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Julia Hardy Veterano |
# set/17 · Editado por: Julia Hardy
Já que está em voga aqui no fórum tópicos sobre a qualidade(ou falta de)do que está sendo produzido no mainstream atual, eis uma entrevista já antiga do Robertinho Do Recife em que ele fala sobre a sua carreira e sobre como funciona o mercado musical no Brasil, sobre música pra fazer sucesso, etc.
"Eu não ganhava grana com o meu trabalho com o Fagner, minha filha tinha ficado com minha mãe em Recife e eu tava com a Neuza aqui no Rio. A gente morava mal, num quarto-de-empregada que não comportava nós dois. Tinha dia que eu não tinha dinheiro pra comer.
Mesmo com dois discos lançados por uma multinacional?
Mesmo com dois discos! Cara, era um caos... Eu lancei o disco que tinha O Elefante e aí minha vida começou a melhorar em termos financeiros, porque a música vendeu muito. Eu tive que fazer um disco pra vender, pois até então meu disco não vendia nada. Eles vendiam 7 mil, 10 mil cópias e não davam pra segurar. Eu vi que no Brasil só fazia sucesso música de merda. Quando pior a música, mais sucesso faz. Com raros os casos. O que faz o disco vender é a pior música do artista. Até grandes talentos... Aí eu comecei a entender mais o mercado e lancei O Elefante, que é minha música mais conhecida. Raras são as pessoas que se lembram de mim quando eu fiz o heavy metal ou quando eu fiz os clássicos. Inclusive, quando eu estava fazendo o show clássico, tinha gente - até o Herbert Vianna mesmo, só faltou eu dar uma porrada nele - que gritava: "Toca O Elefante!" (risos) Eu cheguei: "Pô Herbert, tu quer me fuder? Logo você?" "Não, é que eu adoro essa música" "Mas eu não gosto!" Você tá me entendendo? É a mesma coisa que alguém gritasse pro Paulo Gracindo fazer o Odorico Paraguaçu no meio de peça de Shakespeare... Parece que o cara tá dizendo: "Pô bicho, tu só sabe fazer aquilo!" No Brasil, tem uma coisa sobre a qual eu quero falar e repetir exaustivamente, muito embora eu não possa fugir muito dela quando estou produzindo discos: o que tá acontecendo é que a cultura tá muito miscigenada e muito dirigida e muito dominada pela mídia. Todo mundo fala que no tempo da ditadura não tinha liberdade artística, mas hoje em dia a gente também não tem liberdade artística, porra. A liberdade que você tem varia de acordo com os padrões da mídia, que é muito pior do que a censura. Se não vende, tá fora. É muito pior, porque na época da censura o tiro saía pela culatra. Quanto mais se censurava, mais as pessoas davam força. Ultimamente, nego não quer ouvir quem não toca na rádio. Disso ninguém fala, porra! O Brasil tem um trauma fodido com o negócio da ditadura, mas é uma coisa que acabou e que passou. Aqueles problemas se transformaram em outros que são muito piores e muito mais poderosos. Não se trata de meia dúzia, é o sistema, é o dragão que chega e estraçalha os verdadeiros talentos. Só quem "tá rápido" é que dá certo, porque tem o que "tá lento" (que tem talento) e o que "tá rápido". O que "tá rápido", vai lá e consegue um sucesso rapidinho, enquanto o outro - que tem um puta talento - vai lento... até conseguir alguma coisa. Cem por cento dos caras de rádio estão cagando pra talento.
Só o rádio?
Não, todo mundo... mas tudo vem daí. E cada vez mais subestimam a inteligência do povo, porque tiram dele a opção de escolha. Você não tem mais opção de escolha. Antigamente, você tinha opção... mesmo que a censura chegasse e barrasse, porque você tinha como comprar no câmbio negro. Foi assim que um monte de gente fez carreira. Hoje em dia, não. A pessoa vai ser queimada e vai se foder. "Esse aí tira, entra outro".
Não existe mais o conceito de marginal?
Não existe. Hoje em dia, esse aí não dá mais certo. Fica todo mundo levantando bandeiras... Ah, deixa de palhaçada. Eu fico puto quando eu vejo toda essa polêmica em cima do Tiririca...
Você pode estar cansado da máquina, da idéia de lançar discos e tal, mas você podia fazer shows e curtir o público. Isso não te comove?
Acontece o seguinte, bicho. Quando as pessoas vão assistir shows hoje em dia, elas não vão mais pra ver o artista em si. No tempo da ditadura, as pessoas iam assistir shows pra ver o que o artista ia fazer e não atrás de uma coisa ou outra. As pessoas iam pra se divertir, pra ver o que você fizesse. O objetivo era o show, era o artista e não uma música que esteja tocando no rádio, porra. Vão à merda! Que geração burra essa que vai assistir ao que dita a Rede Globo. Esse poder, quem dá é o povo. Power to the people? Não, people give the power. John Lennon tava errado nessa coisa.
Ou o mundo é que mudou muito?
Então eu vou perder meu tempo sozinho no deserto? Pra eu trabalhar nesse sistema, eu quero ser apenas produtor... porque eu ajudo os artistas a suavizarem suas dores. Eu chego assim: "Existe isso, isso e isso. Eu também concordo que isso aqui é do caralho, mas..." Acontece, por exemplo, de muitos artistas serem versáteis pra caramba e não tocarem somente um tipo de música. É o caso do Rogério Skylab, ele trouxe vários estilos de coisa que ele faz. Pra mim, isso significa diversificação e versatilidade... mas, quando você grava um disco, você tem que seguir uma linha. A minha posição, quando estou produzindo, é a de pegar a coisa mais diferente e seguí-la. É difícil de se fazer qualquer coisa hoje em dia. Eu não penso que todas as 12 músicas de um disco sejam pra tocar no rádio, quando o estou produzindo, porque nunca que todas elas serão tocadas. Eu penso que quatro sejam feitas dentro dos padrões, para que o disco venda e o artista sobreviva. Mas tem que ter outras coisas, pois as pessoas vão levar o disco pra casa e ouvir o artista educando e informando o povo com certas novidades. Quando os caras não têm 4 músicas, fazem doze que vão brigar entre si pra ver qual vai dar certo. Esse inclusive é o padrão de 90% dos produtores. E o padrão que eu uso é diferente.
Sobre os "metaleiros":
Você não tem o seu público?
Olha bicho, eu tinha... mas o mais fiel foi o público do heavy metal. Se eu tive um público, foi o público dos metaleiros. O resto foi graças a Fagner, mas aí é público do Fagner que gosta de me ver tocando com ele. Tem o público da Gal, que gostou de me ver tocando com ela. Sempre o público desses artistas. Eu toquei com o Elymar durante dois meses e na mesma época marquei um show meu no Canecão. Como no show dele eu sempre tocava uma música - o Pepperland -, todo mundo batia palma de pé. Ele é campeão de público no Canecão.
Onde é que o Yahoo entra na história? Pois é, depois que eu fiz o "Metalmania", eu não consegui contrato com ninguém. Pra você ver, ninguém queria me contratar.
O "Metalmania" não tinha dado certo? Em parte, mas não vendeu discos. Eles queriam um segundo "Elefante". Miguel só deixou eu gravar o heavy metal se eu gravasse o Chocolate, então uma coisa matou a outra.
Você achava que o pessoal havia de colocado na geladeira na época do "Metalmania", mas existe uma estória de que o disco não foi devidamente trabalhado e por isso não vendeu.
Não foi isso. Na verdade, por eu estar sufocado por toda essa coisa, eu fui um cara que briguei, subi em cima de mesa, mandei diretor de gravadora ir tomar no cu e depois de um certo tempo eu até mandei flores para estas pessoas... Na verdade, eles estavam fazendo o trabalho deles e não tinham culpa disso. Isso era uma crise mas era a realidade. E o que eu poderia fazer contra a realidade? Aí eu cheguei e falei: "Ah, a estória é essa? Então eu vou produzir uma coisa!" Então aí vem o Yahoo.
Pra você ganhar uma grana.
Aquilo foi intencionalmente comercial. Se você quiser, você monta uma banda de pagode e vai ser a mesma coisa. No tempo do sertanejo, se o Yahoo mudasse de nome pra Os Tira-o-Leite ia vender. Pronto. É só você ir na veia do mercado. Tem uma hora pra baiano - então você se veste de baiano, se veste com aquelas coisinhas e faz um corte de cabelo estranho e vai lá. Consegue. Depois, você entra em outra onda. E aí você fica esperando pelos modismos, porque senão nego não contrata. Porra bicho, eu tenho passado por isso também como produtor... com outras coisas que eu produzo. Eu produzi uma banda de Recife chamada Pinguim, que era uma banda muito boa mas não vendeu mais de 50 mil cópias. Se você vende 20 ou 30 mil cópias, não interessa pra eles. "Traz outro pra tentar". E gravadora também tem o seguinte, eles não fazem muita coisa. Muitos artistas ficam iludidos, pensando: "Pô, tem que arrumar uma gravadora grande". Às vezes, é melhor ele procurar um selo... porque tudo vai depender do trabalho dele; do trabalho físico, com o fôlego pra correr atrás sozinho... porque vai acontecer a mesma coisa se estiver numa gravadora. A gravadora vai lançar e vai esperar pra ver. Se não acontecer nada, eles também não vão fazer nada.
Continua a história do Yahoo. Você vendeu a idéia pra EMI?
Não. Aí é que tá, eu fiz um caminho totalmente diverso. Eu cheguei, banquei o disco do Yahoo e fiz tudinho. Quem cantava era Rosana, do Como Uma Deusa. A gente mandou uma demo pra todas as gravadoras... com ela cantando. E ninguém quis. Foi quando eu cheguei e banquei uma produção nos Estados Unidos, botando o Zé Henrique (ex-Analfabitles) pra cantar. Eu botei a voz dele e levei a fita pro Roberto Talma e pro Jodele Larcher, que gostaram da versão de Def Leppard e a colocaram na novela. E eu não tinha gravadora. Geralmente, a música toca na novela mas não toca em rádio. Mas essa se destacou tanto, que começou a tocar nas rádios. Chegou ao 2º lugar e a Odeon nos contratou, mas isso não tem mérito nenhum. A gente não precisava deles. Se eu fosse independente, teria vendido até mais do que dentro da Odeon. Mas aí a gente acabou se fudendo. Eu tinha todo um plano de marketing em cima do conjunto, porque todo mundo ouvia aquilo e não sabia se era uma mulher cantando ou se era um homem. Que diabo era o Yahoo? Um cara ou uma banda? Existia uma coisa ali e eu ia jogar em cima disso o tempo todo.
Ninguém sabia que era o Robertinho de Recife?
Ninguém sabia de nada. O disco não tinha foto da gente na capa, mas mesmo assim eu não queria aparecer. Eu só queria fazer grandes programas, tanto que o primeiro programa que eu abri pra fazer foi o "Globo de Ouro" - com a gente no primeiro lugar da parada. Foi aí que a gente mostrou a cara e eu só queria isso. Mas aí começou: "Clube do Bolinha", "Raul Gil" e não sei o quê. Não era aquilo que a gente queria.
Você pulou fora do Yahoo mais ou menos nessa época? Depois disso, o que aconteceu foi que eu sempre fui muito o general do grupo. Eu dava toda a atenção ao Zé Henrique, porque eu fiz o grupo pensando mais nele mesmo. Tanto que eu fiquei por trás. A intenção já era a de sair, passando a bola pra ele. Só que eles criaram uma democracia ali e democracia é uma palavra na qual eu nunca acreditei. Tem muita gente que usa essa palavra com demagocia, só pra conseguir coisas. Criaram a democracia para despistar e tirar fora o ditador da estória... que na verdade é o criador. Na verdade, todo líder pode às vezes até ser um agente estranho a esta falsa democracia. Mas tudo tem um líder. Os pássaros têm um líder, os animais têm líderes. É ele quem vai direcionar... mas, como a gente vive neste trauma de ditadura, tudo que lembrar poder incomoda. Bicho, isso é um trauma que o Brasil leva e que é uma pedra no sapato. (...) Ah, isso é que dá a super-exposição. O que é que acontece hoje? A mídia te expreme até o bagaço. O artista precisa conhecer seu timing de exposição.
Talvez hoje as pessoas já tenham aprendido. Mas isso muda o tempo todo, bicho. A Odeon fazia de tudo pra gente ficar o tempo todo dentro do "Qual é a Música?", do Sílvio Santos, e a gente acabou passando quatro meses lá - todo domingo. O que acontecia? A gente tava super-exposto ali. Ninguém precisava comprar o disco se a música tocava toda hora. Bastava ligar a televisão que a gente estava em todos os canais, como é Tiririca hoje em dia. O que acontece? Isso muda todo dia. Se você não está aparecendo hoje em dia, é porque você não está fazendo sucesso. A cabeça das pessoas é assim. As pessoas são tão desinformadas que acham que, se você não aparece na televisão, você não é sucesso. Pra começar, é assim.
Infelizmente, mas a televisão é o melhor meio de se chegar a qualquer parte do país. É, mas eu não estou tão interessado nisso. Eu tô dando essa entrevista porque é para vocês, porque eu geralmente não procuro essas coisas. Você pode dizer que eu sou um cara difícil de dar entrevistas... porque eu não dou mesmo. Eu não saio daqui. Não é mágoa, é porque minha cabeça está num outro lugar.
O seu ego não exige que você apareça. Nem um pouquinho, eu não tô nem aí... Às vezes sai uma matéria dizendo que "o Robertinho de Recife produziu esse disco", mas eu fico puto. Eu prefiro que não falem em mim. E tem outra coisa: "Aparece lá no show pra você fazer uma participação especial". Eu não quero aparecer em show nenhum. Não me importa o público, não me importa o público. Não tô nem um pouquinho interessado nele. Não tô mesmo. Eu não quero nada deles, não quero que eles comprem nada meu."
O trabalho original dele.
O que fez sucesso:
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PguitarMaxx Veterano |
# set/17
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Música é algo tão pessoal e introspectivo(pra mim) que eu imagino o quão deprimente deve ser viver na "veia" do mercado. Por outro lado, o musico tem que comer, né... É complicado.
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Mauricio Luiz Bertola Veterano
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# set/17
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PguitarMaxx IMHO, não acho que seja complicado não... Músico é um profissional como outro qualquer e tem que trabalhar como qualquer pai de família. Se as universidades em que eu trabalho me MANDA lecionar, por exemplo, Antropologia Cultural (e eu já o fiz...), eu tenho que ir lá e fazer. Se não não pago as minhas contas e fim de papo. A vida real é assim... Abç
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Ismah Veterano |
# set/17
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PguitarMaxx
Eu não sei tua profissão, mas como a maioria das profissões, há um chefe direto ou indireto (o contratante)... E muitas vezes estamos forçados a fazer coisas que não gostaríamos. Não sou obrigado a seguir a favor da correnteza, mas é o caminho mais fácil, e que os dobrões são garantidos.
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Synth-Men Veterano |
# set/17
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Julia Hardy
Tem jeito não.
Musico pode ser o mais criativo que for, mais versátil e eclético, com ata capacidade de produzir e reproduzir. Fez contrato com gravadora, vira funcionário dela. A palavra" artista independente" assusta aqui no Brasil.
A cultura está nas mãos da mídia e as produtoras fazem o que a mídia diz que você vai ou tem que ver. Neste caso,um artista sozinho, não irá fazer verão. Já que diversão é sentar no sofá e arte, o que passa na televisão.
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Lelo Mig Membro
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# set/17
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O problema de ficar velho é que a gente percebe que viver fazendo o que se gosta é muito, muito mais raro do que parece.
Eu pago um preço altíssimo por escolhas que fiz apenas pela paixão e prazer... Algumas escolhas com sequelas irreversíveis.
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metal_ofender Membro Novato |
# set/17
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Lelo Mig
E se pudesse voltar atrás? Iria mudar ou errar dnovo? Haha
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TendTudo Membro Novato |
# set/17
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quê me fosse, já teriam me banido, um autor de tópico inútil que nada tem a acrescentar ao fórum, ainda por cima, oportunista por parte da Julia. Gosto dela, acho rebelde no ponto certo porquê às vezes muito senso crítico dá censo crítico de baixo IDH.
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Pleonasmo Membro Novato |
# set/17
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Pior que a música do elefante realmente é melhor.
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Felipe Stathopoulos Membro Novato |
# set/17
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Interessante algumas das visões dele. Mas a entrevista está datada: as coisas mudaram muito de lá pra cá. Programa do Bolinha? Silvio Santos? Odeon? Isso tudo já era...
O fato é que a internet quebrou as pernas das gravadoras, está a quebrar as pernas do mainstream (rádio/TV), vai quebrar as pernas de quem investe tempo e talento (pra não falar de grana) em música lixo, e este processo é absolutamente irreversível.
Ninguém realmente liga para o que toca na TV ou no rádio. É tudo lixo, todo mundo sabe disso, e nobody fucks. Escuta rádio no carro porque esqueceu o pendrive em casa. Assiste os shows de talento da Globo porque não dá pra almoçar e ficar escolhendo conteúdo no Youtube ao mesmo tempo.
Ponham isso na cabeça: a grande mídia acabou. Está fadada ao fracasso e à irrelevância, com os dias contados. Porque? Simplesmente porque na internet VOCÊ escolhe o que vê/ouve, e não algum otário engomadinho dentro de um escritório cheiroso.
Tem canal no youtube de banda totalmente "underground" (se é que ainda se pode usar este termo) com milhares de seguidores, que é lançar uma música e começar a faturar em cima. Não é fácil (nada é fácil), não cai nada do céu, ninguém fica milionário só com isso, mas rola, basta ter culhões.
Agora, por outro lado, eu tenho uma ideia muito minha: artista pra ser bom tem que ser um fudido na vida mesmo. Pode ver: artista quando ganha muita grana, quando tudo vai bem, quando o cara vive idilicamente, some: só faz trabalho bunda. O cara pra ser artista relevante tem mesmo é que ser um porra-louca, doidão da cara, rejeitado por tudo e todos, escória da sociedade. Senão não vence, e se vencer e esquecer as lições da vida, some.
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DuBarzinho Membro Novato |
# set/17 · Editado por: DuBarzinho
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Felipe Stathopoulos
algum otário engomadinho dentro de um escritório cheiroso O escritório dele mudou para o google, por que por mais que eu não veja tem sempre uma porra de um Kondzilla nas sugestões, nesse futuro em que a midia como conhecemos quebra, para o espectador nada muda, passaremos a ser guiados pelos clicks dos outros e o Robertinho do Recife vai continuar tocando O Elefante.
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Pleonasmo Membro Novato |
# set/17
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Felipe Stathopoulos Ponham isso na cabeça: a grande mídia acabou. Está fadada ao fracasso e à irrelevância, com os dias contados. Porque? Simplesmente porque na internet VOCÊ escolhe o que vê/ouve, e não algum otário engomadinho dentro de um escritório cheiroso.
Muito inocente da sua parte, a mídia ainda tem força total. Existem tantas tecnologias que servem para direcionar o público para onde eles querem e conseguem com maestria, vejo isso o tempo todo por trás dos bastidores..
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Felipe Stathopoulos Membro Novato |
# set/17
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DuBarzinho
Pleonasmo
"O escritório dele mudou para o google, por que por mais que eu não veja tem sempre uma porra de um Kondzilla nas sugestões, nesse futuro em que a midia como conhecemos quebra, para o espectador nada muda, passaremos a ser guiados pelos clicks dos outros e o Robertinho do Recife vai continuar tocando O Elefante."
"Muito inocente da sua parte, a mídia ainda tem força total. Existem tantas tecnologias que servem para direcionar o público para onde eles querem e conseguem com maestria, vejo isso o tempo todo por trás dos bastidores.."
Sei lá manos, posso estar tomando geral pelo meu comportamento, mas eu só assisto/escuto/leio o que eu quero. Cago grandão nas sugestões do Youtube, Google, Foicebook, CIA, NSA, reptilianos, Clube Bilderberg etc. Não dou like em bagulho que eu não curto, e se achar muito bunda dou deslike na caruda e corto no meio que é pro cabra não monetizar.
O que quero dizer é: na net quem manda é o usuário. Se ele quiser, enterra a merda toda e os caras se lascam. Comportamento consciente driblando os algoritmos dos almofadinhas. Daí, da próxima vez que eu logar o lance que eu descurti nem aparece mais.
Mas claro, cada um cada um. Se o cabra, tendo o mundo todo na ponteira do mouse, prefere assistir lixo, ouvir bosta e ler merda, que que se há de fazer?...
Abçs
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acabaramosnicks Membro Novato |
# set/17
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É muita ingenuidade achar que TV e rádio deixou de ter relevância. Eles ainda mandam na maior parte das merdas que passam na cabeça das pessoas, antes mandavam em absolutamente tudo pq só existiam eles. Lixo faz sucesso pq o povo gosta de lixo, se o povo continua uma merda, vai continuar consumindo lixo, o que mudou é que hoje tem mais lugares pra se consumir coisa ruim, como o YouTube, que tá lá com incontáveis cliques no canal do KondZilla. Quer dizer, vc pode escolher o que consome, mas vai escolher o lixo se for isso que vc quer. Sim, hoje é possível viver de música mais dignamente que antes sem se render taaanto assim à mídia, mas continua sendo muito difícil, continua sendo necessário se vender pelo menos parcialmente, e isso meio que não vai mudar nunca. O legal é saber que mesmo sem ser músico profissional nem nada é possível, com certa facilidade, gravar um disco, um MP3, etc e mandar pra todos os seus amigos, família, e pra algum outro aleatório em qualquer lugar do mundo que pode acabar gostando da sua música. Mas faturar uma grana e viver disso é pra poucos, e desses poucos uma grande parte teve que se vender. É por isso que eu faço questão de comprar CD do ponto nulo no céu, CD do Feared, mp3 do Rubel, etc... Tem que apoiar esses caras para que continuem ativos.
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Pleonasmo Membro Novato |
# set/17
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Felipe Stathopoulos O que quero dizer é: na net quem manda é o usuário. Se ele quiser, enterra a merda toda e os caras se lascam. Comportamento consciente driblando os algoritmos dos almofadinhas. Daí, da próxima vez que eu logar o lance que eu descurti nem aparece mais.
Mais ou menos, toda vez que você vai pesquisar algo um pouco abrangente, os algoritmos por trás vão trazer resultados ordenados de acordo com o leilão de cliques e palavras que foram compradas anteriormente pelo engomado.
Você pode se considerar algo próximo de livre caso vá além da primeira página do google e do youtube quando pesquisa algum termo, não utilize redes sociais, não esteja logado no chrome e sempre navega em modo anonimo.
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tito lemos Veterano
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# set/17
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Não sei vocês, mas eu não achei esse "O Elefante" coisa ruim não. Viajei aqui, é até meio surrealista esse trem ai...
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Buja Veterano |
# set/17
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Poxa é a mesma historia de novo, de quem manda no mercado e nas midias.
É muito simples essa equacao, nao precisa de estudo nenhum pra enxergar isso, basta saber matematica e logica:
Temos 99% do dinheiro brasileiro na mão de 1% da população. Portanto, 1% tem o poder de controle, sobretudo, escolha. Esses 1% consomem o que querem, e ditam o consumo dos outros 99%.
Como ditam? Impoem? Claro que nao. Nada imposto é seguido, ja que nos, quais seres humanos, detestamos seguir regras. Como é imposto então?
Qual o meio que voce consome conteudo? Radio, TV, Internet, Livros, Streaming? 1% da populacao controla estes meios e decide o que vai pra la. E o que vai pra la? O que faz esse 1% continuar sendo o que é: dinheiro. Deu dinheiro vai pra la. E o que da dinheiro? Aquilo que os 99% consome. E o que os 99% consome? O que os 1% decide colocar la. E porque os 99% aceita? Por Se 1 aceita, outro tambem aceita, quase que por osmose. Se 2 aceita, ja se formou um grupo. Pra entrar nesse grupo social, voce tem que aceitar. Dai sao 3. Se sao 3, outro ficará louco pra entrar, logico terá que consumir pra ser do mesmo grupo. Assim vai, até 99% da populacao aceitar, e se tornar um grupao.
Pooooo, é muito simples. O mundo inteiro por completo gira por dinheiro.
Musica boa faz sucesso tambem. Mas bom ou ruim é algo que todo mundo, decide por si proprio. Mas é fato, que a imensa maioria coloca na balança da decisão o bom ou ruim seguindo o criterio: se é bom pra ele, é bom pra mim.
E assim 99% consome. Da dinheiro. 1% continua firmemente estável no que os torna 1%. Dinheiro. Logo, eles ditam outra regra, outra musica, aleatoria, qualquer uma. Um escuta. O segundo vê o primeiro escutando, escuta tambem, pois se é bom pra ele, é bom pra mim tambem. Essa dupla forma um grupo, pois o terceiro, ao escutar tambem, influenciado pela 'maioria' (os dois), participa do grupo. O quarto nao quer ficar de fora do grupo. Escuta tambem, gostando ou nao, pra ser do grupo, e assim vai.....and goes..goes...goes...
Conta simples e facil.
Ai entra o que o Bertola falou: Voce detem o poder ou nao?
Se suas contas sao pagas e ainda sobra sem precisar de fazer parte do grupo, ok, ta bom pra voce. Caso contrario, voce seja dos 99%, precisa fazer o que o grupo faz pra conseguir pagar as contas, sobreviver. É musica de merda que te faz sobreviver? É musica de merda que terá que fazer ou suportar.
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SteveRayMorse Veterano |
# set/17
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Felipe Stathopoulos
Se fosse assim, não iríamos ver a Anitta numa tentativa tosca de cantar bossa nova pra gringo ver praticamente pelada. E pior, bombando!!
Nada contra ela, apenas contra quem "escolhe" ouvir e assitir. Paciência, mas a "Grande Mídia" ainda tem suas cartas na manga pois já infuênciou tanto o povo que algumas coisas são irreversíveis.
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SteveRayMorse Veterano |
# set/17
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Buja
É bem por aí mesmo.
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JJJ Veterano
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# set/17 · Editado por: JJJ
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Robertinho de Recife é uma figura um tanto peculiar...
Acompanhei de perto a trajetória dele (fomos inclusive padrinhos de casamento de um músico que conhecíamos e com quem tocávamos - embora eu mesmo nunca tenha tocado com ele).
A fase inicial dele é, de longe (pro meu gosto, claro) a mais interessante. Tem toques de prog, de jazz, coisas do nordeste, muito instrumental... E o cara toca muito.
Mas depois virou um camaleão, indo conforme a onda. Eu entendo perfeitamente o que o Bertola disse. Trabalho é trabalho e as pessoas tem que viver. Mas tem uma hora que, se não colocar uma barreira, um limite, fica complicado... sei lá...
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Julia Hardy Veterano |
# set/17
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Felipe Stathopoulos
Interessante algumas das visões dele. Mas a entrevista está datada: as coisas mudaram muito de lá pra cá. Programa do Bolinha? Silvio Santos? Odeon? Isso tudo já era...
A entrevista é de 1996. No entanto, o cerne da questão ainda é o mesmo.
Simplesmente porque na internet VOCÊ escolhe o que vê/ouve, e não algum otário engomadinho dentro de um escritório cheiroso.
Será mesmo? Pelo que faz sucesso por aí, não sei não. Além do mais, a maioria não tem disposição de ouvir algo diferente. Essa é uma reclamações do Robertinho na entrevista.
tito lemos Não sei vocês, mas eu não achei esse "O Elefante" coisa ruim não. Viajei aqui, é até meio surrealista esse trem ai...
Eu adoro. Mas, a opinião é do artista. Ele não gosta.hehe
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entamoeba Membro Novato |
# set/17
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Cada vez estou mais convencido de que o melhor caminho para se fazer arte autêntica é sem expectativas de retorno financeiro. Mas aí falta grana, tempo de dedicação à obra, alocação de recursos para esse fim, bons contatos - que propiciam boas experiências, aprendizado, amadurecimento artístico etc. Eis o paradoxo!
Enquanto os gringos compram equipamentos excelentes com o que ganham em um trabalho de meio período no McDonalds, nós precisamos de curso superior e de encarar um expediente completo para ter o mesmo poder de compra. Quando adquirimos um pouco de autonomia financeira, a maioria de nós já casou, já está financiando um apartamento e a música já não tem mais aquela importância de antes.
Ainda que você tenha "escapado" desse vórtex de mediocridade, terá o desafio de encontrar outros caboclos que tenham feito o mesmo e que tenham afinidade artística com você.
Quem sobrevive a tudo isso?
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Adler3x3 Veterano |
# set/17
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O fato é que estamos passando por uma fase de transição.
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Buja Veterano |
# set/17
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entamoeba Quando adquirimos um pouco de autonomia financeira, a maioria de nós já casou, já está financiando um apartamento e a música já não tem mais aquela importância de antes.
E o tempo é o pior massacre de todos. A grana pode até ta de certa forma na mao, mas voce rala tanto, ta tao cansaço que pensa....vou comprar um fractral que nao posso vou usar nem 2% do recurso dele, ou vou comprar uma viagem pra mim e pra patroa ver a torre eiffel e uns estados islamicos andando na rua....pelo tempo e cansaço...tu vai a paris.
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acabaramosnicks Membro Novato |
# set/17
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Eu acho que é bom ter e admiro quem consegue ter o lado A e o lado B sem foder com nenhum dos dois lados. Só pra dar um exemplo, que eu particularmente não gosto mas ilustra bem isso, é a banda Fresno. Fizeram meia dúzia de músicas muito clichês e dentro da modinha atual pra vender, e em paralelo fizeram os sons que gostavam, deu certo. Não é pra qualquer um não! Parece que o Robertinho não conseguiu. Acabei de escutar as duas músicas do tópico, achei a do elefante insuportável, e a anterior muito bacana e interessante; apesar de não ser do meu gosto, me senti cativado e escutei até o fim.
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PguitarMaxx Veterano |
# set/17
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Mauricio Luiz Bertola Ismah Sim, claro. Se seu objetivo é unicamente ganhar dinheiro(e que fique registrado que não tem nada de errado com isso) realmente é bem simples. Mas pra muito artista a realização profissional vem de algo mais. De repente de algo menos, vai saber.
Há um tempo assisti a uma entrevista de de uma bluesgirl em um desses canais gringos do u2b, onde ela dizia que fazer o que gostava e como ela gostava era o que a deixava realizada, que não estava milionária e provavelmente não ficaria, mas que o dinheiro que ela conseguia nas noites tocando em bares era o suficiente pra pagar as contas. Seu nome é Mia Z, ela participou de um desses The Voices, ganhou um pouco de visibilidade e agora a agenda de shows deu uma engordada. Ainda toca pra pouca gente, mas continua tocando o que gosta
Dinheiro todo mundo quer e todo mundo precisa, vocês tem razão sim. Mas para A MINHA PESSOA só isso não basta. Vale deixar claro que em nenhum momento estou falei de estilos ou musicas que eu considero ruim. Ou que música comercial é obrigatoriamente ruim. Eu não acho isso e inclusive gosto de muita coisa que toca no mainstream.
Peace
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Pleonasmo Membro Novato |
# set/17
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entamoeba Cada vez estou mais convencido de que o melhor caminho para se fazer arte autêntica é sem expectativas de retorno financeiro. Mas aí falta grana, tempo de dedicação à obra, alocação de recursos para esse fim, bons contatos - que propiciam boas experiências, aprendizado, amadurecimento artístico etc. Eis o paradoxo!
Enquanto os gringos compram equipamentos excelentes com o que ganham em um trabalho de meio período no McDonalds, nós precisamos de curso superior e de encarar um expediente completo para ter o mesmo poder de compra. Quando adquirimos um pouco de autonomia financeira, a maioria de nós já casou, já está financiando um apartamento e a música já não tem mais aquela importância de antes.
Ainda que você tenha "escapado" desse vórtex de mediocridade, terá o desafio de encontrar outros caboclos que tenham feito o mesmo e que tenham afinidade artística com você.
Quem sobrevive a tudo isso?
Que porrada na cara em? Pior que vejo isso acontecer com todo tipo de hobby que as pessoas tem.
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SteveRayMorse Veterano |
# set/17
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entamoeba
É exatamente isso. É a pintura do pretendente "músico" brasileiro.
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Mauricio Luiz Bertola Veterano
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# set/17
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PguitarMaxx Só um detalhe: Artista é uma coisa. Músico, pode, ou não, ser um "artista"... Há que se definir o que se chama de "artista"... A Realidade nos EUA é MUITO diferente da do Brasil (e do resto do mundo - exceto talvez parte da Europa Ocidental), e um músico nos EUA pode ter uma vida de classe média razoável apenas tocando, coisa quase impossível aqui (as exceções, como o DeRos, por exemplo, só confirmam a regra...). Eu, apesar de meu amor pela música e pelo róquenrrol, jamais quis ser músico profissional (vários em minha família o foram), e, mesmo com a formação que tenho, e estando muito bem empregado em minha carreira, tenho dificuldades para sustentar minha família hoje em dia... Minha banda, que toca com regularidade por aqui, é uma espécie de hobbie sério (para todos os membros da banda), e mesmo a luthiería, a qual me dedico à décadas, está rendendo muito pouco... Assim, se alguém quer ser músico aqui, ou tem que ter uma profissão rentável que sustente tal desiderato (e o "gosto pessoal"), ou tocar sertanejo, pagode e etc porque esta é a Realidade... Abç
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sandroguiraldo Veterano |
# set/17
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Mauricio Luiz Bertola tem que ter uma profissão rentável que sustente tal desiderato (e o "gosto pessoal"), ou tocar sertanejo, pagode e etc porque esta é a Realidade.
Concordo com você... ____
Eu percebo que tem um lado também que é do chaatismo (versão xiita). Deixa o cara tocar sertanejo... ele tá tocando; pode não morrer de amores pelo estilo, mas tá no palco, fazendo som, comprando e revendendo instrumentos... tá movimentando alguma grana, por menor que seja, com a música. Mas tem gente que prefere ficar no quarto, tocando seus révimetal pra sempre, do que se "rebaixar" a tocar um sertanejo, como se rock, blues e jazz fosse coisa de gente grande e o resto fosse coisa de retardado (guardadas as devidas proporções ok?)
Eu conheço bem pouco fora do segmento "religioso"; toco em igreja evangélica há pelo menos 15 anos. E vou ser sincero com vocês, aqui na região de INDAIATUBA, quem movimenta o comércio de instrumentos é basicamente músico de igreja. Os poucos eventos que tem em praças e parques são igrejas que fazem. Tanto é verdade que o dono de uma loja de instrumentos aqui da região periodicamente faz um café da tarde para os pastores-músicos para apresentar novidades.
Que clube mediano que vocês conhecem que tem R$ 10.000,00 de estrutura de som? Qualquer igreja mediana tem mais que isso!
Que músico iniciante, sem ser profissional, consegue fazer de 3 a 4 shows por semana? Se o cara é de igreja, tem possibilidade de tocar todos os dias da semana. É isso que o cara quer fazer? Pode ser que não, que o sonho dele seja fazer cover do P.O.D. mas o cara tá lá, tocando toda semana, aprendendo, sendo obrigado a tocar umas valsinhas que ele não gosta, mas tá aprendendo. Igual o caso do sertanejo... deixa os caras tocarem e ganhar o dinheiro deles...
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