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Tiso
Veterano |
# ago/14
Bertola tocou num tópico recente a respeito de um ponto muito recorrente. É sobre a famigerada pergunta de indicação de determinado instrumento para determinado propósito musical. A real é que não existe prescrição universal de equipamento. Inclusive os próprios esteriótipos atualmente vivos vieram de transgressões de prescrições anteriores. Vou ver se consigo levantar uns exemplos.
* No início do processo de diversificação do blues em rock, as guitarras sólidas, popularizadas pela Fender, eram mal vistas por alguns. Até mesmo porque naquela fabrica esta construção era uma extensão da fabricação de guitarras lap steel, que tinham uma conotação muito relacionada com a música havaiana.
* Antes dos grandes festivais dos anos 60, na Record, a indicação para fazer MPB era simples: nada de guitarras. Se assim tivesse sido, o que seriam dos Mutantes, dos Novos Baianos, do Secos & Molhados e mil etcs.
* Quando surgiu o Guns and Roses a moda no hard rock da época era ter uma superstrato, geralmente japonesa, com captadores de saída alta, que colassem bem forte numa distorção moderna. O Slash adotou réplicas de Les Pauls de décadas anteriores, criando novas gerações de "metal brats" que piram naquele single cutaway.
* Por muito tempo a Patti Smith adotou uma Fender Duo Sonic dos anos 50. Era o começo da geração pós punk. A indicação era contornar a vassalagem ao instrumento na produção do som - e aquela geração estava aficionada nos modelos mais baratos da Les Paul Jr, pela economia, pela rusticidade e pela autoafirmação de "não preciso de mais que um captador". Ela escolheu aquela guitarra a dedo, na busca de um timbre específico.
No final das contas há caminhos mais curtos ou mais longos para alcançar um propósito de timbre. Os guris que querem um som "bem pesado" deveriam prestar atenção nas especificações de captação, para encurtar a busca. Com captadores hot, de saída alta, eles podem conseguir um som mais fácil de distorcer. Porém, fica aí uma perda de versatilidade, dificultando execuções de "som limpo" - o que pode ser amenizado com um bom controle da dinâmica das palhetadas e com o bom uso do pot de volume. Por outro lado, se esses garotos usarem guitarras com captador de saída baixa, "vintages", digamos assim, eles poderão transformar o sinal no ronco mais satanista do universo, a depender dos efeitos que ele puder e souber usar.
Resumindo: timbre é uma coisa muito pessoal, mesmo dentro de uma restrição de estilo tomada por algum guitarrista. O melhor a fazer é pesquisar videos, imaginar, se sentir livre para diversificar - e principalmente: escolher o instrumento pela empatia que se sente pelo seu som. O melhor é sempre pesquisar mais do que se busca indicações.
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Cres
Membro Novato |
# ago/14
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Tiso
Parabéns pela iniciativa cara, gostei da ideia do tópico.
Ansioso pra ver no que essa discussão vai dar.
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SkyHawk
Membro |
# ago/14 · Editado por: SkyHawk
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Eu toco metal com ES-335 semi-acústica branco pérola com hardware e binder dourado e acho, modéstia a parte, ducarai o resultado !!! Uso um ENGL no talo e aproveito muito o sustain quase infinito que isso acaba dando pelo feedback.
Também uso uma telecaster com dois humbuckers em formato de single com alta saída, 13,5k na ponte e 9,5k no braço. E duas Stratos vintages uma com Texas Specials e a outra com Duncan Design, tudo single careta e taco punch no drive e na Equalização.
Sou dos que acreditam que dá para tocar qualquer estilo com qualquer guitarra, inclusive full hollow.
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Tiso
Veterano |
# ago/14
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Muito bem sacada a ideia de usar os corpos vazados para fazer barulho! Feedback mais fácil que cheiro de peixe em feira!
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SuicideGuy
Membro |
# ago/14
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Concordo em partes. Quando se faz um trabalho próprio não existe isso de guitarra X para som Y, mas como 99% dos guitarristas querem comprar um instrumento pra tocar a música de algum dos seus ídolos eu acho que vale a pena comprar a guitarra X para o som Y sim. Lá no tópico de ajuda pra quem quer comprar uma guitarra eu vejo isso o tempo todo. Os caras chegam lá perguntando qual guitarra devem comprar pra fazer um determinado cover. Se o cara vai tocar Guns e Metálica eu diria que ele deve comprar uma Les Paul sim. Se ele vai tocar Nirvana (esse cover então tem a 3 por 1 real) eu já não diria pra ele comprar uma Les Paul. Se ele realmente não se importar ok, compre qualquer guitarra, mas pra grande maioria deles acho que vai ser um pouco frustrante tocar Guns com uma telecaster por exemplo. Salvo também casos onde o cara toca muito cover de muitos estilos, ai eu aconselharia uma guitarra mais versátil como uma strato HSS por exemplo.
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Thiago Livgren que toca mais ou menos
Membro Novato |
# ago/14
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Vale lembrar também a pancada de guitarrista de New Wave usando Superstrato com os humbuckerzões de alta saída pra tocar Clean+Chorus nos anos 80.
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Headstock invertido
Veterano |
# ago/14 · Editado por: Headstock invertido
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Eu acho é que se dá uma importância maior ao instrumento na confecção final do som do que ele realmente tem.
Sempre cri que o amplificador, os efeitos e os captadores tem um peso quase totalitário em relação ao resultado final, cabendo à guitarra em si apenas as sutilezas que, convenhamos, muita gente que brada aos quatro ventos as diferenças entre tais não seria sequer capaz de distingui-las em um "teste cego".
Se é pra fazer um som exatamente igual ao do artista preferido, você teria que ter, primeiramente, o mesmo equipamento. Não parecido, não similar. O mesmo. Literalmente o amplificador daquele cara, os pedais daquele cara, a guitarra daquele cara, as palhetas daquele cara, os cabos daquele cara e etc. Já que, mesmo entre equipamentos idênticos, ocorrem variações sutis. E mais do que isso, você teria que SER o cara.
Então já que não vai mesmo ter um som absolutamente idêntico, acho melhor desviar o foco para pedais/pedaleiras, captadores e amplificador do que para o modelo específico ou a madeira da construção da guitarra. Deixa esses aspectos para considerar a tocabilidade.
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