Qualidade em Home Studio

Autor Mensagem
shoyoninja
Veterano
# set/12


Queria saber a opinião de vocês nisso, o que é determinante para obter qualidade em uma gravação/mix? Considerando material produzido de forma independente que você escuta tanto aqui no forum quanto em ambientes como o Palco MP3 e o MySpace, onde estão os principais problemas, considerando todo o processo para produzí-los?

Microfones? Cabos? Prés? Utilização de instrumentos VSTi melhores? Efeitos VST melhores? Posicionamento de mics / acústica? Monitores e fones?

Onde está o elo mais fraco da corrente?

Considerem uma qualidade legal, ou aceitável, o suficiente para que, se misturada a outras músicas comerciais, um ouvinte comum, em um equipamento também comum, não soubesse distinguir apenas pela qualidade/sonoridade. Ou talvez descrevendo melhor, não ter aquela sensação imediata de gravação amadora.

Vou me adiantar e afirmar que a grande maioria do material, mesmo alguns produzidos por estúdios profissionais que cobram caro e deveriam entregar com qualidade, não passa nesse teste. Por quê?

MMI
Veterano
# set/12
· votar


shoyoninja

Onde está o elo mais fraco da corrente?

Na minha opinião, desculpe se não for o que você está esperando... O elo mais fraco disparado, muito mais fraco, está na pessoa que mexe nos mics, cabos, VST, fones, monitores e DAW. Um cara muito bom faz coisas melhores com um notebook sem vergonha e placa onboard do que um cara ruim num estúdio profissional de ponta.

Vou mais longe. Não é porque o cara trabalha num estúdio profissional legal que ele sabe o que faz em qualquer estilo ou instrumento gravado. Se você passar para todo o processo de produção e masterização, então que o buraco fica bem mais embaixo. Geralmente os cars são especializados em estilos específicos, não funciona um cara que só faz jazz e inventar de fazer metal (ou vice-versa), geralmente eles mesmo se recusam fazer. Os que aceitam, que dizem fazer tudo ("topa tudo por dinheiro"), geralmente vão fazer mal feito especialmente quando sair da "praia deles".

shoyoninja
Veterano
# set/12 · Editado por: shoyoninja
· votar


:) E alem disso? Será que eh só ai mesmo que a coisa pega?

MMI
Veterano
# set/12
· votar


shoyoninja

Além disso? Começa com uma boa captação. Depois uma mixagem boa, seguida de masterização. Vai bem mais longe do que só nos equipamentos.

MauricioBahia
Moderador
# set/12 · Editado por: MauricioBahia
· votar


shoyoninja: Onde está o elo mais fraco da corrente?

Dentro da minha cabeça! hehe

Vou me adiantar e afirmar que a grande maioria do material, mesmo alguns produzidos por estúdios profissionais que cobram caro e deveriam entregar com qualidade, não passa nesse teste. Por quê?

É que que nem aquela estória do cara que cobrou U$1.000,00 pra consertar uma máquina. Ele demorou 1 minuto pra solucionar o problema que ninguém conseguia havia semanas e na Nota de Serviços a descrição foi bem clara "Aperto de parafuso - U$1,00 / Saber qual parafuso apertar - U$999,00". Algo assim. hehe

Enfim, eu acho que o profissional com uma ferramenta "x" pode fazer coisas que poucos fariam com essa mesma ferramenta. E se a usam, fariam diferente. Portanto, não não há um limite quando falamos em cognição . Além disso, a percepção das pessoas varia (e pode variar na mesma pessoa, de acordo com o tempo ou mesmo humor!). A gente não fica procurando defeitos ou acertos nas coisas se não somos programados para tal. Apenas "escaneamos" uma situação ou coisa de forma bem rudimentar.

Não sei se minha colocação foi objetiva.... hehe

shoyoninja
Veterano
# set/12
· votar


Pode crer, eu concordo com você, mas ainda tem uma parte dessa questão de material humano que eu acho ainda mais importante, que talvez você esteja deixando subentendido no que falou. Quero ver mais algumas respostas antes, mas, no meu ponto de vista, isso já não condiz com 70% dos tópicos aqui sobre mic vs mic, interfaces, dsp e tudo mais.

Homem Cueca
Veterano
# set/12
· votar


A galera quer tudo de mão beijada hoje. E já tem muita coisa, é só ver os tópicos fixados, mas ninguém estuda. Lê uma vez e acha que já sabe tudo.

A galera que manja aqui no fórum, ou foi estudar pra valer e depois meteu a cabeça no trabalho ou aprendeu no dia dia de um estúdio com outros profissionais da área.

Ninguém educa os ouvidos de um dia pro outro, falta bom senso pra galera.

MauricioBahia
Moderador
# set/12 · Editado por: MauricioBahia
· votar


shoyoninja

Tem também aquela velha questão da auto-sugestão e/ou conformidade que faz o bom/ruim e certo/errado perderem o sentido, se é que fazem algum sentido! hehe



:)

JJJ
Veterano
# set/12
· votar


shoyoninja
Microfones? Cabos? Prés? Utilização de instrumentos VSTi melhores? Efeitos VST melhores? Posicionamento de mics / acústica? Monitores e fones?

Onde está o elo mais fraco da corrente?


Todo mundo aí em cima falou do fator humano. Concordo plenamente e dei +1 em alguns aí.

Porém, se nos restringirmos SÓ a equipamento eu colocaria a CAPTAÇÃO em primeiro lugar (mics, amplis, boas interfaces, bons cabos, bons instrumentos e, CLARO, bem tocados...) e depois MONITORAÇÃO (boas caixas e bons headphones). Sem isso, a chance da gravação ficar ruim é enorme.

shoyoninja
Veterano
# set/12
· votar


JJJ
Vc falou em equipamentos, mas também falou em captação.

E eh exatamente esse o ponto mais crítico, mais negligenciado e onde o processo depende quase que exclusivamente da parte humana. Em minha opinião claro.

Mais alguém?

JJJ
Veterano
# set/12 · Editado por: JJJ
· votar


shoyoninja

Mas eu falei no sentido dos equipamentos para captação. Bons microfones, por exemplo, fazem diferença. E tem alguns microfones muito bons que não custam os olhos da cara. O Shure SM57, por exemplo, é quase uma unanimidade em termos de captação de ampli e é um microfone barato, se comparado a uns Neumanns da vida por aí.

shoyoninja
Veterano
# set/12
· votar


Homem Cueca
Sem duvida!

JJJ
Então, se eh pra pensar só em equipamento e o sm57 dá conta, então a questão morreu aí. Se dá conta, pra que outro? Hehe. Dentro do contexto do tópico, claro. Estamos achando o motivo da gravação não ter uma qualidade aceitável.

shoyoninja
Veterano
# set/12
· votar


MauricioBahia
hehe aí a questão eh: qual o objetivo? e está sendo atingido? No contexto aqui eh boa o suficiente para que um ouvinte comum não descarte como material amador, e que passe por material comercial se misturado com outros mp3 no rádio do carro, por exemplo.

donagilda
Veterano
# set/12 · Editado por: donagilda
· votar


shoyoninja
Em relação a equipamentos e o talento, eu sempre procuro pensar da seguinte forma: onde esta o ponto limitante? será que é o equipamento ou será que é falta de talento, será que já consegui explorar o máximo desse ou aquele equipamento ou software, e normalmente o resposta vem assim: "preciso estudar mais", bom equipamento sem talento é só um bom equipamento, isso vale pra praticamente tudo na vida!

Eu dirijo ha mais de 18 anos, então um dia tive a chance de dirigir um carro da stock car, e não sai do lugar...

Abraço

Adler3x3
Veterano
# set/12
· votar


shoyoninja
Acho que o elo mais fraco é o ser humano.

Da lista tudo é importante.
Qualquer falha em uma parte do processo prejudica o resultado final.

El_Cabong
Veterano
# set/12
· votar


Eu acho que a boa qualidade de um material produzido num home Studio depende:

75% : do cara que opera o Home Studio (microfona, edita, mixa, ...).

10% : da qualidade dos instrumentos. (o instrumento bom geralmente é caro, e muitos ouvintes comuns percebem isso).

6% : da qualidade dos microfones. (os microfones em geral são mais baratos que os instrumentos, assim um mic de R$300 já engana bem o ouvinte comum).

5% : da qualidade da interface de audio e seus pré amplificadores (existem interfaces na faixa de R$500 com ótimos prés, e o ouvinte comum não perceberá se a interface usada foi a de R$500 ou a de R$5000).

3% : da qualidade do computador, seu processamento, etc. (hoje compra-se um Core i7 Sandy Bridge por R$ 1500, e num bichinho desses se consegue fazer de tudo).

1% : da qualidade do softwares (hoje se consegue softwares que fazem muitas coisas, e com muita qualidade, e alguns são até gratuitos).

shoyoninja
Veterano
# set/12
· votar


Pois é. O material humano é a parte mais importante.

Mas o que faz a diferença é a qualidade com que o material musical é apresentado durante a captação, seguido pela tomada de decisão do que é ou não aceitável baseado na monitoração. O resto só pode ter qualidade dependendo de como esse processo acontecer. E monitoração não eh apenas ter monitores caros e uma sala tratada, é conhecimento técnico e experiência.

shoyoninja
Veterano
# set/12
· votar


Imagine que você quer tirar uma foto maravilhosa.

Você compra uma câmera fodastica cannon, com lentes e filtros que só os maiores fotógrafos usam.

Compra uma estação de trabalho Mac, com a ultima versão do photoshop e todos os plugins mais tops.

Aí pega umas "dicas" sobre como usar, posições mais usadas. E vai atrás da foto perfeita.

Então, como não sabe bem o que fotografar, fotografa um cocô que estava na calçada. Tira 30 fotos, escolhe a melhor, edita no photoshop e leva para exposição.

O que o público vai ver? Um cocô em alta definição, capaz de alguns até sentirem o cheiro de tão definido que estará.

O material musical precisa existir e tem que vir de algum lugar. E para arrumar uma execução ruim é preciso muito mais conhecimento e domínio do instrumento a ser arrumado do que para fazer a execução em si. Então, no caso de Home Studio, eh absolutamente necessário ser capaz de executar a música e de forma interessante.

Se a execução é ruim, ao invés de mixar, vc vai ficar polindo cocô, e o resultado não vai ser outra coisa.

.omni
Veterano
# set/12
· votar


O mais importante é saber fazer (e ouvir). O que você quer fazer com esse conhecimento é aonde entra a questão do equipamento, home studio, etc.
Equipamento é ferramenta. A limitação do home studio é justamente não ter um grande leque de ferramentas e infra estrutura.
Infra estrutura envolve salas. Envolve o sistema de gravação, o computador, mesa, multicabos, patch, energia estabilizada e aterrada, noise floor baixo, isolamento, monitoração alinhada, etc. Isso já garante uma diferença grande no que dá pra fazer ou não.
Num home studio hoje a gente tem um monte de ferramentas dentro do nosso computador, o que nos permite fazer um monte de coisas de diferentes níveis de qualidade. Edição, por exemplo é uma coisa perfeita pra se fazer num home studio, por menor que seja.
Os computadores já são potentes o suficiente pra abrir sessões consideráveis in the box. É só aprender a tirar som e aproveitar.

El_Cabong
Veterano
# set/12
· votar


Observação !!!

Eu fiz aquele comentário (4 posts acima), levando em consideração que a banda possui ótimos instrumentistas, e ótimos vocalistas.

Instrumentistas e vocalistas ruins aniquilam com a qualidade do trabalho, mesmo que todo o resto esteja perfeito.

shoyoninja
Veterano
# set/12 · Editado por: shoyoninja
· votar


El_Cabong, concordo meu velho, mas o que quero dizer é exatamente que não dá para separar a execução e a performance como coisas alheias ao conhecimento necessário para produzir material no Home Studio, bem como em qualquer outro ambiente também.
Por que é daí que vem a qualidade, nenhum outro lugar.

Exemplo simples, que já escutei em um monte em demos de amigos e de uma galera que ia gravar comigo. O cara quer guitarras super pesadas from hell. Aí atocha de graves. Só que a execução dos riffs é toda “quase” boa, começa no tempo, mas acelera, uma notinha escapa aqui, outra lá. Essas escapadas acabam com a sensação de peso, o grave em excesso até ajuda a mascarar os erros, mas embola com o baixo, e fica com aquele som de guitarrista de quarto. Ao invés de estudar os riffs e executar o negócio com o peso e a pegada que quer, está preocupado com qual simulador de Mesa Boogie que vai ser usado.

Ou então vai gravar a voz e tem nota que o cara precisa se matar pra fazer, ou quer usar “drive” e mal consegue cantar uma frase direito. Acha que porque a Kelly Key gravou e literalmente fizeram ela cantar de forma passável, é só ligar o auto-tune e tudo vai ficar bacana. É impossível, precisaria de um coach pra tirar leite de pedra já na captação, já pensando também nas correções que serão necessárias. O processo de edição também fica bem longe de ligar o auto-tune e deixar rolar. Sem contar que muitas vezes o cidadão é bem pior do que a Kelly Key e acha que é bom porque gosta de Dream Theater.

Nessas situações, achar que pegando dicas para posicionar mic, ou comprando um mic e um pré de R$ 10.000 vai ajudar em algo, é viagem total. Existe um processo de decisão importante nisso, até de orientação, e por vezes não tem remédio.

Se entregarmos na mão do Maurício ou do HomemCueca um notebook positivo e um cabo para plugar a guitarra, eles tiram um som bom e interessante de se ouvir, ainda que muito provavelmente fique devendo um bocado para o que eles consideram qualidade. Vai ter ruído, claro, mas o nível de ruído sozinho não chega nem de longe no grau de importância que o conteúdo musical tem.

O Chris, do fórum de canto, grava o material dele com um pré behringer véio de guerra, que não faz nada demais além de funcionar bem. E provavelmente se colocar ele pra cantar num headset ligado na placa onboard do PC vai ficar bom também. Por outro lado, antes de começar a fazer aula com ele, eu tive esse mesmo pré por um bom tempo, e tudo que eu gravava ficava uma bela bosta, tanto voz como instrumentos.

A parte de conhecimento técnico básico envolvido, eu acredito que pode ser resumida a:

Organização
Aprender a usar ferramentas ( ler manuais?)
Monitoração
Captação
Edição
Mixagem

Equipamento é ferramenta e está dentro de organização.

Tudo isso é permeado pelo conhecimento técnico e prático de música, principalmente a parte que se refere a tomada de decisões.

Organização é ter as ferramentas necessárias e que funcionem corretamente para o que se destinam, instrumentos regulados e em boas condições, tudo que será necessário com fácil acesso, manuais e referências que você poderá consultar a mão, papel e caneta, notas sobre coisas que são necessárias, DESCARTE DE COISAS INÚTEIS, até mesmo a forma de dispor as informações na DAW para uso posterior.
E por ferramenta que funcione entenda: cabos sem mal contato, pedestais que não ficam caindo ou soltando a posição definida, computador que não trava, prés sem ruídos nos potenciômetros e com margem de ganho suficiente, microfones suficientes, um bom fone de ouvido, monitores que não tem buracos de resposta, sala sem buracos de resposta, cadeira/banco confortáveis tanto na DAW quanto para o músico ( que em muitos casos é a mesma pessoa), etc.

Aprender a usar as ferramentas: Leia os manuais, aprenda e experimente os recursos antes de usar, qual a curva de resposta do microfone X? Que tipo de padrão de captação? Em quais ângulos ele isola melhor a fonte? Qual a sensibilidade? Se você tem dois mics que fazem a mesma coisa, qual a necessidade desse segundo mic?

Monitoração: Usar a audição para definir e decidir, aprender a monitorar e comparar resultados, aprender o que esperar da sala e dos monitores que você tem ( porque com toda a certeza vão mentir) aprender a usar o fone de ouvido. Decidir é importante, manter takes com qualidade para ter opções é uma coisa, guardar todos os takes para decidir qual é bom depois é protelar e há uma grande possibilidade de não ter nenhum que seja bom o bastante no fim das contas.

Captação: Entender primeiro que o processo começa com o que será captado, e que todo o resto vai depender disso. Buscar a máxima qualidade possível. Utilizar a monitoração para entender e tomar decisões. Intervir na execução se necessário. Buscar takes com qualidade suficiente para que soem bem sozinhos, sem necessidade de ajustes. Caso um pequeno ajuste seja necessário, realizá-lo já nesse processo.

Edição: Organizar e definir cada parte e instrumento, preparando os tracks para mixagem, NÃO utilizar como forma de endireitar ou tornar interessante. Caso não exista opção, tudo que for deixado para ser corrigido na edição deve ser anotado durante a captação e um plano ou método para obter o resultado desejado já deve estar definido. Ajuste geral de níveis e a ajustes finos de correção principalmente, fone de ouvido bom ajuda demais nisso.

Mixagem: Organizar os instrumentos e vozes, de modo que cada um tenha seu espaço e sua função, tanto na questão de volumes, como espectro de frequências, posicionamento (reverb) e pan.

E tem uma parte disso que impacta muito no processo, principalmente no quesito organização. Muitas vezes, não existe um técnico e um músico, é uma só pessoa. E muitos instrumentos são virtuais.
Aí é fácil começar a misturar uma coisa na outra, alterando instrumentos enquanto está editando a linha de voz ou mixando, começando a linha MIDI de um, pulando para o tracking das guitarras, e assim por diante. Mesmo com um projeto simples com pouco tracks, vira uma salada bem rápido.


Masterização é um conceito que depende muito de entregar o material a outra pessoa com uma outra mentalidade e uma audição voltada a outros objetivos e patamares de qualidade, não acho que tem sentido ficar se preocupando com isso no home. Mas saber preparar um trabalho para ser masterizado, sem comprimir e achatar todo o áudio antes de mandar, é com toda certeza uma boa. E acho inclusive que trabalhar pensando nisso é o melhor para aprender a mixar. Já vi vídeo no youtube onde o cara fala para atochar um limiter no master e ir só subindo os níveis...

E o conhecimento musical, que é tão importante quanto todo o resto... Saber decidir sobre bom e ruim, saber entender os motivos que tornam algo bom ou ruim, entender conceitos de dinâmica e interpretação, entender a função de cada instrumento, tudo isso é fundamental. Coisas simples como acentuações em determinados lugares, ou um fraseado ligado ou ritmado mudam completamente uma idéia, e são muito mais importantes para o “mojo” do que o Tape Saturator vintage magic style que saiu na última Sound on Sound.

Existe um post do Yep do fórum do Reaper, sobre esse mesmo assunto, que vou copiar aqui:



Trivia question: what band recorded more number 1 hits than any other? More than the Beatles, Elvis, The Stones, and the Beach Boys combined?

A: The Funk Brothers, the then-anonymous house band/songwriting/arranging team behind Motown.

Home recordists take heart: all of the Detroit-era Motown records were made in the small (originally dirt floor) basement of Berry Gordy's humble Detroit home. I am paraphrasing from the film "Standing in the Shadows of Motown" when I say: "people always wanted to know where that 'Motown Sound' came from. They thought it was the wood, the microphones, the floor, the food, but they never asked about the musicians."

I am paraphrasing again when I say that it was widely thought that it didn't matter who the singer was, anything that came out of "Hitsville USA" (namely, that dirt-floor basement) was made of "hit." Smokey Robinson, Diana Ross, the Temptations, The Four Tops, the Jackson 5, Stevie Wonder, Mary Wells, and so on were basically just rotating front people for the greatest band in popular music history.

I don't care what kind of party you're throwing or what the crowd is like, if you put on "Bernadette" or "Uptight Everything's Alright" or "standing in the shadows of love" or "WAR" or any of those old Motown numbers, people will get out of their seats and start dancing and clapping (maybe on the wrong beats, but whatever). Nobody knows the lyrics, nobody can hum the guitar riff, and it has nothing to with the production. The music bypasses the higher cognition functions and directly communicates with the hips and the hairs on the back of your neck.

The guitars are indistinct, the keys are hard to make out, the horns and winds vanish into the background, James Jamerson's incomparable bass symphonies are the definition of "muddy," but the unified whole is impossible not to respond to. One cannot be human and not react to "Heard it through the grapevine," "Heatwave," "Tracks of my Tears," "Shotgun," and so on.

This is American-style popular music at its apex, and unlike nostalgic hippie music or punk purists, all you have to do is to throw it in the CD changer to hear its real power and musical accomplishment. No explanation or cultural context required.

My point is not that everyone should aspire to sound like Motown. In fact I do not think it is possible or desirable to re-capture such a sound with any kind of production techniques. And my point is definitely not to argue that they were "good for their time" or anything like that. Throw it in the CD changer and see if it isn't just as good today. If you think it sounds "old" or doesn't hold up, ignore what I'm saying.

My point is that you could not MAKE a bad recording of this band. The recordings ARE bad-- they are muddy, overloaded, indistinct, midrangey, all of it. And you could put those recordings into a cassette player and record the output of an old 6x9 car speaker through a cheap mic and then replay it at a wedding and it would STILL get more people dancing than anything on the top 40 from any era.

The production does not make the song. The preamps DEFINITELY don't make the song. Hell, the SONG doesn't even make the song, in modern popular music. It's the performance.

The rest is just flash and sizzle.



Tradução:

Curiosidade: Qual banda gravou mais hits que ficaram em primeiro lugar do que qualquer outra? Mais do que os Beatles, Elvis, The Stones e os Beach Boys juntos?
R: The Funk Brothers, a então desconhecida banda, responsável pela composição e arranjo do Motown.

Donos de HomeStudios, assimilem: todas as gravações do Motown da era Detroit foram feitas no porão sujo da humilde casa de Berry Gordy em Detroit. Parafraseando o filme "Standing in The Shadows of Motown": "as pessoas sempre queriam saber de onde vinha o som de Motown, achavam que era a madeira, os microfones, o piso, a comida, mas nunca perguntavam sobre os músicos".

Estou parafraseando novamente quando digo que era amplamente aceito que não importava quem era o cantor, qualquer coisa que vinha de "Hitsville USA" (o porão sujo) era feito de "hit", Smokey Robinson, Diana Ross, the Temptations, The Four Tops, The Jacson 5, Stevie Wonder, Mary Wells, e assim por diante foram basicamente os cantores e cantoras que se alternavam a frente da maior banda de pop da história da música.

Não importa que tipo de festa você esteja fazendo ou que tipo de audiência seja, se você tocar "Bernadette" ou "Uptight Everything's Alright", ou "Standin in The Shadows of Love", ou "War", ou qualquer uma dessas produções antigas do Motown, as pessoas vão se levantar e começar a dançar e bater palmas (talvez fora do tempo, mas que seja). Ninguém sabe as letras, ninguém sabe cantarolar o riff de guitarra, e não tem nada a ver com produção. A música se conecta diretamente ao ouvinte.

As guitarras são indistintas, os instrumentos de teclas difíceis de se escutar, os instrumentos de sopro somem em segundo plano, as sinfonias de baixo incomparáveis de James Jamerson são a definição de "emboladas", mas o conjunto é impossível de se ignorar. Você não pode ser humano e não reagir a "Heard it through the grapevine", "Heatwave", "Tracks of my Tears", "Shotgun", e assim por diante.

Isso é a música popular americana em seu auge, e diferentemente de música hippie ou punk purista, tudo que você precisa é colocar o CD para tocar e escutar a força e o resultado musical que foi alcançado. Não é necessária qualquer explicação ou contexto cultural.

Não quero dizer que todos devem tentar soar como Motown. Na verdade, não acho que seja possível ou desejável recapturar aquele som com técnicas de produção. E definitivamente não quero dizer que eles eram bons para "o tempo deles", coloque o CD para tocar e veja por você mesmo se não é ainda tão bom hoje em dia. (Se soar velho ou não for bom o suficiente, ignore o que estou falando).

Quero dizer que seria impossível FAZER uma gravação ruim dessa banda. As gravações SÃO ruins, são emboladas, clipadas, indistintas, com excesso de médios e tudo mais. E ainda assim, você poderia colocar essas gravações em um toca fitas, gravar a saída de um alto-faltante automotivo 6x9 em um microfone barato e colocar para tocar essa gravação em um casamento, e ainda assim iria conseguir mais pessoas dançando do que qualquer outra coisa do top 40 de qualquer era.

A produção não faz a música, os pré-amps DEFINITIVAMENTE não fazem a música. Nem mesmo a MÚSICA faz a música. Na música popular moderna, é a performance.

O resto é frescura. (flash and sizzle no original, algo como "para inglês ver")


Deixando os exageiros e o regionalismo de lado, tem uma boa dose de verdade nisso tudo, especialmente porque realmente foram hits e foram gravados nas condições descritas.

shoyoninja
Veterano
# set/12
· votar


Monitoração e Decisões

Bom vou começar lembrando que gravação em Home Studio é uma tarefa multi-disciplinar, não envolve só conhecimento empírico dos equipamentos e dos conceitos, envolve conhecimento da música, instrumentos e conhecimento prático do que precisa ser feito. Se você é ao mesmo tempo o técnico e o músico, ainda some a tudo isso o quesito importantíssimo da execução e performance.

Então vamos lá. Monitorar é escutar e entender o que está escutando para decidir e corrigir o que for necessário.

Se você é ao mesmo tempo o músico, existe também a monitoração durante a gravação, mas isso é algo separado desse conceito, já que o propósito é localizar o músico e criar uma situação favorável para gravar. Do ponto de vista técnico, tem mais a ver com mixagem do que com monitoração propriamente.

Começando pela parte mais básica de todas, você precisa confiar no que seu equipamento está mostrando a você. Isso envolve alguns pré-requisitos:

Acústica da sala: Ambientes domésticos tem acústica entre ruim e podre para a finalidade que desejamos, mas desde que não seja uma sala muito pequena e quadrada, é possível aprender a conviver com o problema e utilizá-la. Linearide NUNCA vai ser possível, mesmo com os melhores monitores, mesmo com materiais mágicos para tratamento de ambientes, mesmo que você tente calibrar a monitoração para o ambiente (10 cm para fora do ponto onde o microfone de referência estava, e tudo muda).

O problema principal que pode sim ser resolvido, é a existência de ondas estacionárias, principalmente na região dos médios e graves. Isso porque não apenas uma não linearidade aparece, mas porque um buraco enorme é criado, e dentro desse buraco você simplesmente não vai saber o que está acontecendo. É esse tipo de problema que faz com que a mix que você faz em um determinado equipamento e local soe completamente diferente em outra situação. Não é uma leve diferença nos médios, é uma desproporção que no momento em que a mix foi feita, você não estava escutando.

É possível melhorar isso bastante, e evitar problemas desse tipo relacionados a acústica fazendo um tratamento de pobre, precisa apenas de painéis de lã de rocha e tecido para recobrí-los. Os pontos críticos para a ressonância de uma sala retangular, são os cantos, nos pontos onde as 3 superfícies de encontram. O objetivo não é fazer “armadilha de grave”, o objetivo é absorver tudo que acontece ali e efetivamente eliminar a região problemática da equação.

O Omni me passou uma dica muito boa, de dispor na sala materiais densos como uma estante de livros, não reflexivos como um tapete, etc. A idéia não é destruir o reverb da sala, mas sim eliminar os padrões e tornar a resposta mais caótica e menos afinada. Eliminando assim os problemas principais e tornando possível realmente escutar o que acontece.

É muito mais barato do que investir em monitores top, e o resultado é enorme.


Monitores: Qual o requisito mais importante? Linearidade certo? Não. Se você fosse um profissional trabalhando em um estúdio de grande porte, com salas perfeitas e lineares, então realmente é isso que você iria buscar em um monitor. Resposta super fiel. Só que vivemos em uma outra situação, onde temos que administrar outros problemas que são impensáveis em um ambiente desses.

A principal característica que você precisa é que não tenha buracos de respostas nos médios. 90% do trabalho é feito nos médios, é o principal que você precisa escutar, não dá para se dar ao luxo de ter uma caixa com um cross-over mal projetado com um buraco de respostas em 2.2K. Ah mas ela responde desde CC até 40KHz. Será inútil para o trabalho do mesmo jeito.

E aí é preciso usar a inteligência e pesquisar antes de comprar. Aquela caixinha da Edifier que vivemos falando que é bacana, é legal justamente por isso, ela não é precisa, colore tudo, tem distorção, mas pelo menos não tem esse erro grotesco de projeto que É COMUM em monitores entry level de outras marcas que supostamente são voltadas a uso profissional.

Sem exageiro, entre mixar em uma caixa de duas vias mal projetada, com 100RMS e cheia de leds reluzentes, e mixar em uma daquelas caixinhas de plástico USB com uma via só, é mais fácil trabalhar na caixinha de R$15 reais. Pelo menos é certeza absoluta que ela responde na faixa de médios, muito mal talvez, mas você vai ouvir o que está lá.

Então é isso que você precisa, médios, têm que estar lá. A linha HS da Yamaha é boa, eu uso o VXT6 da KRK, já usei as RT1200 da Edifier, e conheço pessoas que usam micro systems de algumas marcas que funcionam bem.

Claro, se o monitor é linear, então está garantido que esse problema não vai existir. Sem dúvidas, só que só a partir de uma determinada faixa de qualidade, e preço$, as especificações técnicas passam a ser confiáveis. Principalmente sistemas de 2 vias baseados em cross-over passivos. O desenho dos circuitos de filtro passivo são muito dependentes da exatidão do valor dos componentes. Somado ao uso de componentes baratos, cada caixa vai se comportar de um jeito na faixa de médios, não é aceitável.





Então você tem lá sua interface, microfone, cabo, uma sala passável e um monitor que não é todo torto. A questão é, será que consigo um áudio bom aqui? Será que consigo diferenciar bom de ruim nessas condições? Será que esse microfone, pré e interface são capazes de gravar algo bom?

Vamos matar uma questão por vez. A primeira é fácil: Pegue um CD de uma banda que você gosta, coloque para tocar. Escute o que está tocando, você ainda acha bom? Ok, então é possível identificar bom usando o equipamento, e você sabe dizer o que é bom.

Agora o oposto, ache um vídeo no youtube de alguma gravação ou banda que você acha uma droga, por qualquer motivo que seja. Coloque para tocar, continua ruim? Excelente, então você consegue entender ruim também. Portanto você já é capaz de decidir basado na monitoração, já que não existe nenhuma faixa de frequência escondida de você.

E o teste final. Novamente coloque o CD que você acha bom para tocar. Só que dessa vez, posicione o microfone na frente do monitor e grave o que está sendo reproduzido. Escute a gravação. Continua soando bem? Então aí está, seu equipamento pode gravar coisas boas. Ah soa bem mas tem diferenças, é essa diferença que você pode atribuir ao mic e ao pré, nada mais. Diferente não é melhor nem pior.

E ponto final, não existe se, mas ou porém nisso. Pelo menos não nesse nível mais básico de aprender a produzir um material agradável de se escutar.

Comparação e decisão: Aqui uma coisa importante entra na equação, o volume no qual você vai monitorar.

Se você ler qualquer livro sobre mixagem, você vai achar em algum lugar a informação de que o nível ideal para monitoração é de 82dB SPL, porque é nesse volume que nossa audição é mais linear. De fato, isso é correto. Mas aí entra a questão denovo, linearidade vs questões mais básicas e necessárias que não existem em um ambiente profissional e com pessoas bem treinadas.

Existe uma outra questão bem mais primordial, e que teve como resultado a tão conturbada e controversa “loudness wars”: Para quem não tem essa percepção ainda treinada, para quem ainda está começando a trabalhar com áudio, na verdade para qualquer um que nunca teve que comparar resultados e decidir, mais alto = melhor, sempre.

Sempre. Pode ser ruim, clipado e distorcido, mais alto vai soar melhor. Alguém aí já viu essa situação?

Você começa a fazer uma mix com guitarras, baixo e bateria. Então você percebe que o som da guitarra está um pouco fechado e sem brilhos, e faz um eq puxando um pouco mais de médio agudo. Soa melhor

Aí você percebe que falta corpo no baixo. Faz uma eq no baixo puxando um pouco mais de graves. Soa melhor.

Então a bateria parece um pouco sem presença, você faz uma eq nela, puxando médios. Soa melhor.

Agora a guitarra parece meio magra e sem peso comparada ao resto. Faz uma eq nela puxando um pouco de médio graves. Soa melhor.

E assim por diante, no dia seguinte você vai escutar a mix denovo. E está tudo uma bela merda, tudo embolado e nada definido. O que aconteceu?

Além dos ouvidos irem se acostumando, basta lembrar que cada vez que você faz um boost de frequêncais no eq, você deixa o track mais alto. Substitua cada ocorrência na lista anterior de “faz uma eq puxando XXXX” por “aumenta o volume”, e você tem a resposta.

Isso traz duas implicações: A primeira, independentemente da linearidade de respostas, que você NÃO tem em casa mesmo, monitore em volumes baixos. Porque se você conseguir fazer soar bem em volume baixo, é 99,9% de certeza que quando você colocar para tocar em um volume normal vai soar bem.

E a segunda: Tome a decisão sempre baseado no que você escuta, escolha entre o que é melhor ou pior, independentemente de você achar que isso é subjetivo e depende do seu gosto, isso realmente é subjetivo e vai depender de você. Mas mais importante ainda, sempre que você comparar resultados, compare sempre os resultados apresentados pelas mesmas fontes e AJUSTE O GANHO de efeitos para que o volume seja o mesmo.

Mesmo volume não significa mesmo valores de pico no meter, significa que é o mesmo volume que você está percebendo. Mesmo volume, denovo, segundo seus ouvidos. Aí sim, fica fácil decidir se o que você fez com o efeito/plugin foi o que você queria ou se está apenas deixando ainda pior o problema.

Fones de ouvido: O Omni fala disso sempre e sempre aqui no fórum. É muito mais importante e básico um bom fone no ambiente doméstico, do que os monitores, porque é a única forma de você realmente ter precisão sem um tratamento acústico de qualidade.

Sem contar que no processo de edição, é muito mais fácil escutar detalhes usando os fones.

As mesmas regras se aplicam na hora de comparar e de escolher o nível de monitoração. Ajuste os resultados a serem comparados para o mesmo volume, usando os ouvidos e não os meters, e monitore em volumes baixos para não se enganar.

Se você pretende depender apenas do fone para mixar, então tem que ser um fone muito, mas muito bom. Porque existem diversos problemas com fontes sonoras próximas dos ouvidos que precisam ser levadas em conta no projeto, fones comuns geralmente tem uma certa deficiência em médios e um boost em graves que vão resultar em uma mix meio nasal.

Recomendo o melhor fone possível, independentemente da escolha de monitores. Assim como no caso dos monitores, é bem possível que exista fones baratos por aí que serviriam para fazer o trabalho, mas já não sei dizer qual e quais os problemas que você teria que enfrentar. Fones são proporcionalmente baratos em comparação com os monitores, então acho viável garantir a qualidade pelo menos nesse ponto.

Lembrando, isso tudo é apenas uso de ferramenta. Em primeiro lugar está o material musical.

Sua habilidade de corrigir o que está ruim vai depender principalmente de seu conhecimento musical, para perceber o erro e imaginar tanto a solução como a forma correta.

E é isso, e por fim, queria registrar aqui que na questão de equipamentos, a parte mais importante é a monitoração. Todo o resto é secundário. Você precisa ouvir, saber o que está acontecendo, e confiar nas decisões que tomar. Sem isso, o resto é inútil.

Casper
Veterano
# set/12
· votar


Caros colegas:

Esse é um dos melhores tópicos que eu vejo por aqui em meses.
Parabéns. Eu frequento vários outros fóruns e esse assunto é recorrente.

Recomendo uma lida no texto : 'The #1 Rule of Home Recording':

http://therecordingrevolution.com/category/the-1-rule-of-home-recordin g/

MMI
Veterano
# set/12
· votar


shoyoninja

Mais ou menos amigo... rs

A moçada esquece que quando se fala em home studio, geralmente se referem a algo bastante rudimentar, mas tem caras que tem home studios melhores que muito estúdio profissional por aí. Conheço um produtor de NY que mixa e masteriza no seu home studio com altíssima qualidade, é famoso, faz trabalhos para caras famosos na casa dele e estava conversando com ele semana passada mesmo sobre o home dele. Ele diz que é bastante simples o dele, mas ele gosta do som e das produções que faz ali, por outro lado acha o estúdio Mosh aqui de SP ruim, não gosta... hehehehe

Mas vamos ao que interessa, falar de padrão custo-benefício, tirar leite de pedra...

Claro que começa com o cara tendo que tocar bem, ter dinâmica correta, acertar o tempo, ser afinado. Uma coisa é usar o auto-tune para acertar um detalhe ou mesmo acertar um detalhezinho no tempo, outra coisa é ter que corrigir tudo que o mané fez que saiu uma droga - não, não vai ficar legal.

O primeiro passo é captar bem, da melhor forma possível, quando o músico estiver executando bem. O equipamento faz diferença sim, um pré bom, colorido ou transparente dependendo da aplicação, um mic legal, instrumentos bons... Aí começa a luta para tirar leite de pedra. Eu tenho bons prés e bons mics aqui em casa mas tem que pesar muito para usar. Se for guitarra, drive ou distorção (que a galerinha tanto se interessa aqui no fórum), para gravar em casa o ideal é buscar soar bem captando em linha. Vão me xingar, mas microfonar em casa, sozinho principalmente, é um saco e é ruim para ficar aceitável. Dá para tirar bons sons com simulador de falantes, reamp e equipamentos específicos para esse fim, acabei de comprar um H&K Tubemeister para esse fim e vou sim meter um cabo nele para gravar em linha, no máximo gravar em 2 canais com um microfone num cabinete, muito para ter uma variabilidade sonora. Violão faz muita diferença a qualidade e construção. Eu virei fã da série Fishman Aura, dá bom som em linha. Tenho um Taylor 710ce que em casa uso um pedal Fishman Aura, apesar desse violão ter ótima sonoridade, quase não uso em casa, mas em estúdio profissinal ele faz estrago. Em casa o Gibson SJ-200 arrebenta, tem o Fishman Aura instalado nele, com presets específicos, dá um som enorme. Quando gravo em casa com ele, coloco um condenser (TLM103 ou KM84, dependendo do que procuro) e te digo que o som fica legal, chega próximo de muita gravação de estúdios modestos por aí. Gravo ukulele e bandolim também, mas aí a coisa aperta e se distancia bem mais do resultado de estúdios, mesmo porque tem que ser microfonado, eles não tem captadores. Mas todos são sólidos, já tem sonoridade melhor que a média que se vê por aí. Acabei de chegar com um bandolim Gibson vintage, a sonoridade é excelente, nunca vi igual, mas esse é para gravar em estúdio... De resto o que gravo é MIDI, tosqueira, caso contrário uns amigos gravam as partes em separado. Não quero dizer com isso que sou bom nas gravações que faço, que sou melhor que os outros.

Quanto a monitorização, é claro que um mínimo de tratamento é importante. Sim, é melhor um quarto atrolhado de coisas, livros, roupas, tapete, cases, gera uma reverberação melhor que um quarto vazio. Mas um mínimo, como um suporte para os monitores, um ou outro bass trap, alguma atenção na reverberação melhora muito o som. Eu tinha um "suporte Tabajara" com espuma e isopor debaixo dos monitores, comprei suportes específicos da Iso Acoustics e fiquei surpreso com a melhora. Mas mesmo sendo deficitário em relação a estúdios, um fone é importantíssimo, então tenho um DT770 Pro para esse fim, e outros como Bose e Sennheiser, uso mais para ouvir como referência na hora da "masterização caseira".

A verdade é que qualidade tem um preço. Não adianta aquela máxima do fórum do tipo: "tenho 500 contos para comprar computador, interface, monitores, fones e guitarra e quero torar um som profissional", não dá. Mesmo assim, com equipamento mais ou menos, ainda fico longe dos resultados de um bom estúdio com caras bons pilotando tudo. Essa é a verdade.

.omni
Veterano
# set/12
· votar


MMI
Amém.

shoyoninja
Veterano
# set/12
· votar


MMI a minha idéia não é forçar ninguém a comprar só equipamentos baratos. Eu apenas quero dizer que comprar equipamentos, independentemente do preço, para buscar uma melhora de ruim para o que eu defini no começo do tópico como aceitável não tem nada a ver com música.

Se está ruim, tem coisa muito errada acontecendo, e com toda certeza tem um problema no tracking e na execução/performance. Nessa situação você pode comprar tudo que quiser e não vai fazer diferença, já que o problema não está nem sendo corretamente identificado, a pessoa não vai nem saber o que editar para corrigir.

Nessa situação a atividade não é produção de material musical, é só uma coleção de equipamentos.

Não quero dizer que quem tem equipamento top não sabe o que faz. Quero dizer que quem produz material ruim não sabe o que faz e equipamento não é a justificativa, mas sim material humano.

MMI
Veterano
# set/12
· votar


shoyoninja

Sim, compreendo sua posição mas não concordo, isso é generalizar demais. Não acho que uma gravação ruim seja sinônimo de problema na execução ou tracking obrigatoriamente. Tenho amigos, músicos profissionais, que tocam muito, arrebentam, mas não sabem gravar em casa ou fazem bem mal feito. Outros, por ter equipamento muito simples, gravam mal mesmo, com ruído, microfone ruim, coisas do tipo. Como disse acima, bons equipamentos fazem diferença sim na hora de se fazer música. E isso tem um preço, todavia também não estou aqui para forçar alguém a comprar coisas caras ou baratas, adquuirir mais equipamentos, nada disso.

Por outro lado, concordo que o elo fraco disso tudo está na parte humana. Um excelente equipamento não salva um músico ruim nem um mau técnico, já tive experiências assim em excelentes estúdios muito bem equipados. A diferença entre um computador vagabundo com placa onboard e um equipo altamente profissional em grande estúdio é mínima em comparação à diferença entre a parte humana boa e ruim (técnico de gravação e músicos).

shoyoninja
Veterano
# set/12
· votar


Organização e o conhecimento técnico básico

Acho que já escrevi sobre isso aqui antes, mas que seja, novamente:

Organizar não é deixar todas as mesas limpas e sem papéis, colocar mics em ordem de tamanho e colocar umas etiquetinhas coloridas em cabos.

Organizar é ter um planejamento 100% funcional para fazer tudo aquilo que você tem em mente dentro do estúdio.

E isso está diretamente ligado a conhecimento técnico.

Vamos começar pelo lugar mais fácil de fazer bagunça, no computador. A DAW. Começando pelo nome, Dital Audio Workstation.

Workstation é Estação de Trabalho. Não é estação de emails com foto de bichinhos, não é estação de jogos pirateados, não é estação de pesquisa, não é estação de edição de trabalho de escola e não é estação para ficar fazendo testes de programas diversos.

Você precisa que esse computador funcione muito, mas muito bem. Tela azul é de matar qualquer um de desgosto.

E aí um ponto polêmico: eu recomendo, fortemente, que se trabalhe apenas com programas originais, isso mesmo, pague pelos programas, plugins inclusive.

Em primeiro lugar porque ficar dependendo de releases e torrents para atualizações de bugs é terrível, você vai correr o risco de ganhar algum vírus junto com os softwares.

Em segundo lugar, porque vai eliminar o problema de ter 700 plugins diferentes que fazem a mesma coisa com interfaces diferentes. Tenha um para cada função, e ponto final.

E, em terceiro lugar, vai limitar você a uma DAW apenas, que você vai ter que aprender a usar bem. Não importa se é o Sonar, o Cubase, Protools, Reaper ou o que for.

Não vou entrar em detalhes sobre como montar um PC com essa finalidade, mas parte muito importante do processo é escolher hardware com drivers 100% e depois fazer o que for para eliminar qualquer coisa que esteja causando latência alta no DPC. Isso geralmente significa não instalar tranqueiras xing-ling no computador.

Uma vez que você tenha os programas e plugins. Manual e leitura, tudo. Mesmo que você não aprenda tudo com detalhes. Você vai saber os recursos que existem e que você pode aprender num caso de necessidade.

Organizar microfones. Todos os mics fazem a mesma coisa, captam som e o transformam em sinal elétrico. As características com que fazem isso é que mudam. Aprenda sobre padrões de captação, leia o manual do microfone e veja sua curva de resposta, bem como os ângulos de cancelamento e isolamento da fonte sonora. Teste os diferentes microfones em uma mesma situação, independentemente do que você leu sobre eles, use seus monitores para literalmente “aprendê-los”. Não existe esse negócio de condensador é pra voz e dinâmico é pra guitarra. Principalmente se você só tem um mic.

Que diferença dá aumentando a distância? Mudando o ângulo? Colocando tudo em outro local da sala?

Destrinche isso, anote tudo, formalize o seu conhecimento. Ainda que só você o entenda.

E por falar em mudar de local. Entenda os efeitos da acústica. Tem um jeito muito simples de tirar a prova e eu acho que é muito importante. Qualquer celular tem um gravador embutido. Pegue o celular, defina uma frase de teste, coloque ele em várias posições em uma sala e grave o resultado.

Vá para outra sala, faça o mesmo, um corredor, faça o mesmo. E assim por diante. Note a diferença que isso causa, mesmo mantendo o celular próximo a você.

Anote tudo também. O objetivo não é concluir uma verdade absoluta, mas entender as diferenças e o que pode e não pode ser administrado.

Cabos:

Minha opinião sincera: Aprenda a fazer, e com qualidade. Acho que tem material aqui no fórum sobre isso, não vou entrar nesse mérito.

O que é necessário são cabos que funcionem. Isso quer dizer sem mal contato, conectores limpos e em bom estado, tamanho suficiente, todas essas coisas que são óbvias. E isso quer dizer que TODOS os cabos que você tem são assim, se você tem que “procurar um cabo que funcione”, algo já está muito errado.

Pra que guardar cabo ruim? Pra que misturá-los com os bons?

Organize-os de forma que você saiba exatamente onde achar um com a finalidade e tamanho que você precisa, e principalmente onde guardá-lo depois do uso. As etiquetinhas coloridas vão bem se você grava mais de um canal ao mesmo tempo, uma em cada ponta do cabo, serviço limpo e durável de preferência.

Cabos para guitarras, e qualquer outro instrumento que tenha saída de alta-impedância precisam de uma atenção maior. Alta-impedância significa uma necessidade de energia menor para causar resposta no pré. O que resulta numa exposição muito maior a variações de capacitância, ruídos e até mesmo uma ação de microfonia devido a movimentação mecânica nos componentes do cabo. É possível construir bons cabos em casa sabendo o que procurar na construção do condutor. Mas recomendo comprar de uma boa marca, pelo menos um cabo para essa finalidade.


Bloco para anotações, é interessante ter 3:

Um para anotações rápidas durante a captação, edição e mix de um projeto

Um para anotações referentes a conhecimentos que você precisa estudar

Um para anotações referentes a equipamentos


O primeiro é um tanto óbvio, toda a vez que você tiver algo que considere pertinente anotar, anote.

O segundo é útil porque é durante a utilização que você vai perceber coisas que seriam úteis e que você deveria aprender. Desde procedimentos simples dentro da DAW para automatizar algo, até conhecimento teórico de música.

O terceiro não é para começar a devanear “preciso de um pré com mais vibe e mojo vintage warmth”. São coisas do tipo, “falta um cabo assim e assado”, “comprar palhetas”, “pré com ruído, trocar”, “drivers da interface dando problema”, “regular a guitarra”, preciso de um mic que faça isso e isso, diferença na mix dos monitores para o equipamento x, verificar, e assim por diante.

Workflow:

Em todas as áreas de conhecimento técnico, a domínio da execução de atividades complexas é obtido através do domínio e organização de tarefas simples de menor abrangência.

Todas as DAW tem um poder enorme hoje para fazer quase tudo simultaneamente. Você pode sair escrevendo uma linha de MIDI, plugar a guitarra e gravar uma base junto, cantar. Montar um loop com isso e depois gravar a linha de baixo, e assim por diante.

A primeira coisa a se fazer, na minha opinião, é separar o processo criativo e o processo de gravação. Durante a criação, não é interessante ficar se preocupando com execução e performance, o importante é ter idéias e registrá-las, e organizá-las até ter o resultado final.

Pra gravar não. A música já tem que estar definida, é apenas a etapa de registrar a performance. É muito, mas muito importante que tudo esteja muito bem definido na sua cabeça. Não é a hora de ficar inventando riff, solo ou escrevendo letra.

Tem que estar na cabeça de alguém, não adianta tentar deixar ao acaso para ver o que sai quando gravar. E aí entra uma questão bacana:

Suas opções são: 1 – arrumar alguém para tocar o instrumento, 2 – usar um VSTi, ou 3 – tocar você mesmo.

Na situação 1 e 2, você não precisa saber tocar o instrumento, na terceira, você precisa saber MUITO bem.

Mas, por outro lado, na 1 e na 2, apesar de você não precisar saber tocar, você PRECISA conhecer, entender e ter a linha inteira definida na sua cabeça, para garantir que o resultado é o que você quer. Na terceira opção, sua familiaridade com o instrumento torna tudo muito mais fácil, e você vai ter isso definido mesmo sem pensar no assunto.

O que não pode ser feito é ignorar esses aspectos e repassar a responsabilidade para o músico ou para o programa de computador. Quem está produzindo o material é você, não o VSTi, não o músico, não a DAW.

Vamos supor o caso de uma bateria. Tudo bem, você não sabe tocar. Mas você sabe que o baterista só tem 2 braços e 2 pernas, então começa por evitar combinações mutantes. Você sabe quais as formas de denotar dinâmica que um baterista tem a disposição? Qual a diferença entre usar a máquina de chimbal aberta e fechada? Condução? Um rimshot na caixa, qual o uso? Onde usar os Crashs? Qual efeito um china tem? O que o bumbo faz durante o desenho de uma virada?

E assim por diante. Sem saber isso, o VSTi pode ter 10.000 samples para cada velocity, não vai soar natural.

Para cada instrumento que não é você quem vai tocar, você precisa entender pelo menos essa parte mais básica. Isso considerando que a execução seja boa.

E se pra gravar uma boa execução esse conhecimento é necessário, o que é preciso para fazer uma edição corretiva? Para arrumar uma execução ruim na marra? Pense a respeito um pouco.

Ainda dentro do workflow: O metrônomo é seu amigo, use, para depois não ter que quantizar tudo.

Uma vez entendidos esses conceitos, defina a ordem em que cada coisa será feita, qual o prazo?

Siga tudo a risca, respeite os limites de prazos para obter os resultados. Isso vai te obrigar a identificar o que é importante para obter qualidade e o que não é. Entenda o que é possível e o que não é. Um projeto que depende do guitarrista melhorar a técnica para conseguir executar direito o solo não vai dar certo nunca, simplifique o solo ou parta para outro projeto. Traga toda a situação para dentro do que é tangível e dentro das possibilidades imediatas.

Por exemplo, eu não tenho condições de gravar um Ukelele como o MMI faz, eu não consigo imaginar na minha cabeça como é o som de um Ukelele bem tocado, não sei encaixar isso numa mix. Não sei o que tem de diferente nesse instrumento, quais tipos de articulações se usa, etc. Hehe não sei nem identificar um se visse! Como que eu poderia fazer um trabalho bom nessas condições?

Instrumentos:

Instrumentos que vão ser usados para gravar precisam estar regulados, cordas/peles novas, confortáveis para tocar. Você também precisa conhecê-los e saber o que esperar.

Se vai ter gravação de guitarras e outros instrumentos de cordas, tenha encordoamentos de reserva, baterias para captação ativa, palhetas, tudo que pode surgir para atrapalhar o processo.

Recomendo ter os instrumentos e deixá-los sempre prontos para o uso, mesmo que você vá gravar outros músicos que vão trazer os próprios. Denovo, não é necessário uma guitarra de 10.000 dolares, basta uma guitarra bem regulada para isso.

E pra concluir, em ambiente de trabalho, o que não é utilizado é lixo.

Separe o que faz tempo que você não usa. 6 meses sem nenhuma função, venda ou doe.

shoyoninja
Veterano
# set/12
· votar


MMI, não sei, acho que é mais uma questão de como você está interpretando... Eu estou voltando isso mais ao lado do processo pela visão do técnico.

A execução e a performance é o músico que faz. Mas quem decide o que fica gravado e tem qualidade é o técnico.

Claro que dá pra fazer uma pastelada na mix e estragar até uma execução boa, mas uma pessoa que sabe identificar problemas já no tracking dificilmente vai fazer isso.

Enfim, queria abordar mais essa questão humana.

MMI
Veterano
# set/12
· votar


shoyoninja

Sim entendi, mas ainda assim não concordo completamente, porem podemos viver em paz assim mesmo. :-)

Ainda assim não concordo em vários pontos. Já vi excelentes técnicos, que não discuto que sabem fazer muita coisa, inclusive conduzindo um bom processo de captação, mas que estragam tudo na mix. Um exemplo muito fácil disso é a rapaziada de estúdios que curte rock, grava muito bem isso, mixa e masteriza com qualidade, mas quando pega um jazz literalmente caga tudo, com o perdão da palavra. E em absoluto, não é nada raro isso acontecer, chega a ser normal, os bons caras do ramo costumam trabalhar em estilos que dominam.

Mesmo em estúdio, não pense que é fácil uma guitarra distorcida soar bem. E é muito diferente de soar bem com uma guitarra jazz, que é muito diferente de um violão rock de aço, muito deiferente de um violão nylon bossa nova, muito diferente de um bandolim e por aí vai.

Tem que estar na cabeça de alguém, não adianta tentar deixar ao acaso para ver o que sai quando gravar.

É como eu disse, existem exceções, conheço excelentes CDs gravados no improviso. Cuidado com generalizações, alguns grandes músicos fazem isso com propriedade.

Enviar sua resposta para este assunto
        Tablatura   
Responder tópico na versão original
 

Tópicos relacionados a Qualidade em Home Studio