Rock Anos 70. Apenas uma conceituação no tempo/espaço

Autor Mensagem
Lelo Mig
Membro
# abr/13 · Editado por: Lelo Mig


Fala Galera!!

Meu filho de 12 anos, ao ouvir "Bohemian Rhapsody" do Queen, comentou comigo que acha as bandas dos anos 70 mais criativas e menos previsíveis que as atuais e me perguntando entre tantas coisas do tipo "como era no seu tempo?", me perguntou porque as bandas desse tempo eram mais criativas? (opinião dele, ok?)

Depois de conversar com ele e fazer minhas considerações, fiquei pensando no que leva um garoto de 12 anos a achar isso e ser a opinião comum de tantos outros jovens que eu conheço.

Arriscaria dizer que ele têm umas 1000 músicas em seu IPod e que pelo menos 70% delas têm de 20 anos prá mais...

Antes de iniciar, quero deixar bem claro que nada aqui descrito, se refere à "gosto x não gosto", "era melhor x era pior", "mais técnica x menos técnica", "bom x ruim", "técnica x feeling" .. e "mimimis" e etc.

Apenas, conceituar, históricamente, ou seja, como as coisas eram naquela época, para que alguns se situem melhor, na relação, músicos e bandas anos 70.

É preciso, primeiro lembrar, que a chamada "escola rock" (em termos de estudo formal), só se inicia nos anos 80, na era pós punk. Essa metodologia de estudo formal voltado a ensinar rock, foi criado por músicos competentes, que codificaram a forma dos grandes mestres dos 60 e 70, principalmente, tocarem, criando com isso, material de estudo, técnicas e notação.

Se essa nova metodologia, veio a facilitar a vida dos músicos interessados em aprender rock, ela, de certa forma, também colaborou, ainda que não intencionalmente, com uma certa homogeneidade de estilo e técnica, dos músicos posteriores.

As bandas dos 70, principalmente, aparentam, para muitos, maior poder criativo e de inspiração, muito por conta, da diversidade da formação dos músicos que a compunham.

Se você esta acostumado a ler biografias de bandas antigas, certamente notará, que há uma coisa muito comum entre elas, a diversidade de influências.

O fato mais notório e comum é a influência do Blues, Rock´n´Roll e Country/Folk aos guitarristas (estilos estes "irmãos"), além de algo de jazz e música erudita.

Contudo, a maioria dos baixistas e bateristas dessas bandas eram fãs de Jazz. Diferente dos guitarristas, quando estes músicos dizem suas principais influências, a predominância pelo jazz é gritante.

Não é difícil de entender, se você se situar no tempo, e perceber que a maioria da cozinha (baixo e bateria) do Blues, Rock´n´Roll e Country, nessa época, é em geral bastante limitada e pobre.

No Jazz, principalmente, nas Big Bands estavam os músicos que mais inspiraram os bateras e baixistas do rock dos 70.

Se você prestar atenção, notará facilmente que Ian Paice (Deep Purple), Jonh Bohan (Led Zeppelin), Bill Ward (Black Sabbath), Ginger Baker (Cream) e tantos outros, são basicamente bateras de jazz, tocando rock. A técnica desses caras, quase todos autodidatas, é basicamente copiada dos
grandes jazzistas. Mesmo bateras um pouco posteriores, como Neil Peart (cujo maiores ídolos declarados são Budd Rich e Gene Kruppa, dois ícones de Big Bands), até o final dos anos 70, beberam basicamente na fonte do Jazz e alguma coisa de ritimos latinos.

Com relação ao Contrabaixo, a fonte se repete. O rock´n´roll, blues e etc, antigos, tinham um baixo pobre, tocando basicamente tônica/terça/quinta nas cabeças de tempo. A grande mudança no baixo rock se deve também a influência jazzistica, porque nesse gênero, o baixo, nunca foi um instrumento "limitado" a marcação de tempo/acento.

Já os tecladistas, bebiam muito do erudito. Teclados em música popular eram pobres. Somente o piano e orgão erudito, pianistas de jazz, além de músicas regionais de acordeão, bandoleon, piano bar ou honky tonky, forneciam algum material interessante e novo para os tecladistas. Mas no caso
deles, a complexidade da música erudita era a melhor fonte.

Então, em regra geral, normalmente as bandas de Rock dos 70, eram formadas por "Blueseiros" + "Jazzistas" + "Eruditos", com uma paixão em comum pelo rock. E esse ecletismo era o estopim para muitas brigas e em contrapartida, tanta criatividade e inspiração.

Creio, que a formação padrão de bandas atuais, todos rockeiros, com formação Rock, pouca cultura e influência de outros estilos, contribua um pouco para uma suposta "inspiração menor".

Divaguem sobre......."mas sem mimimis"...hehehe

Abraço à todos!

Luiz_RibeiroSP
Veterano
# abr/13
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Nas aulas de guitarra, meu professor mostrou as influencias do jazz em musicas do Black black sabbath e KISS, falou sobre a técnica do jazz feeling (♫=♪+ semínima). Nos anos 70 estava se formado as bases do rock, depois das bases formadas as bandas devem ter seguido os padrões criados.
Irom Maiden mesmo criou riffs que foram copiados depois por outras bandas, antes deles não havia nada. Segundo a wikipedia Dave Murray era skinhead e provavelmente escutava ska e rocksteady na adolescência.

Felippe Rosa
Veterano
# abr/13 · Editado por: Felippe Rosa
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Lelo Mig
Eu li o Livro do Led Zeppelin : Quando os gigantes caminhavam sobre a Terra, as influências do John Paul Jones e do Bonzo eram mesmo músicos de jazz, soul, o próprio Jimmy Page tem suas raízes no blues/rock n' roll, com uma certa versatilidade a mais por conta do seu "desprendimento" desses dois estilos, o que explica a sonoridade totalmente diferente no Led III e nos álbuns pós-zeppelin como o Death Wish II, Outrider(que é excelente !), o Coverdale/Page e seu trabalho no The Firm. Fora uns fraseados que ele usava ao vivo que são meio complexos...
Creio, que a formação padrão de bandas atuais, todos rockeiros, com formação Rock, pouca cultura e influência de outros estilos, contribua um pouco para uma suposta "inspiração menor".
Engraçado, eu toco na igreja e nem lá isso foge a regra, só que o pessoal tem um conceito de rock muito restrito ao guitarra com drive e vocais rasgados, o negócio vai mais além, não pensam que rock é muito mais pegada e criar essa atmosfera pulsante que as bandas faziam muito bem naquela década, e assim se limitam a ouvir bandas mais na praia do metal, com aqueles solos sem sentimento com milhões de semifusas no tempo e um ritmo sempre igual de música pra música ...

Rednef2
Veterano
# abr/13
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Cara sua conclusão foi muito boa, a diversidade do estilo que fomentava a criatividade das bandas.

É o que falta hoje em dia, todo mundo das bandas em sua maioria só ouvem Rock e em consequencia disso, as musicas acabam ficando bem clichês.

Lelo Mig
Membro
# abr/13 · Editado por: Lelo Mig
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Luiz_RibeiroSP
Felippe Rosa
Rednef2

É engraçado que o mundo se moderniza, mas alguns conceitos se estagnam por um período ou mesmo retrocedem.

Os jovens dos anos 60 eram, em muitos aspectos, bem mais abertos, tolerantes e pré dispostos à novidades e diversidades. Creio que esse tipo de comportamento social, independente da música, também foi um fator decisivo. Se você montasse uma banda hoje, com um tal de Freddie Mercury, com 18-20 anos, e o cara viesse querendo colocar trechos operísticos no som da banda, periga ser espancado!

Casper
Veterano
# abr/13
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Luiz_RibeiroSP
Felippe Rosa
Rednef2
Lelo Mig

Faz pouco tempo em um tópico foi discutido como os
experimentalismos que aconteceram até o final dos
anos 80 hoje seriam vistos com repúdio. Na infância
da música eletrônica, por exemplo, tudo era permitido
e incentivado, e aos poucos o gênero foi se fechando
em guetos, foi se engessando, experimentando menos.

Dei o exemplo de música eletrônica (que é o que eu
conheço mais), mas aconteceu de forma geral na
música e até em outros campos artísticos.

Na literatura, por exemplo, o Ulisses de James Joyce
nem passaria pelo editor. Em busca do tempo perdido,
de Marcel Proust, ficaria na gaveta para sempre.

Generalizando, penso que o ser humano médio está
ficando cada vez mais medíocre.

Spect
Veterano
# abr/13
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Lelo Mig
Os jovens dos anos 60 eram, em muitos aspectos, bem mais abertos

Essa é exatamente a impressão que tenho. Talvez a massificação das coisas, em vez de apresentar variedade, tenha definido padrões e estereótipos.

Lelo Mig
Membro
# abr/13 · Editado por: Lelo Mig
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Casper
Spect


Concordo...

Eu vejo hoje um discurso que "existem muito mais jovens, hoje, com acesso ao estudo, redução do analfabetismo e muito mais acessos a cursos de nível superior" e isso é verdade em termos estatísticos...

No entanto, as pessoas não percebem, que há uma falácia política por trás desses dados. Pedagogos modernos se submetem a dar nota 10 a redações do ENEM, no caso do Brasil, com aberrações do tipo "trousse" e "rasoavel", sob a alegação de que; "o que importa é se fazer entender", pressionados por um governo/partido que não se importa com a cultura de seus cidadãos, e sim, em alavancar números estatísticos para conseguir aprovação internacional e ingresso ao conselho do G8.

Este estado de coisas, provocaria imensa discussão aqui, mas é assustador e potencializador do " ser humano médio está ficando cada vez mais medíocre", que você citou.

raphael.rui
Veterano
# abr/13
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excelente texto. tava falando com um amigo meu sobre isso esses dias, a diferença entre a criatividade das bandas antigas e as atuais é muito grande, gosto sempre de destacar o Deep Purple, que na minha opiniao inovou ao misturar solos de orgao do mestre Jon Lord com solos de outro mito, Ritchie Blackmore. os "duelos" entre orgao e guitarra nas musicas sao fantasticos.

Adler3x3
Veterano
# mai/13 · Editado por: Adler3x3
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Muito bom o texto.

Todos

O momento atual é de transformação é assim parece que é pouco inspirador.
A mídia eletrônica ainda não atingiu a qualidade ideal.
Mas tem muita coisa boa rolando.

Lelomig

Os jovens dos anos 60 eram, em muitos aspectos, bem mais abertos, tolerantes e pré dispostos à novidades e diversidades. Creio que esse tipo de comportamento social, independente da música, também foi um fator decisivo. Se você montasse uma banda hoje, com um tal de Freddie Mercury, com 18-20 anos, e o cara viesse querendo colocar trechos operísticos no som da banda, periga ser espancado!

Não concordo!
principalmente na questão de diversidade.
As gerações que ouviram as músicas de sua época dos anos 60 e 70 eram ao meu ver aqui no Brasil, muito intransigentes e preconceituosas.
Não tinham nada de tolerantes.
Conforme o estilo de música o artista poderia até ser atacado.
Uma vez fui num Baile que tinha uma apresentação do Wanderley Cardoso bem no meio do baile, que fui por acaso com uma namorada.
A maioria das músicas que tocava no baile eram rock e baladas.
Eu não era fã dele, mas respeitava, ele cantava muito bem, tinha uma banda boa e tinha uma voz de respeito.
Mal chegou na metade da terceira música, o público ficou enfurecido.
O Show não terminou e WC teve que fugir, pois a platéia na sua maioria composta por fãs de rock, iria quebrar tudo e o próprio wc corria risco de vida.
Acho que foi uma das maiores frias que o WC já enfrentou.
A turba enfurecida invadiu o palco e quebrou o que estava ao alcance, e foi o fim do baile.
Rss...
Depois veio a polícia e deu o maior quebra pau, mesmo com reforço até a polícia apanhou.
Isto em plena ditadura militar.
E isto era censurado e não saia na imprensa.

Um bando de ignorantes, movidos a anfetaminas, que além de dar alucinações deixava o sujeito imune a dor.
Vi um policial quebrar o cassetete num meliante, e o cara drogado, se levantar e abater diversos policiais na porrada.
A segurança na época era muita fraca.
Vi muito quebra quebra.
Quem gostava de rock, só queria ouvir rock, e desprezava outros estilos.
E existia muita agressividade, que culminou nos anos 80 com o metal.
E em parte esta agressividade foi percebida no primeiro Rock In Rio, onde muitos artistas foram depreciados e vaiados, só não aconteceu o pior porque existia uma boa segurança.
Os jovens dos anos 60 até podiam estar abertos a novos sons, mas no geral eram sonhadores cheios de vaidades que só enxergavam o próprio umbigo.
Vivi este momento, e não me deixei contaminar.
Eram muito intolerantes com outros estilos, principalmente música considerada "brega" e de empregadas.
Hoje o preconceito ainda existe, mas nem se compara ao dos anos 60,e principalmente 70.
Hoje pode parecer pior pois os meliantes andam armados até os dentes.
Nos anos 60 a coisa era na porrada mesmo, com o uso de correntes, canivetes, soco inglês, e pauladas mesmo, mas tinha pouco tiro.
E o vencedor em geral sabia a hora de parar de bater, e de certa forma respeitava o vencido.
Mas no geral a briga não durava muito, muitos saim machucados é verdade, mas tinha sempre a turma do "deixa disto" que conseguia de certa forma contornar a situação, e o vencido caído podia ir embora sem maiores problemas.
Hoje ao meu ver os jovens são mais tolerantes, muito embora existam muitos casos de violência gratuita em que a crueldade e a maldade não tem limites, e as mortes acontecem a todo momento com requintes de perversidade nunca vistos.
Mas musicalmente os jovens de hoje são mais tolerantes.
Mas hoje tá mais violento, como as estatísticas demonstram e o noticiário diário.

Mr. Rosa
Veterano
# mai/13
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Eu vejo a ARTE aliada a situação SOCIAL, isso inclui a música e especificamente esse de tal de "roque and roll", gênero que tá sendo tão maltratado.

Preste atenção:

Os anos 60 foram de uma época sem igual, onde as pessoas estavam a procura de algo novo e como diz um slogan da época:

"O que vocês querem? Tudo! Quando? Agora!"

Havia toda uma energia concentrada em torno da arte (não só o rock) que gerava uma energia catalizadora.

Eu li o Livro do Led Zeppelin : Quando os gigantes caminhavam sobre a Terra

Felippe Rosa, você pode me confirmar... O Jimmy Page antes de tirar todos aqueles sons taxados de estranhos na época viajou a Índia, conheceu outras culturas e se formou artísticamente com um guitarrista de blues, mas a grande carta na manga dele era a versatilidade aliada de feeling e muita, mas muita criatividade. Não é necessário dizer o que as drogas psicoativas fizeram aliadas a toda essa bagagem cultural. O Pink Floyd, Yes, The Beatles, Queen e muitas outras bandas clichês e ainda muitas outras que viremos a conhecer e outras nunca conheceremos estavam nesse processo de enriquecimento cultural, espiritual e ainda aliada ao que até agora não disse, mas foi muito dito no post: a técnica.

Me estranha muito estarmos em uma época onde a internet proporciona uma possibilidade de ampliarmos infinitamente nossa bagagem musical, e ainda estarmos aparentemente estagnados musicalmente. Mas como disse aquele antigo ditado hindu: "Se Vinexú dá garras ao tigre, Brahma dá asas ao pombo." Sim, há uma explicação para isso:

Depois de conversar com ele e fazer minhas considerações, fiquei pensando no que leva um garoto de 12 anos a achar isso e ser a opinião comum de tantos outros jovens que eu conheço.

O mercado mainstrain se vê obrigado a lucrar - isso é regra. Não os condeno ou desprezo por isso,
A partir do momento que o seu respectivo público (pode-se dizer cliente, como quiser..) é burro, ignorante, culturalmente pobre e não v aloriza o que consome, aliás nem consome direito. A tendência é um efeito dominó onde a qualidade 'aparentemente' fica renegada a nada.

Na década de 70, lí o James Hetfield falando sobre isso, eles sentavam, colocavam o vinilzão na vitrola, fones de ouvido e embarcavam em uma viagem. Eles realmente ouviam a música. Hoje, (nada contra os malditos ou benditos mp3) as pessoas baixam discos a revelia na net e foda-se, mal ouvem... Já me peguei fazendo mais de 1000 vezes. Isso claro, quando se busca algo. Que nem sempre é comum, principalmente em terras tupiniquins, de um povo iletrado.

A realidade que não é triste ou feliz e sim real é que AINDA HÁ bandas, músicos com criatividade tal qual bandas setentistas. Mas estes não estão na mídia, muitos deles nem pretendem ou imaginam estar lá. Só que há algumas condições que imperativamente devem ser ditas:

1º Não espere uma nova Bohemian Rhapsody, aquilo foi da cabeça do Freddie Mercury, algo relativo a época - local e espaço. Uma grande coincidências de fatos e uma explosões de idéias na mente de alguém que gerou aquela obra-prima.

2º Aprecie a arte acima de tudo, não se prenda a música e especificamente ao rock, como já foi dito. Muito do que é considerado "clássico" no rock tem influências de outros estilos musicais e estão relacionados a culturas de determinados locais e épocas. Por exemplo: o som podre do Guns N' Roses de 87 só pode ser entendido plenamente a luz da Nova York do Aerosmith de 76 ou da primeira turnê do Led Zeppelin que desencadeou o Led Zeppelin II de 69' tal qual o som blues encardido do album Brothers 12' do Black Keys só pode ser entendido plenamente a luz do blues dos anos 50/60 do John Lee Hooker.

Em suma, sinceramente eu acho que tudo isso vai dar em nada.

Lelo Mig
Luiz_RibeiroSP
Felippe Rosa
Rednef2
Casper
Spect

JJJ
Veterano
# mai/13 · Editado por: JJJ
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Não li tudo aí em cima, então não sei se já falaram, mas tem uma coisa que pra mim é clara, cristalina, evidente, e todos os demais sinônimos de óbvio ululante:

A FACILIDADE MATA A CRIATIVIDADE.

Podem usar a citação tá? Coloquem entre aspas e JJJ embaixo... hehehe

Hoje é tudo muito fácil. Quando a gente vai tocar/compor/gravar/mixar não precisa pensar muito. Patterns prontinhos e bem gravados de bateria, baixo, teclado, etc. Frases prontas, harmonias prontas, clichês intermináveis. Muita moleza! Pra quê pensar?

Quem concordar, bate aqui. Quem discordar, por favor, com educação, pode rebater à vontade.

Adler3x3
Veterano
# mai/13
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JJJ

Os recursos que você citou ajudam.
Nem sempre a facilidade mata a criatividade.
Pode acontecer de estimular a criatividade.

Casper
Veterano
# mai/13 · Editado por: Casper
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Caro JJJ:

Eu diria mais:

"A facilidade banaliza a criação artística, e o excesso
de opções e ferramentas é contraprodutivo."

(Véio Casper)


"As restrições são fundamentais para toda operação artística".
"Escolhe uma restrição o pintor que escolhe usar óleo e não a têmpera,
a tela e não a parede; o musicista que opta por uma tonalidade de
partida (depois há de modular, mas é sempre aquela que deverá
retornar); o poeta que constrói a gaiola da rima encadeada ou
do hendecassílabo."
(Umberto Eco)


Já que estamos no assunto, aqui no fórum, no Divulgue suas músicas,
o que mais tem é produto inacabado, pedindo opiniões.
Vc dá a opinião, sincera, e o cidadão acha que vc é arrogante,
prepotente e convencido. O que está acontecendo? Ninguém mais
se esforça para nada? Onde está o capricho, a dedicação, a humildade?

JJJ
Veterano
# mai/13
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Casper

"As restrições são fundamentais para toda operação artística".

Basta ver a qualidade da música brasileira durante os anos de chumbo e censura... (não que eu esteja defendendo aquilo, claro! mas a constatação é mais que óbvia.)

Felippe Rosa
Veterano
# mai/13 · Editado por: Felippe Rosa
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Mr. Rosa
Felippe Rosa, você pode me confirmar... O Jimmy Page antes de tirar todos aqueles sons taxados de estranhos na época viajou a Índia, conheceu outras culturas e se formou artísticamente com um guitarrista de blues, mas a grande carta na manga dele era a versatilidade aliada de feeling e muita, mas muita criatividade. Não é necessário dizer o que as drogas psicoativas fizeram aliadas a toda essa bagagem cultural.
Exato, não estou com o livro agora(emprestei ele) se não copiaria o trecho em que ele fala o quanto isso o distinguia dos guitarristas da época.
Só acho que as drogas não fizeram lá tão bem pra ele não, veja por exemplo ele tocando nos concertos do Arms em 83.

Infelizmente tudo isso, no brazil está relacionado à nossa péssima situação social, o estado não investe o que deveria na educação, e isso é histórico, acharia bom se o Bertola falasse sobre isso, mas depois da expulsão os jesuítas o sistema educacional no brazil colônia retrocedeu terrivelmente e isso é sentido até hoje. Claro que não é só a educação que está relacionada, mas, provavelmente o nível cultural e intelectual das massas seira bem melhor se no brazil houvesse mais investimento na educação.

Lelo Mig
Membro
# mai/13
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Mr. Rosa
JJJ
Adler3x3
Casper

Gostando muito do nível que a discussão tomou...alto nível. Opiniões, por vezes discordantes, mas todas muito bem embasadas, estruturadas e desenvolvidas.

Parabéns!!...apreciando aqui......

Adler3x3
Veterano
# mai/13 · Editado por: Adler3x3
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Todos

E outro ponto importante na história do rock é que na transição dos anos 60 para os anos 70 ouve uma grande evolução nos equipamento(amplificadores, pedais, teclados sintetizadores , as próprias guitarras).
Não sei dizer como, mas ouve uma melhoria significativa nos processos de gravação e de palco, e começaram a acontecer grandes espetáculos ao vivo.
As guitarras acredito que atingiram o auge, é óbvio que hoje existe mais tecnologia, mas as Fender e Gibson e outras atingiram um alto nível.
Você diferencia um som dos anos 60 dos anos 70 só pelo timbre das guitarras.
E neste período surgiram os grandes guitarristas.
Não vou chegar ao extremo de dizer que inventaram de tudo o que se podia fazer no rock, mas entre os anos 74 e 76 se atingiu um climax.
E depois foi decaindo, com os músicos envelhecendo e morrendo, sem serem substituídos a altura.
O mesmo aconteceu no passado com outros estilos, como por exemplo o chorinho brasileiro.
Hoje ninguém mais consegue fazer um chorinho no mesmo nível de antigamente, por melhor que seja o músico.
E outro exemplo as marchinhas de carnaval.

Um outro ponto de estudo é que talvez (vejam bem talvez, não sou um historiador e nem mestre em música) a partir dos anos 50 surgiram estilos de músicas de jovens, um novo conceito de estilo musical.
Música de jovens , feitas por jovens para jovens. (não confundir com música infantil)
E no rock existe uma certa rebeldia, que você só tem quando é adolescente ou tem 20 e poucos anos.
E nos anos 60 e 70 existia um certo conflito de gerações (nos anos 50 não sei dizer, mas parece que aconteceu)
E hoje ainda existe mas mais atenuado, mas entre 60 e 70 ocorreram muitos conflitos.

Um grande músico que no passado criou grandes peças do rock, hoje mais velho não consegue mais compor e gravar novas peças que sobreponham as de quando era jovem.
Já em outros estilos musicais quando mais velho o músico fica melhor fica a sua música.
Já pensaram nisto?

Felippe Rosa
Veterano
# mai/13
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Adler3x3
Um grande músico que no passado criou grandes peças do rock, hoje mais velho não consegue mais compor e gravar novas peças que sobreponham as de quando era jovem.
Já em outros estilos musicais quando mais velho o músico fica melhor fica a sua música.
Já pensaram nisto?

Já sim, talvez porque no rock eles não prezem tanto pelo estudo da música, e a maioria deles abusavam de drogas e álcool, o que talvez hoje faça um efeito pior do que naquela época.
Claro que eu posso estar bem errado a respeito e nem todos são assim.

Adler3x3
Veterano
# mai/13
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O que eu mais sinto saudade dos anos 60 e inicio dos 70 eram as músicas que escutava no rádio.
Muito embora em AM mono.
Não tocava tanto rock pesado, e nem músicas muito longas.
Mas foi uma era de ouro.
Hoje não escuto rádio com o mesmo entusiamo.

Felippe Rosa
Veterano
# mai/13
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Adler3x3
=/
Bom, nesse caso você é mais privilegiado do que eu por ter vivenciado aquela época. Queria ter nascido naquela época também.

Mr. Rosa
Veterano
# mai/13
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Felippe Rosa

Só acho que as drogas não fizeram lá tão bem pra ele não, veja por exemplo ele tocando nos concertos do Arms em 83.

Eu não quis dar a entender que as drogas fizeram bem ao Jimmy Page, o que eu quis dizer com

Não é necessário dizer o que as drogas psicoativas fizeram aliadas a toda essa bagagem cultural.

Eu quis dizer que em uma época de descobertas onde alguns músicos estavam embarcando em uma viagem mística/espiritual em torno da busca por novas e intensas[/b] sensações, as drogas psicoativas exerceram um papel de catalizadores de energia.

Referente ao show no Arms, só posso dizer que foi uma das coisas mais repulsivas que já ví, a cena dele alucinado limpando o nariz com a manga do blazer e tocando alucinadamente e notóriamente errático. Aquilo foi humilhante para ele, não tem nada a ver com a postura de superioridade, sabedoria que ele emana há anos, por exemplo no "It Might Get Loud".

Felippe Rosa
Veterano
# mai/13 · Editado por: Felippe Rosa
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Mr. Rosa
Ah sim, entendi errado o que você tinha falado então, se referiu em um âmbito mais profundo... O que era bem verdade mesmo.
Bom, infelizmente desde 77 ele abusou muito de heroína e se acabou, no livro fala das vezes que ele estava tão drogado que passava mal durante os shows e não podia continuar mais. Fala também desta ocasião do Arms : Ele não conseguia dizer uma frase coerente... Dava pra ver seu rosto, seus olhos giravam em direções opostas...Ele estava pálido e magro, como um esqueleto ambulante. Era óbvio que ainda estava profundamente envolvido com heroína na época
Nem precisa ir muito longe daquela época pra ver essa postura de superioridade que você disse, olhe o trabalho dele no The Firm 2 anos depois daquele vexame, ele estava ótimo, depois o Outrider, e por aí vai.
Idem para as reuniões com o Led depois.
Se você for pro Off topic vão pensar você é algum multi meu, hehehe

Edson Caetano
Veterano
# mai/13
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Nada melhor do que escutar um som dos anos 70 feito pela galera

Tributo Rock Anos 70 idealizado pelo Kiki
http://forum.cifraclub.com.br/forum/9/304143/

Boa cutrtição

Alias Lelo, as melhores bandas nacionais progressivas são desta data, correto?

Mr. Rosa
Veterano
# mai/13
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Felippe Rosa

Quando eu lí o livro eu não saquei o nível do buraco que ele havia cavado para ele, apesar do livro falar que mesmo depois do fim do Led, ele passou uns bons anos como um ermitão em sua mansão se auto-destruindo na heroína.

Mas confesso, aquele vídeo do Arms ainda me assusta. Ele tá muito alucinado. Na realidade o som do Led Zeppelin é alucinado, mas ele no Arms estava visivelmente perdido sonoramente e emocionalmente. Depois da fase "bad", são só flores para ele.

Esse meu nick tá péssimo, shausha, se souber como faço para trocar me avise,
é que meu nome é Rodrigo Rosa, e eu era moleque quando fiz minha conta, mas só agora comecei a participar do Forum. srrs

Edson Caetano
Veterano
# mai/13
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Mr. Rosa
Central de Ajuda do fórum, acredite ela ajuda mesmo...

Felippe Rosa
Veterano
# mai/13
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Mr. Rosa
Se tiver o livro ainda aí fala mais precisamente no Epílogo Ser um Rock..., lá no final do livro.
Vi o vídeo do Arms agora pouco também, o pior era a expressão facial dele, ele sempre fez aquelas caretas mas naquele dia estava exageradamente grotesco, e também quando ele falava no microfone a voz estava ofegante.
Procura a central de ajuda mesmo, tinha um user aqui que o nick dele era alexandreilitão1, assim que foi "promovido" a membro ele conseguiu modificar o nick dele para Alexandre.M, se não me engano.
Pior fui eu que excluí minha conta anterior por conta do nick, hahaha

waltercruz
Veterano
# mai/13
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Excelente tópico.

Aos que sentem que de alguma forma o nível de criatividade ou a qualidade ou qualquer outro conceíto tangível tenha caído de lá pra cá, o que mudou?

Situação política? Uma geração que cresceu em conforto? Situação social? Preguiça epidêmica?

Edson Caetano
Veterano
# mai/13
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waltercruz
Preguiça, isso sim mudou

Hoje li 8 manuais para ajudar... Em português / br
Imagina, eu achei sozinho e resolvi sem ler ou ter o equipo, imagina o que a galera precisa para CRIAR

Esta tudo muito fácil, me perguntam sobre bpm, tom, nem sabem isso e muito menos do seu instrumento, como criar musica? Além de tudo que já foi escrito?

Casper
Veterano
# mai/13
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Caros waltercruz e Edson Caetano:

Acho que o problema é o foco (a falta dele).
O mundo está mais cheio de tentações. Internet. TV a cabo.
Eu nem sei quantos canais tem na minha TV. Mais que o
necessário, certamente.

Essas coisas são sedutoras. E o tempo gasto em
futilidades é absurdo.

O tempo que poderia ser utilizado para criar é desperdiçado,
perdemos o foco das coisas.

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