vc perder a calibragem e os pontos de referência.

    Faça anotações e marque com um caneta marcador a posição na "cabeça do tensor". Lembre-se de não dar mais de 1/2 volta numa única sessão de ajuste. Vá de 1/4 por vez. É importante dar ao instrumento tempo para que haja a acomodação daquela nova carga no braço.

    Tem ainda a ação das cordas que entram nessa equação. Não esqueça.

    Espero ter podido ajudar

    Obs: é normal que vc gaste talvez uns dois dias ou mais para conseguir um bom resultado, porque uma vez que vc altera, cordas, tensão e ação, altera irremediavelmente a afinação. Vc terá de afinar um monte de vezes e retomar o processo outras tantas vezes, mas é muito gratificante.

    Abraços

    WormKrash
    Veterano
    # ago/06
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    o empenamento que discutimos aqui é mais em relação à concavidade que o braço pode apresentar, mas e se, por exemplo, o braço empenasse vindo de maneira reta para frente? ou seja, não tem concavidade, mas o headstock não fica no nível que deveria em relação ao corpo, fica mais pra frente. sendo assim, fazendo o teste de pressionar a corda nos trastes e analisar se está reto não se aplicaria, mas na hora de regular a ponte a ação ficaria muito alta. não sei se fui bem claro no que quis dizer, qualquer coisa faço um esboço.

    obrigado.

    zegotinha
    Veterano
    # ago/06
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    kevin magno
    Espero ter podido ajudar

    concerteza. muito obrigado

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