Legalização do aborto e criminalidade

Autor Mensagem
Wanton
Veterano
# 04/out/23 17:24 · Editado por: Wanton
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Insufferable Bear
não foi argumentado como que a continuidade da gravidez é equivalente à doação de órgãos/sangue, acho essa analogia bem forçada

É quase uma redução ao absurdo, só que amparada pela lei. Doar sangue e doar órgão (depois de morto) é bem menos invasivo do que alugar uma quitinete na própria barriga.

o que muda quando o feto vira um ser vivo?

Enquanto o feto é entendido como ser vivo, a desvantagem da gravidez é gritante. Se ele é só um ser em potência, pior ainda! É como se a mulher fosse submetida à inseminação artificial forçada, já que a vida que se quer proteger ainda nem existe.

Wanton
Veterano
# 04/out/23 17:30 · Editado por: Wanton
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Há um sistema de dependência onde pessoa X depende de pessoa Y para viver. A questão é se a pessoa Y tem autonomia sobre essa dependência.

O Wild Bill Hickok quis argumentar que a pessoa X não tem autonomia sobre a dependência, mas propus situações análogas que também têm amparo legal.

Se a pessoa X sequer é uma pessoa, não há motivos para discussão. A pessoa Y não pode ser obrigada a gerá-la, uma vez que não há conflito de interesses.

Pedro_Borges
Veterano
# 04/out/23 17:35
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Essa questão do aborto é muito complexa, agora uma coisa é certa. A descriminalização vai criar uma nova categoria de aborto. Aquela em que a genitora não tomará nenhum cuidado contraceptivo e deixará para o "se engravidar" eu resolvo com aborto. Tomar anticoncepcional pra quê? Se a concepção nem sempre ocorrerá! Então roleta russa.

Lucmac
Veterano
# 04/out/23 17:38
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Cada bosta...

Lucmac
Veterano
# 04/out/23 17:41
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Insufferable Bear

O corpo morto não é o do feto. É o do morto mesmo, literalmente, doador ou não de órgãos.

Wanton
Veterano
# 04/out/23 17:43
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Pedro_Borges
agora uma coisa é certa

Certa como um palpite tirado do cu. Deixa a gente discutir a complexidade um pouquinho, tá? Depois a gente volta para esses bordões reacionários.

LeandroP
Moderador
# 04/out/23 18:00
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Tomar anticoncepcional pra quê?

Se o anticoncepcional não foder com o organismo dela...

Pedro_Borges
Veterano
# 04/out/23 18:05
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LeandroP

Se o anticoncepcional não foder com o organismo dela...

Sim, ela pode tomar essa decisão de optar pelo que causar menor dano. Abortar passa a ser um opção, uma alternativa.

Insufferable Bear
Membro
# 04/out/23 18:08
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Wanton
Doar sangue e doar órgão (depois de morto) é bem menos invasivo do que alugar uma quitinete na própria barriga.
isso só funciona dependendo da força da relação entre doar órgãos e ser grávida, e essas duas coisas estão muito longe de serem naturalmente equivalentes
e o absurdo que eu quero chegar é que, assumindo que esse argumento é válido, podemos chegar à conclusão de que uma mãe não deveria ser obrigada a cuidar do filho. é claro que são dimensões diferentes, mas ainda caem no princípio da autonomia da mulher, não? podemos dizer que esse argumento se aplica no caso de bebês recém-nascidos?

Lucmac
faz sentido

Wanton
Veterano
# 04/out/23 18:18
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Insufferable Bear
isso só funciona dependendo da força da relação entre doar órgãos e ser grávida, e essas duas coisas estão muito longe de serem naturalmente equivalentes

Mas o argumento não propõe equivalência em momento nenhum. São casos que compartilham uma estrutura de dependência, como expliquei acima, só isso. O argumento demonstra a incoerência da lei, não diz nada sobre a moralidade do aborto.

podemos chegar à conclusão de que uma mãe não deveria ser obrigada a cuidar do filho.

E não é. A lei permite a adoção. A lei costuma ser extremamente voltada às liberdades individuais, muito além do que eu gostaria que fosse.

Lucmac
Veterano
# 04/out/23 18:31
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Insufferable Bear

Faz sim, cara. Todos os argumentos dela fazem sentido, mas esse do morto ter mais autonomia sobre seu próprio corpo do que a mulher tem sobre o seu é ironia fina.

Insufferable Bear
Membro
# 04/out/23 18:50
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Wanton
São casos que compartilham uma estrutura de dependência, como expliquei acima, só isso.
isso, mas não é evidente que essa estrutura é capaz de carregar a mesma conclusão para todos os casos que compartilham dela, e.g., abandono de incapaz deve ser julgado caso a caso

E não é. A lei permite a adoção.
faz sentido.

Lelo Mig
Membro
# 04/out/23 19:00 · Editado por: Lelo Mig
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Wanton
Insufferable Bear

Só para "pontuar" essa questão, porque daqui há pouco aparece um ZéBuceta falando asneira:

Na legislação brasileira uma mãe biológica tem o direito de doar seu filho, mas é seu dever garantir que isso seja feito de forma segura, ou seja, dentro dos trâmites legais.

Insufferable Bear
Membro
# 04/out/23 19:07
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Lelo Mig

eu pensei nisso, mas dá pra contra-argumentar que o aborto também teria seus procedimentos e restrições. a autonomia sempre é limitada

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