Sonorização de palcos e P.A (Parte 5)

Autor Mensagem
Lelo Mig
Membro
# nov/12 · Editado por: Lelo Mig


Microfones e microfonia.

Conforme havia dito anteriormente, apesar de os microfones serem parte essencial em todos os sistemas e métodos citados anteriormente, é importante dedicar um tópico à parte para falar sobre eles.
Vamos lá...

Repito, que como em tudo até agora, vou tratar o assunto de forma superficial, simples, sem muitos dados técnicos, apenas para dar uma visão geral sobre o assunto, se alguém necessitar de algo mais detalhado, solicite nos posts, que se eu souber eu respondo.

Qual microfone usar e em qual situação?

Bom, antes de saber isso, você precisa saber identificar cada tipo e o uso mais comum de cada um deles. Se você não sabe esta diferença, pouco importa a resposta da questão acima.
Existem vários tipos de microfones, tanto na sua forma de processar o sinal em energia, quanto em termos de direção e amplitude de sua captação. Não vou citar todos os tipos e modelos, basta por ora, você conhecer basicamente dois tipos:

1 - Quanto ao processo sonoro: Dinâmicos e Condensadores.
2 - Quanto à amplitude: Omnidirecional, Cardioide, Super e Hiper Cardioide.

Um “paralelo simples” (nada técnico nem preciso), apenas para você visualizar mais fácil seria o seguinte:

1 - Processo sonoro: O “quanto” ele capta de som. Ou seja, se ele só capta um vocal a 10 cm de distância ou se ele capta um copo quebrando a 5 metros de distância. Resumindo é seu grau de sensibilidade. Para captação “ao vivo” os de baixa sensibilidade (ou low gain), são ideais. Importante, não é porque ele é mais sensível que ele é melhor, não confunda a sensibilidade com qualidade.

Dinâmicos – São mais robustos (aguentam mais “pancada”), são mais versáteis, menos sensíveis (não captam a distância). A melhor maneira de entender um dinâmico é imaginar um alto falante, (ambos possuem um cone, um diafragma e uma bobina), a cápsula de um dinâmico é assim, a única coisa que difere um dinâmico de um falante são detalhes técnicos de como eles processam/transformam a relação sinal/energia.

Condensadores – Possuem a membrana do diafragma mais fina. Isso dá melhores respostas as altas frequências e resguardam as baixas. Conseguem o sinal de forma mais clara e definida, mas precisa de Phanton Power, que é uma alimentação de tensão contínua, o resultado é um som mais claro e definido. Contudo são delicados e frágeis.

2 - Amplitude: É o “ângulo” de captação. Capta-se só o que vem de frente, se pelos lados, se por toda sua circunferência. Quanto mais fechado o ângulo, mais direcional. Ao vivo o ideal é os de captação o mais fechado (direcional) possível.

Omnidirecional: Teoricamente capta os sons vindos de qualquer direção. Possuem em sua construção algumas resistências acústicas para assegurar que sons vindos pela frente ou por trás, por cima ou por baixo, sejam captados de forma igual.

Cardioides, Super Cardioides, Hiper cardioides: Possuem uma construção um pouco mais complexa do que a de um Omni. Basicamente são projetados para “cancelar” sinais sonoros percebidos de direções fora do limite desejado, atuando assim de forma direcional, ou seja, só transforma em energia, o som emitido dentro de um limite X.

Cada microfone vem com suas especificações técnicas, frequência de respostas, ganho, ângulo de alcance e etc. Contudo, são dados complexos e que não vem ao caso agora.
Se você esta acostumado com microfonação em Studio, deve ter notado, que devido ao pouco controle do ambiente ao vivo, os critérios são quase opostos ao da microfonação em Studio.

Agora, podemos retomar a pergunta:

Qual microfone usar e em qual situação?

Tratando-se de sonorização “ao vivo” (tema dos tópicos), podemos responder com segurança que de forma geral, microfones Dinâmicos Cardioides.

Desenhei uma tabela simples, para que você identifiquem os tipos mais comuns e suas principais utilizações.

Lembre-se que existem muitas variantes e utilizações, portanto, nada aqui descrito é fato inquestionável. Além de existirem centenas de microfones que se enquadram em especificações intermediárias ou específicas.

Tabela Basica de Tipos de Microfones e Aplicações


Sendo que agora você já têm uma base dos microfones e sua forma de atuação, fica fácil compreender que ao vivo temos algumas preocupações básicas, diferente de um Studio, em função de serem ambientes não controlados ou com pouco controle de suas características acústicas. Desta feita, Microfonia, qualidade e robustez, são os fatos que mais pesam.

Microfonia é um problema ao vivo, principalmente pela mobilidade. Ela nada mais é do que a realimentação positiva do sistema de som. Em explicação simples, o microfone capta, manda para a mesa, o sinal é potencializado e sai pelos falantes. O microfone capta esse sinal dos falantes novamente e o processo se repete, criando um “looping” sonoro.

As principais causas para que ela aconteça são: Tipo do microfone, posição incorreta dos mics em relação aos emissores sonoros, ganho de entrada excessivo, volume de saída excessivo, equalização incorreta. (não explicarei cada um desses fatores, eles são meio óbvios e não se fazem necessários aqui).

Num estúdio, se o técnico posiciona o microfone e os ajustes estão ok sem problemas, a microfonia não ocorrerá porque, em via de regra, o microfone estará fixo naquela posição.
Ao vivo, é diferente, por isso, citei acima a mobilidade. Não há microfonia no ponto X, mas quem garante que se o vocalista for 1 metro à frente ou para o lado ela não ocorrerá?

Então, por tudo que você já leu, fica fácil entender, que microfones de baixa sensibilidade e captação direcional facilitam muito o controle.
Não havendo microfonia, usaremos microfones com a melhor qualidade sonora de captação (fidelidade) possível.

E com as duas qualidades acima, o mais robusto (que aguente porrada) possível. Porque ao vivo, eles são derrubados, caem, são jogados e mal tratados direto. E precisam aguentar os picos de som (clips). Para você ter ideia, num microfone de Studio, condensador, com uma frequência específica, se você der um berro, você queima o microfone.

Para finalizar, apenas um conselho, pessoal, principalmente para cantores:

Assim como guitarristas, baixistas, tecladistas e etc., possuem seus equipamentos, eu aconselho vocalistas a terem seus próprios microfones, principalmente pela questão de higiene.
Um bom microfone de baixo ganho, como um Shure SM 58, necessita que o vocalista cante com os lábios quase colados, enchendo os microfones de bactérias, saliva e etc. Garanto que a maioria das empresas, não faz a higienização adequada nestes equipos.

Se eu fosse vocalista, pelo que vejo por aí, teria meu próprio microfone. Sua voz é seu instrumento, seu microfone é como o ampli do guitarrista ou baixista. Conforme for se aperfeiçoando e acostumando, irá encontrar microfones perfeitos para seu timbre e qualidade. Comece com um Shure SM 58 ou similar, coringa salvador. Depois poderá partir para melhores, mais específico e mais caros.

Se você toca instrumentos de orquestra, Oboés, Violoncelos, Trompetes e etc., aconselho a terem seus microfones também.

Espero ter ajudado!

Para quem quer acompanhar a série toda:

Sonorização de Palcos e P.A

Parte 1
http://forum.cifraclub.com.br/forum/9/296162/
Parte 2
http://forum.cifraclub.com.br/forum/9/296206/
Parte 3
http://forum.cifraclub.com.br/forum/9/296252/
Parte 4
http://forum.cifraclub.com.br/forum/9/296403/

Valeu!!

MMI
Veterano
# nov/12
· votar


Lelo Mig

Até que enfim... kkkkk

Abç

juninholiveira
Veterano
# nov/12
· votar


AEEEEEE, vou começar a ler agora, se não der tempo termino amanhã xD Vlw Lelo, vai etr parte 6 néh???

MMI
Veterano
# nov/12
· votar


Lelo Mig

Lelo, não me leve a mal... Achei um pouco simples demais, não que esteja errado, para a voz é isso aí. Mas a adequação dos microfones tem o lance da curva de frequências. Só que explicar isso tem que estar inspirado, vai longe. E discorrer instrumento por instrumento, detalhe a detalhe é muuuuuita coisa.
Mas valeu!

Lelo Mig
Membro
# nov/12 · Editado por: Lelo Mig
· votar


MMI

Sim, amigo, você esta correto. De forma geral, para captação de bandas, é baixo em linha, SM 57 na boca do ampli da guitarra, SM 58 no vocalista e backings. A bateria já requer um pouco mais de cuidados, gosto do basicão (repito estou tratando só de "alive"...rs) 4 mics. 1 bumbo, 1 caixa/chimbal, 1 Over head tons/pratos, outro over head Condução/Surdo.

- Baixa frequencia no bumbo
- Média prá alta no caixa/chimabl
- Média/alta no overhead 1
- Média/Baixa no Overhead 2

Mas se precisar fazer tudo com SM "dá samba também...rs", mas não fica tão bom.

Se entrar sopros, cordas, instrumentos de orquestras, aí microfones específicos para as frequências dos instrumentos solicitados.

Mas não quis entrar nesse detalhe de qual microfone para qual instrumento porque ia complicar o texto, teria de falar nas faixas de frequências cobertas, relação pressão positiva e negativa e tensões nas pinagens, microfones Piezzo (contato), de carbono e etc....

MMI
Veterano
# nov/12
· votar


Lelo Mig

Exatamente.

Foi feita uma pesquisa com técnicos de estúdio para votarem no melhor microfone que já existiu. Ganhou o SM58 disparado, para palco então vira covardia. Só eu que não levo muito a sério os SM para gravação (para bateria funcionam na caixa!).

Para a galera entender... Os SM aguentam muita pancada e som alto, então são perfeitos para palco de rock, vocalista pulando, amplificadores no talo, baterista espancando o kit. Mesmo assim, eles tem uma deficiência principalmente de graves, então na bateria ou num eventual baixo microfonado, dá para usar um mic melhor. Mas a coisa muda completamente para um show acústico, violões, cordas, piano de cauda, sopro (claro que não me refiro a instrumentos com captação ou elétricos).

Lelo Mig
Membro
# nov/12 · Editado por: Lelo Mig
· votar


MMI

O Shure SM 58, possui algo que o diferencia e também o prejudica:

Vantagem: Foi criado em 1965, na época em que foi concebido, as mesas não tinham muitos recursos de equalização (quando tinham...) e um microfone que já vinha com resposta trabalhada era bem vindo. Esse reforço nas médias-altas ajudava a voz a se sobressair em meio aos instrumentos, em especial na música pop. E seu grave deficiente era conveniente na redução dos ruídos de palco. Ele atende 80% das vozes, qualquer um fica com voz de Cid Moreira nele, raras vozes ficaram ardidas nele. Não é ideal para sopranos, nem para frequências muito graves, mas sua resposta nas médias altas é imbatível, em análise de espectro ele tem uma resposta praticamente linear de 50 à 10.000 Hz (10 KHz).
A voz masculina vai "em média" de 50 Hz à 8 KHz, as femininas "em média" de 150 Hz à 10 KHz, ou seja, baixos profundos e sopranos não costumam gostar dos SM 58, de resto, quase todos se encaixam com sobra.

Desvantagem: Com os recursos de equalização nas mesas (paramétricos, low pass...), um microfone com resposta mais plana é mais interessante. Existem projetos mais modernos, com conjunto bobina-diafragma mais leve, cápsula com padrão de captação mais estreito e corpo com melhor isolamento contra ruídos de manuseio.

A Lenda: O fato é que o som do Shure SM-58 se tornou tão comum que qualquer coisa diferente dele já nos soa "estranho". Não que outros microfones serão ruins por terem sonoridade diferente do SM-58, mas não tem jeito: quanto mais parecido o som for, "melhor" será para os concorrentes. Tanto é que, geralmente, ele é o mic de referência para comparação em testes.

Isso sem contar que é um microfone que dura décadas. Um vocalista que faça uso normal e cuide o básico nunca vai mandar um único sequer para a assistência técnica.


Tabela Alcance Frequencial Shure SM 58

kiki
Moderador
# nov/12
· votar


Lelo Mig

muito boa a série! tem mais ainda?

espero que nao se importe, tomei a liberdade de mexer um pouquinho na editoração do seu psot, achei que tava um pouquinho confusa a parte dos tipos de mic. puz uma numeração e grifei, e acrescentei uns negritos.

MMI
Lelo Mig
muito bom o papo de voces! eu ia perguntar justamente porque o sm58 e 57, e acho que voces ja responderam. vejam se eu entendi:

o sm58 é um mic que cai bem pra voz porque pega melhor a faixa de frequencia, como disse o lelo.
e o sm57, teria uma resposta mais plana em todas as frequencias? me parece que ele pega mais agudos, mas nao muito mais graves.
tabela de frequencia do SM57

Lelo Mig
A bateria já requer um pouco mais de cuidados, gosto do basicão 4 mics. 1 bumbo, 1 caixa/chimbal, 1 Over head tons/pratos, outro over head Condução/Surdo.

só isso? pra que tamanho de apresentação até? quantas pessoas e/ou qual tamanho de ambiente?

Lelo Mig
Membro
# nov/12 · Editado por: Lelo Mig
· votar


kiki

De forma geral, o "ideal" para um microfone é que ele mantenha uma linearidade em seu espectro de captação. O SM 58 de 100 Hz (-5 Db) à 10 KHz (+ 5Db) tem uma captação muito regular. Você considerando que a grande maioria das vozes estão entre 100 e 9 Khz, ele é muito bom para vozes em geral. Obviamente se um cantor sabe seu alcance de frequências ele pode optar por um específico para sua voz, com uma captação "perfeita" na faixa de seu vocal. Mas, na maioria dos casos o SM 58 atende muito bem.

só isso? pra que tamanho de apresentação até? quantas pessoas e/ou qual tamanho de ambiente?

Não têm muito a ver com tamanho do ambiente não, porque potencia é volume, captação é qualidade. Claro que quanto mais microfones na bateria, melhor equalização (desde que o excesso não seja um problema), mas 4 a 5 bons microfones bem postados e direcionados, permitem uma boa equalização da batera.

Obs: Eu sempre que possível microfono a bateria, mesmo em locais pequenos. Isso porque, muitas vezes o som fica ruim. Então eu microfono não pelo volume, mas para compensar perdas, equalizar. Agudos dos pratos que perdem definição, caixa que perde o "kick", peso do bumbo que fica perdido. Então, microfonando e jogando nas caixas, mesmo que o público ouça a batera direto, eu "acentuo" dou um colorido com equalização.

Lelo Mig
Membro
# nov/12 · Editado por: Lelo Mig
· votar


kiki

Kiki, só um detalhe, veja bem:

1- Canal Voz
1- Canal Back
1- Canal Guitarra
1- Canal Guitarra Base/Violão
1- Canal Teclado
1- Canal Baixo
4 - Canais Batera
1- Canal reserva (mais um backing vocal, flauta, sax, violino, percussão)
1- Canal reserva 2 (idem acima)

Ou seja, para um festival, ou apresentação de escola "trivial", estamos falando em 12 canais, para ter algo de qualidade.

Uma mesa decente para tal fim, custa 2 mil reais. Some-se a isso microfones, caixas amplificadas, subwoofers, direct boxs, pedestais, cabos (que são caríssimos), central de AC e cabos, multi cabo (medusa) para palco... etc, etc.

Por isso, o que se costuma ver por aí, não chega nem perto do ideal... infelizmente.

Imagina se eu usar 6, 8, 10 canais só prá batera?

kiki
Moderador
# nov/12
· votar


Lelo Mig
Não têm muito a ver com tamanho do ambiente não, porque potencia é volume, captação é qualidade.
saquei.
é que eu penso que tem um pouco a ver pois quanto maior o ambiente, menos se ouve do som acustico, portanto mais precisa estar bem captada a bateria.
me parece que os 4 mics é pouco pra uma sonorização grande, essa é a minha duvida: dá pra fazer um show grande só com esses 4 mics? ou melhor: se fosse a unica opção, dá conta?

Ou seja, para um festival, ou apresentação de escola "trivial", estamos falando em 12 canais, para ter algo de qualidade.
pois é, eu já passei por essa conta. minha banda tem exatamente essa formação que voce citou, mas com 3 vozes. compramos uma mesa de 16 canais, pra caber tudo...

Obs: Eu sempre que possível microfono a bateria, mesmo em locais pequenos. Isso porque, muitas vezes o som fica ruim. Então eu microfono não pelo volume, mas para compensar perdas, equalizar. Agudos dos pratos que perdem definição, caixa que perde o "kick", peso do bumbo que fica perdido. Então, microfonando e jogando nas caixas, mesmo que o público ouça a batera direto, eu "acentuo" dou um colorido com equalização.
legal! eu ja vi fazerem isso, agora to entendendo porque!

Lelo Mig
Membro
# nov/12
· votar


me parece que os 4 mics é pouco pra uma sonorização grande

Um show de grande porte, pressupõe grandes investimentos.

Uma mesa de 32 canais e diversos microfones específicos para cada peça, com seus respectivos registros de frequências, ótimo, vamos botar 12, 16, 20 na batera e ter uma equalização excelente.

O que quis dizer, é que em eventos normais, colocar 5 bons e corretos microfones, vai ter melhor efeito do que colocar 10 SM 58, ou 10 "qualquer microfone meia boca" e não apropriados.

MMI
Veterano
# nov/12
· votar


kiki

O SM57 e SM58 são quase o mesmo microfone, a diferença é pequena. O corpo e a cápsula são basicamente o mesmo, eles tem algumas diferenças mecânicas e acústicas, principalmente no bocal (windscreen - aquele "globo" que o 58 tem).

O SM57 vai de 40 a 15.000 Hz, enquanto o SM58 vai de 50 a 15.000 Hz, de acordo o site da Shure. Dizem (?) que isso é basicamente a diferença desse windscreen. O SM57 é um pouco mais direcional que o SM58, ou seja, o SM57 pega menos som lateral que o SM58. Esse "filtro" esférico na ponta do SM58 serve para barrar o fluxo de ar ("vento") na cápsula e serve como um pop filter. O legal é que como eles tem esse corte de graves, a equalização já bloqueia o pop (consoantes plosivas). Por isso que tradicionalmente se diz que o SM58 é para voz, o SM57 é para instrumentos. Mas dá para retirar o windscreen do SM58 e ele fica basicamente um SM57.

Curiosamente, o microfone do presidente dos EUA desde 1965 é um SM57, que usam com o acessório A2WS que é um windscreen para bloquear o ar e o pop.

Qual é a desses microfones? Eles cortam muitos graves, suas curvas ficam planas lá pelos 200 Hz, o que reduz as "batidas" (em inglês, "bass-boosting 'proximity effect' ") que saem do gabinetes de guitarra ou da boca (pop), tem uma leve queda entre 300 e 500 Hz, que é uma região de médios que dá "peso" mas é bastante crítica e embola fácil na mix e tem um ganho entre 3 e 12 kHz que dá presença e brilho no som, ressaltando harmônicos. Eu tenho nada de experiência em shows ao vivo, minha visão é muito diferente da do Lelo, sou só um curioso nesse ramo, em estúdio eu sei uma coisa ou outra. Levando isso em conta, sem levantar polêmica, não diria nunca que os SM tem curva plana. Veja...

A revista Sound on Sound, uma das mais importantes do mundo em áudio, fez uma enquete e dessa vez elegeram o melhor microfone o Neumann U87. Não tenho dúvidas que este é o melhor microfone condensador que existe, mas é caro, frágil e algo para estúdios, não é muito comum em palcos. Curioso que é um projeto de 1967, a versão SS do U67 valvulado - muito bom também, já gravei violão com um desses e é espetacular. Esse se diz que tem a resposta mais plana em estúdios, compare com a curva dos SM... Olha, por exemplo a curva do Neumann KM84, outro excepcional condensador, este de diafragma pequeno - muito bom para over de bateria e para violão.

Sem celeuma com o amigo Lelo, apenas outra perspectiva. Falando em som ao vivo, longe de estúdios, esses mics condensadores são comuns em orquestras e shows acústicos com violões, por exemplo.

kiki
Moderador
# nov/12
· votar


Lelo Mig
sim, era isso mesmo que eu queria ter certeza!

MMI
opa, valeu pela resposta muito completa!
eu ja percebi que som ao vivo e gravação são duas ciencias bem diferentes, como duas ramificações do áudio...

a diferença de "planicidade" entre um condenser e um dinamico eu sabia mais ou menos, agora ficou bem claro!

no mais, sanou minha duvida sobre os SM! valeu mesmo!

inExperienced
Veterano
# nov/12
· votar


Lelo Mig
Tenho uma duvida que estava me deixando pensativo.
Se eu usar um SM 57 ou 58 em um amp de guitarra de uns 30 watts e abrir o som no máximo posso danificar o microfone?

Lelo Mig
Membro
# nov/12
· votar


kiki
MMI

O que o MMI disse, esta totalmente correto.

O que enfatizo é que para um microfone com a robustez do SM 58 (microfone de pedreiro/guenta porrada) a área plana dele é bem eficaz.

Um Neumann U 87 (microfone fabuloso), é delicado e custa 10 mil reais...

Percebem??

Obs: Mas se o vocalista de sua banda quiser um, tudo bem. Vai ficar mais caro e quebrou pagou...kkkk

Lelo Mig
Membro
# nov/12 · Editado por: Lelo Mig
· votar


inExperienced

Um SM 58 ou 57 não pifa não.

Mas é desnecessário, vai buffar (pela pressão somada a proximidade) e clipar.

Quanto maior o ganho na entrada da mesa, antes de clipar melhor, para isso se abre o ganho da mesa. Com ampli no talo, vai ter que fechar o ganho e vai ficar com o pior do som. (som sujo)

Nunca se deve esquecer que a guitarra é um instrumento com predominância de resposta (e reprodução de notas) em médias frequências (mid-range), que são traduzidos em faixas reproduzidas pelos alto-falantes quase que direcionalmente, e pior, na mesma gama que as frequências das vozes. Neste caso, “menos é mais”; um menor volume de palco pode tranquilamente produzir melhores resultados.

MMI
Veterano
# nov/12
· votar


inExperienced

Se eu usar um SM 57 ou 58 em um amp de guitarra de uns 30 watts e abrir o som no máximo posso danificar o microfone?

Pode botar até num amp maior, esses aí são feitos para isso. Eu tenho uma isobox que já encarou um amp de 50W nessas condições. Mas só um SM57 para aguentar esse tranco, orientação do engenheiro de som que fez para mim. Aguenta brincando, mas não precisa tanto, como disse o Lelo.

MMI
Veterano
# nov/12
· votar


kiki

opa, valeu pela resposta muito completa!

Outro dia falei para o Bahia, mas não tive a oportunidade de falar para você. Os moderadores e alguns usuários merecem muito mais até.

eu ja percebi que som ao vivo e gravação são duas ciencias bem diferentes, como duas ramificações do áudio...

São bem diferentes, com pontos em comum. Interessante isso...

De toda forma, eu consigo entender bem o funcionamento no som ao vivo. Comentei no tópico anterior da saga, semana passada fui ver uma orquestra e me chamou muito a atenção a microfonação do palco e instrumentos. Só para você entender, as cordas na frente receberam um montão de condensadores de diafragma pequeno em overhead, talvez uns 30, os contra-baixos receberam condensadores de diafragma grande (mais adequados a graves), mais próximos dos instrumentos, quase close-miking.

Para você, que eu sei que é um bom violonista, olha um palco microfonado com condensadores de diafragma pequeno, sem dinâmico.



Lelo Mig
Membro
# nov/12 · Editado por: Lelo Mig
· votar


MMI

Essa microfonação do Duofel é um ótimo exemplo de algo que insisto e as pessoas tem dificuldade de entender:

"Assim como o timbre de um instrumento a microfonação tem que privilegiar o gosto pessoal"

Explico: Se você mostrar esse vídeo a um "Xiita/Chato/Burocrata" do áudio ele vai dizer que ela esta errada.

Vai descrever a forma "técnica/erudita/literária" de se captar violões, que é com 2 Microfones, sendo um apontado para a 12 segunda casa e o outro na ponte. Vai dizer que NUNCA se capta um violão pela boca e blá, blá, blá...

Agora te pergunto: Dois violonistas do gabarito de Luiz Bueno e Fernando Melo, especialistas em violões de todos os tipos não sabem disso?

Claro que sabem, sabem muito mais que eu e você.

Sabem muito mais que qualquer purista do "áudio", pela experiência de seus ouvidos.

Então, eles captam da forma que os timbres mais o agradam, e "foda-se" as normas técnicas.

O microfone do Luiz Bueno, que dá prá ver melhor, é algo na linha do Neumann KM 184. Microfone excepcional para violões. (custa a bagatela de 900 dólares)

Mas sonorizar o Duofel tem uma vantagem. Eles estão fixos, atrás do P.A, não há amplificação de palco, além dos monitores.

Desta feita, monitores e mics corretamente posicionados, sem microfonia.

Contudo, bote um mic desses na mão do Bruce Dickson, correndo feito o "The Flash" pelo palco e escalando P.A.s......

...e se prepare prá ser linchado...kkkk

MMI
Veterano
# nov/12
· votar


Lelo Mig

Cara, eu notei isso neles. As vezes eles chegam usar condensadores grandes, mas é frequente essa microfonação "errada". Os caras são considerados uma das 3 melhores duplas de violões do mundo, isso há anos. Eu digo que o som deles é bom e não me meto a comentários, mas eu não faço isso quando gravo - tenho KM184 e TLM103 para violão, ukulele e bandolim, já que raramente gravo voz em casa (mas não paguei isso não, acho, nem lembro mais).

Outra dupla nacional, entre as 3 melhores do mundo e que faz uma microfonação curiosa é o Duo Assad. Veja, no palco eles estão usando condensadores pequenos em microfonação distante.



Obs.: Para quem quer entender melhor... Essa angulação entre os 2 microfones é para tentar posicionar a outra fonte sonora (no caso o outro violão) num ponto em que o microfone capte menos, ou seja, isolar os dois microfones em cada violão.

Lelo Mig
Membro
# nov/12
· votar


MMI

Realmente impressionante a distância em que estes condensadores estão da fonte no Duo Assad.

Não é um posicionamento convencional, contudo, arriscaria chutar, que com esta distância a dinâmica fica super privilegiada, já que qualquer movimento que eles façam nos instrumentos (e movimentam muito), a captação irá sofrer variação significativa.

Muito interessante.... (até salvei o link na minha pasta sobre áudio)...heheh

MMI
Veterano
# nov/12
· votar


Lelo Mig

E quem tem culhão de falar que esta errado?
Sem contar que esses microfones com certeza pegam bastante reverberação.

MMI
Veterano
# nov/12
· votar


Lelo Mig

Depois perguntam se eles aguentam porrada...



Lelo Mig
Membro
# nov/12
· votar


MMI

kkkkkkk... Isso que eu chamaria de um review de "pedreiro"...Nem o gorducho que chamaram prá fazer o review tá acreditando que o microfone continua funcionando...kkk

Rednef2
Veterano
# nov/12
· votar


O shure SM58 serve pra microfonar qualquer amp?

Lelo Mig
Membro
# nov/12 · Editado por: Lelo Mig
· votar


Rednef2

Sem problemas... se for guitarra ele é um bom microfone, porque a guita é um instrumento de timbres médios, área de melhor desempenho do SM 58.

Mas lembre-se ele é sempre um "bom" coringa. Para algo mais específico, stúdio, existem sempre melhores opções.

Mas pro "dia à dia", pau prá toda obra, ao vivo e bom preço, é o cara!

Obs: Se for só prá guitarra "boca de ampli" (não for usar para voz, violão etc) prefira o SM 57.

MMI
Veterano
# nov/12
· votar


Rednef2

Serve sim, mas para guitarra vai de SM57, principalmente se for para palco. Para gravar em casa é uma opção séria, mas existem opções. Eu mesmo não uso.

Lelo Mig

Falando nisso, vi uma propaganda nova da Hartke com o Geezer Butler. O normal, um monte de amplificadores de sempre, mas o microfone enorme atrás dele nunca vi. Achei legal a foto...

juninholiveira
Veterano
# nov/12
· votar


Uma dúvidaa, vc disse aí pra cima que tem microfone tão sensível, que se vc der um berro ele queima.... É vdd isso? como alguem tem coragem de colocar um microfone assim num estúdio, onde vai ter varios tipos de cantores e etc, é tão sensível assim?

Isso me deixou preocupado. Eu tenho que me preocupar com quanto volume um mic consegue aguentar antes de escolher ele?

Lelo Mig
Membro
# nov/12 · Editado por: Lelo Mig
· votar


juninholiveira

A maioria dos microfones condensadores são muito sensíveis, por isso mesmo, a maioria deles possuem um led, barra de leds, ou algum tipo de indicador de "level" , no próprio corpo do microfone, para indicar o nível sonoro.

Devemos regular para que o "vermelho" acenda só ocasionalmente ou NUNCA. A gente fala "queimar o microfone", mas é força de expressão, na real você pode causar danos à membrana do diafragma. Queimar de verdade, só se queimar a cápsula por problemas ou erro no Phanton Power.

Microfones condensadores requerem cuidados e atenção, inclusive com a alimentação "Phanton Power".

Repare que em stúdio, existem "distânciadores", abafadores e aranhas, para manter a distância correta da boca do vocalista. Aproximar demais perde qualidade, pode buffar, clipar e mesmo causar danos a cápsula.

Enviar sua resposta para este assunto
        Tablatura   
Responder tópico na versão original
 

Tópicos relacionados a Sonorização de palcos e P.A (Parte 5)