Nina Hagen: Paixão à Primeira Audição!

    Autor Mensagem
    laerte_a7x
    Veterano
    # nov/14 · Editado por: laerte_a7x


    Não é porque a obra X é diferente que é boa. É apenas diferente. Não é porque a maioria acha a obra Y estranha que um fulano com uma sede incontrolável de se rebelar contra qualquer coisa deve achar que só ele tem sensibilidade pra entender tal obra e muito menos tê-la como uma obra prima à frente do seu tempo que só será compreendida num tempo posterior. Principalmente se este fulano também achar a tal obra uma bosta e estiver só querendo pagar de underground.

    Algumas pessoas idolatram qualquer coisa que fuja dos padrões, como se a existência toda consistisse nisso e este fosse o motivo de suas vidas. Já por outro lado, tem outros que abominam qualquer coisa que pareça aberrativa demais. Um exemplo disso é um amigo meu pra quem eu mandei um vídeo da Nina Hagen em uma performance ao vivo. Ele fechou o vídeo antes que ela começasse a cantar. O que ocorreu foi que ele olhou para a cara da Nina, o preconceito prevaleceu e ele ignorou a hipótese do som dela talvez agradá-lo. Depois ficou rindo de mim por eu ouvir uma cantora que se veste feito uma palhaça (detalhe: a namorada desse meu amigo tem cabelo colorido, piercing por todo o corpo, usa franja e maquiagem mais do que pesada e, no entanto, ele não ri dela).

    São dois extremos. E por serem extremos, privam. É uma pena. Agora vamos ao que interessa! Se você leu até aqui, por favor leia o resto. Prometo que não vou mais falar filosofar. XD

    Eu comecei a ouvir Nina Hagen na tarde do último sábado (01/11), por causa de um amigo e já a considero uma das minhas cantoras favoritas. Mas não, esse amigo não me recomendou Nina Hagen. Na verdade, ele nem a conhece. Vou explicar:

    Esse amigo (não é o mesmo pra quem eu mandei o tal vídeo), que não tem internet em casa e é louco por Led Zeppelin, me pediu pra que eu baixasse a discografia da banda. Isso foi há algumas semanas. Mais recentemente, ele me fez outro pedido: queria que eu conseguisse alguns álbuns dos quais o John Paul Jones participou e também os discos solo do mesmo. Eu os baixei. Ao término do download, organizei as pastas, pus um arquivo .jpg com a capa frontal dos discos em suas respectivas pastas e resolvi criar um arquivo .txt e escrever algumas informações sobre os discos pra ele ler quando chegasse em casa e ficar ainda mais bem informado sobre os trabalhos do John Paul Jones. Mas para conseguir essas informações, eu tive que primeiro pesquisar sobre os discos pois não sabia nada deles.

    Lendo sobre um deles, chamado "The Sporting Life", soube que este era produto de uma parceria de JPJ com uma cantora chamada Diamanda Galás. Aí fui pesquisar sobre ela. Li que ela tinha uma extensão vocal enorme e que fazia efeitos vocais aterrorizantes. Aí fui ver algo sobre isso no YouTube, pois são comuns vídeos com títulos do tipo "Fulano de Tal's Vocal Range", que mostram a extensão dos cantores. Acabei achando este vídeo que mostra Galás gritando que nem uma doida varrida. Detestei. Quando o vídeo acabou, abri a pasta do The Sporting Life no meu PC e fui ouvir pra ver se ela também havia avacalhado o disco com o John Paul Jones. Ela havia, pelo menos na minha opinião. Dei play no álbum mas não consegui ouvir por muito tempo pois, apesar do JPJ tocar bagaraio, a voz de Diamanda me irritou profundamente. Fechei o Windows Media Player e voltei pro browser. A página do vídeo da Diamanda Galás ainda estava aberta porém o vídeo havia encerrado. Como você deve saber, ao final de um vídeo, o quadro onde o mesmo é exibido passa a mostrar thumnails (a.k.a. avatares) de vídeos relacionados, que costumam possuir o mesmo a mesma temática. E lá estavam os thumbnails dos vídeos relacionados. Um deles (vou linká-lo mais adiante) tinha o título "Nina Hagen Vocal Range (G#1-B7)". Mas peraí... G#1??? WTF? Isso é uma mulher ou um traveco? Mas peraí de novo... B7??? De G#1 à B7 são seis oitavas! Cliquei no thumbail e me recusei a acreditar no que ouvi. E eu achava que a extensão do Rob Halford era grande, hehe. Santa ingenuidade! Pra ser sincero, até agora não caiu a ficha de que realmente é uma mulher que canta aqueles graves absurdos. Eu sou homem e não alcanço as low notes dela! Como pode? O_O

    Não pus muita fé no conteúdo do tal vídeo e fui no google procurar informações sobre tal "aberração vocal" e encontrei esta matéria, cujo texto confirma a informação: ELA TEM SEIS OITAVAS DE EXTENSÃO! PUTA QUE PARIU!!! D:

    Obs: talvez você conheça alguém com uma extensão ainda maior que a dela, mas é que eu não sou grande conhecedor de vozes. Nem sou cantor. Pra falar a verdade, eu não sabia que era possível uma mulher alcançar um C2, muito menos um G#1! Por certo eu não estava preparado pra uma descoberta dessas. Fiquei literalmente pasmo e, pra você ter uma ideia do tamanho do meu choque, só consegui pensar no tal vídeo durante toda a madrugada do sábado para o domingo.

    Nesse vídeo, na parte que exibe o D2 dela, mais ou menos a partir de 1:25, toca um trechinho de "Personal Jesus". Foi aí que eu pirei. Depeche Mode?!?!? Mexeu comigo (ainda mais por ser essa música, que é uma espécie de hino do synthpop). Fui pesquisar sobre esse cover e descobri que faz parte de um disco de mesmo nome, que é também o primeiro disco da carreira gospel dela (sim ela agora é evangélica) e é repleto de covers. Não sei dizer se alguma música nesse disco é de autoria dela.

    E tem outra: eu não costumo ouvir discos inteiros de uma vez só. Ouço aos poucos. Ficar ouvindo a mesma banda por muito tempo me cansa. Mas na tarde desse domingo eu ouvi o Personal Jesus (2010) inteiro e há mais ou menos 50 minutos atrás eu ouvi o Unbehagen (1979). Não me cansou! O primeiro é um country blues com um pouco de funk e o segundo é levemente psicodélico mas bem gostoso de ouvir e tem uns grooves sensacionais no baixo. Recomendo ambos. Logo mais abaixo seguem algumas músicas.

    Resumindo: um pedido de um amigo me levou, indiretamente, até Nina Hagen. E eu tô pirado não só no vozeirão dela mas na música como um todo. Obrigado, Brendon!

    Bom, depois de tanto falar nesse vídeo, você talvez esteja curioso(a). Assista e pasme:

    https://www.youtube.com/watch?v=eCv2OWsVS2U

    Agora algumas músicas!

    "Fall In Love Mit Mir":

    https://www.youtube.com/watch?v=N7SgXuCE5Mc

    "Du Hast Den Farbfilm Vergessen":

    https://www.youtube.com/watch?v=EKe9ybFDQ1A

    "New York" (mamilos EXTREMAMENTE polêmicos):

    https://www.youtube.com/watch?v=jp0UXnQ70gY

    E por último um live dela com uma big band chamada Leipzig Big Band, com a qual ela gravou um disco em 2003 chamado "Big Band Explosion". Aqui ela canta de uma maneira bem mais "normal", hehe. Vale a pena conferir:

    https://www.youtube.com/watch?v=uiRZ_XJc3nM

    Flw, people. Muitas flores no cabelo, gritos agudos e mamilos polêmicos pra vocês! o/

    Ismah
    Veterano
    # nov/14
    · votar


    laerte_a7x

    Seu crédito é pouco, vou lendo e comentando, espero que poupe-nos de mais um bolor...

    De fato, a Nina é alguém que admiro. Conheci ela de um clipe do Apocalyptica, e mais profundamente num live Realmente conheci já as duas faces da moeda.

    E a moça, que já tá longe de ser moça (59 aninhos), tem uma disposição pra caralho...

    Inclusive já esteve no RiR, com toda a pompa. O vídeo do WOA não encontrei mais.

    O que ocorreu foi que ele olhou para a cara da Nina, o preconceito prevaleceu e ele ignorou a hipótese do som dela talvez agradá-lo. Depois ficou rindo de mim por eu ouvir uma cantora que se veste feito uma palhaça (detalhe: a namorada desse meu amigo tem cabelo colorido, piercing por todo o corpo, usa franja e maquiagem mais do que pesada e, no entanto, ele não ri dela).

    Não há como negar que o preconceito existe, e ser preconceituoso é um mal moderno. Entretanto, a fatídica coincidência, não é relevante a causa. Logo já começou a narrar um drama pessoal. Fique atento.

    Diamanda Galás

    Como também a Nina, compõe uma gama de artistas experimentais do que hoje chamo de "gótico experimental". Principalmente as bandas e artistas de origem alemã - onde o movimento gótico é muito forte - como a Nina, Doro Pesch, Lacrimosa, GIEZ etc tem esse pé no EBM, Dark Wave, Gothic Rock/Metal, Synth-pop... E claro, com altas doses de música experimental - o próprio Rammstein tem casos evidentes de quão forte é a influência desses estilos na Alemanha...

    Temos uma brasileira como redentora da mais alta nota atualmente (até onde sei), Georgia Brown... Ela foge dos padrões dark na música, mas no visual... Bom é auto-explicativa hehe

    Lelo Mig
    Membro
    # nov/14
    · votar


    laerte_a7x

    Assisti ela ao vivo no primeiro Rock in Rio. No mesmo dia do Yes.

    Ela mandou prá k7 alive!

    Fez sucesso por aqui nos anos 80. Garota de Berlin, do Tokio, foi feita prá ela e ela participou da gravação.



    Julia Hardy
    Veterano
    # nov/14
    · votar


    Já conhecia algumas coisa da Nina, mas, nunca fizeram minha cabeça.

    As caretas dela são impagáveis


    BrotherCrow
    Membro Novato
    # nov/14
    · votar


    Haha, eu ia falar mesmo de Garota de Berlim. Coincidência, tava ouvindo esse vinil do Tokyo no fim de semana. Minha mulher caía na risada quando ouvia a voz dela.

    Mas eu conheci o som da Nina Hagen num encontro de RPG nos anos 90. Aparentemente, o cara que criou "Vampire: The Masquerade" é fã dela, então uns moleques do storytelling levaram um disco dela. Achei legal, não me prendeu muito a atenção. Justiça seja feita, nesse época eu só queria saber de Metallica e Iron Maiden.

    Já sobre a Diamanda Galas, fui viciado no som dela uns 3 anos atrás, mas passou hehe. Era mais pelos arranjos, pelas letras e pela temática. Ela tem mesmo um alcance absurdo, mas nem sempre é muito musical aos meus ouvidos. "Let's Not Chat About Despair" é uma música tensa demais! Respeito muito o trampo dela. "Sporting Life" deve ser a coisa mais acessível que ela já fez.

      Enviar sua resposta para este assunto
              Tablatura   
      Responder tópico na versão original
       

      Tópicos relacionados a Nina Hagen: Paixão à Primeira Audição!