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Drinho Veterano |
# abr/12 · Editado por: Drinho
Sem generalizar porque obviamente há brasileiros que dão sim valor para o que temos de bom aqui, porém é uma coisa de se pensar.
Meu guitarrista preferido é o Edu Ardanuy e é muito bom saber que ele representa a gente. Além de outros talentos monstruosos que temos por aqui.
Torço muito para que um dia essa galera chegue longe.
O que o pessoal pensa sobre esse assunto?
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buddy guy Veterano |
# abr/12
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Drinho
Cara falou a mais pura verdade !! E não é só nesta área,musicalmente falando.Se ele fosse elencar tudo.........putz......
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Calime Veterano |
# abr/12
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Kra, concordo com ele (Edu). AH, não posso deixar de falar por aqui tbm, no Brasil não tem pra ninguém, Edu é O CARA. Bate de frente com os tops do mundo tranquilo (agora podem falar que sou "pela saco", mas nesse caso tenho que falar que o kra manda).
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Drinho Veterano |
# abr/12 · Editado por: Drinho
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Calime
E não só o Edu viu cara, tem muito cara monstro ai país a fora... Há uns tempos fui no show do trio de jazz do michel leme aqui em santo andré, jazz nem é o meu estilo preferido mas achei legal comparecer porque é sempre válido acrescentar alguma coisa, ver um guitarrista de uma praia diferente do rock. Sem brincadeira, 10 pessoas assistindo, 9 pagaram 10 reais para entrar e 1 era o dono da casa.
Quando o show acabou eles se despediram e disseram que voltariam a tocar lá semana seguinte e o cara falou da seguinte forma:
Valeu por terem comparecido rapazeada, se vocês puderem venham ae semana que vem dar uma força pra gente.
Da até raiva bicho!
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Die Kunst der Fuge Veterano |
# abr/12
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Hmn, botou a culpa toda no público e seu fetiche por músicos estrangeiros.
Concordo que isso é de fato um problema, mas pelo que ele falou, podemos concluir que:
Não é culpa dos músicos nacionais. Não é culpa das composições dos guitarristas nacionais.
Só pra citar dois. Acho que tem culpa pra todo mundo aí, não só para o público.
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Viciado em Guarana Veterano |
# abr/12 · Editado por: Viciado em Guarana
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Pior! Mas é uma batalha difícil remar contra a correnteza né. Tipo... pode não ser esse o tipo de música ou artista que costuma vender extremamente bem por aqui né!
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Viciado em Guarana Veterano |
# abr/12 · Editado por: Viciado em Guarana
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E concordo com o Perdigão!
Não adianta artista querer botar culpa no público. No cenário mainstream música é comércio. E no comércio o cliente sempre tem razão.
Tentando resumir em poucas linhas tentando não criar polêmica:
Você tem que ver se aquilo que você faz é aquilo que o público de 100 mil pessoas quer. Se não for, não tem como você que querer que 100 mil pessoas compareçam no seu show!
Quer vender bem? Venda aquilo que o povo procura! Quer casa cheia? Toque aquilo que as pessoas querem ouvir!
E não da pra nem citar o Iron Maiden que é uma banda consagrada no mundo todo com + de 30 anos de carreira.
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jigo__ Veterano |
# abr/12 · Editado por: jigo__
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Viciado em Guarana kra poderia escrever sobre isso por horas mas vou ser breve...
axo o edu um monstro sagrado...
porem tb axo q tds os musicos fodasticos brasileiros se distanciaram do publico, se opublico é chucro não adianta o kra fazer uma musica inteira mto trabalhada, pelo menos na letra tem q facilitar, vide a maior musica de sucesso p/ o publico do Dr. Sin...
eu considero o musico culpado, pois tornou o rock p/ o publico brasileiro em uma coisa "chata" mto tecnica q a massa não vai parar pra ouvir, bandas como o raimundos na formação dos anos 90 não era boa tecnicamente, falava de putaria de uma forma engraçada e vendia mto bem...
mtos me condenam mas preferiria ir num show do raimundos (antigamente) do q no show do angra com minha mina ou com amigos (apesar de sonoramente curtir mais angra e curtir bater cabeça), simplesmente pela diversão de estar num lugar onde todos cantariam a musica e não fosse aquele algo virtuoso...
ademais o headbenger e guitarristas em geral esquecem q não somos a maioria e nem por isso somo mais inteligentes, temos gostos diferentes do gde publico!
por tanto amigos tragamos de volta o rock ao lugar de seu merecimento q é no topo das paradas, esqueçam um pouco tecnica pq se o edu ta reclamando é pq hj não existe mais tanto espaço p/ musicos virtuosos, acredito q tenha o meio termo mas o pessoal tem q fazer a coisa mais acessivel e colocar sua tecnica em cima disso!!
abçs
ps: infelizmente isso é a vdd!
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nichendrix Veterano
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# abr/12 · Editado por: nichendrix
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Die Kunst der Fuge Não é culpa dos músicos nacionais.
Concordo com o que tu falou e acho que aqui está o maior problema. Acho que o músico brasileiro tem um certo pendor por um romantismo desvairado que meio que o leva a situações difíceis. Se acha que música é algo sublime que deve elevar o espirito ou pelo menos a cultura do inútil acéfalo que está ouvindo a música em busca de uma iluminação.
Qualquer curso de música decente no mundo tem pelo menos algumas matérias relacionadas a gestão, mercados, marketing e afins, geralmente também tem algumas matérias que tentam mostrar caminhos alternativos na música, afinal, música é profissão, não hobbie e não religião.
Enquanto os músicos nacionais tiverem cagando e andando pro público, achando que fazem um favor em irem ouvi-los, e não tratando-os como clientes, a culpa da falta de público vai ser músico.
Não é culpa das composições dos guitarristas nacionais.
Eu acho que aqui pode haver muita relatividade, tem muito compositor foda no Brasil, tanto os estudados, quanto os não estudados, mas existe um certo complexo de inferioridade de muitos, alguns que eu conheço, quando tentam tem a obra muito apreciada em universidades e conservatórios de fora e ainda assim acham que estão abaixo da média.
Viciado em Guarana E concordo com o Perdigão!
Não adianta artista querer botar culpa no público. No cenário mainstream música é comércio. E no comércio o cliente sempre tem razão.
A arte sempre foi um comércio, desde que o homem primitivo que não tinha aptidão pra caça ou pra lavoura começou a fazer colar, tocar, dançar ou pintar pra poder conseguir o que comer e ser útil pra tribo.
O problema é que parece que os músicos e os cursos de música de boa parte do mundo já se tocaram disso, aqui que acham que arte tem que ser dissociada do público, como se o músico fizesse o favor de ir tocar para o público.
Não dá pra querer remar contra a corrente e querer vender música clássica, instrumental ou jazz para um público que quer funk e sertanejo.
Cara isso é balela, conversa pra boi dormir, eu passei boa parte do ano passado tentando comprar ingressos pra ver a OSESP e não consegui, sempre esgotados. Como se tu tentar ver algum show dum Hermeto Pascoal da vida fazendo pedreira extremamente experimental até dentro das vertentes mais experimentais do jazz, tu vai ter uma certa dificuldade de encontrar ingressos.
O grande problema do músico nacional é não ter a capacidade de entender o mercado. Na boa eu já morei em 13 cidades diferentes no Brasil, e em todas elas conseguiria fácil achar 2-3mil, algumas dá pra por fácil 10mil pessoas pra num show de Metal, de música erudita, jazz e o que for.
Estou pra ir numa cidade que nos meus dias de loucura eu não bote pra tocar alto um Charlie Parker ou Metallica ou Bach e que antes de tocar a segunda música não me apareça ao menos um cristão pra dizer que também gosta e que tem amigos que gostam, que tem amigos que gostam etc.
O público existe em qualquer lugar, qualquer zé ruela metido a pseudo intelectualóide metido a besta paga 30 reais pra ir prum show de jazz ou música erudita só pra se achar mais inteligente que os outros. Qualquer headbanger maconheiro cabeludo pagaria pra ir num show do Dr. Sin ou de qualquer banda de metal nacional.
Porque tu não vê isso acontecendo?
Simples, cada um desses mercados tem características próprias, cada um deles necessita um tipo de comunicação, cada um deles tem um certo nível de inteligência pra gastar o seu dinheiro, seja ele muito ou pouco.
Se você quer o público tem que entender o que ele deseja para gastar dinheiro, a OSESP entendeu isso e por isso sempre consegue sucesso com o seu público. Ela entendeu que o que ela faz não é para o zezinho da esquina, quem quer ouvir ela quer conforto, quer uma sala com acústica perfeita, quer um certo glamour, usa um certo tipo de comunicação, e ela sabendo disso, chega a esse público.
Quando tu vê o Chico Buarque ou o Hermeto fazendo turnê com 10 shows, não é porque só tem 10 lugares interessados ou com público para eles tocarem, mas pelo fato de que boa parte do público deles quer a exclusividade de ter ido a um show dum cara que faz show uma vez na vida e outra na morte (algo que o João Gilberto é mestre). Então quando fazem shows, escolhem poucos lugares, raramente lugares grandes, e cobrando os olhos da cara. Afinal todo pseudo intelectualóide que eu conheço que foi nos shows da turnê do chico adora falar do quanto teve que gastar pra ir vê-lo, alguns adoram dizer que tiveram que pegar empréstimo pra garantir um camarote pra ir com os amigos.
Saindo da ceara dos famosos eu falo por mim e pela odisseia do metal e do blues na minha cidade de origem. Muito tempo atrás numa galáxia muito distante, numa pequena capital do Nordeste, um monte de headbangers choravam a falta de metal, uma dúzia deles, ousados, destemidos e com um pouco de dinheiro a mais, decidiram alugar um barzinho numa segunda feira (dia em que estão fechados) para fazer um show com algumas bandas da escola, nessa noite conseguiram levar os amigos da escola, mas no geral o dono do bar gostou porque vendeu muita cerveja e as bandas gostaram porque deu pra ter retorno e ainda dava pra alugar mais 2x.
Daí foram surgindo shows de metal nas segundas com alguma regularidade. De repente outras bandas de outras turmas/escolas começaram a fazer contato pra entrar nos shows. O Barzinho deu lugar a uma Boite nas terças (outro dia que o estabelecimento estava fechado), daí surgiram empresas que se ocupavam de organizar eventos de rock and roll e metal e no final dessa história a minha cidade natal abrigava um Festival Semestral de Metal, Hard Rock e Punk/Hardcore com público na faixa de 15-20mil pessoas. Hoje por motivos diversos o Festival acabou, mas a cidade está no mapa de turnê das principais bandas nacionais e de algumas das bandas de fora (as de menor porte). Tem vários bares de que tocam quase que exclusivamente sons pesados de terça a domingo, e sempre tem público e hoje algumas bandas locais estão pelas Holandas, Alemanhas e Suécias da vida tentando a sorte.
Eu participei das etapas finais desse processo, quando a coisa já era meio grande, e aprendi muito sobre como isso dá um negócio interessante para quem sabe ver com essa visão.
No caso do Blues eu tive paricipação mais ativa. Eu gostava e fora eu e mais duas pessoas, não conhecia mais ninguém, tratei de aprender tudo que podia de blues, da história, quem eram os grandes nomes, tratei de ripar todos os meus cds e pegar o máximo possível da nova onda do momento o Napster, e passei a gravar cd-rom de blues e dar para praticamente todo mundo que conhecia.
Na escola de música que estudava na época, no recital dos alunos, sempre escolhia não tocar uma música e sim chamar os outros alunos e professores pra uma já tradicional Jam Session com um blues em Em. Daí mais gente interessou, muitas bandas de rock and roll começaram a botar no repertório alguma coisa de Blues, daí pra eu formar uma banda, um amigo formar outra, foi um pulo, se tem 2, porque não 3? Se tem 3 porque não 4? Uma hora o dono de um bar viu que tinha gente indo pra shows de banda de rock and roll e ficava só o pedaço que tocava blues e depois iam embora, mas ele também notou que o movimento nas bebidas era maior, uma hora começou a chamar as bandas de blues pra tocar nos dias sem movimento e hoje, 10-12 anos depois ninguém consegue imaginar a cidade sem que a maioria dos barzinhos dedique as terças para o Blues, e não raro as quartas, quintas, sextas e até sábados e domingos. Na cidade também existem eventos regulares de Blues que trazem as principais bandas nacionais pra tocar lá pelo menos uma vez por mês durante a maior parte do ano, e já está começando a vir bandas americanas pra tocar.
O mesmo vale pra Orquestra Sinfônica da cidade, que até uns 3-4 anos atrás quase ninguém nem sabia que já existia há mais de 15 anos e que hoje faz concertos semanais gratuitos, sempre lotados e mesmo os concertos pagos no teatro da sinfônica sempre tem se não a lotação, quase a lotação.
Venhamos e convenhamos, se isso é possível no Piauí onde 90% da população só ouve os Calcinhas Prestas e Telós da vida, vocês querem me convencer que não é possível repetir esse tipo de façanha em São Paulo, que tem 3x a população do estado inteiro???
Enfim, entendam o que o público que ouve teu estilo de música quer, entregue a ele muito bem feito e terás o público que deseja.
Na boa, tenho amigos aqui em Minas e lá no Piauí que botam 5-7mil pessoas fácil num show de cover do Pink Floyd ou dos Beatles ou dos Stones ou do que quiserem. Com produção e palco de fazer inveja a muita banda do main stream nacional, mas novamente eles sabem pra quem vendem os ingressos, sabem que quem vai pagar 280 reais por uma mesa pra 4 ou 80 reais por um ingresso avulso não é adolescente que fica ouvindo isso no quarto e discutindo no FCC, sabe que quem tem essa grana é quarentão que gosta de shows mais produzidos e que não tem mais saco pra balada, aí vale a pena gastar 50mil alugando som top de linha, telão, pagando produtora pra refazer a animação que passa no telão do Pulse, efeitos especiais, time lapse dos 4 Beatles, roupa igual ao Fab4 etc. Afinal os caras tiram até 350mil num show, com pouco mais de 120mil de custo total, mesmo depois dos impostos.
E não da pra nem citar o Iron Maiden que é uma banda consagrada no mundo todo com + de 30 anos de carreira.
Engraçado essas bandas lá fora são quase desconhecidas fora do meio Headbanger, o Steve Harris diz que quando anda na rua em Londres raramente é reconhecido, e quando é, em geral é por turista. Eles admitem que quem botou o Iron no mapa das bandas de Metal foi o Rock in Rio, e que fora da América Latina estão alegres e satisfeitos fazendo shows para em média 10mil pessoas (aqui chegam a fazer show pra 500mil pessoas).
A galera do Rush diz que a primeira vez que tocou pra mais de 30mil pessoas foi no primeiro Show em São Paulo que deu mais de 60mil pessoas, e que a média de público deles fora da américa latina não passa muito dos 10mil.
Steve Vai, Satriani, Malmsteen, os shows desses caras em geral ficam entre 8-10mil pessoas quando maiores, os menores ficam na faixa dos 6mil. Eventualmente em algum evento atípico eles levam mais gente que isso prum show.
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Rafa_IBC Veterano |
# abr/12
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Calime É a sua opinião, como no fórum tem pessoas com várias opiniões é bom deixar isso claro, pelo menos eu gosto de fazer isso em meus posts; é só o que eu acho, nada mais. Por exemplo, eu gosto muito mais de outros caras, talvez e apenas talvez, menos técnicos e talvez nem tão supostamente criativos como dizem que o Ardanuy é, mas o som desses outros agradam meus ouvidos e o do Edu nem um pouquinho.
E em termos gerais, eu acho que o problema da, digitemos, falta de popularidade dos grandes músicos do país, ao menos até onde eu sei, é muito mais culpa da cultura que atinge a mais parte da população seja lá de que forma for. A minha experiência é que as pessoas detestam música que não seja de, no máximo, quatro acordes, na mesma sequência, com o máximo de simplicidade nos poucos arranjos que deve ter. Tratando de letra, eu sou sou do Ceará aqui o tipo de "música" mais popular é ou seria o forró (na verdade não dá pra comparar forró com o que sequer é música), quer dizer, é a única coisa que o povo escuta e a letra só fala as mesmas coisas depravadas e sem sentido. E acredito que com o pancadão, o pagode e o sertanejo universitário é muito semelhante. Continua assim porque a maioria das pessoas gosta assim. Tem um amigo meu que fala que música clássica é um horror, nem deveria ser chamada de música, o mesmo vale para o blues,o jazz, o funk e soul. Letras filosóficas, nem pensar! Eu não sei como é em outros lugares, mas se for semelhante, o que que se pode fazer pra mudar? Essa é MINHA opinião!
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SevenTool07 Veterano |
# abr/12
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Acho que o cara tem que se adaptar às necessidades do público brasileiro, se ele acha que seu trabalho não está sendo apreciado, ele tem duas opçoes:
1. Ele começa a tocar o mainstream e começa a ganhar dinheiro; 2. Sai do Brasil e vai pra um país onde reconheçam melhor seu trabalho;
É simples.
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chicrito Veterano |
# abr/12
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falou de nacionalismo o cara que toca uma música super brasileira
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De Ros Veterano
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# abr/12
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nichendrix Texto interessantíssimo! Uma aula muito valiosa, obrigado!
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xueker Veterano |
# abr/12 · Editado por: xueker
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Não é culpa dos músicos nacionais. Não é culpa das composições dos guitarristas nacionais.
[img]http://www.lzxin.info/g.php[/img]
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MMI Veterano
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# abr/12
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nichendrix
A questão é que eu vejo um amadorismo enorme nisso tudo. Das bandas, dos músicos, dos promotores, produtores e das casas/bares, além de uma deficiência na mentalidade do público.
Aqui em Sampa tem público? Tem, lógico, e guardadas as proporções, muitas cidades tem também como a sua.
Poucos são os músicos que eu conheço que de fato se preocupam com o equipamento, o timbre, estrutura e toda organização. Muitas vezes o que vejo é que o cara vai mal ensaiado, preocupado com o equipamento no sentido de voltar para casa com ele inteiro. Desculpem os fãs, mas já vi até show do Edu onde ele estava parecendo mais interessado em estar ali com o equipamento dos patrocinadores do que interessado no show propriamente.
Tenho tido bastante contato com produtores. Os caras (que eu conheci) se acham demais, fazem de menos.
Tem uma cultura de um público (ou falta de cultura), que a exemplo de jogos de futebol (que poderiam ser espetáculos muito legais e para famílias, como já presenciei no exterior), são arenas de hordas de animais. Pior que isso tem muito a ver com shows de metal. Cara, já fui em show do Sepultura que teve cara saindo de lá direto para o cemitério, num outro que fui teve guerra de cadeiras. Isso é um show bom, para fazer cada vez mais público?
Aqui em Sampa não conheço bar de rock/metal que se possa ir com sua garota, deixar o carro tranquilo (mesmo pagando), ter conforto e segurança. Tem um ou outro lugar que toca uns rocks mais leves e comerciais e tem o Bourbon Street que é mais voltado para jazz e blues (o Bourbon é caro, mas costuma valer). Tinha um bar que 1 vez por semana reunia caras como Luis Carlini, os irmãos Gasperini e outros e que rolava um som legal, reunia sempre músicos na audiência e que acabam dando uma canja, como Faiska, Tomati, Lulu Santos, Frejat, Nando Reis, Titãs, mas basicamente rock/pop nacional com músicos muito bons, tocando sons que os cars curtiamsem tanto envolvimento comercial. Nem sei como anda isso. Em compensação, tem vários locais que tocam sertanejo e outros estilos que tem muito mais estrutura.
Eu acho que o Edu foi um pouco infeliz, a culpa não é só do público. É das casas, produtores, músicos...
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nichendrix Veterano
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# abr/12
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De Ros Texto interessantíssimo! Uma aula muito valiosa, obrigado!
É isso que eu acho interessante, pra maioria é muito mais fácil chamar o público de burro do que admitir que eles não tem o menor planejamento da carreira deles como músicos.
Na boa, nunca fui numa cidade na faixa de 50-100mil habitantes em que pelo menos 10-15% das pessoas que conheci nessas cidades, não gostassem de estilos de música bem diferentes das que a maioria gosta. E pelo menos mais uma porcentagem que mesmo não sendo fã de carteirinha de tais estilos, iria por curiosidade ou pra acompanhar amigos à eventos.
Como na maioria das vezes eu era ou estudante ou trabalhava e por conta da natureza das duas atividades terminava tendo uma "amostra" relativamente significativa da população, não é uma amostra estatística (o ideal pra uma pesquisa de mercado), mas já dá pra ter uma boa ideia do resultado que uma pesquisa dessa natureza teria.
Muito tempo atrás vi uma entrevista do Frak Sinatra em que ele falava que a partir do momento em que um músico sobe no palco ele deixa de ser só um músico, e passa a ser um "entertainer", a função dele não é só ser músico, é entreter o público. O B.B. King e o Buddy Guy sempre falam algo parecido, que subiu no palco, eles tem que agradar a audiência, fazer eles se divertirem e sentirem que valeu o dinheiro pago no show.
Acho que muitas das perguntas básicas que se faz em planejamento de Marketing ajudam muito na hora de pensar num show. Quem é o consumidor desse tipo de música? O que ele considera essencial? Quais os "valores" que eles esperam receber para comparecer a um show? Que lugares esse tipo de público frequenta? Que meios de comunicação ele usa com mais frequência?
Não adianta você pegar e tentar fazer show de músicas de nicho (que é o que metal, blues, jazz, erudito, etc são) e planejar ele como um show para o público amplo. Não adianta divulgar na televisão num horário que teus clientes em potencial não assistem, não adianta nem divulgar na televisão se teus clientes não dão prioridade a esse meio de comunicação. Não adianta fazer um show no teatro se teu público prefere show embaixo da mangueira. Não adianta fazer tudo certo se no fim tu escolher um lugar que teu público em geral não frequenta.
No caso do vídeo, ele fala que o publico paga 300 pra ir a um show do Iron Maiden, mas não paga nem 15 reais pra ver o guitarrista nacional. Na boa, Iron Maiden garante o que faz, poucas bandas que vi entregam tanto divertimento por real investido. O som é sempre impecável, a iluminação, palco, enfim, aquele momento do show é entretenimento com música, eles entendem e entregam exatamente isso.
Por que diabos que eu iria pagar 300 reais pra ver se fossem só 6 cabeludos parado balançando a cabeça, fazendo careta e tocando? Vai dizer que essa não é a postura de palco de 90% das bandas de metal que tu vê por aqui?
Se eu quiser só ouvir os caras eu compro o cd, baixo o MP3, no show o que eu quero é me divertir com os amigos e sentir que tenho uma conexão com quem faz a música que gosto. É algo pra daqui a 1 ou 2 anos, eu estar com os amigos e dizer lembra daquele show, putz aquele cara fez aquilo e aquilo, eu nem esperava, foi massa que só.
O povo fala de Sertanejo, mas uma coisa há de se tirar o chapéu pra eles, o planejamento de mercado deles é muito bem feito, ao menos dos grandes. Quando Chitãozinho e Xororó e Zezé de Camargo e Luciano chamaram a Marília Pera pra ensiná-los a ter mais postura de palco, não foi por frescura, mas porque eles começaram a entrar no main stream de grandes cidades, eles não tinham a mesma conexão que tinham com o pessoal da roça. Quando o pessoal do Sertanejo Universitário entrou com uma temática mais urbana e jovem pra música sertaneja não foi porque achavam bonito, mas porque perceberam que ficar falando de coisas da roça não atingia o público jovem. Quando eu era moleque e fui morar em Ribeirão Preto, quem ouvia sertanejo era o povão, era a empregada da minha vizinha que só faltava me deixar doido de tanto repetir as músicas do Leandro e Leonardo (era a época que um deles tinha morrido). Hoje tu vê filho de bacana indo pra show sertanejo, eles não se misturam ao povão, eles tem os camarotes exclusivos, não raro shows em lugares menores e mais exclusivos, que raramente são divulgados na mídia pro público geral.
Enfim, as vezes até acontece de tu fazer tudo certo e dar errado, mas na maior parte das vezes quem eu vejo reclamando muito, é porque tem feito tudo errado e queria que saísse o resultado certo.
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nichendrix Veterano
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# abr/12
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MMI Em compensação, tem vários locais que tocam sertanejo e outros estilos que tem muito mais estrutura.
Pois é, se tivessem tirado o tempo pra entender porque esse tipo de coisa cresce, iriam entender que ali tem muito profissionalismo. A primeira vez que prestei atenção nisso foi numa entrevista do Faiska pra Cover Guitarra em coisa de 94-95, quando ele era guitarrista da banda do Chitãozinho e Xororó, ele falou que a primeira coisa que chamou a atenção dele foi a estrutura e depois ele percebeu que ali o sucesso não era só fruto do acaso, da moda, e que existia todo um planejamento profissional pra ele acontecer.
Aqui em Sampa tem público? Tem, lógico, e guardadas as proporções, muitas cidades tem também como a sua.
Cara, eu vou mais além, toda cidade na faixa de 100mil habitantes tem público pra qualquer tipo de música se tiver gente disposta a entender o que aquele público deseja pra abrir o cofre e comprar o ingresso.
Aqui em BH tem uma cena Rock and Roll e Metal até interessante, mas boa parte dela é 300% amadora, existe um "main stream" de casas de show e bares de rock que fazem a coisa com uma produção legalzinha (podia ser melhor, mas dá pro gasto), mas a maioria é não é assim. Para outros estilos como o Blues e o Jazz a coisa é ainda mais maluca. Ao menos no caso do Jazz aqui tem alguns projetos que trazem músicos de fora e grandes músicos nacionais pra tocar de graça ou em eventos em que o igresso é 1kg de alimento não perecível, mas fora esses eventos maiores, jazz praticamente vive no gueto, escondido, se não perguntar pro Curly, nunca fico sabendo onde vai ser... hehehehehehe
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clebergf Veterano
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# abr/12
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nichendrix
Que aula cara. Parabéns pelo texto e pela visão. Infelizmente esse é um problema "cultural" no Brasil, e não só da música. Essa falta de visão ocorre em praticamente toda prestação de serviço. Quantas vezes você não precisou acionar um pós-venda e em alguns casos até a pré-venda de algum produto e foi tratado como se não fosse ninguém, como se o fato de você ser um consumidor não valesse nada.
Consumidor no Brasil não vale nada e como a maioria dos músicos não vêem seu público nem como consumidor, valemos menos ainda....
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nichendrix Veterano
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# abr/12
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clebergf Infelizmente esse é um problema "cultural" no Brasil, e não só da música.
Eu não sei se problema cultural é a melhor maneira de definir, querendo ou não Direito do Consumidor, embora na teoria exista faz tempo, nas prática só começou a funcionar minimamente bem tem relativamente pouco tempo, nos últimos 10 anos apenas. Demora um pouco pro povo se ajudar a isso, e mais um pouco para as empresas e profissionais se ajustarem à nova postura do consumidor.
No caso da música o buraco é mais embaixo porque fora o cado dos MOAs da vida, a maioria dos consumidores quase nunca são consultado sobre o que querem, e ele não reclama eles respondem de uma maneira bem mais direta ou simples, não comparece no show.
Essa falta de visão ocorre em praticamente toda prestação de serviço.
Aí tu me bota entre a cruz e a espada, porque se fosse tudo uma maravilha, eu não teria trabalho... hehehehehhehehehehehe
Bom, no que depender de mim, ao menos no meu trabalho eu tento botar um pouco de juizo na cabeça dos meus clientes.
Quantas vezes você não precisou acionar um pós-venda e em alguns casos até a pré-venda de algum produto e foi tratado como se não fosse ninguém, como se o fato de você ser um consumidor não valesse nada.
Os telefonemas de 1h pra NET que digam... hehehehehe
Isso é um problema, obvio não é exclusivo daqui, novamente vem a questão do tempo, o Brasil era um lugar fechado à concorrência externa, falem mal do jeito que for do Collor de Mello, mas ele fez algo que foi maravilhoso pro consumidor nacional, que foi abrir o mercado pra concorrência externa e em muitos mercados a coisa melhorou, mas melhorou muito mesmo, em outros essa mudança vem sendo mais lenta.
No geral ainda acho que o consumidor brasileiro ainda aceita levar desaforo pra casa, e isso é problemático porque dá a impressão pra quem "vende" de que ele tem o poder de fazer isso. Só que a concorrência uma hora chega, uma hora um outro olha nisso uma oportunidade e a coisa evolui.
Consumidor no Brasil não vale nada e como a maioria dos músicos não vêem seu público nem como consumidor, valemos menos ainda....
É essa a grande diferença que eu vejo do músico nacional pro de fora, não é talento, não é estudo, não é que a população não dê valor, caralho, eu já fui em municipio do interior do Tocantins e achei fã do Dr. Sin, do Angra, do Krisium, hoje a música não tem mais fronteiras.
Pra mim o que acontece é que os fãs dão valor à medida que se sentem valorizados, isso passa por muitos aspectos, alguns muito subjetivos e outros nem tanto. Pensa pro cara na taboca do pau furado, que a banda nunca nem de um oi no site, twitter, blog, facebook, e de repente o cara chega lá cobrando 50 mangos por um show meia boca e acha que os fãs tem obrigação de ir e que todos devem se contentar com a mera presença da banda... sinceramente, esse tempo aí já passou viu.
Uma coisa que achei engraçada foi no show do Paul McCartney, eu fui com minha mãe, foi massa e tal, mas depois do show aqui vários fãs trocaram uma ideia com os guitarristas da banda de apoio do cara pelo Twitter, pelo blogo deles e até pela página do fã clube do Paul, engraçado que nas entrevistas e comentários que o Paul sempre posta sobre cada show, havia referências indiretas a alguns desses comentários. Agora imagina pra pessoa que fez o comentário, o valor que ele sente ao saber que o cara de quem ele é fã que não só ele se interessou em saber o que comentavam, como em dar algum tipo de resposta? Essas pessoas aí voltam pra quantos shows forem, tanto que alguns que conheci, foram pra todos os shows que ele fez aqui desde o show de São Paulo.
São esses detalhes que fazem a diferença pra muita gente. O cara se preocupar se o som é bom, se o lugar é adequado ao público, se preocupar em saber o que a base de fãs dele espera do espetáculo, fazer um comentário ou outro pra os fãs se sentirem valorizados. Nem precisa ser sincero, aí já é esperar demais, só precisa ser bem feito, de forma profissional.
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Insomniac_ Veterano |
# abr/12 · Editado por: Insomniac_
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nichendrix Falou tudo! Vi basicamente um caso aqui na minha cidade. Tinha um estúdio que passou a ter um show aqui e outro ali. Agora, semanalmente tem programações com bandas de rock, jazz, blues (em dias específicos), e ultimamente algumas bandas vêm até de fora. Gostei muito do texto, pura verdade!
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MauricioBahia Moderador |
# abr/12 · Editado por: MauricioBahia
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Ele resumiu bem numa frase:
"Se você não é valorizado no teu país como pretende ser valorizado no país dos outros?".
E isso é fácil notar aqui no FCC. Um tópico qualquer com fofoca, polêmico ou falando mal de bandas/artistas tem centenas de postagens. Já o cara se apresentando gentilmente, tocando pra dedéu, não enche nem 1 página!
Abs
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Drinho Veterano |
# abr/12
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É isso ae turma... continuem ae... que tá bacana as opiniões!
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MMI Veterano
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# abr/12
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nichendrix
Mas aí é que tá... Minha secretária ontem juntou fôlego e foi ver uma dupla sertaneja, com outra mulher. Pergunta se tem alguma condição de 2 mulheres irem, por exemplo, no Piu Piu, uma casa famosa aqui que toca rock e metal. Cara, aquilo é um muquifo, mas é das melhores casas desse estilo.
Cara, eu vejo que sertanejos quando vão fazer show tem preocupações com segurança, banheiros, bebidas etc. A maioria dos roqueiros acham que a única preocupação é pisar no pedal de distorção e bater cabeça. Daí vem a pergunta: será que eles são mais profissionais e por isso ganham mais ou eles ganham mais por isso são mais profissionais?
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nichendrix Veterano
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# abr/12
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MauricioBahia E isso é fácil notar aqui no FCC. Um tópico qualquer com fofoca, polêmico ou falando mal de bandas/artistas tem centenas de postagens. Já o cara se apresentando gentilmente, tocando pra dedéu, não enche nem 1 página!
Acho que é aí onde eu vejo diferente, não é a quantidade de páginas que deveria ser importante, mas o que tu faz com elas. Tu pode usar a tua 1 página pra entender mais quem gostou da tua música e quem não gostou e porque e trabalhar para que mais daquelas pessoas venham, pra que da próxima vez dê 2 paginas. Enfim, é trabalho de formiguinha mesmo.
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clebergf Veterano
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# abr/12
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nichendrix Eu não sei se problema cultural é a melhor maneira de definir, querendo ou não Direito do Consumidor, embora na teoria exista faz tempo, nas prática só começou a funcionar minimamente bem tem relativamente pouco tempo, nos últimos 10 anos apenas.
Cultural foi a única palavra que encontrei para tentar definir isso, por isso que até coloquei entre "" e qdo vc diz :No geral ainda acho que o consumidor brasileiro ainda aceita levar desaforo pra casa,, vejo isso como um pouco cultural, pois quando vc questiona esse cara por ele não ter tentando fazer valer o seu direito ele simplesmente responde "ah mas não ia dar em nada, melhor deixar para lá" ou "sério que eu tenho esse direito? Vc tá brincando né?"
Aí tu me bota entre a cruz e a espada, porque se fosse tudo uma maravilha, eu não teria trabalho... hehehehehhehehehehehe Bom, no que depender de mim, ao menos no meu trabalho eu tento botar um pouco de juizo na cabeça dos meus clientes.
Huahuahuhua...lógico que tem suas raras exceções por aqui e sempre procuro valorizar pra caralho quando encontro essas exceções...
Isso é um problema, obvio não é exclusivo daqui, novamente vem a questão do tempo, o Brasil era um lugar fechado à concorrência externa, falem mal do jeito que for do Collor de Mello, mas ele fez algo que foi maravilhoso pro consumidor nacional, que foi abrir o mercado pra concorrência externa e em muitos mercados a coisa melhorou, mas melhorou muito mesmo, em outros essa mudança vem sendo mais lenta.
Ah...com certeza que não e essa questão do tempo é foda msm, qdo vc começa a ler e estudar sobre a história de outros lugares, vc vê o qto as coisas são "novidade" por aqui. Vixe, o mandato do Collor daria outro tópico com um milhão de posts... xD, isso q vc falou é mta verdade...
Pra mim o que acontece é que os fãs dão valor à medida que se sentem valorizados,
Cara, isso é o principal, pra q vc vai ficar correndo atrás e se interessando no trabalho de um cara/banda que não dá a minima pra vc, que vc em um show e parece que ele está tocando só pra ele, e que não tem ninguém vendo... Essa interação que a internet e as redes sociais permitem são excelentes formas de quebrar essa barreira entre o artista e o público, quem sabe usar bem isso com ctz terá público em qlq canto do país....
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MauricioBahia Moderador |
# abr/12
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nichendrix
Eu acho que a quantidade de páginas (claro que sem "ups", hehe) mostra, de certa forma, o interesse pelo assunto. É algo mensurável pois em cada uma temos 50 postagens, se não me engano.
Enfim, é trabalho de formiguinha mesmo.
Sem dúvida!
:)
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nichendrix Veterano
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# abr/12
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MMI Mas aí é que tá... Minha secretária ontem juntou fôlego e foi ver uma dupla sertaneja, com outra mulher. Pergunta se tem alguma condição de 2 mulheres irem, por exemplo, no Piu Piu, uma casa famosa aqui que toca rock e metal. Cara, aquilo é um muquifo, mas é das melhores casas desse estilo.
Isso é importante, muito importante, show dá muito mais gente e é muito mais bem falado e muito melhor frequentado quando o cara pode levar a namorada, ficante, a da vez, o que for.
Querendo ou não mais cedo ou mais tarde chega na situação, show do que gosto x estar com quem gosto (amigos/mulher/família), por exemplo, hoje eu não tenho saco pra ir pra show que só vai ter 200 machos batendo cabeça e fumando maconha e no maior empurra empurra, já fui muito, já curti muito, mas venhamos e convenhamos essa fase já passou, gosto da coisa mais organizada, nem meu corpo, nem minha cabeça são os mesmos de 10-15 anos atrás, e hoje eu tenho muito mais noção do quanto vale meu dinheiro, do tanto de horas que tenho que trabalhar pra comprar um ingresso.
Cara, eu vejo que sertanejos quando vão fazer show tem preocupações com segurança, banheiros, bebidas etc. A maioria dos roqueiros acham que a única preocupação é pisar no pedal de distorção e bater cabeça.
Cara, antigamente eu ia pra quase tudo que é show de bandas e músicos nacionais dos mais variados estilos, para prestigiar a produção nacional, mas um dia num show, fui no banheiro e tinha mijo no chão até o meio da sola do tenis e pensei, putz, o que eu to fazendo aqui?
Depois pensei, bom eu já fui em show em lugar quem banheiro tinha, tudo em nome do metal, porque dessa vez me incomodou? Fiquei pensando e fui vendo que a medida que fui entendendo mais sobre o processo de produzir um show, eu terminei aprendendo que não é coisa do outro mundo fazer a coisa bem feita, então se quando eu faço eu me preocupo com o banheiro, porque diabos eu tenho que dar dinheiro pra quem não tem a mesma preocupação?
Daí vem a pergunta: será que eles são mais profissionais e por isso ganham mais ou eles ganham mais por isso são mais profissionais?
Acho que as duas coisas, é um movimento ciclico, quanto mais tu ganha, mais esperam de ti, logo mais profissional tu fica, e quanto mais profissional tu é, mais esperam de ti, logo mais tu entrega, portanto mais tu pode cobrar e mais tu ganha.
Eu não sou músico profissional, sou amador, mas as poucas vezes que faço shows, ganho bem mais que a maioria dos meus amigos músicos. Eu sei o que fazer pra garantir que tenha ao menos público para garantir meu pagamento e um lucro pro dono da casa e sei como mostrar isso pra eles, e eles estão dispostos a pagar mais por algo mais garantido, afinal eu fico com o couvert artístico, ele fica com o lucro de cara coisa vendida lá dentro.
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nichendrix Veterano
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# abr/12
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MauricioBahia Eu acho que a quantidade de páginas (claro que sem "ups", hehe) mostra, de certa forma, o interesse pelo assunto. É algo mensurável pois em cada uma temos 50 postagens, se não me engano.
Isso dá uma tese de doutorado em pelo menos umas 4 ou 5 áreas diferentes, porque é mais chamativo falar mal do que se conhece do que apreciar algo que é desconhecido. Mas concordamos que uma coisa não impede a outra, o fato de ser mais interessante falar, mesmo que mal, de algo conhecido, não é desculpa para o desconhecido deixar de tentar conquistar seu espaço e se fazer conhecido.
clebergf Cultural foi a única palavra que encontrei para tentar definir isso, por isso que até coloquei entre "" e qdo vc diz :No geral ainda acho que o consumidor brasileiro ainda aceita levar desaforo pra casa,, vejo isso como um pouco cultural, pois quando vc questiona esse cara por ele não ter tentando fazer valer o seu direito ele simplesmente responde "ah mas não ia dar em nada, melhor deixar para lá" ou "sério que eu tenho esse direito? Vc tá brincando né?"
Aí é que está, é cultural, mas também é compreensível, como disse o código de defesa do consumidor já tem mais de 20 anos, mas só nos últimos 10 anos que começou a dar resultados, 10 anos pode até parecer muito quando você pensa na mudança de 1 pessoa, mas quando tu bota 190 milhões no bolo o buraco é mais embaixo.
Mas acho que está melhorando muito, ano passado uma das 10 maiores reclamações nos Procons do Brasil eram viciados em crack reclamando que eram enganados pelos traficantes. Parece piada, mas é verdade, então dá pra ver que a ideia do direto do consumidor já tem uma boa penetração na sociedade (afinal até viciado em crack está sabendo que tem direito do consumidor), agora é a hora de consolidar o habito de reclamar e de tacar o processo. Isso leva mais tempo pra dar resultado a justiça ainda é muito morosa.
Ah...com certeza que não e essa questão do tempo é foda msm, qdo vc começa a ler e estudar sobre a história de outros lugares, vc vê o qto as coisas são "novidade" por aqui.
Sim, tem muita coisa que no resto do mundo é prática comum e que a gente acha a maior novidade, no caso dos músicos é entender que a carreira tem que ser tratada como um negócio, que cada show tem que ser gerido como um evento pra dar certo.
Cara, isso é o principal, pra q vc vai ficar correndo atrás e se interessando no trabalho de um cara/banda que não dá a minima pra vc, que vc em um show e parece que ele está tocando só pra ele, e que não tem ninguém vendo...
E pense, que hoje é fácil, olha no youtube o tanto de trechos de shows de bandas diversas. É muito fácil hoje procurar isso antes de decidir se compra ou não um ingresso duma banda "desconhecida", e basta um show ruim e mal filmado pra fazer uma duzia deixar de ir.
Um exemplo de segmento que é de nicho e que sabe muito bem produzir shows, festivais e inclusive shows grandes é o setor gospel, o evangélico despontou primeiro, o católico demorou, mas logo logo se organizou. Em show gospel, é tudo muito bem pensado, se a atração é pra familia, já sabem que estrutura e que divulgação vai ter que ter, já sabem que tem que ter estacionamento, alimentação, tem que ter a barraca de algodão doce da criança, que tem que ter um bom banheiro pra não desagradar as mães, que a divulgação tem que ser no culto/missa de domingo, se passar na televisão é em horario de jornal nacional ou novela da noite, etc. Se for pra jovens, a divulgação mais pesada é no culto/missa de jovens (em geral aos sábados), a divulgação televisiva é feita no horário da malhação e outras atrações voltadas ao público jovem, estacionamento deixa de ser uma prioridade, a alimentação vai tender a ser mais voltada pro cachorro quente/sanduiche, bebidas vão ter algumas opções diferentes como os Red Bull e Burn da vida (já que via de regra não vendem bebidas alcoolicas nesses eventos), o banheiro pode ter uma vacilada maior, o palco/luz efeitos podem até ser um pouco mais modestos, caso a banda seja do tipo que empolga muito.
Essa interação que a internet e as redes sociais permitem são excelentes formas de quebrar essa barreira entre o artista e o público, quem sabe usar bem isso com ctz terá público em qlq canto do país....
É eu lembro bem do Ozielzinho, um dia meu primo que pegava umas dicas e aulas comigo chega e pergunta pra mim como fazia pra tocar igual ao Ozielzinho, e eu falei: Quem diabo é Ozielzinho???
Huahuahuhua...lógico que tem suas raras exceções por aqui e sempre procuro valorizar pra caralho quando encontro essas exceções...
O Brasil tem muita gente boa em todas as áreas, não dá pra generalizar, na área de entretenimento ainda tem muita gente amadora fazendo as vezes de profissional, mas isso já mudou foi muito. Se tu voltar nos anos 90, tirando Rock in Rio, Hollywood Rock, Monsters of Rock e mais um ou outro festival/show mais organizado a coisa era bem precária, hoje muitas bandas e festivais tem uma estrutura que facilmente empataria ou pelo menos chegaria bem perto com os equivalentes de fora, isso não é coincidência, uma hora o povo começa a perceber que excelência nesse planejamento e execução do trabalho de produção dá mais lucro, dá mais dinheiro do que a falta dela.
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Iago_guitar2 Veterano |
# abr/12
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Brasileiro acha que tudo que fala ingles, ou o manual vem em ingles eh melhor.
cara eu sou defensor de produtos e bandas/guitarristas brasileiros, e sou torturado por isso.
sou fan de ardanuy, afram, loureiro, kisser, bittencourt, faiska e compania.
temos otimas coisas no nosso pais e nao damos valor a isso.
lamentavel!
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JJJ Veterano
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# abr/12
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Putz, a galera tá inspirada pra escrever testamento hoje!
Serei curto e grosso:
FATO: Nós temos complexo de vira-lata. E, obviamente, não é só em relação a guitarristas...
CAUSA: Temos vergonha histórica de muita coisa que rolou e, infelizmente, ainda rola por aqui.
SOLUÇÃO: Tempo, vergonha na cara e um pouco de patriotismo saudável (sem xenofobia, nem patriotada babaca).
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