Marcelo Nova Veterano |
# out/05
Bomba Atômica Caseira
KAAAAABBUUUUUUUUUUUU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!...................
Considerações preliminares
Como tudo o que é bom, a construção de uma bomba atômica, por mais poderosa que ela seja, também deve se iniciar pelas preliminares. Você sabe muito bem que se partir logo para os finalmentes a sua parceira (ou parceiro, conforme a sua preferência) pode sentir-se um pouco frustrada(o).
Por que construir a sua própria bomba atômica?
As razões são muitas e apresentamos, apenas, algumas delas.
Nestes tempos difíceis, de muita violência, você deve aprender a se defender. Os menos imaginosos, os medíocres, compram revólver, pistola, espingarda, fuzis AK45, 47, granadas e metralhadoras. Coisas de amadores, mesmo porque qualquer pessoa pode adquiri-los com a maior facilidade no mercado negro. Nos outros mercados, os mercados branco, cinza e "technicolor" pode ser um pouco mais caro, mas também é possível comprá-los desde que se tenha bons agentes de intermediação. Tudo fácil de mais.
Se você tem competência para realizar algo com a suas próprias mãos, por que não fazê-lo? Use o seu engenho, arte e imaginação para construir um artefato poderoso e com mil e uma utilidades.
Ao fazer a sua própria bomba atômica, você estará contribuindo para a paz mundial, pois o seu poder de dissuasão irá aumentar significativamente. Pelo menos isso é o que dizem os donos dos grandes arsenais nucleares.
A bomba não é para ser usada. Ela é apenas um enfeite, um artifício, um acessório decorativo, persuasivo e dissuasivo de grande poder. A bomba não deve jamais ser usada, a menos que o seu uso se torne imperativo diante de um inimigo metido a besta que, evidentemente, ainda não tenha construído a sua, a dele, própria bomba.
Se o inimigo já tiver construído a bomba dele, aí as coisas ficam um pouco dificultosas, porque se a bomba dele for maior que a sua, você pode se ferrar.
Como saber quem tem a maior? É fácil. Você se lembra do seu tempo de menino(a)? Pois é. Faz do mesmo jeito, uai!. Mostre a sua peça e peça pra ele(a) mostrar a dele(a). Essa estratégia sempre funciona.
Depois que você tiver construído a sua bomba, peça a inscrição no clube dos matadores atômicos onde já se encontram: Israel, EUA, Índia, Paquistão, Reino Unido, França e Rússia.
Agora que está plena e satisfatoriamente demonstrado que você também deve possuir a sua própria bomba atômica, mãos à obra.
Primeiros passos
A primeira coisa é obter a matéria prima. Recomenda-se o urânio 235. O urânio 238 deve ser evitado, pois apesar de possuir apenas 3 graus de diferença na escala, ele costuma dar chabu. (Já pensou, na hora H, você esperando um sonoro KABUUUMMM! e vem apenas um fraco, e geralmente fedido, puf?)
Dê preferência ao urânio enriquecido, mas antes procure saber como ele enriqueceu. Se o enriquecimento dele ocorreu nos anos em que ele esteve em Brasília ou ocupando cargos no governo, mude de fornecedor, pois trata-se de enriquecimento ilícito. É urânio desonesto, muito embora goze de grande prestígio nos meios políticos e sociais.
Pegue 100 kg de urânio 235 e divida em duas porções iguais. Coloque cada uma das porções em um cilindro de metal, tampe e reserve.
Use um pincel, atômico, evidentemente, para identificar cada um dos cilindros. Em um deles escreva "MASSA SUBCRÍTICA" e no outro escreva "MASSA CRÍTICA".
A partir desse momento, evite, a qualquer custo, a contaminação entre os dois cilindros. As partículas da massa subcrítica somente devem encontrar as partículas da massa crítica no momento da explosão, depois de acionado o mecanismo fusível. Tá certo, é um tabu que nem aquele do noivo que não deve ver o vestido da noiva antes do casamento, mas tradição é tradição e deve ser respeitada.
Em seguid....
O quê?!! Como e onde conseguir o urânio? Putz, tenho que dizer tudo, é?
[Sinais de impaciência e irritação. Pausa.]
Tá bem, vamos lá.
Onde adquirir a matéria prima
As melhores fontes para adquirir a matéria prima são (pela ordem de preferência):
ferro velho,
organizações terroristas,
centros de pesquisas e usinas nucleares.
Ferro velho. Com um pouco de paciência, pode-se conseguir bom material radioativo no ferro velho e os preços são muito convidativos. Confira com cuidado e veja se o material está muito gasto ou descorado. Verifique a textura, o sabor e a cor antes de fechar negócio.
Organizações terroristas sempre pedem muito dinheiro para liberar porções radioativas, mas dá pra fazer boas aquisições.
Centros de pesquisa e usinas nucleares são bons fornecedores, mas seja cauteloso porque os diretores e funcionários não gostam muito quando desaparecem grandes quantidades de urânio de lá. Eles ficam um pouco inquietos, sabe.
Se for usar material oriundo de centros de pesquisa, seja exigente. Alguns centros fazem pesquisa submetendo mosquitos e batatas à radiação, de modo que é preciso saber se o material radioativo está contaminado com larvas. Quanto mais contaminado com larvas, mais insetos nos resultados, quer dizer, mais incertos os resultados.
Agora que você já tem o urânio, vamos à segunda fase.
Segundos passos: o mecanismo de detonação
Preste muita atenção nesta parte. Um acidente pode ser fatal. Mantenha as faíscas sob controle absoluto.
O mecanismo de detonação é constituído de 100 kg de dinamite e mais o pavio. Em vez da dinamite, pode-se usar pólvora de bombas de São João, mas você vai precisar de 150 kg dessa pólvora.
Antes de perguntarem como obter a dinamite ou a pólvora: compre a dinamite em lojas especializadas em dinamite e a pólvora em lojas especializadas em pólvora. Satisfeitos?
Em seguida, coloque a dinamite ou a pólvora em um cilindro de metal, tampe e reserve.
Prepare o dispositivo fusível, também conhecido como pavio detonador. Alguns cientistas chamam o pavio detonador simplesmente de fusível e os ignorantes chamam o fusível de fuzil.
Pois bem, não use um fuzil, quer dizer, um pavio muito curto. Se pavio curto é ruim em gente, imagine numa bomba atômica.
O maior perigo num pavio pequeno é o lapso de tempo decorrido entre o momento de acender e a hora de a bomba explodir. Se o tempo for muito curto, não vai dar para você se afastar e ficar a uma distância segura do artefato. Geralmente um metro de pavio é um bom tamanho.
Como você bem sabe, todo o pavio que se preza tem duas extremidades. Coloque uma das extremidades do pavio no recipiente contendo a dinamite (ou a pólvora). Evite fumar charuto ou cachimbo durante essa operação. Cigarros são permitidos, desde que o maço contenha aquelas fotos de gente com câncer que o governo mandou botar pra ver se amedronta os fumantes.
Coloque os três cilindros – os dois de urânio e mais o de dinamite (ou de pólvora, conforme a sua preferência) – sobre uma superfície plana e prenda-os fortemente com fita durex. (Fique de olho na marca. Se não for durex, esqueça.)
Pronto: sua bomba está pronta para ser usada. Clique aqui para apreciar o Diagrama 01. À primeira vista, ele pode parecer meio esquisito, mas com o tempo você se acostuma.)
Onde guardar a sua bomba atômica
Guarde-a em casa num lugar accessível, porque, quando dela necessitar, você vai encontrá-la logo ali bem pertinho e à sua disposição. Vez por outra, faça uma inspeção pra ver se os cilindros estão vazando. Preste atenção, porque um nêutron descuidado aqui, um elétron displicente ali e todo seu trabalho vai por água abaixo.
Em alguns países, os donos de bombas nucleares fazem buracos no chão e lá enterram as suas bombas, igualmente os gatos depois de fazerem necessidades fisiológicas. É uma boa alternativa.
Normas de segurança
Muito embora o processo de fabricação seja absolutamente seguro e isento de maiores riscos, alguns cuidados devem ser tomados.
a) Lave sempre as mãos com água e sabão após manusear o urânio. Use a sua escova de dentes para remover o pó que insiste em se abrigar sob as unhas. Se quiser usar luvas de segurança, compre dessas de supermercados. São mais baratas.
b) Enquanto você coloca o urânio nos dois cilindros, pode acontecer de subir uma poeira radioativa resultante da desagregação do material. Ao ser aspirada em grandes quantidades e metabolizada, essa poeirinha pode, eventualmente, impedir o organismo de produzir as células vermelhas do sangue.
Se você não sabe, as células vermelhas servem para dar a cor de sangue ao sangue e a ausência delas faz com que ele adquira cores variadas e imprevisíveis. Mesmo considerando que as conseqüências sejam meramente estéticas, fica esquisito se você sair por aí, pegar uma bala perdida, sofrer um assalto e chegar no pronto socorro sangrando um sangue rosa-choque ou azul-da-prússia. Pega mal, pacas. O que vão pensar de você?
c) Para evitar a inalação da poeira radioativa a melhor forma de prevenir é prender a respiração durante o manuseio do urânio. Pode ser que, no começo, você fique meio arroxeado devido à falta de oxigênio nos pulmões, mas, com o tempo, você se acostuma.
d) Para evitar que grânulos de urânio se instalem no seu estômago, jamais manuseie urânio enquanto estiver de estômago vazio.
e) Se, após uma jornada de trabalho com o urânio, você se sentir um pouco sereno, tonto ou sonolento isso pode ser conseqüência da redução das células vermelhas do sangue. Para ter certeza, vá até um laboratório e mande fazer a contagem delas. Exija a contagem em todo o sangue e não apenas em uma amostra. É mais preciso. Se for constatada a redução, tome dois copos desses refrescos tipo framboesa, groselha ou morango às refeições durante dois ou três dias.
f) Evite ficar muito perto da bomba no momento da detonação. A temperatura pode chegar a 100 milhões de graus centígrados e isso pode provocar queimaduras. Se for absolutamente indispensável acompanhar o processo de detonação, use protetor solar.
Considerações finais
Avise os vizinhos e malfeitores que você está bem armado. De que adianta todo esse trabalho e investimento em alta tecnologia se ninguém souber que você tem a força?
Os vizinhos vão respeitar e temer: nada de roubar o limpador de pára-brisa do seu carro, nada de pedir duas cebolas emprestadas e não pagar. Prioridade no elevado
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