Dica para iniciantes: "A música bancando a música!"

Autor Mensagem
Lelo Mig
Membro
# ago/12 · Editado por: Lelo Mig


Em 1978 eu tocava em algumas bandinhas com amigos, dava os primeiros passos acompanhando um cantor de MPB, e já tinha incorporado a música à minha vida.

Eu tinha, nesta época, uma Giannini Supersonic usada, um amplificador Univox Solid State (tão bom quanto ligar a guitarra num radinho de pilha) e um Overdrive “Hand Made”, feito pelo meu pai.

Instrumentos bons, importados eram caríssimos, difíceis de conseguir, distante para a maioria dos mortais. Eram outros tempos. Até mesmo conhecer os equipos era difícil. Revistas falavam das loucuras que os guitarristas aprontavam nos hotéis, suas bebedeiras e noitadas, mas raramente falavam o que realmente me interessava... Quais equipo eles usavam.

Lembro-me de olhar com lente de aumento fotos e pôsteres em que apareciam os pedais de meus ídolos, na tentativa de identifica-los.
O meio musical, estar na rua, tocando, ajudava muito. Conheci muitos músicos mais velhos e experientes, com equipos melhores. Podia ver de perto, com alguns mais chegados até tocar e experimentar.

Lembro que passava tardes inteiras em assistências técnicas na Rua Cardeal Arcoverde (paralela a Teodoro Sampaio, e “Meca” dos consertos eletro/eletrônicos musicais nesta época).

Entre amplis valvulados, mesas de som, pedais, gravadores de rolo e um monte de velharias cheias de fios anos 60 e 70 (nesta época, devido à dificuldade se recorria muito a consertos e adaptações de equipos velhos).
Assim, enchendo o saco de técnicos, aqueles tiozinhos simpáticos que tanto me ensinaram, fui aprendendo que um capacitor não era um chocolate MM e que uma válvula não era um “foguetinho de vidro” ou uma lâmpada de abajur.

Já tinha aprendido algumas coisas era hora de melhorar meu set (ainda que, chamar o que eu tinha de set seja uma afronta).

Diferente de hoje, não tinha essa de pedir pro “papai”. Eu tinha 18 anos, meu pai bancou estudo até agora, arrumei emprego. Eu não era pobre, nem rico. Mas neste tempo, não ser pobre era apenas não ter dívidas impagáveis e comida na mesa. Nada mais.
Era hora de ajudar em casa. Bancar despesas, dividir. Melhorar a renda e proporcionar pelo menos um fogão descente ou uma máquina de lavar roupa para tirar minha mãe do tanque.
Meu dinheiro agora seria para minhas roupas e condução, um cinema ou um disco de rock, no máximo. O resto era para feijão, não para pedais e cabos.

Resolvi, muito cedo ainda, que a “Música deveria bancar a música”. E o que eu ganhasse com ela, investiria nela.

Na cola do meu amigo cantor de MPB, entrei no mundo dos bares. Tínhamos um dia por semana, às sextas-feiras, num bar perto de casa... Pagariam o equivalente a uns R$60,00 por noite.
R$ 240,00 no mês... Daria ao menos prá trocar aquelas palhetas de plástico multi coloridas e sem marca e não ter que trocar cordas apenas quando arrebentassem e olhe lá.
Obs.: Alguém aqui neste fórum já emendou corda arrebentada e tocou com corda emendada? (se alguém duvida, eu ensino como se faz isso).

R$ 240,00 no mês... em três meses eu compraria um Pedal Giannini novo, talvez um MXR, Eletro Harmonix ou Danelectro usado. Sim, estas marcas existem desde o final da década de 40 e eram os tops nos 60 e 70.
Cordas novas todo mês, palhetas Fender e Dunlop (que fiquei viciado e uso até hoje) e guardando um “dindin” para investir no primeiro pedal decente. Eu já sabia que um ampli melhor e outra guita deveriam ser a prioridade, mas eram tempos mais difíceis, e a “g.a.s”, involuntariamente, fazia a gente mudar a ordem correta das coisas.

Primeiro pedal... Primeira cagada. Um pedal de volume Morley... Quanta alegria!! Mas digam a verdade, que tipo de imbecil, além de mim neste mundo, compraria um pedal de volume como primeiro pedal de aquisição para um “futuro” set?
Eu ouvia muito Yes, nessa época. Ficava louco com quanto é possível realçar o “feeling” com um pedal de volume. Eu queria ser Steve Howie (cada mês eu queria ser um guitarrista diferente), então, após pesquisa com técnicos e músicos não tinha dúvida. Pedal de volume Morley é o bicho!

Feliz com meu pedal fui a um ensaio de uma banda experiente e famosa no meu pedaço. Chegando lá, o guita deles fazia efeito volume usando o dedo mindinho no pot da guitarra. Que decepção! Como não pensei nisso antes? É tão óbvio! Senti-me um estúpido total. O cara tinha um fuzz e um chorus e fazia volume no dedo. Pelo menos serviu para eu começar a pensar de outra forma. Pedal de volume é muito legal, mas no meu caso, era um luxo!

Eu tocava “profissionalmente” MPB, era óbvio, o pedal que eu precisava “primeiro” era um Chorus. Entendi que não era meu gosto que tinha de ser priorizado, mas minha necessidade de uso.

Fui tocando melhor, mais bares, mais noites, melhor “paga”. Conhecendo mais músicos, mais técnicos, mais equipos.

O resto, não importa... Só importa que a “Música foi bancando a música”, fui comprando equipos cada vez melhores e de forma mais correta e racional... Entre erros e acertos!

E, sem tirar do “feijão” lá de casa ou pedir nada a meu pai, que mesmo que quisesse, não ia poder dar mesmo.

Minha estória não é "Manual de certo ou errado", é apenas um caminho entre tantos possíveis. Contudo, talvez ajude alguém que ainda não vislumbrou caminho algum...

Abraço a todos!

L Magalhaes
Veterano
# ago/12
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Esse cara só posto tópicos com textos sensacionais... Parabéns!!!
Belo texto

Figonzalez
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig

Ótimo texto! Eu tô mais ou menos nessa situação, salário de estagiário e g.a.s. não combinam. Depois de tocar 9 anos finalmente consegui comprar uma guitarra decente, isso em 10x no cartão (que eu ainda to pagando). Durante o mês vou tentando das uma economizada no dia a dia, deixo de ir pro bar no fim de semana, e assim vou conseguindo economizar pra comprar um ou outro pedal. Vida de músico (sem dinheiro) não é fácil!

Denayse
Veterano
# ago/12 · Editado por: Denayse
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Lelo Mig
Excelente texto, como sempre. Os tempos de hoje, são bem mais fáceis mesmo. Agora é só ter um pc razoável, uma guitarra e um adaptador que chega próximo do som dos nossos ídolos. Antigamente tinha que comprar todos os equipos, e ainda por cima tudo muito caro.
Mas acho que a galera de antigamente, aproveitava mais seu equipo que hoje. Pelo fácil acesso de troca.

EDIT: Próximo tópico seu, poderia explicar como se emenda corda :D
Fiquei curiosa, e a emenda aguenta bastante?

ALF is back
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig
muito legal Lelo! nao acho q foi imbecilidade de sua parte investir no pedal de volume...como vc falou, naquele tempo o acesso a informações era assim, restrito...casual! se vc desse sorte de cruzar com alguem tocando guitarra na rua e pudesse ver o q ele tinha, aprendia alguma coisa...se nao, ficaria só minhocando baboseiras na cabeça sem poder acessar as informações que nao estavam disponiveis nem na internet (pff...piada!) e nem numa biblioteca! imbecilidade é a molecada de hj fazer uma besteira dessas com tanta informação purai! rs
mas essa de musica banca musica é muito boa...pra quem nao tem condições (nao digo pobre...mas na guitarra, tudo é muito caro...de fato, nao da pra tirar muita coisa do salario com contas a pagar...entao quem tem condições de fazer isso, sinta-se privilegiado!), pode adotar isso! a musica de "segundo emprego" pra se bancar! confesso q nao faço isso pq raramente mexo no meu set....entao o pouco de dinheiro q ganho com aulas (q na verdade, faço por hobbie, já q nao gasto mto com musica por mes, alem de palhetas e cordas!), acabo é gastando com qualquer coisa mesmo! nao controlo isso! mas quem tem banda, precisa mesmo "cuidar do set"...rs

MathGuitar
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig
A falta dessa necessidade de crescer devagar sem ninguem pra bancar e esse acesso rapido dimais as coisas hoje em dia tirou um pouco dessa vibe da musica. Otimo texto e bela historia amigo!

Lelo Mig
Membro
# ago/12
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L Magalhaes
Opa, nem tanto...obrigado...!!

Figonzalez
Ainda que difícil é gratificante!
Valeu!!

Denayse
Aguentava o suficiente prá enganar até comprar outra...rs. Valeu!!

ALF is back
O mercado de bares diminuiu um pouco atualmente é uma pena. Eu não "adorava" fazer, porque nunca fui muito boêmio, mas fiz mesmo assim, muitos anos. Se aprende muito e dependendo da cidade dá prá sustentar os equipos.
Veleu!!

MathGuitar
O acesso a informação é o grande diferencial positivo de hoje. A pressa e consumismo desenfreado, o negativo,
Valeu!!

MMI
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig

Nossa, tinha muito equipamento lixo, uns pedais que hoje assustariam a galera. Outros tempos... Revistas e jornais com a censura atuando, lembro bem disso, até na TV tinha a liberação antes do programa.


Alguém aqui neste fórum já emendou corda arrebentada e tocou com corda emendada? (

Muuuuito! Fiz muito disso, as cordas do passarinho fizeram muita emenda. kkkkk


Eu só tive equipos melhores quando separei alguma grana (que eu ganhava com meu trabalho) para lazer. E toma crediário! rs
Eu desisti cedo de virar músico profissional e ganhar dinheiro com isso.

cantrell
Veterano
# ago/12
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adoraria tocar em barzinhos, mas naum conheço nenhum assim e nem um vocal decente:( tenso

clebergf
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig

Belo texto cara.
Uma bela experiência de vida!!
Como é bom ralar para ter algo e conseguir.
Um dos meus sonhos qdo eu era muleque era ter um set de pedais analógicos, como eu achava linda aquelas latinhas...Depois de 10 anos parado sem tocar, voltei a tocar e esse mês "completei" meu primeiro set de latinhas... :D

Luiz_RibeiroSP
Veterano
# ago/12 · Editado por: Luiz_RibeiroSP
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Lelo Mig
Remendei muita corda, moleque de 18 anos vive duro. já fervi, coloquei na garrafa com alcool. As vezes a corda remendada prendia na ponte da strato , tinha que colocar um ferrinho no buraco e martelar com alguma coisa pra tirar.
Peguei a época que estava melhorando as coisas, isso em 1995, pós plano Real. hoje esses kit´s de guitarra são uma benção. \0/ \o/ \0/ \o/

Fernando de almeida
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig
Obs.: Alguém aqui neste fórum já emendou corda arrebentada e tocou com corda emendada? (se alguém duvida, eu ensino como se faz isso).
Opa ... fiz isso .. tinha uma golden nos anos 90 ... hehehehee

além de mim neste mundo, compraria um pedal de volume como primeiro pedal de aquisição para um “futuro” set?
kuakuakuakauaaaaa ... não é tanto problema ... como você mesmo citou, naquela época as coisas eram mais difíceis ... não só por causa de grana, mas por falta de informação também!

De Ros
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig

“Música deveria bancar a música”

Eu fiz isso toda a minha vida! A diferença é que eu tirava do que ganhava dando aulas também.
Aliás, tenho uma pequena fortuna em métodos e fitas de video, hehehehe!!

Lelo Mig
Membro
# ago/12 · Editado por: Lelo Mig
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MMI
O mais legal de tudo isso é a saudades de alguns "gênios" em eletrônica e áudio que cruzei por aí, abrindo e reparando mesas de som e equipos, que tiravam leite de pedra!
Valeu!

cantrell
Sempre, ainda que em menor número, sempre haverá um cantor precisando de um guitarrista. Vá a caça!!

clebergf
As "latinhas" parecem sereias para um guitarrista...ainda que o som seja uma bosta, não resistimos a fuçar em uma....rs
Valeu!

Luiz_RibeiroSP
Ferver..kkk. Recupera a sonoridade na hora...Tudo bem que só dura 15 minutos de alegria antes de começarem a enferrujar...kkkk
Valeu!

Fernando de almeida
Sim... informação é matéria prima valiosa!
Valeu!

De Ros
"tenho uma pequena fortuna em métodos e fitas de video"
Opa!! Quando a coisa apertar aqui já sei onde recorrer...kkk
Valeu!!

GuitarristaDoNickEstranho
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig

Grande texto, cara. Você deveria ser um colunista de revista de guitarra... hehe

Eu não posso bancar a música com música porque minha música nunca me rendeu dinheiro nenhum, toco só pela diversão mesmo. Agora arrumei um emprego público com um salário legal e vou começar a investir mais no meu equipamento, comprar um amp novo, uns pedais e uma guitarra tipo les paul que sempre foi meu sonho desde quando comecei a tocar.

Abraço e parabéns pelos textos!!

Lelo Mig
Membro
# ago/12
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GuitarristaDoNickEstranho
"Você deveria ser um colunista de revista de guitarra..."
Se alguma me chamar...tô na área..rs

lindoso
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig
Bem dito! E faço exatamente isso, mas faria muito mais se nao fosse pelo preconceito besta de meus pais que acham que isso desviaria meus estudos...é, é um mundo que só quem é de dentro te entende...

g.wilhelms
Veterano
# ago/12
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Ótimo texto e parabéns pela determinação.

Lelo Mig
Membro
# ago/12
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lindoso
Uma dica infalível para pais não terem preconceito com filho músico, tiro e queda, faça o seguinte:

Diga para os pais que precisa falar com eles muito sério, crie um clima de tensão e diga em tom sêco:

- Eu sou Gay!
.....choros, broncas, inconformismos, sermões...deixe eles falarem um monte.

Aí diga:
- É mentira! Eu só quero ser guitarrista!

Eles te abraçaram, suspiraram aliviados, iram dizer que te amam. Clima leve, descontraído...alegria. Ser guitarrista irá soar "sussa" na orelha deles agora,

kkkkkkkkkkkkk

ALF is back
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

falei algo parecido nesse topico!

Lelo Mig
Membro
# ago/12
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ALF is back

Juro que não tinha visto!!...kkkk

Mas o efeito é o mesmo...rs

sr. das caravelas
Veterano
# ago/12
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Realmente, Lelo Mig sempre com textos e posts EXCELENTES!

ALF is back
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig
kkkkkkkkkkk
pior é se o pai surta e a mae se comove, "dando o maior apoio"
ai desmoraliza de vez a criança! kkkkkkkkkkk

Lelo Mig
Membro
# ago/12
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ALF is back

Ou para surpresa geral de todos a família diz:
- Gay tudo bem filhinho, você não tocando guitarra não faz mal....kkkkk

sr. das caravelas
Obrigado pela presença.
Valeu!!

renatocaster
Moderador
# ago/12
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Lelo Mig

- Eu sou Gay!
.....choros, broncas, inconformismos, sermões...deixe eles falarem um monte.

Aí diga:
- É mentira! Eu só quero ser guitarrista!

Eles te abraçaram, suspiraram aliviados, iram dizer que te amam. Clima leve, descontraído...alegria. Ser guitarrista irá soar "sussa" na orelha deles agora,


Não existe nada tão ruim que não possa ser pior, né? kkkkkkkk

Calime
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig

Já remendei corda, fervi....minha 1º guitar fui comprar com 23 anos com meu proprio din din....minha familia nunca curtiu esse lance de tocar como profissão....mas tudo bem, me estimularam de certa forma a aprender violão e me deram o meu primeiro violão, um gianinni mto legal pra mim na epoca. Daí dps comecei a pegar guitarras emprestadas, rs...isso até comprar a minha....hj tô aí com bons equipos. Mas qdo tinha 15 anos meu sonho era ter um kit desses vendidos hj...quem dera, rs....

Mais um tópico muito legal, com selo de qualidade Lelo Mig, o novato mais experiente e sensato que já ví nesse fórum. Continue assim kra, seus textos são de grande valia pra mim ( e acredito que pra uma galera tbm).

Lelo Mig
Membro
# ago/12
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Calime

Obrigado, a intenção de meus textos é justamente proporcionar a reflexão, Como em qualquer segmento, refletir, avaliar e se informar, sempre será útil a um guitarrista. Se meu texto fizer uns poucos refletirem, já me sinto feliz!

kami_hiey_bakura
Veterano
# ago/12 · Editado por: kami_hiey_bakura
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isso me lembra uma historia que meu primo me contou,ele disse que na epoca de guitarrista dele ums 10 anos atras não existia internet então os caras ralavam para aprender as músicas ficavam loucos com aquelas fitinhas que tinha que usar caneta bic para regular ela,ele disse que naquela epoca um songbook que hoje em dia pode ser comprado pela internet naquela época era ums 200$ ele disse que se juntava com os amigos e eles rachavam a grana para comprar os livros,ai todos se juntavam na casa de uma amigo e treinavam as musicas,ele disse que esse boms tempos nunca voltarão.

Viciado em Guarana
Veterano
# ago/12
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Lelo Mig
Cara! Você é um dos únicos caras daqui dos quais eu tenho paciência pra ler esses textos enormes aê!
Ótimas histórias. Gostos muito de ler biografias de caras que já viveram ou tentaram viver de música.

Alguém aqui neste fórum já emendou corda arrebentada e tocou com corda emendada? (se alguém duvida, eu ensino como se faz isso).
Eu tenho o interesse de saber como se faz isso. Ensina aê tio!

Rednef2
Veterano
# ago/12
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Excelente topico cara, esse lance de começar tocando em bar é bom porque vai criando contato com outros musicos.

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