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# jan/09
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AutoResumo:
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Estigmatizada até então como o acrônimo da morte, ela vem ganhando novos contornos etimológicos devido a um grupo de homens que praticam sexo com homens (os HSH), absolutamente crentes na teoria de que o vírus da Aids, se contraído numa relação sexual, pode trazer benefícios para seu cotidiano, libertando-o, de uma vez por todas, do uso do preservativo, aumentando o prazer, proporcionado uma liberdade só experimentada no auge da revolução sexual, na década de 70.
A teoria foi posta em prática. O *Jornal do Brasil* teve passe livre em dois desses encontros, batizados de bare party (festa bare).
A contaminação, portanto, elimina o medo e apresenta uma perspectiva futura da naturalidade do contato pleno. É terrível interromper o sexo para colocá-la. Eu gosto, apesar de ter contraído o vírus da Aids numa festa. Na maioria das vezes, não conseguem. Não há limites. Não há tumulto. É condição sine ficar nu ou no, máximo, com uma toalha (cedida pela produção do evento) amarrada na cintura.
Os itens são lançados no computador e, no fim da festa, a conta é paga no caixa. Faz parte do jogo. O quarteto não frustra as expectativas dos voyeurs reunidos na porta da sala.
Quando terminou a primeira das muitas rodadas de sexo, o boy toy lover (brinquedo sexual) do trio foi jogar paciência em um dos quatro computadores, com internet liberada, instalados no segundo andar.
– As pessoas perdem a noção do perigo em busca do prazer – explica Jorge Eurico Ribeiro, 40 anos, coordenador de Estudos Clínicos da Fiocruz. Todos têm ciência de que, na reunião, há portadores de HIV. No Brasil, o obscuro universo do barebacking é pouco discutido publicamente por especialistas em sexualidade humana. Homo, bi ou hetero, todos praticaram sexo sem camisinha. Dos cofres públicos do governo federal saem cerca de R$ 1 bilhão por ano para tratamento exclusivo de soropositivos. De acordo com a pesquisa, dos homens HIV positivos que participaram do estudo, 22% declararam ser barebackers e 10% dos negativos também tinham feito sexo inseguro nos últimos dois anos.
*Interesse dos jovens*
Nas principais metrópoles, o fenômeno tem chamado a atenção de jovens. – Colocar-se frente à possibilidade de contágio do HIV por meio do barebacking traz motivações psicológicas que podem ir do sadismo ao masoquismo. A possibilidade de uma relação sexual mais livre, com maior contato íntimo e afetivo pode estar encobrindo uma caráter suicida – avalia Paulo Bonança, sexólogo e psicólogo, membro da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana e da Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual. Dessa vez, na Zona Oeste, a mais de 60 km da reunião em Ipanema. Dos inocentes à la Perlla aos proibidões, compostos pela "galera da comunidade". Na varanda do casarão, na sala, nos quartos, na piscina, na grama. A maioria, no entanto, dispensa, sobretudo em se tratando de sexo oral.
As situações são muito parecidas com as da festa na Zona Sul. Isso desconfiguraria a proposta da festa. As campanhas milionárias do Ministério da Saúde sobre o tema não têm sido lá tão eficazes como deveriam. E apesar do conceito de barebacking estar associado a orgias freqüentadas por homens que praticam sexo com homens, qualquer pessoa, independentemente de orientação sexual, que busca o prazer sem lançar mão de camisinha é um barebacker.
– Todos os que praticam sexo sem preservativo, seja homo, bissexual ou hetero, podem ser considerados, atualmente, um bare. Ter uma vida saudável passa longe do exercício do bare. Da mesma forma que escolheram a orientação sexual, podem assim decidir o que fazer com o próprio corpo - assinala Números divulgados pelo Ministério da Saúde sedimentam a análise do pesquisador. Em 1996, no Brasil, o índice de heterossexuais com mais de 13 anos contaminados pelo HIV era da ordem de 22,4% do total de 16.938 infectados. Há homens que pagam mais para transar com elas no pêlo. Gabriel não foge à regra dos barebackers e poderá fazer parte da estatística no futuro. Embora se autodenomine heterossexual, integra o grupo HSH (Homens que praticam sexo com Homens).
*Aumento dos índices*
Em 2004, a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas Sexuais do Ministério da Saúde apontou que o índice estimado de HSHs no Brasil, entre 15 a 49 anos, era da ordem de 3,2 % da população, ou cerca de 1,5 milhão de pessoas. Esse índice é 11 vezes maior do que o da taxa da população geral (de heteros), que é de 19,5 casos por grupo de 100 mil. Os adeptos do bare alegam que, em função dos avanços atuais relacionados ao tratamento anti-HIV e à facilidade de acesso a ele, caso sejam contaminados não perderão em qualidade de vida.
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A contaminação, portanto, elimina o medo e apresenta uma perspectiva futura da naturalidade do contato pleno.
Na maioria das vezes, não conseguem. Não há limites. Os itens são lançados no computador e, no fim da festa, a conta é paga no caixa. Faz parte do jogo. O quarteto não frustra as expectativas dos voyeurs reunidos na porta da sala.
– As pessoas perdem a noção do perigo em busca do prazer – explica Jorge Eurico Ribeiro, 40 anos, coordenador de Estudos Clínicos da Fiocruz. Dos cofres públicos do governo federal saem cerca de R$ 1 bilhão por ano para tratamento exclusivo de soropositivos. De acordo com a pesquisa, dos homens HIV positivos que participaram do estudo, 22% declararam ser barebackers e 10% dos negativos também tinham feito sexo inseguro nos últimos dois anos.
– Colocar-se frente à possibilidade de contágio do HIV por meio do barebacking traz motivações psicológicas que podem ir do sadismo ao masoquismo. Dos inocentes à la Perlla aos proibidões, compostos pela "galera da comunidade". Na varanda do casarão, na sala, nos quartos, na piscina, na grama. As situações são muito parecidas com as da festa na Zona Sul. Isso desconfiguraria a proposta da festa. Ter uma vida saudável passa longe do exercício do bare. Em 1996, no Brasil, o índice de heterossexuais com mais de 13 anos contaminados pelo HIV era da ordem de 22,4% do total de 16.938 infectados.
Gabriel não foge à regra dos barebackers e poderá fazer parte da estatística no futuro. Embora se autodenomine heterossexual, integra o grupo HSH (Homens que praticam sexo com Homens).
*Aumento dos índices*
Em 2004, a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas Sexuais do Ministério da Saúde apontou que o índice estimado de HSHs no Brasil, entre 15 a 49 anos, era da ordem de 3,2 % da população, ou cerca de 1,5 milhão de pessoas.
2 palavras
Pete Magrelo
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