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JediKnight Veterano |
# mai/05 · Editado por: JediKnight
Mais uma vez recorro a frase: se apenas um ler, já ta valendo.
FMI
Ex-economista-chefe do Bird diz em artigo que "remédio" do FMI aprofundou crises da Ásia e
da Rússia
O que eu aprendi com a crise mundial
JOSEPH STIGLITZ
A próxima reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional) levará a Washington muitos dos
ativistas que ajudaram a arruinar a reunião da Organização Mundial do Comércio no fim do ano
passado. Eles dirão que o FMI é arrogante. Eles dirão que o FMI não sabe ouvir os países em
desenvolvimento que, em tese, deveria ajudar. Eles dirão que o FMI é cheio de segredos e
avesso a controles democráticos. Eles dirão que os "remédios" econômicos receitados pelo FMI
frequentemente pioram as coisas -transformam desaquecimento em recessão, e recessão em
depressão.
O argumento deles é bom. Fui economista-chefe do Banco Mundial de 1996 até novembro passado,
durante a mais grave crise econômica global ocorrida em meio século. Vi como o FMI, de mãos
dadas com o Departamento do Tesouro norte-americano, respondeu a ela. E fiquei horrorizado.
A crise econômica global começou no dia 2 de julho de 1997, na Tailândia. Os países do Leste
Asiático emergiam de três décadas milagrosas: a renda crescera, as condições de saúde eram
muito melhores, a pobreza caíra drasticamente. A alfabetização não era apenas universal -em
competições internacionais de matemática e ciências, muitos daqueles países batiam os
Estados Unidos. Alguns não haviam experimentado um único ano de recessão em 30 anos.
Mas as sementes da catástrofe já haviam sido plantadas. No início dos anos 90, os países do
Leste Asiático haviam liberalizado seus mercados financeiros e de capital -não porque
precisassem atrair mais recursos (as taxas de poupança já estavam em 30% ou mais), mas por
causa da pressão internacional, incluindo alguma pressão originária do Departamento do
Tesouro norte-americano. Essas mudanças provocaram um fluxo de capital de curto prazo -isto
é, o capital que busca o maior retorno possível no dia seguinte, na semana seguinte ou no
mês seguinte, diferentemente do investimento de longo prazo que vai para fábricas, por
exemplo. Na Tailândia, esse capital de curto prazo funcionou como combustível para um
insustentável boom no setor imobiliário. E, como as pessoas em todo o mundo (incluindo os
Estados Unidos) descobriram dolorosamente, toda bolha criada no mercado imobiliário acaba
estourando, frequentemente com consequências desastrosas. O capital que apareceu subitamente
vai embora com a mesma velocidade. E, quando todo mundo fugir com o dinheiro ao mesmo tempo,
temos um problema econômico. Um grande problema econômico.
A última rodada de crises financeiras havia ocorrido na América Latina, nos anos 80, quando
o inchaço dos déficit públicos e as políticas monetárias frouxas produziram inflação
incontrolável. Ali, o FMI corretamente impôs austeridade fiscal (equilíbrio orçamentário) e
políticas monetárias mais rígidas, exigindo que os governos perseguissem tais políticas como
precondição para receber ajuda.
Assim, em 1997 o FMI decidiu impor as mesmas exigências à Tailândia. A austeridade, diziam
os chefes do Fundo, seria capaz de restaurar a confiança na economia tailandesa. Quando a
crise atingiu outras nações do Leste Asiático -e quando já havia evidências de que aquela
política fracassara-, o FMI, sem piscar, obrigou todas as nações doentes que batiam à sua
porta a ingerir o mesmo remédio.
Acho que foi um erro. Em primeiro lugar, diversamente do que acontecia nos países latino-
americanos, os países do Leste Asiático já estavam administrando superávits orçamentários.
Na Tailândia, o governo tinha um superávit de tal ordem que estava, na realidade, matando a
economia de fome ao negar-lhe investimentos necessários em educação e infra-estrutura, ambos
essenciais ao crescimento econômico. E as nações do Leste Asiático já tinham políticas
monetárias rígidas: a inflação era baixa e estava em queda (na Coréia do Sul, por exemplo, a
inflação limitava-se a respeitáveis 4%). O problema não estava nos governos imprudentes,
como os da América Latina: o problema era um setor privado imprudente -todos aqueles
banqueiros e tomadores de empréstimos, por exemplo, que especulavam com a "bolha" do mercado
imobiliário.
Sob tais circunstâncias, eu temia que as medidas de austeridade não seriam capazes de
reanimar as economias do Leste Asiático -antes, fariam-nas mergulhar em recessão ou mesmo em
depressão. Altas taxas de juros poderiam devastar empresas altamente endividadas do Leste
Asiático, produzindo quebradeira e inadimplência. A redução dos gastos dos governos só faria
a economia encolher ainda mais.
Comecei então a fazer pressão por mudanças. Falei com Stanley Fischer, renomado ex-professor
de economia no Massachusetts Institute of Technology e ex-economista-chefe do Banco Mundial
que se tornara-se vice-diretor-gerente do FMI. Reuni-me com colegas economistas no Banco
Mundial que pudessem ter contatos ou influência no FMI, encorajando-os a fazer tudo o que
pudessem para demover a burocracia do FMI.
A tarefa de convencer gente do Banco Mundial sobre minha teoria foi fácil; mudar as cabeças
do FMI era virtualmente impossível. Quando conversei com altos funcionários do FMI -
explicando, por exemplo, como as altas taxas de juros poderiam aumentar as falências,
dificultando ainda mais a recuperação da confiança nas economias do Leste Asiático- eles
inicialmente resistiram. A seguir, sem conseguir oferecer um contra-argumento eficiente,
entrincheiraram-se em outra resposta: ah, se eu fosse capaz de entender a pressão vinda do
Conselho Executivo do FMI -o organismo, indicado pelos ministros de Finanças dos países
industriais avançados, que aprova todos os empréstimos do FMI. O que eles queriam dizer
estava claro. A inclinação do Conselho Executivo seria por medidas ainda mais drásticas;
aquelas pessoas com quem eu falava exerciam, de fato, uma influência moderadora. Meus
colegas diretores executivos diziam que eles é que estavam sendo pressionados. Era uma coisa
de enlouquecer, não apenas porque a inércia do FMI era tão difícil de quebrar, mas porque,
com todas as coisas acontecendo a portas fechadas, era impossível saber quais eram os
obstáculos reais a modificar. O staff estava pressionando os diretores executivos, ou os
diretores executivos é que pressionavam o staff? Ainda hoje, não sei com certeza.
Naturalmente, todo mundo no FMI me garantia que haveria flexibilidade: se suas políticas de
fato se mostrassem contraproducentes, empurrando as economias do Leste Asiático para uma
recessão mais profunda do que seria necessário, elas seriam revertidas. Tive um calafrio na
espinha. Uma das primeiras lições que os economistas ensinam a seus jovens alunos na
universidade é a importância dos intervalos: leva de 12 a 18 meses até que uma modificação
em política monetária (elevação ou redução das taxas de juros) mostre seu resultado pleno.
Quando eu trabalhei, na Casa Branca, como chefe do conselho de assessores econômicos, nós
concentrávamos toda a nossa energia fazendo previsões sobre os rumos que a economia poderia
tomar no futuro, justamente para saber que políticas deveriam ser recomendadas no presente.
Brincar de pega-pega seria o máximo da loucura. E era isso, exatamente, o que os
funcionários do FMI estavam propondo.
Nada disso deveria me surpreender. O FMI gosta de resolver seus negócios sem a intromissão
de estranhos que fazem muitas perguntas. Em tese, o fundo apóia as instituições democráticas
dos países que auxilia. Na prática, ele enfraquece o processo democrático com sua imposição
de políticas. Oficialmente, é claro, o FMI não "impõe" nada. Ele "negocia" as condições
necessárias para conceder ajuda. Mas, nessas negociações, todo o poder está concentrado em
um lado só -o lado do FMI-, e o Fundo raramente dá tempo suficiente para a construção de um
consenso ou mesmo para uma consulta ampla envolvendo os parlamentos ou a sociedade civil.
Muitas vezes, o FMI dispensa completamente a fantasia da transparência e negocia pactos
secretos.
Quando o FMI decide ajudar um país, despacha para lá uma "missão" de economistas. Esses
economistas em geral sabem pouco sobre o país em questão; muito provavelmente, sua
experiência direta será restrita aos hotéis de cinco estrelas e não se estenderá às cidades.
Eles trabalham duro, desfiando números e números até tarde da noite. Mas a tarefa deles é
impossível. Em poucos dias ou, no máximo, semanas, precisam desenvolver um programa coerente
e sensível às necessidades daquele país. Desnecessário dizer que um pouquinho de econometria
raramente fornece uma perspectiva clara do desenvolvimento estratégico de uma nação inteira.
Pior ainda, o exercício econométrico nem sempre é muito bem feito. Os modelos matemáticos
empregados pelo FMI são frequentemente falhos ou desatualizados. Os críticos acusam a
instituição de adotar uma abordagem "fábrica de salsichas" para lidar com a economia, e eles
estão certos. Sabe-se que as missões elaboram rascunhos de seus relatórios antes das visitas.
Já ouvi falar de um incidente infeliz em que membros da missão copiaram grandes trechos do
texto do relatório de um país e transferiram-nos integralmente para outro. Teriam conseguido
ocultar a proeza, não fosse o fato de que o sistema de busca-e-troca do processador de texto
não funcionou direito, deixando o nome do país original em alguns trechos do segundo
relatório. Ops.
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JediKnight Veterano |
# mai/05
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PARTE II:
Não é justo dizer que os economistas do FMI não se importam com os cidadãos das nações em
desenvolvimento. Mas os velhos senhores que tocam o Fundo -e eles são majoritariamente
velhos senhores- agem como se estivessem carregando "o fardo do homem branco" de Rudyard
Kipling. Os especialistas do FMI acreditam que são mais brilhantes, que têm melhor formação
e que são menos politicamente motivados do que os economistas dos países que visitam. Na
realidade, os líderes econômicos daqueles países são muito bons -em muitos casos, são mais
brilhantes ou têm melhor formação do que o staff do FMI, que frequentemente consiste de
estudantes de terceira categoria de universidades de primeira categoria. (Podem acreditar em
mim: lecionei na Universidade Oxford, no MIT, em Stanford, Yale e Princeton, e o FMI quase
nunca conseguia recrutar os nossos melhores estudantes). No verão passado, dei um seminário,
na China, sobre políticas de competição no setor de telecomunicações. Pelo menos três
economistas chineses que estavam na platéia formularam questões tão sofisticadas quanto as
melhores mentes ocidentais teriam sido capazes de fazer.
Á medida que o tempo passava, fui ficando cada vez mais frustrado (alguém poderia imaginar
que, como o Banco Mundial contribuía para os pacotes de ajuda, literalmente, com bilhões de
dólares, sua voz devia ser ouvida. Mas era ignorada, quase tão ignorada como as vozes das
pessoas dos países afetados). O FMI alardeava que tudo o que estava pedindo aos países do
Leste Asiático era que equilibrassem seus orçamentos em época de recessão. Tudo? A
administração Clinton não estava justamente travando uma batalha de morte no Congresso para
rechaçar uma emenda sobre controle do Orçamento em seu próprio país? E a administração não
argumentava em essência que, em face de uma recessão, um pouco de gasto governamental pode
ser necessário? Isto é o que eu e a maioria dos economistas ensinamos aos estudantes
universitários ao longo dos últimos 60 anos. Falando francamente, se eu perguntasse em uma
prova "Qual deve ser a postura fiscal da Tailândia", e se um aluno meu escrevesse a resposta
dada pelo FMI, ele tiraria zero.
À medida que a crise se difundia e chegava à Indonésia, minha preocupação aumentava. Novas
pesquisas do Banco Mundial demonstravam que a recessão em um país com tamanhas divisões
étnicas poderia causar toda espécie de tumulto, político e social. Assim, no final de 1997,
em uma reunião de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais em Kuala Lumpur,
divulguei uma declaração cuidadosamente preparada e aprovada pelo Banco Mundial, na qual
sugeria que políticas monetárias e fiscais demasiadamente severas poderiam causar
inquietação política e social na Indonésia. Uma vez mais, o FMI manteve-se firme. O diretor-
executivo do Fundo, Michel Camdessus, repetiu lá o que vinha dizendo em público: que o Leste
Asiático tinha simplesmente de suportar a pressão, como o México fizera. Ele prosseguiu
ressaltando que, apesar de todo o sofrimento de curto prazo que experimentara, o México
emergira mais forte de sua crise.
"Burocrata fala língua imcompreensível"
Mas essa era uma analogia absurda. O México não tinha se recuperado porque o FMI o forçara a
revigorar seu debilitado sistema financeiro -que continuou fraco por anos depois da crise,
aliás. A recuperação mexicana deveu-se a um surto de exportações aos Estados Unidos,
decorrente do "boom" econômico dos Estados Unidos e do Nafta. Em contraste, o principal
parceiro comercial da Indonésia era o Japão -que estava então (e continua) afundado em
recessão. Além disso, a Indonésia passava por uma situação muito mais explosiva, em termos
sociais e políticos, do que o México, e sua história de conflitos étnicos era muito mais
grave. E novos conflitos produziriam uma fuga em massa de capitais (facilitada pelo
relaxamento dos controles cambiais encorajado pelo FMI).
Mas nenhum desses argumentos fez diferença. O FMI foi em frente, exigindo reduções nos
gastos do governo. Assim, subsídios a necessidades básicas como os alimentos e o combustível
foram eliminados no momento mesmo em que a adoção de políticas econômicas duras tornavam os
subsídios mais desesperadamente necessários do que nunca.
Por volta de janeiro de 1998, as coisas tinham piorado tanto que o vice-presidente do Banco
Mundial para o Leste Asiático, Jean-Michel Severino, invocou a temida palavra "recessão",
bem como a ainda mais temida "depressão", para descrever a calamidade econômica que vinha
devastando a Ásia. Lawrence Summers, então subsecretário do Tesouro norte-americano,
criticou Severino por fazer as coisas parecerem piores do que eram de fato -mas que outra
maneira havia para descrever o que estava acontecendo? A produção, em alguns dos países
atingidos, caíra 16% ou mais. Metade das empresas da Indonésia estava tecnicamente falida,
ou perto disso, e como resultado o país não podia sequer tirar vantagem das oportunidades de
exportação que a queda no câmbio oferecia. O desemprego disparou, chegando a decuplicar, e
os salários reais despencaram -e isso em países sem redes de seguro social eficazes. Não só
o FMI não estava restaurando a confiança econômica no Leste Asiático como estava, na verdade,
solapando o tecido social da região. E depois, no segundo e no terceiro trimestres de 1998,
a crise se espalhou para além do Leste Asiático e atingiu o mais explosivo de todos os
países: a Rússia.
A calamidade na Rússia teve características centrais em comum com a calamidade no Leste
Asiático -e uma das mais importantes foi o papel exercido pelas políticas ditadas pelo FMI e
o Tesouro norte-americano. Na Rússia, porém, esse papel começou a ser exercido muito antes.
Após a queda do Muro de Berlim, surgiram duas linhas diferentes de pensamento sobre a
transição russa para uma economia de mercado.
Uma delas, na qual eu me enquadrava, era composta de um misto de especialistas na região,
ganhadores do Prêmio Nobel como Kenneth Arrow e outros. Esse grupo enfatizava a importância
da infra-estrutura institucional de uma economia de mercado -desde as estruturas legais que
permitem a implementação de contratos até as estruturas de regulamentação que fazem um
sistema financeiro funcionar. Tanto Arrow quanto eu tínhamos feito parte de um grupo da
Academia Nacional de Ciências que, uma década antes, discutira com os chineses a estratégia
de transição na China. Destacáramos a importância de fomentar a concorrência -e não apenas
de privatizar as estatais- e éramos favoráveis a uma transição mais gradativa para a
economia de mercado (embora concordássemos que de vez quando talvez se tornassem necessárias
medidas contundentes para combater a hiperinflação).
O segundo grupo era composto em grande medida de macroeconomistas, cuja fé no mercado não se
fazia acompanhar de uma apreciação das sutilezas dos elementos que formam sua base -ou seja,
as condições necessárias para que o mercado funcione de maneira efetiva. Esses economistas,
em sua maioria, sabiam pouco sobre a história ou os detalhes da economia russa, e achavam
que esses conhecimentos não lhes eram necessários. O grande ponto forte -e também o maior
ponto fraco- das doutrinas econômicas em que se baseavam é que essas doutrinas são -ou se
acredita que sejam-universais. Instituições, história ou até mesmo a distribuição da renda
simplesmente não têm importância. Os bons economistas conhecem as verdades universais e
podem olhar mais além dos fatos e detalhes que obscurecem essas verdades. E a verdade
universal é que a terapia de choque funciona para os países em processo de transição para a
economia de mercado: quanto mais forte o remédio (e mais dolorosa a reação), mais rápida
será a recuperação. Pelo menos é isso que afirma esse argumento.
Infelizmente para a Rússia, a segunda escola venceu a discussão no Departamento do Tesouro e
no FMI. Ou, para ser mais exato, o Departamento do Tesouro e o FMI se asseguraram de que não
houvesse debate aberto e, a seguir, avançaram cegamente pelo segundo caminho. Aqueles que se
opunham a esse caminho ou não eram consultados ou o eram por pouco tempo. No conselho de
assessores econômicos, por exemplo, havia um economista brilhante, Peter Orszag, que já
atuara como assessor muito próximo do governo russo e trabalhara com muitos dos jovens
economistas que acabaram por assumir cargos de influência na Rússia. Orszag era exatamente o
tipo de pessoa cujos conhecimentos especializados eram necessários ao Tesouro e ao FMI.
Entretanto, possivelmente pelo fato de ele saber demais, quase nunca o consultaram.
O que aconteceu a seguir é do conhecimento geral. Nas eleições de dezembro de 1993 os
eleitores russos impuseram um revés enorme aos reformistas, revés do qual eles ainda não se
recuperaram realmente. Strobe Talbott, na época encarregado dos aspectos não-econômicos da
política americana em relação à Rússia, admitiu que a Rússia recebera "choque demais e
terapia de menos". E aquele choque todo não ajudara a Rússia em nada a avançar em direção a
uma economia de mercado real. As privatizações aceleradas que o FMI e o Departamento do
Tesouro pressionaram a Rússia a empreender permitiram que um pequeno grupo de oligarcas
conquistasse o controle dos ativos estatais. Sim, o FMI e o Tesouro reajustaram os
incentivos econômicos da Rússia -mas no sentido errado. Ao deixar de prestar a atenção
necessária à infra-estrutura institucional que teria permitido o florescimento da economia
de mercado e ao facilitar o fluxo de capitais para dentro e para fora da Rússia, o FMI e o
Tesouro lançaram as bases para a pilhagem iniciada pelos oligarcas. Ao mesmo tempo em que
faltava para o governo o dinheiro para pagar as aposentadorias dos pensionistas, os
oligarcas pilhavam o dinheiro nacional e vendiam os mais preciosos recursos nacionais,
enviando o dinheiro resultante para contas bancárias na Suíça e no Chipre.
Os Estados Unidos foram implicados nesse desenrolar de fatos lamen
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maggie Veterana |
# mai/05
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[lendo]
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monk Veterano |
# mai/05
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JediKnight
oi
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Zer0 Veterano |
# mai/05
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monk
Ae macaco safado
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adnz Veterano |
# mai/05
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[lendo]
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Ed_Vedder Veterano |
# mai/05
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e a outra parte?
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Alexandre Souza Veterano |
# mai/05
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Ed_Vedder
calma q ele tá digitando hehe
[lendo lento]
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Ed_Vedder Veterano |
# mai/05
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Alexandre Souza
ahuahuahuahua
é que eu leio rapido pra caralho... \o/
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adnz Veterano |
# mai/05
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a, tem 2 O_o
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JediKnight Veterano |
# mai/05 · Editado por: JediKnight
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PARTE III
s Estados Unidos foram implicados nesse desenrolar de fatos lamentáveis. Em meados de 1998,
Summers, que pouco depois seria indicado sucessor de Robert Rubin como secretário do Tesouro,
chegou ao ponto de fazer questão de aparecer publicamente ao lado de Anatoly Chubais, o
principal arquiteto da privatização russa. Com isso, os EUA davam a impressão de estar se
alinhando com as próprias forças que estavam reduzindo a população russa à miséria. Não
surpreende que o sentimento antiamericano tenha se espalhado como um incêndio em mata seca.
Num primeiro momento, apesar da admissão feito por Talbott, os verdadeiros crentes no
Tesouro e no FMI continuaram a insistir que o problema não era causado por terapia demais,
mas por choque de menos. Mas a implosão da economia russa prosseguiu ao longo de meados da
década de 90. A produção caiu pela metade. Enquanto apenas 2% da população vivia em pobreza
mesmo no final do triste período soviético, as supostas reformas viram o índice de pobreza
subir para quase 50%, com mais de metade das crianças russas vivendo abaixo da linha de
pobreza. Foi apenas recentemente que o FMI e o Tesouro admitiram que a importância da
terapia foi subestimada -embora agora afirmem que era isso que diziam desde o começo.
A situação da Rússia hoje continua desesperadora. Os altos preços do petróleo e a longamente
resistida desvalorização do rublo ajudaram o país a se recolocar parcialmente em pé. Mas os
padrões de vida ainda estão muito inferiores ao que eram no início da transição. A
desigualdade de renda é enorme, e a maioria dos russos, amargurada pela experiência, já
perdeu a confiança no mercado livre. Uma queda significativa nos preços petrolíferos quase
certamente inverteria os modestos avanços conseguidos até agora.
O Leste Asiático está em situação melhor, embora também enfrente problemas. Quase 40% dos
empréstimos da Tailândia continuam sem serem pagos, e a Indonésia permanece atolada em
recessão profunda. Os índices de desemprego permanecem muito mais altos do que eram antes da
crise, mesmo no país que apresenta o melhor desempenho da região, a Coréia do Sul. Os
defensores do FMI querem fazer crer que o fim da recessão é testemunha da eficácia das
políticas do Fundo. Bobagem. Toda recessão acaba algum dia. Tudo que o FMI fez foi agravar
as recessões asiáticas, tornando-as mais profundas, mais prolongadas e mais difíceis. De
fato, a Tailândia, o país que seguiu mais de perto as prescrições do FMI, vem apresentando
desempenho pior do que a Malásia e a Coréia do Sul, que seguiram rumos mais independentes.
Já me perguntaram muitas vezes como pessoas inteligentes -até mesmo brilhantes- podem ter
criado políticas tão ruins. Uma explicação é que essas pessoas inteligentes não faziam uma
disciplina econômica inteligente. Repetidas vezes fiquei estarrecido ao constatar até que
ponto eram desatualizados e desafinados com a realidade os modelos empregados pelos
economistas de Washington. Por exemplo, fenômenos microeconômicos como a falência e o medo
de moratória estavam na base da crise no Leste Asiático. Mas os modelos macroeconômicos
usados para analisar essas crises normalmente não tinham suas raízes em microfundamentos, de
modo que não levavam em conta as falências.
Mas a disciplina econômica falha era apenas sintoma do verdadeiro problema: a falta de
transparência. Pessoas inteligentes apresentam tendência maior a fazer coisas estúpidas
quando se isolam das críticas e dos conselhos vindos de fora. Se há uma coisa que aprendi,
trabalhando com o governo, é que a abertura é mais essencial nos campos em que o
conhecimento especializado é mais necessário. Se o FMI e o Tesouro tivessem se aberto mais
ao exame e à critica de fora, seus erros talvez tivessem vindo à tona muito antes e com
muito mais clareza. Os críticos da direita, como Martin Feldstein, presidente do conselho de
assessores econômicos de Reagan, e George Shultz, secretário de Estado de Reagan, se uniram
a Jeff Sachs, Paul Krugman e a mim na condenação das políticas adotadas. Mas, com o FMI
insistindo que suas políticas estavam acima de qualquer crítica -e na ausência de qualquer
estrutura institucional que pudesse obrigá-lo a prestar atenção-, nossas críticas de pouco
serviram. Mais assustador ainda é o fato de que os críticos internos, especialmente aqueles
que deviam explicações diretas à população em função das regras democráticas, não foram
informados dos fatos. O Departamento do Tesouro é tão arrogante em relação a suas análises e
prescrições econômicas que muitas vezes mantém controle rígido -rígido em demasia- sobre o
que até mesmo o presidente pode ver.
Uma discussão aberta teria levantado questões profundas que ainda hoje merecem muito pouca
atenção por parte da imprensa americana. Até que ponto o FMI e o Departamento do Tesouro
impuseram políticas que, na realidade, contribuíram para intensificar a volatilidade
econômica global? (Em 1993 o Tesouro pressionou pela liberalização na Coréia, passando por
cima da oposição do conselho de assessores econômicos. O Tesouro venceu a batalha interna na
Casa Branca, mas a Coréia e o mundo pagaram um preço alto por sua vitória.) Será que algumas
das críticas ásperas feitas pelo FMI em relação ao Leste Asiático tinham por objetivo
desviar a atenção de suas próprias culpas? E, o que é mais importante, será que os EUA -e o
FMI- impõem políticas porque nós, ou eles, acreditávamos que essas políticas ajudariam o
Leste Asiático, ou porque acreditávamos que elas beneficiariam interesses financeiros nos
EUA e no mundo industrial adiantado? E, se acreditávamos que as políticas que ditávamos
estivessem ajudando a Ásia, onde estavam as evidências disso? Na condição de participante
nessas discussões, tive acesso às evidências. Elas não existiam.
Desde o fim da Guerra Fria, as pessoas encarregadas de levar o evangelho do livre mercado
até os mais longínquos cantos do mundo ganharam um poder tremendo. Esses economistas,
burocratas e funcionários agem em nome dos Estados Unidos e dos outros países industriais
avançados, mas falam uma língua que poucos cidadãos medianos compreendem e que poucos dos
responsáveis pelo traçado das políticas se dão ao trabalho de traduzir. Hoje em dia a
política econômica talvez constitua a parte mais importante da interação dos EUA com o resto
do mundo. Entretanto, a cultura da política econômica internacional na mais poderosa
democracia do mundo não é democrática.
É isso o que tentarão dizer os manifestantes que vão gritar às portas do FMI nos próximos
dias. É claro que a rua não é o melhor lugar para discutir essas questões altamente
complexas. Alguns dos manifestantes estão tão pouco interessados num debate aberto quanto os
representantes do FMI. E nem tudo que os manifestantes disserem será correto. Mas, se as
pessoas às quais confiamos a gestão da economia mundial -no FMI e no Departamento do Tesouro-
não iniciarem um diálogo e não derem ouvidos a essas críticas, as coisas vão continuar a
dar muito, muito errado. Não é a primeira vez que vejo isso acontecer.
Joseph Stiglitz é professor de economia (licenciado) na Universidade Stanford e membro
sênior do Instituto Brookings. Foi economista-chefe e vice-presidente do Banco Mundial.
Participou do conselho de assessores econômicos da Presidência dos EUA de 1993 a 1997.
Este artigo foi publicado originalmente pela "The New Republic
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JediKnight Veterano |
# mai/05
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Ed_Vedder
Caralho, realmente vc lê muito rápido.
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Ed_Vedder Veterano |
# mai/05
· votar
Ta lido seu moço...
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maggie Veterana |
# mai/05
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Faltou falar da Argentina e do Cavallo!
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Ed_Vedder Veterano |
# mai/05
· votar
JediKnight
de quando é esse texto...
esse protesto já ocorreu, não?
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Zozão Veterano |
# mai/05
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posso ler dpois do serviço?????
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maggie Veterana |
# mai/05
· votar
Eu acho que cortou a III parte também...
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Alexandre Souza Veterano |
# mai/05
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maggie
calma vc também, ele digita devagar
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danilo_bass Veterano |
# mai/05
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esse negócio d le soh o ultimo paragrafo funciona msm!
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adnz Veterano |
# mai/05
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Muito bom o texto, ainda acho que de burros eles não tem nada, não sei direito mas esses negócios de errar assim, pessoas formadas espertas, fazer com que a Ásia inteira entre em crise econômica não me cai bem.
Talvez eu to vendo muito filme.
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Cypher Veterano |
# mai/05
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tá parecendo bula de remédio.
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JediKnight Veterano |
# mai/05
· votar
maggie
Ed_Vedder
Passei um texto à respeito da validade de políticas econômicas ortodoxas para um amigo, ele me respondeu com esse texto, mas não disse de quando é, vou ver se acho no site da "new republic".
Preciso definir minha monografia e um dele é testar a validade de desses modelos de crescimento.
Acho q o texto é anterior a crise da Argentina, q da mais embasamento ainda.
Achei incrível essa parte:
"Já ouvi falar de um incidente infeliz em que membros da missão copiaram grandes trechos do texto do relatório de um país e transferiram-nos integralmente para outro. Teriam conseguido ocultar a proeza, não fosse o fato de que o sistema de busca-e-troca do processador de texto não funcionou direito, deixando o nome do país original em alguns trechos do segund relatório.
Ops."
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maggie Veterana |
# mai/05
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adnz
fazer com que a Ásia inteira entre em crise econômica não me cai bem.
Como assim? Tu acha que o objetivo do FMI era falir os Tigres Asiáticos?
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JediKnight Veterano |
# mai/05
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Aeeee umas 4 pessoas leram
:))))))))))))
Zozão
Vai lendo aos poucos!!
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adnz Veterano |
# mai/05
· votar
JediKnight
"Já ouvi falar de um incidente infeliz em que membros da missão copiaram grandes trechos do texto do relatório de um país e transferiram-nos integralmente para outro. Teriam conseguido ocultar a proeza, não fosse o fato de que o sistema de busca-e-troca do processador de texto não funcionou direito, deixando o nome do país original em alguns trechos do segund relatório.
Ops."
EHUEAHUEHAE
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adnz Veterano |
# mai/05
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maggie
Eu não tenho como discutir essas coisas porque eu não entendo bulhufas, mas essa seria uma opção ou não? É muita estupidez pessoas qualificadas errar desse jeito e continuar errando e errando e errando. Ainda mais não ouvir opiniões e críticas.
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Ed_Vedder Veterano |
# mai/05
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JediKnight
Ctrl C E Ctrl V funcionam mais do que podemos imaginar :)
maggie
eu acho que a queda dos tre tigres asiáticos tem relação com um trecho ainda da primeira parte, onde fala sobre os investidores a curto prazo...
Ou seja, invisto minha grana nos Chinas, ela cresce rápido, eu pego meu lucro e caio fora.
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JediKnight Veterano |
# mai/05
· votar
maggie
fazer com que a Ásia inteira entre em crise econômica não me cai bem.
Como assim? Tu acha que o objetivo do FMI era falir os Tigres Asiáticos?
Falir não.
Mas "abrir as pernas" é uma frase bem apropriada!
adnz
Muito bom o texto, ainda acho que de burros eles não tem nada, não sei direito mas esses negócios de errar assim, pessoas formadas espertas, fazer com que a Ásia inteira entre em crise econômica não me cai bem.
Talvez eu to vendo muito filme.
Ano passado li um texto muito bom sobre mais ou menos isso, de como as classes hegemônicas usam os instrumentos para q os dominados permaneçam sobre um vel ... tem a ver com a teoria de Estado de POLANSKAS.. só preciso lembrar o nome do artigo
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monk Veterano |
# mai/05
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o jeder ta virando o akan
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Ed_Vedder Veterano |
# mai/05
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JediKnight
Cara sempre que tiver algum texto interessante posta ai que eu sempre vou ler, se puder é óbvio...
ainda mais eu que adoro postar umas biblias tambem rsrsrs
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