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MMI Veterano
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# jan/14 · Editado por: MMI
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Luiz_RibeiroSP
Não querendo desvirtuar o tópico, mas esse controle censor era mais para temas políticos e não morais?
Depende da época. Tinha muito controle moral também.
Quanto ao cinema, também depende da época. Um exemplo: Antes de aparecer a revista Playboy, era chamada revista Homem. O máximo que se mostrava era mulheres com as mãos cobrindo os seios, a parte de baixo nem pensar. Aos poucos foi afrouxando e isso aconteceu com o cinema - se sugeria muito, mas mostrava pouco - o Lelo deve lembrar da "Sala Especial", huahuahuahua. (já no tempo da abertura, a gente esperava e assistia o filme que acabava às 2 da matina só para ver de relance, num momento, um peitinho. Putz...)
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Lelo Mig Membro
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# jan/14 · Editado por: Lelo Mig
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Luiz_RibeiroSP
Complementando o que nosso amigo MMI já descreveu, a coisa foi meio cíclica, com anos de chumbo e outros nem tanto.
Nos anos 60, em termos artísticos, em certos aspectos havia mais liberdade que hoje, não no sentido politico, mas no sentido cultural. As pessoas ligadas as artes eram mais cultas e menos relacionadas com o poder econômico.
O golpe militar foi em 1964, e aí inicia o retrocesso. Mas no início não era tão censor/repressor da cultura.
A coisa ficou feia no período do Medici (69 à 75)....esses são os anos de chumbo e muita gente morreu, foi torturada e presa.
Eu era criança, não estava muito ligado ao que ocorria. Mas, haviam coisas presentes, como cantar hino nacional, andar em filas de formação militar e não poder usar tênis com listras vermelhas na escola.
Na minha adolescência não podíamos usar nenhuma peça de roupa militar. Era uma delícia, pagávamos pequenas fortunas para ter uma calça ou boné do exército e cometer esta contravenção arriscada, cuja a pena, era ser pego pela P.E (polícia do exército, sim, existia PE nas ruas) e voltar pelado prá casa após uma surra. Não é lenda, cansei de ver isso, e cheguei a tomar uns tapas e perder um boné camuflado...
Em 79 as coisas começam a ir liberando, mas a ditadura vai até 85.
A primeira leva do rock brazuca, formaram as bandas durante a ditadura, entre 1980-1983, e fazem o circuíto alternativo, mas quando chegam as rádios e ao grande público é no final de 84, quando a censura já era quase inexistente.
Quem estourou um pouco antes, como a Blitz, eram bandas com letras descompromissadas e apolíticas.
Jamais, o Titãs surgiria com Polícia, por exemplo, durante esse período.
Antes de aparecer na mídia, ir no "Faustão", haviam anos de ralação em circuítos alternativos para as bandas.
Shows, marcados às escondidas, em lugares pouco comuns, circuítos itinerantes, estas bandas percorriam esse "underground".
Muitos desses shows eram interrompidos pela polícia embaixo de porrada.
O pessoal do Punk, principalmente, trocaram muita porrada com milico nos "alternativos da vida".
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JJJ Veterano
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# jan/14
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Lelo Mig Quem estourou um pouco antes, como a Blitz, eram bandas com letras descompromissadas e apolíticas.
É, mas mesmo assim, a Blitz teve duas músicas riscadas (literalmente!) no LP de estréia...
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Lelo Mig Membro
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# jan/14 · Editado por: Lelo Mig
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JJJ
Exatamente......Quando a bolacha "As aventuras da Blitz" saiu em 1982, a gravadora já havia prensado.
Por sorte, foram censuradas as duas últimas faixas, isso possibilitou eles riscarem, manualmente, disco por disco e lançar assim mesmo.
Sabe porque foram censuradas?
1. Cruel, Cruel esquizofrênico blues
"Que esse vazio idiota que te consome/E some com a tua paz/Que se foi como aquela empregada radical/que você mandou embora numa cena feia/depois da ceia na noite de Natal/Só porque ela pegou no peru do seu marido"......Não agora não dá mais, ah puta que pariu"
2. Ela quer morar comigo na lua
"Ô ela diz que eu ando bundando"
E têm "gente" que sente saudades de governo militar..........
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Mauricio Luiz Bertola Veterano
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# jan/14
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Lelo Mig E têm "gente" que sente saudades de governo militar Tem: Os desinformados, os burros e os fascistas.... Abç
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JJJ Veterano
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# jan/14 · Editado por: JJJ
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Lelo Mig Mauricio Luiz Bertola
Infelizmente, a saudade que alguns tem do regime militar é decorrência dos inúmeros absurdos que a nossa "democracia" nos presenteia a cada dia... Contudo, a volta aos anos de chumbo, obviamente, não resolveria nenhum dos problemas atuais!
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Lelo Mig Membro
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# jan/14 · Editado por: Lelo Mig
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JJJ
"inúmeros absurdos que a nossa "democracia" nos presenteia a cada dia..."
Cara, não era diferente nessa época, vide o sr. Delfim Netto que endividou o País com o FMI, foi o culpado por uma inflação absurda, enriqueceu, e hoje anda por aí dando palestra a 200 mil e pagando de "sábio". Veja a Transamazônica que foi aberta para enriquecer milicos corruptos e largada as traças, entre tantas usinas, ferrovias, hidroelétricas e etc.
A diferença é que nessa época a imprensa não podia noticiar e nós, na ignorância informativa, fingíamos acreditar que o governo era honesto.
O número de ladrões e assassinos não aumentou, hoje, apenas sabemos que eles existem.
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JJJ Veterano
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# jan/14
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Lelo Mig
Eu sei, por isso disse que "a volta aos anos de chumbo, obviamente, não resolveria nenhum dos problemas atuais", mas nós, tolinhos..., esperávamos que a democracia os resolvesse, só que não, né?... A única coisa que mudou é que agora podemos reclamar. Que bom! Mas... convenhamos... é muito pouco, face às expectativas que tínhamos!
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Lelo Mig Membro
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# jan/14
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JJJ
Quanto a isso.......você esta coberto de razão!
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MMI Veterano
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# jan/14 · Editado por: MMI
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Em São Paulo, as melhores casas para uma banda tocar era Aeroanta e Madame Satã, casas pequenas para os padrões de hoje. Depois eram porões, botecos um circuito alternativo que realmente era alternativo. E olhe que por ali passou até os Ramones.
Em 83, já na abertura política, ocorreu o movimento Diretas Já em que uma parte da classe política e da população pedia eleições diretas para presidente (foi negado). Já estava bem mais sossegada a repressão, mesmo assim houve alguma, o general Figueiredo classificou como um movimento subversivo. Uns amigos músicos me mostraram um hino do underground, uma banda que só tocava nos porões e sem data marcada porque a polícia ainda descia a porrada. Falava assim esse hino:
A gente não sabemos Escolher presidente A gente não sabemos Tomar conta da gente A gente não sabemos Nem escovar os dente Tem gringo pensando Que nóis é indigente...
"Inúteu"! A gente somos "inúteu"! "Inúteu"! A gente somos "inúteu"!
Não é que a tal da banda dos porões ficou famosa e depois acabou fazendo muita musiquinha besta? kkkkkk
Um conhecido de minha família foi comandante da polícia. Contava ele que estava em operação num dia, um atirador do DOPS pediu autorização para atirar em 2 barbudos. Ele negou, disse que não iriam muito além do que estavam na sociedade brasileira, morreu há alguns anos se questionando dessa decisão (um virou ministro cassado e em prisão agora, o outro barbudo não digo quem é, adivinhem quem for esperto). Isso foi a ditadura... :-)
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Mauricio Luiz Bertola Veterano
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# jan/14
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JJJ Contudo, a volta aos anos de chumbo, obviamente, não resolveria nenhum dos problemas atuais! De fato... Acontece que aqueles que citei acima esquecem que os problemas de hoje foram construídos ou agravados pela ditadura... Abç
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JJJ Veterano
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# jan/14
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Mauricio Luiz Bertola Pois é.
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Luiz_RibeiroSP Veterano |
# jan/14
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Pena que varias dessas casas de som, que foram citadas, fecharam. Sempre vejo nessas bandas da época um certo clima de militância, não sei se é coisa da minha cabeça.
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JJJ Veterano
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# jan/14
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Luiz_RibeiroSP Sempre vejo nessas bandas da época um certo clima de militância, não sei se é coisa da minha cabeça.
Algumas eram bem panfletárias mesmo...
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Lelo Mig Membro
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# jan/14
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MMI
Pois é....... e o "inúteu" continua atual até hoje.
Mauricio Luiz Bertola
Se esquecem ou não enxergam......não sei o que é pior.
Luiz_RibeiroSP JJJ
"Sempre vejo nessas bandas da época um certo clima de militância..."
Não havia muito como ficar em cima do muro, até de forma "velada" havia uma crítica ao sistema...
Até Guilherme Arantes, de forma sútil, para não ser pego, escrevia versos, como:
"Amanhã!, Será um lindo dia Da mais louca alegria, Que se possa imaginar Amanhã!, Redobrada a força Prá cima que não cessa, Há de vingar
Amanhã!, Apesar de hoje Será a estrada que surge, Prá se trilhar Amanhã!, Mesmo que uns não queiram Será de outros que esperam, Ver o dia raiar Amanhã!"
Guilherme compôs estes versos dentro de um buzão, indo prá faculdade e os censores eram tão burros, que acharam que era uma canção de amor!
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Jube Veterano |
# jan/14
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Ano em que nasci, nasci na época errada. Hoje o acesso a informação tornou as coisas um pouco mais fáceis, mas por outro lado foi muito banalizado também.
Escutei esses dias esse som do video, pura nostalgia que me jogou lá trás dirigindo um kadet conversivel, sentindo cheiro do alcool do carro. Muito bom
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