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Jonas Kahnwald Membro Novato |
# abr/20
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entamoeba Você também tem essa noção que diálogo é algo que se faz contra o outro?
contra/com - tudo depende do interlocutor, os dois podem se aplicar, mas com você costuma ser contra mesmo, pq vc não está interessado em realmente debater, está interessado em impor a sua percepção do que é verdade para os outros, por isso, no seu caso, eu uso "contra"
O senso comum está muito acomodado na sua percepção moral da realidade, daí que vem os moralismos. Quando a gente provoca e tenta jogar a luz da ciência nesse obscurantismo, a reação é essa: negação!
1) Você está em negação de que você mesmo tem uma percepção de moral diferente da minha, e chama tudo de moralismo menos aquilo em que você acredita como sendo o certo... isso não é nem moralismo, isso é hipocrisia.
2) Sim, você provoca, é algo que vc faz bem, mas é basicamente só isso o que você faz. Se é pq se acostumou pelo fato de ter sido o suficiente para ganhar uma discussão até agora (sim, eu sei que vc se importa com isso apesar de tentar negar), ou se é pq vc só é capaz disso mesmo é que eu pretendo descobrir...
3) O que há de ciência no que vc falou agora? Na verdade o que você falou sobre a necessidade de ter empatia com trabalhadores vem de conceitos de moral escrito na bíblia há milhares de anos. Você não demonstrou cientificamente nada e nem apresentou uma solução para o problema além de que é necessário ter mais empatia. Seu discurso é cheio de furos, só não sei se é por incompetência ou preguiça, a ver...
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Jonas Kahnwald Membro Novato |
# abr/20
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As pessoas não são moles por "falta de caráter", isso é coisa que só se lê em livro de autoajuda. Quando as dificuldades são invisíveis, a primeira coisa que os leigos fazem é estigmatizar as pessoas! É muito conveniente se achar o bom e querer diminuir quem não tem o mesmo ânimo para viver que você, mas é tão imoral quanto demitir um deficiente por conta das suas limitações!
então você acha que todo mau funcionário tem um motivo para sê-lo e esse motivo: a) nunca é a pura preguiça b) raramente é pura preguiça c) independente do motivo devemos ser condescendentes
quais das afirmações acima podemos colocar como verdadeiras?
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entamoeba Membro Novato |
# abr/20
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Jonas Kahnwald
O que é a preguiça? Você sabe?
Vou responder, porque você não gosta de perguntas! Preguiça é um mecanismo biológico para poupar energia, super adaptativo. Preguiça não é falta de caráter.
Se a pessoa está sucumbindo à preguiça, ela tem um problema, que pode ser comportamental (causado pelo ambiente) ou biológico (causado pelo organismo, como a distimia).
Não devemos ser condescendentes, devemos ser compreensivos.
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entamoeba Membro Novato |
# abr/20 · Editado por: entamoeba
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Você está em negação de que você mesmo tem uma percepção de moral diferente da minha, e chama tudo de moralismo menos aquilo em que você acredita como sendo o certo
Moralismo é achar que a preguiça é uma questão moral, por exemplo, quando a ciência demonstra que há razões ontogenéticas e filogenéticas para tal.
Sim, você provoca, é algo que vc faz bem, mas é basicamente só isso o que você faz.
Eu conduzo o diálogo com provocações. Faço um cosplay barato de Sócrates, como já confessei aqui mais de uma vez. Uso de metáforas, como Feynman, para tentar facilitar a compreensão de assuntos que não são tão acessíveis, mas que são importantes para a vida em sociedade, já que muitas das divergências no debate público advém da ignorância, e não de um impasse entre opiniões razoáveis.
O que há de ciência no que vc falou agora? (...) Você não demonstrou cientificamente nada
Falo de coisas que já foram demonstradas. Não adianta recortar uma série de estudos que falam de coisas pontuais, o que trago são consensos, o que é muito melhor para um debate com leigos.
e nem apresentou uma solução para o problema além de que é necessário ter mais empatia.
A empatia é a parte ética/moral do discurso. Não dá para trazer isso cientificamente. Por isso, tenho que recorrer à reduções a absurdos, dando exemplos em que as opiniões possam convergir, para depois explicar porque o caso citado também se aplica.
Gente como o Drinho (que já supus ser autista - e não há nada de errado com isso) tem dificuldade de compreender metáforas e extrapolar conceitos para outras situações. Com ele, não funciona.
Seu discurso é cheio de furos, só não sei se é por incompetência ou preguiça, a ver...
Debates de alto nível são feitos por pessoas iniciadas em ciência. O que estou treinando é tentar trazer essas coisas de um jeito mais acessível. Comportamentos semelhantes ao dos terraplanistas, em grau bem mais sutil, são recorrentes nesse tipo de debate. As pessoas têm acesso a conteúdo científico e acham que podem rebatê-los com opinião de buteco.
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brunohardrocker Veterano |
# abr/20
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Regra: limite mínimo de 2450 caracteres.
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entamoeba Membro Novato |
# abr/20 · Editado por: entamoeba
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Nossa leiguice cria um limite bem claro entre doença e saúde; entre capacidade e incapacidade; entre competência e incompetência; entre virtude e vício.
Espera que o cara que ganha 1.800 reais por mês trabalhe com um sorriso no rosto o tempo inteiro, porque deve ter alguém que está ganhando 1.200 disposto a ocupar o mesmo cargo sorrindo.
Esse sistema, apoiado pelo moralismo, é um moedor de gente.
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brunohardrocker Veterano |
# abr/20
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Moralismo é achar que a preguiça é uma questão moral, por exemplo, quando a ciência demonstra que há razões ontogenéticas e filogenéticas para tal.
E por que a preguiça não poderia ser as duas coisas? Tem que descartar a moral quando a ciência encontra uma razão, que pode muito bem não explicar todos os casos?
Vou dar um exemplo e você me diz se a ciência pode explicar: "Vou jogar essa lata de cerveja aqui mesmo, afinal ninguém está vendo. Amanhã o gari recolhe." A ciência pode explicar essa situação? A suposta explicação científica justifica o ato de não jogar a lata de cerveja no lixo?
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entamoeba Membro Novato |
# abr/20
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brunohardrocker
Cara... você fez uma pergunta muito boa. Até de tarde arrumo um tempo para responder - porque vai ser textão.
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Drinho Veterano |
# abr/20 · Editado por: Drinho
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a preguiça é uma questão moral, por exemplo, quando a ciência demonstra que há razões ontogenéticas e filogenéticas para tal
To até imaginando, o cara na sala de demissão e aí ele manda:
Chefe, o senhor está proibido de me demitir, pois minha preguiça é resultado de causas biológicas, assim sendo, o senhor deverá continuar me pagando e será processado se tentar me demitir novamente.
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Silspiders Membro Novato |
# abr/20
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To até imaginando, o cara na sala de demissão e aí ele manda:
Chefe, o senhor está proibido de me demitir, pois minha preguiça é resultado de causas biológicas, assim sendo, o senhor deverá continuar me pagando e será processado se tentar me demitir novamente.
Enquanto isso, na bozolândia...
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entamoeba Membro Novato |
# abr/20
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brunohardrocker E por que a preguiça não poderia ser as duas coisas? Tem que descartar a moral quando a ciência encontra uma razão, que pode muito bem não explicar todos os casos?
Todos os casos podem ser parcialmente explicados e o que não pode ser explicado pode ser presumido. Qualquer coisa fora desse âmbito entra no das explicações mágicas - as ficções práticas do senso comum. Moral não explica nada, ela diz como as coisas deveriam ser.
Vou dar um exemplo e você me diz se a ciência pode explicar: "Vou jogar essa lata de cerveja aqui mesmo, afinal ninguém está vendo. Amanhã o gari recolhe." A ciência pode explicar essa situação? A suposta explicação científica justifica o ato de não jogar a lata de cerveja no lixo?
Sim, a ciência pode explicar isso, mas a explicação não justifica a resposta, ela explica. Para justificar, temos presumir que há uma forma correta de se agir, e isso é do campo da moral.
E como a moral a a ciência podem se relacionar para resolver problemas? Com a moral, determinamos o que é desejável e com a ciência manipulamos as condições para que o que é desejável ocorra. Os meios são científicos, os fins, morais.
A ideia do Drinho é que as pessoas que não estão agindo da maneira desejável devem ser descartadas. Ele é como o sujeito que vai jogando lixo no terreno baldio ao lado até que a coisa vire um problema de saúde pública.
Fazemos isso com as pessoas. Só que o troço vira um problema social, com pessoas adoecendo, se voltando contra a sociedade (transgredindo a lei) e até contra si mesmas (se matando ou se entregando às drogas).
É fácil dizer que alguém tem que sair de algum lugar. A questão é onde pôr, porque o problema não some.
O Júnior Kahnwald falou em recompensar o mau comportamento, como se fosse uma questão moral. A recompensa de um comportamento não deve ser vista como uma questão moral, mas como um meio científico para algo desejável.
Acolher não é reforçar o mau comportamento, é oferecer condições para que comportamentos desejáveis apareçam.
A questão aqui é parecida com aquele pai que não sabe como conseguirá educar o filho, já que ele não pode dar porrada! Aí, se frustra, culpa o "politicamente correto" e inventa um monte de desculpas para um problema que ele não está disposto a encarar. A solução é que o pai entenda como crianças aprendem e passe a educar seu filho usando a vasta informação que está disponível. Se ele tiver dificuldades, deve ter acesso a ajuda.
E a solução para os problemas sociais? A solução é que a sociedade dê respostas coesas para os comportamentos dos cidadãos; que cumpra as promessas que faz; que não faltem estímulos para agir certo; que se eduque para a autonomia.
Países civilizados são países que fazem isso melhor do que a gente. Não tem nada a ver com falta de caráter do povo, como sugerem tipos como Alexandre Garcia (que nos trocaria por japoneses).
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Jonas Kahnwald Membro Novato |
# abr/20
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entamoeba O Júnior Kahnwald falou em recompensar o mau comportamento, como se fosse uma questão moral.
Não, eu não disse isso Primeiro que eu não afirmei que isso era uma questão moral. Eu falei que você acusa outros de moralismos quando você mesmo tem o seu, e não admite
E eu critiquei recompensar o mau comportamento por uma questão óbvia, prática. Não disse que não se deve ter empatia, não disse que não se deve dar ajuda, mas o que ocorre hoje com o funcionalismo público é uma espécie de proteção incondicional até mesmo aqueles que, por pura acomodação, prestam um mau serviço
Então, protozoário, pare de afirmar coisas que eu não disse. Seu discurso é cheio de furos, meias verdades e inverdades para tentar enganar os leitores. Por isso digo que contra você eu ajo diferente: porque é você quem primeiro contra outros age de forma desonesta.
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Jonas Kahnwald Membro Novato |
# abr/20 · Editado por: Jonas Kahnwald
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aquele pai que não sabe como conseguirá educar o filho, já que ele não pode dar porrada!
Meu pai sempre me educou explicando os porquês de algum comportamento ser errado. E me acolheu sim, quando viu que eu estava disposto a mudar. E quando não estava disposto a mudar no momento, ele também me puniu, não com força física, mas usando sua autoridade como pai para proibir, por exemplo, algum divertimento por um tempo determinado, até que eu entendesse que comportamentos ruins sempre trazem consequências.
A atual estrutura do serviço público mostra a todos os servidores, basicamente, que não há nenhuma consequência para o mau serviço prestado. Portanto, muitos, por motivos diversos, prestam maus serviços, seja por uma questão moral, seja por uma questão psicológica, seja por desmotivação temnporária, etc etc etc
E por que a preguiça não poderia ser as duas coisas? em tempo,l o bruno está correto aqui, a preguiça pode também ser uma questão moral, apesar de não ser "sine qua non"
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entamoeba Membro Novato |
# abr/20
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Jonas Kahnwald para tentar enganar os leitores.
Por que eu iria tentar enganar alguém? Por que vocês insistem na teoria da arapuca? Sério mesmo!
Primeiro que eu não afirmei que isso era uma questão moral.
Que bom.
Eu falei que você acusa outros de moralismos quando você mesmo tem o seu, e não admite
Você já entendeu porque a minha visão não é moralista? Entendeu a diferença?
mas o que ocorre hoje com o funcionalismo público é uma espécie de proteção incondicional
Eu defendo a estabilidade, não disse que defendo o que ocorre hoje, tanto que falo em realocação.
Seu discurso é cheio de furos,
Não é. Meu discurso é muito complicado para explicar para leigos e muito longo para um fórum. Se tiver alguma dúvida, é só perguntar.
porque é você quem primeiro contra outros age de forma desonesta.
Só interpretei errado a tua visão, porque tem muita gente que diz a mesma coisa de uma maneira passional. O Drinho é um exemplo claro disso. Mas você me corrigiu. Que bom que você não percebe o problema daquela maneira.
mostra a todos os servidores, basicamente, que não há nenhuma consequência para o mau serviço
Eu sei. Isso é péssimo. Acolher também é dar feedbacks negativos. O que não pode ser feito (e é isso o que estou criticando) é achar que pessoas ineficientes são descartáveis.
o bruno está correto aqui, a preguiça pode também ser uma questão moral
A questão moral é exógena. A preguiça é uma resposta do organismo, como a dor, por exemplo. Não é imoral sentir dor. Não é imoral ceder à dor. Se cada um sabe a dor que sente, cada um sabe a preguiça que sente.
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Silspiders Membro Novato |
# abr/20
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mas o que ocorre hoje com o funcionalismo público é uma espécie de proteção incondicional
Qual a sua experiência para ser assim, determinista?
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Black Fire Gato OT 2011 |
# abr/20
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Meu pai sempre me educou explicando os porquês de algum comportamento ser errado
Funciona porque você é bundão pra c*.
Espero ter ajudado.
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brunohardrocker Veterano |
# abr/20 · Editado por: brunohardrocker
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entamoeba # ontem às 03:56
Tá, você se concentrou na questão da moral e da ciência, foi para os problemas sociais, mas não chegou especificamente na preguiça.
A preguiça não pode ser vista como imoral ou anti-ética, dependendo da situação? Ex: você faz um contrato de trabalho, firma um compromisso com outra parte, mas a sua preguiça não te deixa trabalhar em dia. Ou seja, aquilo que a ciência explica como resposta de um organismo que busca economia de energia ou possui alguma desmotivação psicológica por alguma razão, compromete o que o contratante espera do contratado. O contratante pode ter a liberdade de romper o contrato contigo e você tem a liberdade de sair daquele ambiente que não te motiva.
E vamos considerar a ajuda ao indivíduo com preguiça, já que você citou sobre ajudar indivíduos. Não há um limite para a ajuda? Para mim o limite para a ajuda está no ponto em que o indivíduo praticamente não quer ser ajudado. Ex: um depressivo que você vai lá e tenta ajudar, tenta convencê-lo a procurar um profissional, mas ele insiste em continuar sem sair da zona de conforto numerosas vezes que você já pensa: não tenho mais o que fazer.
Como se ajuda alguém com uma preguiça a ponto que comprometa sua capacidade de cumprir deveres e que demonstra resistência em ser ajudado?
Eu imagino o seguinte fluxograma: de empregado tem a alternativa de virar autônomo ou um coletor. Se virar autônomo ou coletor, de alguma maneira a preguiça vai afetar seus resultados e não vai ter ninguém acima para assumir a responsabilidade por ter "descartado" esse indivíduo.
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entamoeba Membro Novato |
# abr/20
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brunohardrocker A preguiça não pode ser vista como imoral ou anti-ética, dependendo da situação?
Usei a dor como exemplo. Sentir dor não é imoral em hipótese alguma, né?
Pode parecer virtuoso ignorar a dor, assim como é ignorar a preguiça. É uma luta contra a função daquele mecanismo no organismo! Se você sente dor na perna por causa de um machucado, aquilo serve para que você evite forçar a perna e possa se recuperar. Claro que nem toda dor é funcional, porque os organismos não são perfeitos.
E nem toda a dor é bem adaptada. Por exemplo, se você estiver agarrado a um tronco, em um desfiladeiro, sentirá uma dor irresistível na mão e poderá acabar largando o seu apoio. O organismo está sinalizando que a mão está sendo prejudicada, mas não é capaz de balancear que a lesão na mão concorre com uma situação de vida ou morte. Até temos descargas de adrenalina com esse fim, mas não é algo que compense a resposta à dor.
Pessoas que forçam demais vencer a preguiça podem ser vítimas da síndrome do esgotamento. Isso tem sido cada vez mais comum no mundo contemporâneo. Há uma série de outras doenças associadas a um modo de vida que força as pessoas para além da capacidade do organismo. Daí já se nota que é errado pensar que a preguiça não é adaptativa.
Mas, como a dor, ela não se adapta por completo a situações da vida. Procrastinadores sabem bem o preço que pagam por conviverem com uma preguiça mal adaptada às suas demandas.
Para mim o limite para a ajuda está no ponto em que o indivíduo praticamente não quer ser ajudado.
Então...
Também acho que há um pouco de moralismo nisso. O que a gente quer ou deixa de querer é condicionado pela história do organismo. Quem não quer se ajudar precisa ser estimulado a querer se ajudar.
ele insiste em continuar sem sair da zona de conforto numerosas vezes que você já pensa: não tenho mais o que fazer.
Mas a percepção de que nada pode ser feito é algo da pessoa que está se propondo a ajudar, e não daquela que precisa de ajuda. A medicina consegue tratar pacientes com câncer, mas há casos que estão além do alcance dos tratamentos. A limitação da ajuda é uma limitação técnica e desistir do paciente, resignando-se a garantir que sua morte seja menos dolorosa, é uma decisão pragmática, que reconhece que não há ajuda boa o bastante para aquele caso. Contudo, a busca pela cura desses cânceres intratáveis continua.
Quando o ajudante é um leigo, a coisa fica ainda pior. Ele rapidamente tratará de moralizar a questão para se eximir da ajuda, o que pode agravar ainda mais o quadro de quem precisa de apoio.
Como se ajuda alguém com uma preguiça a ponto que comprometa sua capacidade de cumprir deveres e que demonstra resistência em ser ajudado?
A pessoa nem precisa saber que está sendo ajudada. Há várias maneiras para modificar comportamentos mal adaptados, que variam de acordo com cada caso. O ideal seria compreender o problema, seria buscar saber porque aquela esquema não está sendo suficientemente motivador. A razão pode ser um desequilíbrio bioquímico ou pode estar no histórico comportamental do sujeito, não dá para saber sem conhecer o problema. As vezes, um remédio resolve, as vezes, só mudando o contexto de trabalho em busca de arranjos de contingências mais eficientes.
Quando não houver saída conhecida para o problema, resta encontrar uma situação em que a preguiça não comprometa tanto o trabalho.
Eu imagino o seguinte fluxograma: de empregado tem a alternativa de virar autônomo ou um coletor. Se virar autônomo ou coletor, de alguma maneira a preguiça vai afetar seus resultados e não vai ter ninguém acima para assumir a responsabilidade por ter "descartado" esse indivíduo.
Não se trata de responsabilizar alguém, a responsabilidade é sistêmica. Mesmo aquele que descarta um funcionário por motivo fútil não tem culpa da própria ignorância.
Ao reduzir a ignorância do sistema, teremos saídas melhores para os problemas.
O contratante pode ter a liberdade de romper o contrato contigo e você tem a liberdade de sair daquele ambiente que não te motiva.
Poucas pessoas realmente possuem liberdade para largar um serviço. Não é à toa que tem tanta gente fingindo que trabalha.
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brunohardrocker Veterano |
# abr/20 · Editado por: brunohardrocker
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entamoeba Usei a dor como exemplo. Sentir dor não é imoral em hipótese alguma, né?
Não, dor não.
Pode parecer virtuoso ignorar a dor, assim como é ignorar a preguiça. É uma luta contra a função daquele mecanismo no organismo! Se você sente dor na perna por causa de um machucado, aquilo serve para que você evite forçar a perna e possa se recuperar. Claro que nem toda dor é funcional, porque os organismos não são perfeitos. Pessoas que forçam demais vencer a preguiça podem ser vítimas da síndrome do esgotamento. Isso tem sido cada vez mais comum no mundo contemporâneo. Há uma série de outras doenças associadas a um modo de vida que força as pessoas para além da capacidade do organismo. Daí já se nota que é errado pensar que a preguiça não é adaptativa. Mas, como a dor, ela não se adapta por completo a situações da vida. Procrastinadores sabem bem o preço que pagam por conviverem com uma preguiça mal adaptada às suas demandas.
A preguiça e a dor são perfeitamente comparáveis, dessa forma?
Veja, existem casos em que a gente consegue desenvolver certas atividades apesar da dor. Ninguém pode negar a dor, mas ela pode ser tolerada. Ex: Se eu sou um atendente de telemarketing e destronquei o tornozelo, eu posso obter atendimento médico, ser enfaixado e receber a medicação, e se não tiver nenhum outro impeditivo, posso ir ao trabalho conversar ao telefone. Já se eu sou um serralheiro ou um pedreiro, não poderei.
Pegando o exemplo acima e transportando ao caso da preguiça, até certas medidas eu posso encarar o problema por ter uma escolha racional a fazer, que é o meu trabalho em troca do meu sustento, que supera a opção de eu ficar sem poder me sustentar.
Agora o que não está muito claro, é uma diferenciação entre a preguiça e o cansaço, ou o cansaço crônico.
A preguiça teria um sentido de que, o indivíduo tem as capacidades de fazer determinada tarefa, mas por notar que pode se esquivar e deixar para outro fazer, ou porque escolhe o que é mais cômodo ou prazeroso, se recusa a fazer. Aqui seria um problema de ética.
Se a pessoa sofre de fadiga, as nossas relações de trabalho atuais permitem que ela procure algum recurso técnico para fundamentar o seu problema. Pode procurar um psicologo, psiquiatra, nutricionista, o que for, na área médica, que ateste o seu problema e seja tratado. Aqui sim seria algo comparado à dor.
Se a sociedade lá fora vai interpretar como mera preguiça e desqualificar o sujeito, aí já é bem mais complexo. O importante é que existe a medicina e ela não vai interpretar dessa forma.
A pessoa nem precisa saber que está sendo ajudada. Há várias maneiras para modificar comportamentos mal adaptados, que variam de acordo com cada caso. O ideal seria compreender o problema, seria buscar saber porque aquela esquema não está sendo suficientemente motivador. A razão pode ser um desequilíbrio bioquímico ou pode estar no histórico comportamental do sujeito, não dá para saber sem conhecer o problema. As vezes, um remédio resolve, as vezes, só mudando o contexto de trabalho em busca de arranjos de contingências mais eficientes.
Existem sim ambientes mais ou menos insalubres, e desde o início do século XX a coisa vem evoluindo. Varias crenças do mundo corporativo vão ficando para trás. Só que o processo é lento.
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entamoeba Membro Novato |
# abr/20 · Editado por: entamoeba
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brunohardrocker A preguiça e a dor são perfeitamente comparáveis, dessa forma?
São.
Veja, existem casos em que a gente consegue desenvolver certas atividades apesar da dor. Ninguém pode negar a dor, mas ela pode ser tolerada.
Exatamente! O mesmo ocorre com a preguiça! Quando as pessoas dizem "você não vai deixar fazer isso por causa de uma dorzinha, né?", elas estão moralizando o problema.
O problema da dor começa a se complicar quando surgem dores que não são vistas, como no caso da fibromialgia. Muita gente acredita que é só frescura, porque é incapaz de compreender.
Pegando o exemplo acima e transportando ao caso da preguiça, até certas medidas eu posso encarar o problema por ter uma escolha racional a fazer, que é o meu trabalho em troca do meu sustento, que supera a opção de eu ficar sem poder me sustentar.
Se o grau de dor for incapacitante, você é capaz de compreender que a pessoa deixe de trabalhar. Você não consegue imaginar que exista um grau de preguiça incapacitante?
Agora o que não está muito claro, é uma diferenciação entre a preguiça e o cansaço, ou o cansaço crônico.
O cansaço é um desgaste do organismo depois de uma atividade em que ele foi exigido. Não chamaria de cansaço, chamaria de indisposição. É o organismo sinalizando para o cérebro que precisa poupar energia.
A preguiça teria um sentido de que, o indivíduo tem as capacidades de fazer determinada tarefa, mas por notar que pode se esquivar e deixar para outro fazer, ou porque escolhe o que é mais cômodo ou prazeroso, se recusa a fazer. Aqui seria um problema de ética.
Então. Esse sentido é o que o senso comum dá para a preguiça. É um sentido que só é possível com o moralismo.
A ética em questão seria dizer que tal comportamento é indesejável, isto é, que é algo que precisa ser tratado. O moralismo é dizer que a pessoa é ruim porque escolhe agir daquela maneira.
Alguém pode ter baixa tolerância a dor, né? Algumas pessoas são mais 'manhosas' (outra palavra com moralismo embutido), quer dizer, elas não aprenderam a tolerar bem a dor.
A tolerância à dor pode ser treinada, bem como a tolerância à preguiça (até certo grau). A disciplina militar, por exemplo, treina essa tolerância - mas tem um custo. As pressões do sistema também constituem uma forma de treino, só que nem todo mundo se adapta a esse treino. E, já que falamos de treino...
Imagine que a vida seja uma grande academia de musculação, na qual se espera que todos se desenvolvam da mesma maneira. Isso vale para o sujeito bem adaptado com para aquele que tem um problema congênito no ligamento (ele sempre se lesiona). Esse sujeito que sempre se lesiona vai passar a evitar certos exercícios que causam dor (esquiva). Ele não é menos digno do que os outros por causa disso, né? Sua esquiva não é imoral.
Todos sentem preguiça, em algum grau. Sentem porque isso foi adaptativo, do ponto de vista evolutivo. Os bem adaptados são os que conseguem superar a preguiça e tocar a vida. Os mal adaptados são os que não conseguem. Como sabemos quem é quem? Fácil, pelo resultado. Os chamados 'preguiçosos' são os mal adaptados.
ou porque escolhe o que é mais cômodo ou prazeroso, se recusa a fazer.
Você não diz que escolhe fazer sexo ao invés de tomar sorvete por preguiça, né? Note que há um problema de demarcação quando você usa palavras como "mais cômodo" ou "prazeroso". Preguiça é sobre incômodo.
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entamoeba Membro Novato |
# abr/20
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'Chegou o Comunavírus': Ernesto Araújo diz que quarentena faz parte de plano para impor comunismo no mundo.
facepalm
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makumbator Moderador
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# abr/20
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entamoeba O problema da dor começa a se complicar quando surgem dores que não são vistas, como no caso da fibromialgia. Muita gente acredita que é só frescura, porque é incapaz de compreender.
Mais complicado ainda são as dores (e demais sensações) de membros fantasmas, que ocorrem quando uma pessoa sente algo em uma parte de seu corpo que não existe mais (como sentir dor, frio, calor, pressão, etc... em uma perna que foi amputada). Por muitos anos isso foi visto como frescura/loucura.
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Silspiders Membro Novato |
# abr/20
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entamoeba
\(°o°)/
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Lelo Mig Membro
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# abr/20
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entamoeba
O cara é um gênio, hein?
Será que os reptilianos estão por trás disso tudo também?
O negócio é orar e esperar pela vinda espetaculenta de Gzuis.
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brunohardrocker Veterano |
# abr/20
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Que tempos são esses?
O cidadão pode perguntar qualquer coisa ao presidente, virtualmente, e receber uma resposta informal. Parece bom e parece ruim ao mesmo tempo. O ministro anuncia a antecipação. O presidente diz que o ministro anunciou sem sua autorização. Tudo numa resposta ao cidadão que perguntou num comentário de rede social. O jornalista lança uma manchete oficializando a informação retirada de uma resposta informal a um comentário de um cidadão numa rede social. Comentários do leitor, assim como comentários do presidente, viram fonte para reportagens em meios de comunicação de massa.
https://oglobo.globo.com/economia/bolsonaro-desautoriza-onyx-diz-que-n ao-havia-liberado-antecipacao-de-auxilio-emergencial-24389018
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brunohardrocker Veterano |
# abr/20
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Governo todo cagado e imprensa medíocre.
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entamoeba Membro Novato |
# abr/20
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makumbator membros fantasmas
É um troço bem doido isso!
Lelo Mig Será que os reptilianos estão por trás disso tudo também?
O cara é olavete, né? Dá para esperar qualquer coisa dele.
brunohardrocker O jornalista lança uma manchete oficializando a informação retirada de uma resposta informal a um comentário de um cidadão numa rede social.
Você, o Bolsonaro e vários dos ministros desse governo ainda não entenderam o que é um cargo no executivo. Declaração em rede social não é "resposta informal".
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brunohardrocker Veterano |
# abr/20
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entamoeba Você, o Bolsonaro e vários dos ministros desse governo ainda não entenderam o que é um cargo no executivo. Declaração em rede social não é "resposta informal".
Você continua sem entender que eu não estou defendendo o presidente. Eu estou atacando ele por se pronunciar informalmente em rede social sobre um assunto que deve ser levado mais a sério, mas também estou atacando a imprensa porque isso é o justo a se fazer. É ataque pra todo lado! Quer que eu ataque o congresso?
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