Músicos e não musicos: Como nos vemos e como nos veem (reflexão - Mateus Starling)

Autor Mensagem
stroudcastle
Veterano
# jan/13
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mateusstarling
Gosto muito dos seus textos, sempre leio e fico refletindo.

Jeffin C.
Veterano
# jan/13
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Pepe Le P
Falando em salário de professor...as coisas só tendem a piorar.Enquando o salário mínimo aumenta, o salário dos servidores públicos, principalmente dos da área da educação, está quase que estagnado.
Também concordo com os amigos ai de cima...A massa excuta o que a mídia empurra, a maioria das pessoas não tem mesmo a capacidade de criticar o que excuta...E a mídia se aproveita cada vez mais disso...
Mas agora tem algo curioso, que mesmo depois de um bom tempo refletindo sobre isso, não consegui chegar a uma resposta.Porque gravadoras, como a som livre, por exemplo, não assina contrato com bandas de rock brasileiras?Digo isso porque "mercado consumidor" não falta...Apesar de tudo, muita gente gosta de rock.Eu não vejo porque eles não apoiarem bandas como Angra, por exemplo.Eu acho que seria lucrativo, sendo que, lucro é o que a mídia almeja.Alguém sabe o porque disso?

alv2707
Veterano
# jan/13
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A falta de educação faz com que muitas profissões fiquem "marginalizadas". Não só músico, mas tirando Direito, Medicina e Engenharia, basicamente qualquer outra área é vista com um certo desdem aqui no Brasil. Estatisticamente não há embasamento ao falar que a falta de "educação cultural" é responsável pela suposta má qualidade da música de massa.


Gangnam Style atingiu o topo em praticamente todo o mundo ocidental, incluindo Suíça, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Áustria, Canadá, Luxemburgo e outros países com elevadíssimos graus de educação e desenvolvimento humano, alguns até com forte tradição erudita.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121127_educacao_ranki ng_eiu_jp.shtml

A música é da Coreia do Sul que ficou em segundo nesse ranking de educação. Charts da Coreia. Eu sinceramente não vejo muita diferença pra música de massa de um país subdesenvolvido. Eu dei o exemplo de uma música, mas temos várias outras. Rihanna, Adele, One Direction, Bruno Mars,etc ficaram nos primeiros lugares em todos os países citados acima.

A globalização pesa muito mais do que a educação, a música de massa nacional vem aos poucos perdendo a identidade, cada vez mais parecida com o pop internacional. E isso não é exclusividade do Brasil, eu sempre procuro os charts de outros países em buscas de sons regionais mas são poucos os traços da cultura local. A exceção são os países mais "isolados".

Enfim, o que está acontecendo é uma padronização em nível global da música de massa. Tanto faz rico ou pobre, bem instruído ou pouco. A tendência é mais "gangnam style's" surgirem nos próximos anos.

Abraços

Pepe Le P
Veterano
# jan/13
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alv2707
Enfim, o que está acontecendo é uma padronização em nível global da música de massa. Tanto faz rico ou pobre, bem instruído ou pouco. A tendência é mais "gangnam style's" surgirem nos próximos anos.

Como eu citei na minha postagem "desenvolvimento de consciência/avaliação crítica não está totalmente correlacionado com classe econômica/social ou grau de estudo formal. O cara pode ser pós-doutor por uma grande universidade e mesmo assim não ter lá um grande poder metacognitivo e de criticidade (embora exista uma certa correlação entre estes fatores)... quantidade nem sempre é qualidade em todos os aspectos.

A questão não é curtir as "músicas do momento", cada um é livre para expressar sua diversidade singular de gostos... o lance é gostar/idolatrar um icone (isso que nem entramos na esfera do fanatismo...) qualquer porque é o que o mercado te joga no momento.

Uma marca presente na grande maioria das músicas "mega pop" é que geralmente não induzem o ouvinte a grandes reflexões (mesmo que tenha um conteúdo por "detrás dos panos", este não é acessado por 99% dos ouvintes). São harmonias "simples" (geralmente muito bem arranjadas, produzidas e executadas) com algum tema facilmente digerível pela parcela maior da população.

Acho muito interessantes as discussões advindas deste tópico...

alv2707
Veterano
# jan/13
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Pepe Le P
Concordo com praticamente tudo que você disse. Acho que a consciência/avaliação crítica não é questão só de desenvolvimento é uma questão de escolha também. Eu sei que Stallone Cobra é um filme sem conteúdo nenhum, só tiro e porrada. Mas eu acho ele um filme muito melhor que qualquer um da trilogia das cores por exemplo. Mesmo eu sendo relativamente bem instruído eu não quero um filme pra me fazer pensar, não quero quero um filme profundo, quero um filme direto, seco, simples, clichê.

Todos nós aqui do fórum somos no minimo amantes da música, nós sempre queremos conhecer mais, ouvir coisas originais, coisas mais profundas, fugir da mesmice. Mas será que os ouvintes casuais também pensam assim? O mais perto que eu chego é fazendo a analogia com meu gosto por filmes.

Acho que a maioria das pessoas que ouvem essas músicas "mega pop" tem capacidade critica pra reconhecer que a música não tem muito conteúdo, que existem outros estilos mais profundos. Mas quem disse que elas procuram por essas coisas quando ouvem música?

É como você disse, elas ouvem o que é empurrado pra elas, não buscam coisas novas. O motivo delas não buscarem coisas novas é porque elas gostam das que já tocam, o objetivo delas é cumprido. Se não gostassem tenho certeza que procurariam músicas novas, assim como a maioria aqui do fórum procurou. É o gosto pessoal, acho que a falta de senso critico tem influência minima no assunto.

Jeffin C.
Veterano
# jan/13
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alv2707
Enfim, o que está acontecendo é uma padronização em nível global da música de massa. Tanto faz rico ou pobre, bem instruído ou pouco. A tendência é mais "gangnam style's" surgirem nos próximos anos.

Concordo plenamente.É exatamente esse o meu ponto de vista.
As vezes eu chego a pensar que o mundo deveria ter acabado mesmo em 2012...tá tudo fora do lugar, bagunçado...não só na música, mas em tudo mesmo...Eu acho que a humanidade já chegou a um ponto de alienação que não tem mais volta...

emersonlee
Veterano
# jan/13
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mateusstarling
ae vey eu tenho a guitar player q tu saiu hehe

MMI
Veterano
# jan/13
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mateusstarling

Poxa, fico contente que depois de um tempo você a essa conclusão que eu havia te falado há um tempo atrás e que, honestamente, na época me deixou bastante decepcionado. Parabéns pelo texto e pela conclusão.

Acho que seja na música, seja como advogado, médico, ou o que for, o desafio é se sobressair, sair da "massa" do lugar comum se destacar de alguma forma. Um caminho, lógico, é estudar e dominar o assunto, mas vai bem mais longe, passa em estratégias de mercado, administração, imagem, estratégias de "vendas", negociações, até grana investida. Não vem ao caso, na verdade.

A grande questão, que dificulta ainda mais na música, é que um médico, advogado, engenheiro, precisam de uma faculdade, especialização, conselho de classe (você sabe o que significa ter a OAB), aprimoramentos e pós graduações. Na música não, não existe mais uma entidade representativa que lute pelos direitos, a OMB já era. Hoje um cara que fez faculdade de música é tão músico quanto um que acabou de aprender uns acordes toscos. Muitas vezes ambos disputam o mesmo espaço, o cara que toca por hobby aceita tocar num bar por 30 reais, puxando para baixo o valor do cara bem formado.

Para a galera que critica... Acabo de chegar de Las Vegas, o tal do Gangnam está bombando por lá, tem cartazes de shows que ele fará por lá, mais divulgado que o show do Bonamassa, por exemplo. Falaram do Michel Teló... Pô, eu conheci a música dele ao ouvir o som bombando dentro de um shopping em Barcelona, com direito a ouvir os espanhóis cantando junto. Até mesmo o Tiririca bombar no país todo cantando Florentina de Jesus, no fundo isso tem um mérito. Se fosse ruim estaria bom, porque na verdade é péssimo, mas não adianta reclamar e dizer que o povo é burro, não tem cultura, não sabe o que é música boa. Como eu disse, lá fora isso detona também. A questão é ver o caminho, tentar buscar o espaço e os métodos que esses caras conseguiram, colocando algo de maior qualidade, se é isso que o pessoal quer. Esse é o desafio.

MauricioBahia
Moderador
# jan/13 · Editado por: MauricioBahia
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MMI: Se fosse ruim estaria bom, porque na verdade é péssimo, mas não adianta reclamar e dizer que o povo é burro, não tem cultura, não sabe o que é música boa.

+1 pelo post.

Eu penso que não adianta ficar criticando X ou Y. Aliás, essa não me parece uma abordagem ruim pois mal ou bem acaba publicamente desgastando sua imagem, inclusive se fala da própria categoria. O que sobressai mesmo é o cara que faz diferente (e isso inclui aspectos fora da música, como comunicação e expressão), que sai da "lugar comum". Se vacilar e ficar parado na multidão, acaba sendo atropelado, ainda mais com essa mídia frenética que empurra idéias e te sugestiona o tempo todo.

Por sinal, estou lendo um livro bem interessante que fala mais ou menos sobre o assunto e chama-se Inteligência Prática. Fica a dica. :)

Abs

TatoPetry
Veterano
# jan/13
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MMI
Eu acredito muito nisso, que a partir do momento que alguém conseguir oferecer algo tão bom quanto e divulgar da maneira como essas coisas são divulgadas, pode haver uma mudança.
Roberto Carlos é um exemplo, achei essa musica nova dele muito ruim e de tanto ouvir esse negocio tocando(involuntariamente) essa p... acaba se tornando agradável...

TheRover
Veterano
# jan/13
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MauricioBahia
O que é Inteligência Prática? Se esse livro for bom vou encomendar um.

Jube
Veterano
# jan/13
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alv2707
Concordo com praticamente tudo que você disse. Acho que a consciência/avaliação crítica não é questão só de desenvolvimento é uma questão de escolha também. Eu sei que Stallone Cobra é um filme sem conteúdo nenhum, só tiro e porrada. Mas eu acho ele um filme muito melhor que qualquer um da trilogia das cores por exemplo. Mesmo eu sendo relativamente bem instruído eu não quero um filme pra me fazer pensar, não quero quero um filme profundo, quero um filme direto, seco, simples, clichê.

Todos nós aqui do fórum somos no minimo amantes da música, nós sempre queremos conhecer mais, ouvir coisas originais, coisas mais profundas, fugir da mesmice. Mas será que os ouvintes casuais também pensam assim? O mais perto que eu chego é fazendo a analogia com meu gosto por filmes.

Acho que a maioria das pessoas que ouvem essas músicas "mega pop" tem capacidade critica pra reconhecer que a música não tem muito conteúdo, que existem outros estilos mais profundos. Mas quem disse que elas procuram por essas coisas quando ouvem música?

É como você disse, elas ouvem o que é empurrado pra elas, não buscam coisas novas. O motivo delas não buscarem coisas novas é porque elas gostam das que já tocam, o objetivo delas é cumprido. Se não gostassem tenho certeza que procurariam músicas novas, assim como a maioria aqui do fórum procurou. É o gosto pessoal, acho que a falta de senso critico tem influência minima no assunto.


Gostei da comparação com o filme, é bem por ai mesmo.

E ainda digo mais, a qualidade da música não é tão importante assim, não é uma música bem feita que vai te dar destaque, mas sim aparecer, vender a imagem.

PguitarMaxx
Veterano
# jan/13
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As vezes me pergunto se viver de musica (boa) no exterior é tão complicado quanto no Brasil, digo, será que o problema não é nosso pais?(o povo, a cultura etc) quero seguir carreira na musica mais a insegurança as vezes me pega de jeito, quer dizer, como um musico pode se Sobressair em meio a tanta poluição auditiva, não digo menosprezando estilos musicais, meu estilo musical favorito é o rock e o blues, mais respeito tudo oque tem qualidade

mais existem coisas que claramente não tem qualidade, por exemplo o funk, onde os cantores não tem talento nenhum, rebaixam a mulher ao lixo, fazem apologia a violencia e as drogas, e a massa adora!

Tenho amigos experientes que estão saindo do pais pra tentar carreira, inclusive, tem um que ja esta com as malas prontas pra ir pra Australia

Jeffin C.
Veterano
# jan/13 · Editado por: Jeffin C.
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PguitarMaxx
Concordo, o funk(carioca) nem chega perto de música, aquilo é rúido, violência verbal.
Também gosto muito de rock e admiro bastante o blues...pena que as pessoas não tem a capacidade(ou tem preguiça) de sentir o que a música passa...porque se não fosse por isso, acho que o blues estaria em alta.

PguitarMaxx
Veterano
# jan/13
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Jeffin C.
Concerteza! o Blues tem mto a oferecer cara, é uma pena que poucas pessoas o apreciem. No Exterior o blues ainda tem espaço (pouco), sabe, a velha guarda ainda tenta manter, mais infelizmente, o Blues não esta tão presente na cultura brasileira, isso pra não dizer que definitivamente não esta.

Mais acredito que um dia a cena musical desse pais vai dar uma melhorada, pois pior do que está, eu acho que não fica!

Abraços

GabrielRhoads
Veterano
# jan/13
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Temos que ver esse fato de músicos mal remunerados fora e dentro do Brasil, porque eu já vi muito músico que não é conhecido ser bem sucedido em outros lugares, e portanto acho que o problema é exatamente o Brasil; Não valorizamos nossos músicos como deveríamos e portanto essa parte de profissionais vive com uma renda baixa.

Parece que alguém falou o (X) do problema antes de mim, na verdade é muito mais fácil colocar um cara com um Notebook, plugado em uma caixa e colocar tocar uns Remix's do que colocar um cara que toque violão clássico, ou toque piano profissionalmente e que dedicou a vida para isso, sinto muito mas a realidade de nosso mundo de hoje é essa, se o mercado para a música era difícil há 20, 30 anos atrás que eram só músicos imagine agora "temos que competir com computadores" HAHA Brincadeira sem graça, mas verdade.
Na minha opinião a MÚSICA ACABOU no fim da década de 90.

PguitarMaxx
Veterano
# jan/13
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Na minha opinião a MÚSICA ACABOU no fim da década de 90.

É pra se pensar, fico vendo videos no youtube, de artistas que estão iniciando na musica, mais ao mesmo tempo ja tem um tempo de estrada saca? tipo, gravam em estudios profissionais e tals, e tem mta gente boa, e estão todos buscando seu espaço, e estão começando a aparecer na midia e tals, mais é com tristeza que digo que nenhum deles é brasileiro

Ah quem diga (eu) que a decadecia começou com a disco,

Pepe Le P
Veterano
# jan/13
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Eu acredito que existe sim uma correlação entre os "mega sucessos pop" e uma quase generalizada falta de refinamento crítico. As pessoas consomem músicas e artistas que dizem algo pra elas... e muitos poetas e gêneros musicais mais "sofisticados" (não confundir com "melhor") simplesmente não despertam empatia nenhuma do "ouvinte médio" (também não se trata de um termo pejorativo) porque o mesmo teria dificuldade de ver sentido nisso.

Se o "som da vez" fosse bebop seria na mesma linha (embora eu ache que este estilo tem mais a contribuir do que outros que andam por aí).

Não nos enganemos: a indústria do entretenimento não faz as coisas por acaso. Se determinados estilos de consumo/artistas são lançados goela abaixo pode crer que não é totalmente gratuito, embora eu acredite sim que a população tem influência sobre a atuação do mesmo. Querendo ou não as músicas (e tudo que está ao redor dela) esta impregnado com alguma mensagem, ajuda a reforçar um tipo de comportamento, status, valor...enfim, um tipo de sociedade.

Lanço uma reflexão: pense nas pessoas que você considera que tenham um senso crítico desenvolvido (ex: não acreditam em qualquer coisa que sai em jornal, buscam diferentes versões de um mesmo fato, levam em consideração contextos distintos, etc.) e uma que não tenha esta parte muito desenvolvida. Que tipo de música cada uma destas pessoas "consome"?

A questão é: eu (onde eu representa um sujeito qualquer) posso gostar de um monte de bandas de "Hard Rock Farofa", com letras muitas vezes bem toscas (e de fato tem várias que eu curto), mas eu o faço tendo uma certa consciência do que representa esse e a decisão vem mais de dentro do que de fora (tendo em vista que ninguém está 100% livre da influência externa). Eu não curto a banda X ou Y simplesmente porque é o que está "bombando" no momento, mas por algum outro motivo (que as vezes pode ser bem simplório).

Existem semelhanças e diferenças entre um metaleiro de 50 anos que anda com calça de couro apertada e jaqueta e diz que "só rock que presta" pra uma pessoa que simplesmente curte "a onda do momento". Podemos entrar nesse espectro da coisa em um outro momento.

O resumo da ópera é: você deve ter ferramentas que te possibilitem escolher entre o imenso universo de possibilidades de acordo com o que TE AGRADA, mesmo queno motivo seja tosco, e não simplesmente consumir freneticamente a opção que escolhem pra ter um lugarzinho especial no seu Ipod, porta cds, poster na parede do quarto... mesmo no próximo mês você tenha que jogar tudo fora e substituir as bergamotas por tangerinas....

Pepe Le P
Veterano
# jan/13
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GabrielRhoads
Na minha opinião a MÚSICA ACABOU no fim da década de 90.

Na minha opinião não tem essa... música boa sempre existiu e sempre continuará existindo.

Eu fico meio cabrero com esse pessoal que acha que música boa tinha na década de 70 e o resto é conversa pra boi dormir... como eu já disse anteriormente opinião e gosto cada um tem o seu e eu respeito, mas fico de cara igual.

Inclusive arrisco dizer que em diversos estilos os caras da "nova geração" não tem devido em nada para seus predecessores, a não ser muito respeito e gratidão por terem fundado as bases sólidas sobre as quais eles vem fazendo estes estilos evoluírem.

Fica complicado (e injusto) ligar a rádio hoje e querer comparar o que está tocando com os músicos que marcaram seu nome nas décadas passadas. Claro que hoje em dia temos que levar em consideração o fenômeno da influência da música "ainda mais comercial" (porque as de antigamente também tinham este aspecto em algum grau) nas nossas vidas... e aí eu concordo que hoje em dia a o cenário está feio.

Certamente alguém poderia chegar com a frase: "música "boa" existe sim, é só saber procurar..." e resumir toda essa nhaca que eu escrevi... mas ser sintético não está na minha personalidade...

vintagentleman
Veterano
# jan/13
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mateusstarling

Desde já no eflúvio regozijado de mais um texto semiológico e dissertativo dessa sua mente elocubrativa em mais um processo de hecatombe criativa, obviamente não privado do supérfluo e banalizado pseudo hedonismo.

Não pensem os outros usuários que o Mateus não interiorizou o cilíndrico bastonete comiserativo quando refletiu, nunca inadvertidamente, sobre a diatríbica preposição dos não profissionais em relação aos profissionais, considerada a rentabilidade do mainstream.

Sabem que eu nunca tinha refletido sobre a tangibilidade dessa prenunciada premissa: a ágora e a polis e os conflitos deontológicos apurados sob o prisma das visões entre os indivíduos, ou no popular, que a grama do vizinho é mais verde!

Claro que no fundo a primazia do aspecto tácito e dialético do irascível texto do Mateus nos levaria a questionamentos outros e aí me ocorre uma preocupação: e se abduzirem as cavernosas reentrâncias límbicas do Mateus (metaforicamente dizendo, obviamente) de forma punitiva e ficarmos privados de seus eflúvios citados no início desse texto?

Desculpem falar nisso pessoal, mas é que agora estou preocupado...

Jeffin C.
Veterano
# jan/13
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vintagentleman
não entendi nada, vou colocar no google tradutor em detectar idioma, pra ver se eu acho algo!

mateusstarling
Veterano
# jan/13
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A galera ai entrou profundamente em varias ramificações do assunto e eu achei muito legal, li tudo aqui e agradeço pela contribuição.
Mas para mim existe uma questão intrigante que é o fato de que aquele que faz o produto é o menos beneficiado.
O musico esta no processo criativo da composição e na execução da musica mas é o que menos se beneficia financeiramente. Como eu ja levantei, acredito que isso aconteça pelo fato de que a musica rentavel se tornou a musica de entretenimento, niguem esta realmente interessando na musica em si, mas no entretenimento que ela esta produzindo
A musica apreciativa não da lucro, portanto, ninguem esta interessado realmente na musica de qualidade, mas sim no entretenimento que ela esta produzindo.
Quando me refiro a entretenimento quero dizer que a galera quer é dançar, ficar bebado com alguma coisa dançante no fundo, é por ai.

Lelo Mig
Membro
# jan/13
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mateusstarling

Mateus, você está correto, só que essa música de entretenimento se "consagrou" por alguns motivos conjuntos, entre eles:

1- Decréscimo na cultura geral (isso é em menor proporção em Países mais ricos, mas mesmo nestes caiu significativamente. Estudos mostraram que um cara que entrou em primeiro lugar numa faculdade de Medicina, por exemplo, após os anos 90 em qualquer País do mundo, nos anos 70 não passava nem na primeira fase).

2- Quantidade de CDs vendidos. (Antes um artista levava 10 anos para vender um milhão de cópias, então seu trabalho ficava tocando por anos nas rádios, e várias faixas, isso o consagrava se ele era bom ou ele caia no ostracismo. Quando perceberam o filão de vender 1 milhão de cópias em 6 meses, reduziram o número de artistas do plantel e investiram no entretenimento pagando pesados "jabás" as rádios para tocarem a mesma música o tempo todo. Com plantel menor e maiores vendagens, o lucro aumentou muito. Tive loja de CDs por 10 anos, sei como funcionava o esquema nas gravadoras).

3- Alienação total da atual geração. O pessoal do Rock Brasil anos 80, bem ou mal, foram os últimos a se preocuparem com o teor de suas letras e passarem algum conteúdo sério. Hoje neguinho nem ouve a letra, só quer zoeira, putaria, tirar sarro dos outros no melhor estilo "Pânico".

4- Os gêneros tradicionais não se reinventaram, então, à partir dos anos 90, surgiu essa "mistura" (todos os estilos num liquidificador, como os próprios grupos diziam) e surgiu um música que têm todos os sabores, mas não tem gosto de nada. É rock mal feito + Hip Hop ruim + Metal sem vergonha + Funk mal tocado + Letras pobres... resultado? Merda!

E por aí vai....

Pepe Le P
Veterano
# jan/13
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Lelo Mig
4- Os gêneros tradicionais não se reinventaram, então, à partir dos anos 90, surgiu essa "mistura" (todos os estilos num liquidificador, como os próprios grupos diziam) e surgiu um música que têm todos os sabores, mas não tem gosto de nada. É rock mal feito + Hip Hop ruim + Metal sem vergonha + Funk mal tocado + Letras pobres... resultado? Merda!

Atualmente eu tenho acompanhado mais as vertentes platinas de "música cancionista" e afirmo que tem muita gente fazendo um som muito bom, com letras muito boas.

mateusstarling
O musico esta no processo criativo da composição e na execução da musica mas é o que menos se beneficia financeiramente. Como eu ja levantei, acredito que isso aconteça pelo fato de que a musica rentavel se tornou a musica de entretenimento, niguem esta realmente interessando na musica em si, mas no entretenimento que ela esta produzindo
A musica apreciativa não da lucro, portanto, ninguem esta interessado realmente na musica de qualidade, mas sim no entretenimento que ela esta produzindo.


O entretenimento talvez seja uma das indústrias mais poderosas do mundo, pois ela tem uma influência muito grande na manutenção de certos aspectos sociais (e econômicos). Concordo com a essência do que você diz e complementaria dizendo que grande parte da população não está interessada (ou usando um termo mais forte, talvez nem seja capaz) em apreciar, digerir, refletir a música e todo seu conteúdo, mas a utiliza mais como um meio de identificação cultural.

vintagentleman
Veterano
# jan/13
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Jeffin C.

Na verdade não há muito o que entender. São brincadeiras que eu faço com os (bons) textos "cabeça" do Mateus.

Abraço

Iwar
Veterano
# jan/13
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No meu livro de artes musicais (normalmente fala sobre história da música ou a física da música, tipo ondas, timbre etc), no capítulo sobre Música Popular, o autor reflete sobre a cultura de massa que veio crescendo a partir dos anos 90, e sobre como a música que está rodeando as pessoas se torna mais simples cada dia mais, e menos destacada, o modo como ela vira mais um produto industrial em que não podemos aproveitar seu conteúdo de forma expressiva.

klavier
Veterano
# jan/13
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Acho que os músicos brasileiros são em geral bem sucedidos, embora nem todos os músicos talentosos o sejam. No Brasil o caminho é ser sideman das cantoras/artistas, que pagam bem shows e gravações. Há muitos artistas no Brasil que contratam músicos para sua banda. aleatoriamente : adriana calcanhoto, marisa monte, simone, ana carolina, seu jorge, jorge vercilo, djavan, joao bosco, luis melodia, paralamas, skank, etc. contratam músicos de sopro e percussão, vanessa da mata, roberta sá, ed motta, lulu santos, martinália, ivan lins,maria rita zeca baleiro, moska, e por aí vai, podemos chegar a 50 nomes do primeiro time da mpb e do pop rock tranquilamente, se incluir os artistas de samba, forró, o número cresce.
Mas é preciso ter o perfil de side man, e querer esse caminho, e um pouco de sorte tb.
Os grandes instrumentistas brasileiros com foco na carreira solo tb estão bem de vida, em geral, como por exemplo hamilton de holanda, yamandu, o recem falecido altamiro carrilho, egberto gismonti, leo gandelman, gabriel grossi (gaitista com trabalho solo que já tocou e gravou com zelia duncan por exemplo), . a lista tb é grande, estão com agenda lotada, inclusive fora do brasil, e prosperando.
a lista de músicos bem sucedidos e excelentes instrumentistas é muito grande : nelson faria, artur maia, adriano gifoni, kiko freitas, dirceu leite, armando marçal,
se me perguntar o que fazer pra tocar com essa galera tb não sei, mas sei que todos os músicos que tocam com os artistas da mpb e do pop rock do samba, do sertanejo, ganham muito bem, papo de mais de mil reais por show.

mateusstarling
Veterano
# jan/13
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klavier Legal o que vc escreveu, existem muitos musicos no Brasil bem sucedidos com certeza, mas...
Poucas pessoas no Brasil vivem unicamente da musica instrumental, muito poucas. Semana que vem estarei fazendo um show com Leonardo Amoedo, Nelson Faria, Lula Galvão, Pascoal Maireles, Mauro Senise e outros grandes nomes do instrumento. Todos esses caras que citei precisam dar aula para complementar a renda.
A questão do sideman te proporciona um dinheiro imediato mas vc sera para sempre apenas o musico que fica a trás, por outro lado ter uma carreira solo tem seus prós e contra. Ao mesmo tempo que vc esta fazendo o seu lance e se divulgando, as dificuldades sao muitas para que vc consiga algum espaço.
A verdade é que quase ninguem vive unicamente da musica instrumental no Brasil. Eu digo viver bem, ter uma familia e dar um conforto razoavel numa capital por exemplo.
Acho que o meu caso é o padrão dos meus colegas, faço minha musica instrumental, tenho minha carreira solo, lanço meus cds, toco com outros musicos com a mesma concepção, tenho meu espaço e estou crescendo um pouco a cada dia mas preciso complementar minhas renda dando aulas e vendendo meu material. No meu caso calhou por ser algo que eu goste de fazer, portanto esta tudo lindo.

Rednef2
Veterano
# jan/13 · Editado por: Rednef2
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É interessante esse lance que quem menos lucra na industria da música é o musico. Eu to lendo a autobiografia de Duff Mckagan ex-guns n roses e ele diz exatamente isso, que embora o Guns tivesse fazendo um sucesso estrondoso na epoca, estivessem lotando estádios, eles (os musicos) não estavam faturando nada.

Mas o que importa é se você trabalha com amor, tudo bem que amor não paga as contas mas também não te da problemas de saude.

Muitas pessoas que sofrem de depressão é em consequencia de trabalharem em locais que não estão felizes, estão lá apenas pelo dinheiro. Muitas das causas do suicidio tem a raiz nisso.

Eu gosto de musica e tenho sonho de ser musico, sei que isso não paga as contas, mas prefiro ir tentar do que arrumar um emprego qualquer só pra ter grana, mas como resultado ser um cara infeliz pelo resto da vida.

Lelo Mig
3- Alienação total da atual geração. O pessoal do Rock Brasil anos 80, bem ou mal, foram os últimos a se preocuparem com o teor de suas letras e passarem algum conteúdo sério. Hoje neguinho nem ouve a letra, só quer zoeira, putaria, tirar sarro dos outros no melhor estilo "Pânico".

É triste mas é verdade, a geração atual só quer saber de se matar tomando cerveja e ainda acha isso bonito. Se você pensar diferente deles ja é tratado como "conspirador" ou "rebelde sem causa", muita dessa galera não tem senso critico nenhum e assim os politicos safados fazem a festa, mas ai ja é outra historia.

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