As sete últimas palavras de Cristo

Autor Mensagem
Codinome Jones
Veterano
# abr/11


PRIMEIRA PALAVRA

Deus, Pai, Senhor, aqui me tens. Aqui me tens, finalmente, neste monte escalvado a que
chamam Gólgota e aonde, passo a passo, vieste encaminhando a minha vida a fim de que
todas as profecias fossem cumpridas. Sou o da cruz alta, a que está ao centro, e os homens
que me fazem companhia, um de cada lado, são dois ladrões vulgares, daqueles que se
contentam com roubar pouco, que se fossem dos que roubam muito de certeza não viriam
aqui crucificados. O que está à minha direita protesta que não quer morrer, grita como um
doido furioso, dá arrancos com o corpo como se pretendesse arrancar a cruz do chão e fugir
com ela às costas, ao outro já o vejo resignado, tem a cabeça descaída, apenas geme. Penso
que terei de lhe dizer alguma coisa que o console antes que isto se acabe. O bom que tem este
lugar para os condenados é ser Jerusalém a última imagem que levam da vida.
Não estamos sós. Entre os soldados romanos, os doutores da lei, os chefes dos sacerdotes, os
anciãos, e a gente comum que acudiu ao espectáculo, distingo, embora mal porque as dores
me estão nublando os olhos, minha mãe com algumas mulheres, e também, sim, está também
Maria Madalena. E está João, mas aos outros não os vejo, terão fugido. À morte deveria
assistir-se em silêncio, não este clamor de insultos, esta gritaria, este ódio insensato, estas
palavras de escárnio: "Salva-te a ti mesmo se és o rei dos judeus, lá está aquele que deitava
abaixo o templo e tornava a reconstruí-lo em três dias, que desça agora da cruz para nós
vermos e acreditarmos nele".
Deus, Pai, Senhor, era isto necessário? Não te bastava a simples morte? Já que terei de perder
a vida, perdoa-lhes tu o alvoroto, porque não sabem o que fazem. E eu? Virei a saber o que fiz
no mundo? E tu, Deus, Pai, Senhor, tens a certeza de que tudo o que fizeste foi bem feito?

SEGUNDA PALAVRA

Deus, Pai, Senhor, não sei como o poderei confessar, tão confundido e humilhado sinto o meu
espírito. Compadecido do sofrimento do ladrão manso, não encontrei nada melhor para o
consolar que prometer-lhe o paraíso. "Hoje mesmo estarás comigo no paraíso", foram as
minhas formais palavras. Mas logo me perguntei se a soberba, ou o orgulho, ou a vaidade, foi
o que me levou a prometer algo que não estava em meu poder dar. Antes, numa das suas
fúrias, o ladrão bravo tinha-me invectivado: "Então não és o Messias? Salva-te a ti mesmo e a
nós!" Mas o ladrão manso repreendeu-o com estas justas palavras, em verdade inesperadas
em pessoa da sua condição: "Não tens temor a Deus, tu que estás a sofrer a mesma
condenação? Nós estamos aqui a pagar o justo castigo pelos actos que temos praticado, mas
este não fez nada de mal". E foi aí, Deus, Pai, Senhor, que caí em tentação: "Hoje mesmo
estarás comigo no paraíso", disse. Como pude eu esquecer-me do Juízo Universal que, esse
sim, há-de separar o trigo do joio, o bom do mau, o virtuoso do pecador? Como pude esquecer
o que disse o profeta: "Eu, o Senhor, penetro no íntimo do homem, e examino o seu coração,
e a cada um dou segundo o seu procedimento."? De todo modo, sou escravo da minha
promessa, este homem irá comigo, comigo se apresentará à tua porta, e tu, Deus, Pai, Senhor,
se quiseres receber-me a mim, terás também de recebê-lo a ele, porque eu, sozinho, não
entrarei. Honra a promessa que fiz, já que neste suplício me desonraste.

TERCEIRA PALAVRA

Deus, Pai, Senhor, quando, para castigar a prosápia dos homens que estavam levantando
aquela torre com a intenção de chegar ao céu, lhes desordenaste a linguagem, talvez não
tenhas pensado em todas as consequências do acto a que foste movido por uma ira semelhante
à do dono da vinha quando dá por que os meliantes se dispõem a assaltá-la. Talvez este
pensamento, na aparência fora de lugar, seja fruto do delírio, da angústia e das terríveis dores
que me trespassam, mas, nesta hora última da minha passagem pela terra, não estaria bem que
entre pai e filho ficassem coisas caladas. Aquela mulher que além vês, entre João e Maria
Madalena, é minha mãe, tu o saberás melhor que ninguém. Nunca vi que lhe tivesses dado
atenção em todos estes anos, mas não é disso que quero falar. O meu pensamento é outro.
Quando confundiste a linguagem dos homens, houve palavras que se perderam, outras que
tomaram caminhos desviados, outras que deixaram de pertencer a quem, tempos atrás, havia
sido seu legítimo proprietário. Houve uma época, talvez na idade de ouro, falando a língua
que tu confundiste, em que as mulheres podiam ser tão justas e piedosas quanto os homens
fossem capazes de o ser, mas já não o eram quando eu vim ao mundo, porque, em hebraico,
por exemplo, para justo e piedoso não há formas femininas equivalentes. Tendo eu que nascer
forçosamente de uma mulher, como foi possível, Deus, Pai, Senhor, não teres reparado que
ela não podia ser digna de me gerar, uma vez que não era piedosa nem justa? Rogar-te-ei que
mo expliques quando nos encontrarmos.
Não vejo nenhum dos meus irmãos. E aquele João, já não sei eu bem se é o meu discípulo, se
o filho de Zebedeu, que tem o mesmo nome. Como quer que seja, vou dizer a frase que de
mim se espera: "Mulher, aí tens o teu filho. João, aí tens a tua mãe." Oxalá se dêem bem.

QUARTA PALAVRA

Deus, Pai, Senhor, as palavras atropelam-se na minha cabeça, a ponto de já não saber se serão
realmente minhas ou se as terei lido ou ouvido em alguma parte, e agora não faça mais que
repeti-las de maneira mecânica, como uma criancinha que a duras penas aprende a falar. Pelo
menos, tenho a certeza de que as palavras que irei proferir me sairão da boca somente para
que se possa anunciar amanhã que as escrituras foram cumpridas uma vez mais. Escuta-as e
diz-me se não tenho razão: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" Quem me ouvir
pensará que esta é a primeira vez que tu abandonas alguém e que por isso é de justiça que a
pergunta seja lançada aos quatro ventos do alto desta cruz, como um aviso às pessoas. Mas tu,
Deus, Pai, Senhor, desde o princípio do mundo que criaste não tens feito outra coisa que
abandonar-nos. Recorda aqueles a quem, por causa de uma maçã e uma serpente, expulsaste
do paraíso terrenal, recorda o espírito vingativo com que puseste diante da porta os querubins
e uma espada de fogo para que eles não pudessem regressar. Crês tu, Deus, Pai, Senhor, que
ao menos uma vez na vida, e em muitos casos todos os dias e a todas as horas, a espécie
humana não teve motivos para fazer esta mesma pergunta: "Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonaste"? Que estás longe, dirás, que não podes acudir a tudo, que o homem foi feito
para que governasse a sua vida sem depender de deus ou deuses, mas em teu nome, quando
não tu mesmo, há quem afirme que nascemos servos e servos seremos até ao fim da vida
porque tu és a causa primeira e porque, ao mesmo tempo que nos vai abandonando um a um,
nos manténs agarrados na tua mão. Eu próprio te fiz a pergunta e tu não respondeste. Razão
tinha aquele que disse que Deus é o silêncio do universo e o homem o grito que dá sentido a
esse silêncio. Acabe-se o homem e tudo se acabará. Abandonados já estamos, eles, eu, talvez
também tu, que nem a ti próprio te podes valer. Até para alegadamente salvar a humanidade
tiveste que derramar o meu sangue.

QUINTA PALAVRA

Deus, Pai, Senhor, ainda que possa parecer extraordinário, ou mesmo incrível, que alguém à
beira da morte, tal eu estou, sinta sede e imagine ter tempo e forças para beber um vaso de
água, foi isto o que acabou de suceder. Talvez, em realidade, eu não tivesse autêntica sede,
talvez tivesse sido apenas a recordação súbita da frescura de uma água que para sempre iria
perder, a sensação de senti-la a descer por uma garganta que em breve se cerraria, o que me
fez soltar aquele grito: "Tenho sede!" Sem que eu o esperasse, quase imediatamente uma
esponja molhada me tocou a boca e o sabor da água misturada com vinagre me restituiu por
um instante o alento. Olhando para baixo vi um homem que segurava uma cana, esta a que
veio atado o misericordioso socorro, porque bem sabemos, os que nunca tivemos gelo para
refrescar a água nas canículas do verão, que juntar-lhe um pouco de vinagre é remédio
infalível para as piores sedes. O homem baixou a cana, tornou a empapar a esponja, e outra
vez ma fez chegar aos lábios. Depois, porque os soldados romanos se acercavam com as suas
lanças e faziam gestos ameaçadores, o homem retirou-se, segurando a cana ao ombro e
levando o balde da água e vinagre na outra mão. Foi isto o que se passou e não qualquer outra
história que venha a contar-se no futuro, como se o sofrimento de quem foi condenado a
morrer na cruz não fosse já bastante para encher o livro. Talvez a alguém se lhe ocorra
escrever, e por todos os modos repetir, que quiseram dar-me vinho misturado com fel ou com
mirra. Não é verdade.
E agora, Deus, Pai, Senhor, peço-te um último favor. Que não faças esperar este homem até
ao dia do Juízo Final, que o chames a ti no preciso momento em que morrer, e que tu mesmo
o vás receber à porta do paraíso. Reconhecê-lo-ás facilmente. Leva uma cana ao ombro e um
balde com água e vinagre na outra mão.

SEXTA PALAVRA

Deus, Pai, Senhor, tudo está cumprido. A cruz em que me pregaram não tardará a ter um
cadáver nos seus braços, tal como, desde o princípio do mundo, foi por ti decidido que
haveria de suceder. Será, por ser a minha, suficiente esta morte para a salvação da
humanidade? Para salvá-la de quê ou de quem? De si mesma? Do inferno que tu mesmo
fabricaste, uma vez que não havia mais ninguém que o pudesse fazer? Sou eu o cordeiro que
Abel te sacrificava, ao mesmo tempo que desprezavas o trigo e o centeio que Caim te
oferecia? Porquê? Não terás sido tu, Deus, Pai, Senhor, quem armou a mão de Caim para que
na primeira página da história dos homens se anunciasse já o futuro que lhes estava guardado,
sangue, morte, destruição e tortura desde esse dia e para sempre? E porquê ficou o crime de
Caim sem castigo? Porquê teve Abel de morrer? Conhecerás tu, Deus, Pai, Senhor, o
sentimento do remorso? Porquê, contra a simples justiça, prosperou o assassino, ao ponto de
fundar uma cidade e ter descendência como qualquer homem comum, com as mãos limpas de
sangue alheio? Sem querer faltar ao respeito, foste e serás sempre um deus dúplice, com duas
caras, dois pesos e duas medidas.
Não creio que a minha morte vá servir para que os homens se salvem nem que, sem ela, se
perdessem mais do que já estão. Não imaginas, Deus, Pai, Senhor, como os seres humanos
são complicados e difíceis de entender. Seja como for, fiz tudo o que tinhas ordenado. Por
isso está morrendo um homem nesta cruz.

SÉTIMA PALAVRA

Deus, Pai, Senhor, nas tuas mãos entrego o meu espírito, que a carne que o continha, essa,
ficará agarrada a este madeiro enquanto o que de mim resta não for levado ao túmulo, donde
ao terceiro dia ressuscitarei, se foram certas as palavras que puseste na minha boca para que
as ouvissem os que me seguiam. Censurou-mas Pedro, que me chamou de parte e disse:
"Deus te livre de tal. Uma coisa assim nunca te há-de suceder." E eu respondi-lhe: "Sai da
minha frente, Satanás. Impedes-me o caminho, porque não entendes as coisas à maneira de
Deus, mas à maneira dos homens." Foi isto o que eu lhe disse, mas agora, Deus, Pai, Senhor,
agora que o meu espírito já deve ter chegado às tuas mãos, permite-me que procure, também
eu, entender as coisas à maneira dos homens. Poderá o meu corpo, sem um espírito que o
anime, levantar-se e sair do sepulcro, arredando a pedra que lhe tapa a entrada? E outra
pergunta mais. Que sucederá comigo durante esses três dias? Apodrecerei? Será já com os
primeiros sinais de podridão na cara e nas mãos que me apresentarei diante de Maria
Madalena? Vivi no mundo como homem durante trinta anos, primeiro criança, depois
adolescente, depois adulto, até este dia. Se te digo coisas que estás farto de saber, é para que
compreendas por que razão aparecerei a Maria Madalena antes que a qualquer outro.
Acabámos. Representei o meu papel o melhor que podia. O futuro dirá se o espectáculo valeu
a pena. E agora, Deus, Pai, Senhor, uma última pergunta: Quem sou eu? Em verdade, em
verdade, quem sou eu?

Homenagem à Saramago. Grande literatura.

Há também a versão orquestrada de Haydn, precurem ae se quiserem.

Feliz Pascoa.

Prevejo 15 páginas.

Die Kunst der Fuge
Veterano
# abr/11
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Dormi na primeira linha.

mateussch
Veterano
# abr/11
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Na verdade foram 2217 palavras.
http://www.mestreseo.com.br/ferramentas-seo/contador-de-palavras/

EternoRocker
Veterano
# abr/11
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Minhas últimas quatro palavras nete tópico:


Alguém não sabe contar !!!

Codinome Jones
Veterano
# abr/11
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Die Kunst der Fuge



Bassist_rsl
Veterano
# abr/11
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Existem três tipos de pessoas: Os burros e os que não sabem contar.

Die Kunst der Fuge
Veterano
# abr/11
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Codinome Jones

Ufa, bem melhor.

Uma imagem vale por mil palavras, uma música vale por mil imagens.

fuska77
Veterano
# abr/11
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Eita preula, cada palavra desse peão, é um texto!

Pão Quente
Veterano
# abr/11 · Editado por: Pão Quente
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Codinome Jones
meu não dá p'ra ler isso dai não....
cans'as vistas.. nuss

brunohardrocker
Veterano
# abr/11
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Blasfêmia!

guizimm
Veterano
# abr/11
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E agora, Deus, Pai, Senhor, uma última pergunta: Quem sou eu? Em verdade, em
verdade, quem sou eu?

soh li isso

brunohardrocker
Veterano
# abr/11
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Há também a versão orquestrada de Haydn, precurem ae se quiserem.


haha
Na verdade não é a "versão", é a original!

Pelo que pesquisei, Joseph Haydn compôs em 1786 a pedido de um cânone do sul da Espanha. Obviamente, sua composição não seria uma interpretação com segundas intenções que partiu de um maldito porco militante que não pode ser criticado porque já "se blindou" entre os intelectualóides.

Digna a música. Mas não faz o meu tipo e nem vou ficar me forçando a escutar orquestras sinfônicas porque é "música de gente evoluída".

Gourmet Erótico
Veterano
# abr/11
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vou esperar o filme

Cavaleiro
Veterano
# abr/11
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Resumo.

tncv
Veterano
# abr/11 · Editado por: tncv
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vi

Viciado em Guarana
Veterano
# abr/11
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Codinome Jones
Ta bom... mas cadê as fontes?

Die Kunst der Fuge
Veterano
# abr/11
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Complexo de inferioridade comendo solto, hein...

Luiz Almeida
Veterano
# abr/11 · Editado por: Luiz Almeida
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fuska77

Eita pleuRa

Tem certeza que você só tem 16 anos??? Essa expressão é bem antiga.

Edit......

Codinome Jones
Veterano
# abr/11
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brunohardrocker
Não sei qual a relação entre a música e o texto, peguei ambos no site duma gravadora da Espanha, talvez esteja escrito la, quando eu estiver usando um computador decente vejo.

brunohardrocker
Veterano
# abr/11
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Codinome Jones

A composição do tal Haydn, é encomendada pela Igreja.

Mais de 200 anos depois, o Saramago aproveitou o título e fez a sua "interpretação".

A menos que a música seja apenas divulgada acompanhada ao texto ou vice-versa, mas relacionar uma coisa com outra não faz o menor sentido.

Codinome Jones
Veterano
# abr/11
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brunohardrocker
http://alia-vox.com/_docs/press/IN-MEMORIAM-JOSE-SARAMAGO.pdf

fuska77
Veterano
# abr/11
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Luiz Almeida

Tenho 16 anos mesmo, por aqui, é bem comum a gente falar isto! hehe!

brunohardrocker
Veterano
# abr/11 · Editado por: brunohardrocker
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Codinome Jones

A obra se chama "As Sete Palavras do Homem"

Ou seja, a 'Alia Vox' utilizou no DVD de tributo ao Saramago uma música de acordo com a Igreja e a Biblia...
"Version Originalle per Orchestra"

Skider
Veterano
# abr/11
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Putz... Esse Jesus ai falou pra carama antes de morrer ein?!

KaTy
Miss Simpatia 2012
# abr/11
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achei que eram 7 palavras mesmo, APENAS 7.

Will Bejar
Veterano
# abr/11
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fuska77
Luiz Almeida
Pra mim sempre foi "pleura" e não "preula"... já ouvi as duas versões, mas mais PLEURA do que PREULA...


Sobre as 7 palavras, parei na primeira...

Simonhead
Veterano
# abr/11
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Codinome Jones

O texto é bonito. Já li algo do Saramago, mas esse ai não.

Valeu!

brunohardrocker

Valeu pelo link!

Tiruk
Veterano
# abr/11
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As sete últimas palavras de Cristo
Caralho, eu tenho medo de altura, porra!

marcosshrp
Veterano
# abr/11 · Editado por: marcosshrp
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Vocês vão pagar muito caro por isso!
__1___2___3____4___5___6__7

kami_hiey_bakura
Veterano
# abr/11
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PRIMEIRA PALAVRA

Deus, Pai, Senhor, aqui me tens. Aqui me tens, finalmente, neste monte escalvado a que
chamam Gólgota e aonde, passo a passo, vieste encaminhando a minha vida a fim de que
todas as profecias fossem cumpridas. Sou o da cruz alta, a que está ao centro, e os homens
que me fazem companhia, um de cada lado, são dois ladrões vulgares, daqueles que se
contentam com roubar pouco, que se fossem dos que roubam muito de certeza não viriam
aqui crucificados. O que está à minha direita protesta que não quer morrer, grita como um
doido furioso, dá arrancos com o corpo como se pretendesse arrancar a cruz do chão e fugir
com ela às costas, ao outro já o vejo resignado, tem a cabeça descaída, apenas geme. Penso
que terei de lhe dizer alguma coisa que o console antes que isto se acabe. O bom que tem este
lugar para os condenados é ser Jerusalém a última imagem que levam da vida.
Não estamos sós. Entre os soldados romanos, os doutores da lei, os chefes dos sacerdotes, os
anciãos, e a gente comum que acudiu ao espectáculo, distingo, embora mal porque as dores
me estão nublando os olhos, minha mãe com algumas mulheres, e também, sim, está também
Maria Madalena. E está João, mas aos outros não os vejo, terão fugido. À morte deveria
assistir-se em silêncio, não este clamor de insultos, esta gritaria, este ódio insensato, estas
palavras de escárnio: "Salva-te a ti mesmo se és o rei dos judeus, lá está aquele que deitava
abaixo o templo e tornava a reconstruí-lo em três dias, que desça agora da cruz para nós
vermos e acreditarmos nele".
Deus, Pai, Senhor, era isto necessário? Não te bastava a simples morte? Já que terei de perder
a vida, perdoa-lhes tu o alvoroto, porque não sabem o que fazem. E eu? Virei a saber o que fiz
no mundo? E tu, Deus, Pai, Senhor, tens a certeza de que tudo o que fizeste foi bem feito?



não sou professor de português nem nada mais isso ai é um texto e não uma palavra

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