Desisti de ser músico, se você é jovem, vale a pena dar uma lida aqui!

    Autor Mensagem
    Alexanderrino
    Membro Novato
    # 12/jun/24 17:50


    Talvez o tópico fique grande, mas vou deixar aqui o meu relato pessoal do porquê que eu acho que não vale a pena se dedicar tanto à música. (Ressaltando que isso aqui é uma opinião pessoal e subjetiva)

    Eu comecei a estudar música com 14 anos (hoje estou com 30). Eu nunca levei muito jeito, mas sempre fui muito dedicado(mais que o rock lee e o Cristiano Ronaldo), eu respirava música 24 horas por dia e fiz disso a minha vida.

    Eu enxergava os grandes músicos da MPB como heróis. Ou seja, eu tinha alguns deles como referência de vida, referência política e como ideal a ser alcançado. Meu sonho era ser um músico popular brasileiro, politizado, disruptivo e revolucionário(musicalmente falando), da mesma forma que o caetano, chico, cazuza e etc...

    Com o passar do tempo esse sonho foi diminuindo, até porque a idealização que eu tinha desses caras começou a morrer(era coisa de jovem). Com a maturidade eu já não almejava mais ser igual a esses caras, mas eu ainda era apaixonado por música, e meio que me adaptei pra poder fazer dinheiro com música e comecei a correr atrás de outro sonho: Ser um grande violonista e acompanhar grandes artistas.

    Estudei feito um louco, estudava mais de 8 horas por dia e isso foi por anos. Tentei o THE, mas não consegui me sair bem, então tentei um curso técnico de música. Conciliei um curso técnico de música e uma faculdade de história, mas muito mais dedicado à música. Me formei aos trancos e barrancos em história depois de 7 anos na faculdade por conta de greves, ocupações, pandemia, mas nunca atuei na área...

    Quando me formei estava com 27 anos, dependente dos meu pais e correndo atrás desse sonho furado de acompanhar músicos. Me dediquei tanto que me tornei um excelente músico. Mesmo sendo violonista, leio partitura a primeira vista, tenho um excelente domínio de harmonia, acompanho bem, impoviso bem e etc... Mas nunca consegui uma oportunidade minimamente descente. Em toda a minha vida só toquei em buracos pra ganhar uma mixaria. Confesso que sentia inveja de músicos bem menos capacitados do que eu tendo oportunidades muito melhores.

    Sempre fui péssimo em me divulgar e em fazer networking. No fundo eu acreditava que as pessoas viriam até mim por conta da qualidade (ledo engano).

    Hoje em dia já nem gosto tanto de música, no fundo eu sei que eu queria ter sido aquele tipo de músico que eu citei no inicio, mas esse tipo de músico nem existe mais. Hoje em dia eu nem vejo mais a música como um processo genuinamente artistico, cada vez mais vejo a música vem perdendo seu aspécto artistico e se tornando um entrenimento.

    Me sinto mal, porque dediquei grande parte da minha vida para ser um grande músico, e hoje meio que ''não acredito'' e nem me empolgo mais com a música. Quando se é jovem tudo é maravilhoso, mas quando você chega aos 30 e ainda depende de pedir dinheiro ao seu pai quando as coisas apertam, você se sente mal pra caralho.

    Nunca fui um cara invejoso, mas me senti assim quando vi amigos meus do passado com a vida estabilizada e num trabalho excelente. Uma menina que eu namorei na época da escola hoje é delegada da polícia cívil, olhei o perfil dela nas redes sociais e me senti extremamente mal. Uma sensação de inferioridade absurda. É como se o mundo tivesse dado voltas e eu tivesse me tornado o perdedor da história. E tudo isso aconteceu porque eu dediquei a minha vida a uma profissão extremamente ingrata.

    Quem é mais jovem pode até romantizar a dificuldade financeira argumentando: ''a mas eu me sinto bem ganhando pouco, mas fazendo o que eu gosto''. Amigo, sua cabeça pode mudar, acredite. Sem contar a pressão social que existe em cima do músico, que é visto como vagabundo.

    Uma coisa é você ter18/19 anos e falar pra uma mulher que você tá conhecendo que você é músico. Agora, ter 29+ e falar pra uma mulher dessa idade que você é músico, é terrível! A mulher torce o nariz na hora, e você se sente um merda.

    Algumas pessoas até tentam me incentivar, dizendo que é muito legal tocar um instrumento e que eu deveria aprender a me vender melhor pra conseguir boas oportunidades. Mas sinceramente, eu acho que eu me mantive estudando porque eu almejava um sonho que estava no passado e que não existe mais. Eu queria acompanhar um ivan lins, um guilherme arantes.... Mas isso meio que passou. Recentemente teve até uma noticia que o ivan lins tava passando dificuldade financeiras porque ele não tinha direito a nenhum royalties das músicas dele. A música é muito ingrata pra quem faz música.

    trazendo pra realidade atual, pra ganhar minimamente bem acompanhando algum artista, eu teria que me submeter a uma dupla chechelenta do sertanejo, a um grupinho brega de pagode, ou a algum artista do pop/funk, e sinceramente, não me vejo fazendo nada disso.

    Abandonar a música foi um processo doloroso pra mim, mas eu deixei de ser um menino quando matei esse sonho. Não estou dizendo que nunca mais vou tocar no violão, estou dizendo que o sonho de trabalhar com ele nunca mais vai me dominar.

    E aquela faculdade que eu fiz aos trancos e barrancos, sem valorizar muito e sem aproveitar a oportunidade de me formar numa das melhores UFS do Brasil, é o meu passaporte pra passar num concurso que me permita ter uma vida minimamente digna.

    O relato ficou longo e embolado, mas espero que algum jovem leia reflita se vale a pena dedicar a vida a isso, porque a gente acaba romantizando as coisas quando é jovem, mas de fato, o mundo é um moinho.

    Wanton
    Veterano
    # 12/jun/24 19:31 · Editado por: Wanton
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    Alexanderrino
    Sempre fui péssimo em me divulgar e em fazer networking. No fundo eu acreditava que as pessoas viriam até mim por conta da qualidade (ledo engano).

    Bom tema. A molecada é empurrada para certas carreiras por causa de sonhos ou de algum talento aflorado, mas os pais são cegos para a personalidade da filhos. Encorajam, pois acham que qualquer um pode ser qualquer coisa. Contudo, há áreas profissionais que só aceitam extrovertidos com competências sociais bem desenvolvidas.

    É como se o mundo tivesse dado voltas e eu tivesse me tornado o perdedor da história.

    Arte e competitividade não se misturam.

    Lelo Mig
    Membro
    # 12/jun/24 21:35 · Editado por: Lelo Mig
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    Alexanderrino

    Amigo, entendo sua queixa... ela é válida e pertinente a muitos, a grande maioria.

    Mas, no entanto, você comete um engano comum, a qual fomos educados a acreditar... que o problema é a arte. Existe uma "conspiração" que nos orienta a colocar a arte em segundo plano. O mercado não quer arte. Não vende.

    Tenho amigo dentista dono de boteco. Advogado que nunca exerceu a profissão. Engenheiro dando aula prá sobreviver... e tenho amigo músico que ganha 12 mil reais por mês.

    Nas artes é mais difícil? As brechas são menores? Pode até ser. Mas, nas outras áreas, a grande maioria vai fazer o que não gosta para pagar as contas e comer. Como diria o "filósofo" Black Sabbath: Killing yourself to live!

    A diferença é que se você é Advogado consegue dar aulas de português. Se é engenheiro de matemática... consegue se encaixar um pouco melhor...

    E ser infeliz do mesmo jeito!

    Obs: Esperando algum caga regras vir falar em "esforço e mérito"...

    JJJ
    Veterano
    # 12/jun/24 23:41
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    Alexanderrino

    Encontrei alguns paralelos com seu relato e a minha própria experiência com música.

    A grande diferença é que nunca fui tão dedicado (esse negócio de estudar 8 horas por dia e tal). Sempre fui roqueiro. Nunca quis muito treino, preferia jogar, se é que me entende.

    De resto, há semelhanças (comigo e com alguns daqui).

    trazendo pra realidade atual, pra ganhar minimamente bem acompanhando algum artista, eu teria que me submeter a uma dupla chechelenta do sertanejo, a um grupinho brega de pagode, ou a algum artista do pop/funk, e sinceramente, não me vejo fazendo nada disso.

    Idem total. Jamais me submeteria a tocar um bagulho que não curto, por "profissionalismo". Nunca conseguiria dar certo como músico desse jeito. E nem como artista solo, o fodão virtuoso com uma bandinha que fica na sombra. Sempre fui um cara de banda, de compor junto, gravar junto, tocar junto.

    Abandonar a música foi um processo doloroso pra mim, mas eu deixei de ser um menino quando matei esse sonho. Não estou dizendo que nunca mais vou tocar no violão, estou dizendo que o sonho de trabalhar com ele nunca mais vai me dominar.

    Nunca deixei de tocar guitarra. Só vou parar quando for pra outra dimensão.

    E aquela faculdade que eu fiz aos trancos e barrancos, sem valorizar muito e sem aproveitar a oportunidade de me formar numa das melhores UFS do Brasil, é o meu passaporte pra passar num concurso que me permita ter uma vida minimamente digna.

    Eu fiz Engenharia e pós em Computação. É o que paga minhas contas.

    a gente acaba romantizando as coisas quando é jovem, mas de fato, o mundo é um moinho.

    Aqui eu vou ter que discordar de você. Se tem uns 30 anos, como disse, você ainda é jovem, cara. Acredite, tenho o dobro disso e só me sinto meio velho fisicamente. A cabeça é basicamente a mesma, para bem ou para mal. Desencana de se achar velho, você tem muita vida pela frente.

    Buja
    Veterano
    # 13/jun/24 11:52
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    Sempre fui péssimo em me divulgar e em fazer networking.

    Acho que aqui é o ponto focal. É triste dizer, mas quem nãoi é visto nao é lembrado. E ser visto é aparecer pro mundo. Logo, marketing.

    Existe muito gente ruim, em todas as areas, se dando super bem, por causa do networking.

    Um exemplo basico, escroto, porem válido: Voce pega onibus de manhã cedo pra trabalhar e vê uma garota absurdamente linda, uma modelo praticamente, indo trablahar pra ser secretária em algum hotel, pra ganhar 2k mes. Enquanto isso, a gordinha do tiktok ta rebolando de e ganhando 20k.

    Injusto né, sim. Mas a influencer ta fazendo publico. É isso que da dinheiro. Não é a arte, não é a competencia. E sim, ser visto.

    E isso vale pra tudo. Em qualquer área da vida. Pra musica, pra trabalho, pra relacionamento, pra qualquer coisa.

    Sempre se dá bem quem tem mais conexões, se duvilga mais, se interage mais, se vende mais. É isso.

    ps: eu tambem sou pessimo nisso, morro de raiva, porque conheço muita gente bem imbecil me dando ordens e ganhando 5 vezes mais do que eu.

    Alexanderrino
    Membro Novato
    # 13/jun/24 12:03
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    Mas, no entanto, você comete um engano comum, a qual fomos educados a acreditar... que o problema é a arte. Existe uma "conspiração" que nos orienta a colocar a arte em segundo plano. O mercado não quer arte. Não vende.

    Cara, cheguei a acreditar que era conspiração, mas não é! O mercado não quer arte, o mercado quer entretenimento, e isso não é uma conspiração. Todo dinheiro que eu fiz com música, foi aderindo ao que o mercado pede: Sertanejo, pagode, rap.

    Sou apaixonado por samba, domino muito bem o violão de 7 cordas nesse estilo, mas todos os trabalhos que fiz nesse segmento foram ''por amor''. Porque a remuneração é quase simbólica. O mundo mudou, e se você não se adaptar, você não trabalha. Não é conspiração.

    ''Tenho amigo dentista dono de boteco. Advogado que nunca exerceu a profissão. Engenheiro dando aula prá sobreviver... e tenho amigo músico que ganha 12 mil reais por mês.''
    Pô, eu sei que tem, mas é a exceçao. É infinitamente mais fácil você achar um dentista ganhando 12 mil do que um músico. Apostar o futuro da sua vida na exceção é muito arriscado. E infelizmente, no capitalismo, nada tem a ver com mérito. Eu tbm tenho conhecidos que fazem dinheiro com música, mas não tem nada a ver com capacidade ou qualidade, simplesmente nasceram dentro da panela. São filhos ou parentes de gente que já estava lá.

    ''Nas artes é mais difícil? As brechas são menores? Pode até ser. Mas, nas outras áreas, a grande maioria vai fazer o que não gosta para pagar as contas e comer. Como diria o "filósofo" Black Sabbath: Killing yourself to live!''
    Nesse ponto eu acho que você tá romantizando a situação com o argumento que eu disse no texto:'' do ganhar dinheiro fazendo o que gosta''. Amigo, chega uma hora na vida do músico, que você precisa fazer o que não gosta pra ganhar um dinheiro que não paga as contas, e essa é a tristeza. Chega uma hora da sua vida que é mais vantajoso trabalhar fazendo o que não gosta, mas tendo sua independencia financeira, do que ''fazer o que gosta'' e precisar dos pais pra complementar na renda porque o mês foi ruim.

    A vida de músico no brasil é equivalente a de um entregador de aplicativo, mas com a dificuldade aumentada, porque o músico não tem o App, ele mesmo tem que ficar captando os ''clientes''.

    Tem gente que se deu bem na música? Tem, claro que sim! Mas é muito mais fácil você virar o Tuco( a grande familia), do que se dar bem. E é essa realidade que eu tô falando.

    Wanton
    Veterano
    # 13/jun/24 12:21
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    Música bosta também é arte, entretenimento também faz parte da arte.

    Entrar numa fila ridícula no Louvre para ver o retrato de Lisa Gherardini dentro de um aquário é uma experiência artística sublime ou é entretenimento?

    Lelo Mig
    Membro
    # 13/jun/24 13:42 · Editado por: Lelo Mig
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    Alexanderrino

    "e isso não é uma conspiração."

    Escrevi conspiração entre aspas. Você não entendeu direito minha colocação e não se sentiu confortável em eu discordar em alguns aspectos. Deixa quieto, foi apenas uma opinião.

    "É infinitamente mais fácil você achar um dentista ganhando 12 mil do que um músico."

    Será que não é porque as pessoas precisam mais de dentistas ou médicos, do que de músicos?

    "A vida de músico no brasil..."

    A vida de um músico, um artista é complicada em qualquer País. O Brasil é um País pobre, a vida de qualquer profissional aqui é mais difícil se você comparar com a Noruega, por exemplo.

    Até um jogador de futebol sai do País do futebol para ir jogar na Europa (e todo mundo acha o máximo). Os problemas possuem muitas óticas, nem todas erradas ou certas.

    Mas, o mercado, o dinheiro, têm uma ótica só. Nosso amigo Buja descreveu bem o que ocorre.

    Abraço!

    HortaRates
    Membro
    # 14/jun/24 05:55 · Editado por: HortaRates
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    Alexanderrino

    Me simpatizo com seu relato e com sua dor, mas não acho que tem muito o que fazer não. Ninguém vai te pagar pra você fazer o que você gosta. Se você gosta tanto, você faz de graça, por que alguém iria te pagar?
    Algumas pessoas conseguem encontrar prazer em fazer o que dá dinheiro, mas é o caminho reverso: primeiro elas tiveram que fazer e depois começaram a gostar. Esses são o sortudos, a maioria tá fazendo o que precisa pra se sustentar, independente do gosto ou não.

    Infelzimente só talento e persistência não são garantia de resultado. O que quase ninguém comenta quando vai fazer discurso motivacional é o quanto a sorte influencia no sucesso. Pra um músico ou qualquer outra profissão ligada ao entretenimento, mais ainda: a sorte de ter nascido atraente, a sorte de ser cria de alguém com contatos, a sorte de estar no lugar certo na hora certa. Pra cada Caetano Veloso que existiu na época dele, com certeza existiam 1000 outros caras mais feios e pobres, porém mais talentosos e dedicados que não deram tanta sorte quanto ele e por isso você nunca nem ouviu falar deles.

    E mesmo pra quem virou bem sucedido, a vida profissional raramente é fazer o que gosta. Se você gosta é de tocar, uma parte relativamente pequena do seu tempo como músico profissional vai ser tocar: a maior parte vai ser se deslocar pros lugares, perder infinitas horas em ônibus ou avião indo até o público. Vai ter que gastar muito tempo em networking, puxando o saco e lambendo as bolas de uma infinidade de pessoas insuportáveis pra tentar avançar. Vai ter que gastar tempo com o comercial, criando e editando vídeo e foto pra rede social, fazendo merchandising e tentando aumentar seu alcance. Se você não for grande o suficiente pra ganhar muita grana com seu show, vai ter que gastar tempo dando aula. Se for grande mas não gigantesco, provavelmente vai ter que gastar um tempo criando um "video-curso" como qualuqer guitarrista nacional de grande alcance aí faz. Aí com o tempo que sobrar você ensaia e toca seu show.

    E isso vale pra qualquer profissão. Hoje eu tenho a sorte de trabalhar com o que gosto, na teoria. Porque na prática, dado uma semana de 40 horas, com sorte passo 10 horas fazendo aquilo que eu acho interessante. O resto é dando atenção pra encheção de saco de outras pessoas, que pra mim não é importante mas é o que faz a roda de dinheiro da empresa rodar. E é assim pra todo mundo.

    JJJ
    Veterano
    # 14/jun/24 17:16
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    HortaRates
    a maioria tá fazendo o que precisa pra se sustentar, independente do gosto ou não.

    Verdade absoluta.

    Hoje eu tenho a sorte de trabalhar com o que gosto, na teoria. Porque na prática, dado uma semana de 40 horas, com sorte passo 10 horas fazendo aquilo que eu acho interessante. O resto é dando atenção pra encheção de saco de outras pessoas, que pra mim não é importante mas é o que faz a roda de dinheiro da empresa rodar. E é assim pra todo mundo.

    E sempre foi assim, na melhor das hipóteses, para a maioria do povo.
    Quero ver a geração Z se adaptando a isso. Se conseguirem, me surpreenderei.

    renatocaster
    Moderador
    # 14/jun/24 19:18
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    Não poderia concordar mais com praticamente tudo o que os amigos falaram aqui nesse tópico. Uma verdadeira reflexão sobre o que é a vida, suas dificuldades, suas arapucas...ou seja, independente de qualquer coisa, a vida é foda de viver, kkkkk!

    Numa época em que a gente vive cercado de "coaches", "mentores", "influencers", te bombardeando de todos os lados com frases de efeito do tipo "vc consegue", "só depende de vc", é sempre bom ver que tem gente assentada aqui, com os pés no chão, expondo a realidade do que a vida nos proporciona e das porradas (bem dadas) que ela nos dá.

    Não é impossível ser feliz, ser bem sucedido, fazendo o que gosta. Mas é como alguns já falaram, isso não é linear, não acontece com todo miundo. Aí o lance pra tentar combater a frustração, decepção, etc, é vc ir se apegando a pequenas coisas, pequenas felicidades, que vc vai somando e com o tempo isso vai te preenchendo de alguma forma com algumas necessidades, vontades, realizações...

    Porra, quem nunca aqui não sonhou em ser um rock star, ou algo do tipo? Eu me imagino e me vejo sendo isso até hoje, kkkkkkkkk. Só que eu não me apego mais, quando era mais novo e os hormônios estavam a flor da pele, eu viaja bem mais nessa maionese. E cá estou, tentando saciar minhas pequenas vontades tocando (quando dá) pra mim mesmo, me divertindo, sem grandes pretensões e nem me auto sabotando.

    Alan_Domingues
    Veterano
    # 17/jun/24 17:10
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    Nossa, li tudo como se fosse eu falando. Meu Deus...

    Eu daria tudo para voltar e nunca ter pego em um violão e guitarra. Como me arrependo... Não acho que o que "ganhei" seja melhor do que eu "poderia ter ganho", e mesmo não sabendo de como seria, aposto que seria MUITO MELHOR.

    Deixei tanta coisa, mas tanta coisa de lado que se eu não sou forte já teria surtado.

    Tenho 43 anos meu amigo, e tenha em mente que 30 anos você está engatinhando na vida. Aproveite bastante! Você tem muito tempo ainda!

    Vamos que vamos...

    Lelo Mig
    Membro
    # 17/jun/24 17:20 · Editado por: Lelo Mig
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    Alan_Domingues

    "Eu daria tudo para voltar e nunca ter pego em um violão e guitarra. Como me arrependo... Não acho que o que "ganhei" seja melhor do que eu "poderia ter ganho"

    Poxa amigo, lamento muito por você, do fundo do coração, mesmo.

    Toquei mais de 20 anos na noite, nos bares, bailes e palcos da vida e os amigos e momentos felizes que a música me deu não têm dinheiro nenhum que pague.

    A música só meu deu coisas boas. Foi a maior, mais intensa e melhor coisa que já tive na vida.

    Wanton
    Veterano
    # 17/jun/24 20:07 · Editado por: Wanton
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    Queria ter ensaiado mais, ter feito mais show, ter gravado mais músicas. Bebido depois dos ensaios, trocado umas ideias fajutas, ter sido mais promíscuo musicalmente.

    Como já disse em outro momento, todo artista precisa de um porão, para balancear a solidão de qualidade com a socialização de qualidade. Pode ser uma cobertura, também. Ou uma casa no meio do nada. Qualquer lugar que dê para gritar sem ser ouvido.

    JJJ
    Veterano
    # 17/jun/24 20:53
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    Alan_Domingues
    Eu daria tudo para voltar e nunca ter pego em um violão e guitarra. Como me arrependo...

    Não sei o que você deixou de fazer por conta disso e sinto muito se tomou alguma decisão errada e abandonou algo importante que te prejudicou.

    Pessoalmente, meu relato é semelhante ao do Lelo, por menos tempo (uns 5 anos na fase mais "ativa"), mas muito intenso. Tenho memórias que guardarei com carinho pra sempre, vindas da música e da convivência com outros músicos. Não me arrependo de nada.

    Mas tive que fazer uma escolha numa dessas encruzilhadas da vida: ou seguia batendo cabeça e com 99% de chance de me fuder na música ou "tomava jeito" e me dedicava mais à vida acadêmica/profissional (em outro ramo, que não o musical). Foi duro, mas se estou aqui hoje é porque fiz essa escolha.

    Fiquei me perguntando se foi algo parecido com você, porém tendo optado por continuar dando murro em ponta de faca na música. Mas não precisa falar nada, se não quiser...

    Mauricio Luiz Bertola
    Veterano
    # 17/jun/24 21:58
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    Bem, eu continuo tocando, além de minhas atividades como luthier.
    Óbviamente que não sou (e nunca quis ser...) músico profissional, pois desde sempre soube de tais dificuldades pois minha família tem vários músicos - alguns bem sucedidos como meu padrinho José de Ribamar e meu primo Marcelo "Yuka" Santa Cruz - ambos já falecidos.
    Eu "banco" minha banda com meu trabalho como luthier e com minha profissão de fato: Professor.
    O relato do Alexanderrino é o exato retrato do que é tentar viver de música no Brasil...
    Abraços

    Alan_Domingues
    Veterano
    # 20/jun/24 10:35
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    Mas não precisa falar nada, se não quiser...

    Gostaria muito de falar, mas me alongaria muito e todas as vezes que tentei "botar para fora" fui sempre ignorado e até mal interpretado.

    Hoje apenas falo que desisti, e me arrependo. Só isso. As metas de vida "musical" eu consegui cumprir todas, apenas não consegui viver dela. Minha meta não era muito ambiciosa mas graças a Deus consegui.

    \m/

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