O blues voltando?

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nichendrix
Veterano
# jul/09
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john_joao
imagine só...


Cara, não que a gente não tenha preconceito nenhum, mas comparado com lá, a diferença é enorme, acho que aqui o preconceito de classe social é muito maior que o de raça, aqui é raro ver o tipo de segregação que lá existiu por muito tempo e ainda existe em menor escala.

Aqui há muito tempo você não vê isso de negro não poder entrar em restaurante ou cinema ou usar o mesmo banheiro que o um branco. lá isso era a regra até 40 anos atrás. Meus bisavós por parte de mãe eram negros, e me orgulho muito disso, eu convivi com eles boa parte da minha vida e nunca vi eles dizerem que foram impedidos de algo por serem negros, pelo contrário, como meu bisavô era oficial do exército, todos sempre trataram ele com muito respeito.

Eric Clapton
Veterano
# jul/09
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Lendo este tópico eu me lembrei de uma frase do Bertola que eu já disse em outros tópicos: "Não devemos atirar pérolas aos porcos!" e acho que isso vale para o Blues!

Ainda bem que blues não é um estilo vulgar como o POP Chiclet (aquela de fácil acesso), pois no anonimato, o mesmo mantém a qualidade e as origens... O blues é um estilo pronto e com suas regras, não precisa ser revolucionado ou modificado. Quer gosta de blues vai atrás, não espera a mídia trazer até você! Uma vez perguntaram ao BB KIng o pq que quase aos 90 anos de idade ele ainda continua viajando e fazendo shows pelo mundo, sendo que ele era rico e poderia usufruir de um descanso na aposentadoria e o mestre humilde elegantemente disse: "Eu nunca tirei férias na minha vida, o blues é a minha única forma de trabalho, minhas músicas não tocam nas rádios então eu tenho que levá-las até as pessoas!"

Atitudes assim é que mostram que o blues sempre esteve presente... bastava olhar direito!

XD

nichendrix
Veterano
# jul/09 · Editado por: nichendrix
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Murillo Wendel
Atitudes assim é que mostram que o blues sempre esteve presente... bastava olhar direito!

Pois é, agora que ele é o mais famoso e fala isso, imagine os não tão famosos??

No caso do B.B. King é até interessante algumas regras que ele se impõe e que sã impostas pros mebros da banda dele. Como sempre tocar muito bem vestido, ou combinar pit stops com a familia durante as turnês, não aceita quem beba, fume ou use qualquer tipo de drogas, antes de ficar famoso sempre que possível tentava fazer shows pra branquelada.

Uma vez em uma entrevista, perguntaram a ele porque ele fazia isso, e ele disse, que o que ele sabia era que todos esperavam que ele fosse só mais um negro bebado e mal vestido e que se ele realmente parasse de dar o melhor de si e exigir o melhor da banda dele, eles estariam certos e ele não teria feito a diferença. Da mesma forma ele disse uma vez que insistia em tocar pra plateia branca justamente porque o que todos esperavam era que ele se contentasse em tocar no gueto, e ele acreditava que ele e a musica dele podiam ir mais longe que isso, mas que enfrentou bastante preconceito de muitos dos colegas bluesmen por isso.

BaNdAiD
Veterano
# jul/09
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nichendrix

Eu tenho que descordar.
No começo dos movimentos pelos direitos dos negros nos EUA, os seus intelectuais viam o Brasil como um país "perfeito", onde não havia preconceito, as raças se misturavam, etc...
É a tão polêmica "harmonia racial". Bastou os caras virem aki pra verem que era uma grande farsa.

O preconceito nos EUA é só diferente do que no Brasil. Não é maior ou menor.

Agora, pessoalmente, eu acho o brasil um pais mais perverso, afinal aqui ninguém lincha outra pessoa por ser negra, mas lhe nega acesso a estudos, empregos e cargos políticos por isso, mesmo que ela seja mais qualificada...

Os EUA, em 40 anos de "igualdade civil", já tem um presidente negro, sendo essa categoria apenas 13% da população. No brasil, em 121 anos de "igualdade civil", com 44% de população mestiça e negra, não chegou a sequer ter um candidato dessa cor...curioso isso, não?

Abraços!

nichendrix
Veterano
# jul/09 · Editado por: nichendrix
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BaNdAiD

Cara eu acho que isso vai além do preconceito. Ao contrário do americano que luta por tudo, até por 1 cent de troco no supermercado, a gente é infinitamente mais complacente, ao invés de lutar sempre preferimos aceitar as coisas como ela são e esperar que a mudança venha de cima para baixo e não de baixo para cima. É só ver a mobilização dos americanos a favor do Obama, os democratas se mobilizaram em peso por ele, a população negra também, e assim ele se elegeu e vale lembrar que pouco mais da metade da população foi às urnas, então os 13% de população negra se mobilizada em peso vale muita coisa. Os negro lá fora pra rua lutar por seus direitos. As mulheres fizeram mobilizações parecidas para garantir seus direito, bem como operários, latinos, etc.

Quantas vezes a gente viu a população se mobilizando por algo? Eu mesmo, em quase 30 anos de vida só vi o movimento Diretas Já e o movimento estudantil na época do Collor, porque mesmo na ditadura as mobilizações só envolviam uma parcela muito pequena da população, que em geral apoiava o regime militar.

Enquanto aqui boa parte da população, independente de ser afro-descendente ou não, tem virtualmente nenhum acesso à educação e praticamente não se mobiliza pra mudar isso, nos USA eles lutam com unhas e dentes pra ter uma escola na vizinhança, pressionam prefeitura, estado o que for preciso pra ter esses direitos.

Então acho que não dá pra culpar só o preconceito por isso não, eu tiro pela minha avó, 60 anos atrás ela foi a primeira mulher a ter uma oficina mecânica na região, enfrentou muito preconceito por isso, até do meu avô que também era mecânico, alguns anos depois meu avô se juntou a ela, e hoje além de ser a retifica de motores mais antigas da região, também é vista como sinonimo de qualidade, mesmo que ela tenha 80 anos e só cuide da parte administrativa, a luta dela rendeu frutos.

Agora sem mobilização, sem luta, só resta culpar o preconceito, o governo e afins pra pelos males que se tem. É que nem o ministro Joaquim Benedito Barbosa do STF, em uma entrevista dele da época em que virou Ministro do STF em 2003, ele diz que ser o primeiro negro indicado para Ministro do STF, não era só uma conquista social da população negra, mas fruto de muito trabalho duro da parte dele em acreditar que podia ir além do que esperavam dele.

Rodrigotosh
Veterano
# jul/09
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o negócio é que blues é um piração total e tipo, é facil te tocar (mais n é facil de sentir [jimi hendrix]).
é muito dificil vc ver um cara que curte guitarra e não curte tocar ou ouvir blues, pq a guitarra ganha um som que meio que simula os sentimentos, é uma pscicodelia louca memo.

abraço!

Penta_Blues
Moderador
# jul/09 · Editado por: Penta_Blues
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Boa tarde!!!

nichendrix
Vamos fazer algumas reflexões basicas.
1) Se você perguntar pra maioria da população americana quais artistas de Blues eles conhecem, quantos e quais você acha que eles vão citar com mais frequência?
2) Quantos desses musicos de Blues são/foram badalados pela critica, ou estiveram nos top 10 geral da Billboard ou ganharam diversos premios de musica do ano, artista do ano e afins, fora da categoria Blues???

Legal! Gosto de reflexões!
Vou parafrasear Bo Diddley: "You Can't Judge a Book by Its Cover." You can't judge an artist by his chart success, either."
Não são necessariamente estes quesitos que vc citou o que determina a influência de um profissional seja de que área for...

o Blues é muito mais específico, não é um estilo que tenha apelo para o grande público.
Concordo com vc, já que se fosse diferente, se chamaria Pop. Mas discordo de vc quanto ao referencial para determinar quem seria excessão no Blues já que John Lee Hooker apareceu até mesmo na MTV e Freddie King influenciou mais músicos do que Robert Cray só pra citar outros parâmetros que justificariam "excessões".
Enfim, não acho que figurar nas Paradas da Billboard seja referencial para constatar que determinado gênero ou artista está atuante, só em evidência, o que são coisas bem distintas.

Valeu!!!

nichendrix
Veterano
# jul/09 · Editado por: nichendrix
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Penta_Blues
Vou parafrasear Bo Diddley: "You Can't Judge a Book by Its Cover." You can't judge an artist by his chart success, either."
Não são necessariamente estes quesitos que vc citou o que determina a influência de um profissional seja de que área for...


Acho que você não entendeu o que eu quis dizer, o que eu quis dizer foi justamente que o estilo não é muito popular, é uma musica ouvida por um nicho de pessoas e pronto, fora desse nicho eles podem até ser influentes, mas não são muito conhecidos.

Como estavamos a falar de que o Blues não é mais um genero "da moda", eu afirmei que o Blues nunca foi um genero da "da moda", nunca foi sujeito a este tipo de pressão, a do sucesso comercial.

Usei o top 20 da Billboard por isso, se o cara está entre os maiores vendedores de discos, significa que ele é conhecido por mais gente, mesmo que não necessariamente seja um musico maravilhoso ou seja influente. Veja os NX Zero da vida, estão sempre com vendagem alta, mas não são grandes merdas, agora vai na rua e pergunta quem é o NX Zero e quem é o Baden Powell e tenta avaliar quem é mais conhecido ou bem sucedido do ponto de vista comercial.

Aí você vai ver a diferença entre quem é musico de verdade e quem é modismo, apesar de alguns musicos conseguirem ter sucesso comercial e manter a qualidade o B.B. King e o Robert Cray são exemplos disso no Blues.

Isso que eu quis dizer quando falei do B.B. King e do Robert Cray, se você olhar os outros bluesmen negros, em geral eles não tiveram grande sucesso comercial e nem se tornaram conhecidos do grande público, apesar de serem musicos fenomenais e terem influenciado muita gente, inclusive muitos nomes bem sucedidos comercialmente.
Nesse ponto o B.B. King e o Robert Cray são excessões, já que até por se misturarem muito com o pessoal mais pop ou por terem um apelo comercial maior, terminaram se tornando icones do estilo para a sociedade em geral. Mesmo genios como o John Lee Hoocker pra aparecer na MTV foram tocar com "frieds", inclusive a versão de Chill Out com o Santana ficou muito foda.

Enfim, eu concordo com o Murillo Wendel quando ele diz que esse "anonimato" é o que protege o Blues e o que mantém o "padrão de qualidade" dentro do estilo.

Konrad
Veterano
# jul/09
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O Blues, assim como a literatura, requer algum conhecimento para ser devidamente aproveitado e admirado. Você não vai ouvir um disco e sair cantando um refrão chiclete.

Quando se diz que é "feeling" se diz apenas uma meia verdade, para o sujeito que aprecia música, não apenas ouve, aquilo é divino. Para outro, são apenas lamentações. É mais ou menos como aprender a falar uma língua, e aprender a apreciar poesia naquela língua.

Ironicamente o blues é, hoje em dia, algo de elite... (não no sentido petista-esquerdista-brasileiro)

These were my two cents on this.

nichendrix
Veterano
# jul/09
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brunoliam


Só pra constar... a estrofe que faltava na tua letra... hehehehe

I woke up alone this morning
'cause my baby left for a lawyer
I don't know if I stay here cryin'
or if I got that bottle in the drawer

Konrad
Veterano
# jul/09 · Editado por: Konrad
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FCC Blues

The blues don't play on the radio,
There ain't no way.
My guitar is lying there idle,
And the bills on their way.

I ain't got no money,
no woman, nor even a dime,
I ain't got no reason to live,
nor even a reason to die.

The blues is with me all the time.
It won't let me be,
The only place I find friends is on the FCC

Virtual jams are very nice,
but not so nice as playing live,
I wish I could do so,
and see girls instead of guys.

I woke up alone this morning
'cause my baby left for a lawyer
I don't know if I stay here cryin'
or if I got that bottle in the drawer

Agora brilhantemente complementada por nichendrix. hehhe

mlorenzo
Veterano
# jul/09
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nichendrix
Só mudaria uma coisa: não concordo que o blues hoje tenha "padrão de qualidade" bom.

É raro ver alguem que se proponha a tocar blues que realmente toque BLUES. No brasileu conto nos dedos os caras que conseguem passar a essencia do blues, aquela tensão, e não simplesmente tocar licks e notas a rodo... Marcos Ottaviano da blue jeans é um deles.


Quanto aos caras do blues famosos, faltou o Buddy Guy :D , que se mesclou um pouco com rock na minha opinião, antes de conhecer blues eu imaginava ele como rockeiro ....

nichendrix
Veterano
# jul/09 · Editado por: nichendrix
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mlorenzo
Só mudaria uma coisa: não concordo que o blues hoje tenha "padrão de qualidade" bom.

Cara, se tu contar que hoje, o mais longe que o Blues já foi em termos de qualidade baixa são os Johnny Langs da vida, que ainda toca pra caralho, imagine o que é dos outros estilos??? Enfim comparando com os outros estilos o Blues ao menos continua mantendo a coerência.

Agora como a gente vive filosofando sobre a essência do Blues no MSN, eu ainda acho que não tem como manter aquele Feeling dos Blues Man que surgiram até os anos 50, o lamento deles era um, essa garotada canta o que pra eles é o lamento, os tempos mudam e o Blues muda junto.

E isso vale até pros bluesman de antigamente, é só comparar as gravações do B.B. King e do Buddy Guy de hoje e de 40 anos atrás, os caras tocam muito diferente. O B.B. King era muito mais nervoso, com muito mais frequencia tocava musicas rápidas, bem embaladas como a versão de 64 de Everyday I Have The Blues que tem no How Blue Can You Get, mesmo na sequencia que é Sweet Little Angel, que é uma baladinha, mas é do mesmo show, você vê que a pegada dele era muito mais nervosa, mesmo tocando aquele som meloso que ele usa nas baladas, ainda é bem mais nervoso que o que ele vem tocando de 10 anos pra cá.

O mesmo vale pro Buddy Guy, se você comparar a versão original de I Got My Eyes on You com as que são tocadas hoje, você percebe uma nitida diferença na pegada dele, porque além de ele tocar ela mais rapido e com um fuzzinho bem gostoso que dá uma sensação de agressividade, é uma pegada bem leve, já a versão original é lenta, com o vibrato do amp e cada nota parece que é tirada da guitarra na base da porrada, aparentemente é um ritmo mais calmo, mas a cada nota que ele toca, você sente na cara que está literalmente sentando a mão na guitarra (que na época era uma Gibson SG Custom), até o vocal é nervosão quase na base do grito.

Então se você pode ver a coisa mudando ao longo da carreira de um desses grandes musicos, que sofreram o pão que o diabo amassou sendo estivadores no campo ou algo do tipo antes de virarem musicos, creio que seja impossível querer que a molecada de hoje consiga passar a mesma emoção em um mundo totalmente diferente.

rafamoraes
Veterano
# jul/09
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nichendrix
Cara eu concordo com a maior parte do q vc falou em todo esse tópico. Quando eu disse q poderiam te levar a mal, eu tava brincando, só pra descontrair.
O BLues nunca foi dono do mercado, certamente pela origem negra como vc explicou. E nunca vai ser, até pq os estilos musicais surgem, explodem, e decaem atraves dos tempos, até estagnar por baixo, ou sumir de vez. O blues, ao meu ver, se estagnou no seu auge de divulgação e mercado durante os anos 60 com a invasão britânica, e depois decaiu gradativamente, tendo dado uma renascida com o SRV, e depois voltou a cair pra estagnar denovo, só que agora por baixo.
Assim como seus expoentes bluesman negros, o próprio Blues em si teve seu reconhecimento mais pelos músicos do que pelo grande público.
E é isso mesmo, vai estar sempre aí, em meio aos seus apreciadores, hora com mais evidência na cena, hora com menos.
Como alguém disse por aí, o pop não poupa ninguém.

(pop=mercado fonográfico=dinheiro)

Abraço

nichendrix
Veterano
# jul/09 · Editado por: nichendrix
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rafamoraes
o pop não poupa ninguém, nem clapton e bb king.

Braço a todos!

MauricioBahia
Moderador
# jul/09
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Galera do Blues:

The Blues: American History in the Present Day
http://forum.cifraclub.com.br/forum/9/212365/

Abs

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