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josecelso Veterano |
# mar/13
Amigos, desculpem por esse tópico.
Espero que não seja um desestímulo a ninguém.
A música para mim, como profissão, tem sido uma grande decepção. Tenho vontade de desistir, aliás nem isso sei muito bem como fazer.
Quem estiver com paciência de ler, veja minha história:
Eu comecei a estudar piano popular em torno dos 15 anos, na época me apaixonei totalmente pelo instrumento e pela música. Eu tinha uma criatividade boa para compor, especialmente música instrumental. Já pensava nessa época em seguir a música como profissão.
Estudei durante todo o colegial, em uma escola ótima do ponto de vista técnico, mas muito pobre em relação à visão de mercado (pois eram muito fechados).
Quando completei 18, 19 anos, pensava em cursar faculdade de música, comentei com meus pais e minha professora de piano na época:
-> Minha mãe (a quem eu dava muito ouvido na época) disse que seria ruim, pois eu não teria de que viver. (infelizmente ela não entendia nada de mercado musical, e eu não tive maturidade na época para separar as coisas)
-> minha própria professora de piano na época (que eu tinha como referência), estranhamente, também me recomendou que não fizesse (?!) (só muito mais tarde fui entender que a escola onde eu estudava se via como [u]concorrente[\u] das faculdades, e por isso não recomendava, o que é muito sem sentido)
Foi meu primeiro erro, muito grave. Hoje em dia falo, faculdade na área é muito importante, abre muitas portas e possibilidades. Especialmente para quem segue em frente fazendo mestrado e cursos de especialização.
Na época entrei em computação, fiquei dois anos e desisti, depois fui fazer publicidade, simplesmente nunca atuei nessa área. Quando me formei já estava atuando como músico e professor de piano/teclado.
Participei de várias bandas (desconhecidas), tive vários "quases" legaizinhos, uma banda que toquei "quase" gravou um disco com um produtora de médio porte (mas deu xabu), entrei em uma banda empresarial que "quase" deu certo (cachê bom, mas durou pouco o projeto).
Enfim, minha vida como instrumentista é cheia de "quases", consegui fazer alguns shows legais aqui e ali, já cheguei a ganhar cachê razoável por um show aqui e ali, mas a maioria dos trabalhos bons duraram muito pouco (sempre acontecia alguma coisa que dava xabu) ou eram simplesmente roubadas que não dava dinheiro.
Muito frustrado, por que eu não conseguia ganhar dinheiro tocando, fui lentamente me voltando cada vez mais para aulas. Comecei em escolas, cursos livres, fiquei alguns anos nisso. Depois me mudei de cidade e com isso fiquei apenas nas aulas particulares, hoje em dia vivo exclusivamente disso.
95% do meu tempo é dedicado a aulas, 5% dedico a projetos musicais, esse ano estou com uma gravação para fazer para um site (meu trabalho autoral) um projeto muito legal pelo lado pessoal mas com nenhum retorno financeiro.
Hoje sustento a casa com música, minha esposa (por enquanto) não trabalha (ela está estudando), eu não moro mais com meus pais como antes, e algumas coisas me incomodam:
O que me deixa insatisfeito com a música não é ganhar mal, por quê não ganho tão mal assim. Na verdade, comparando com muitas outras profissões, tenho um ganho até razoável por hora/aula. O que me incomoda é a instabilidade. Não tenho garantia nenhuma, cada mês é totalmente incerto. Todo janeiro e fevereiro é um "drama", muitos alunos saem, e eu fico no "sufoco", esse ano perdi mais da metade dos alunos no início do ano. Nos dois anos passados foi pior ainda.
Aposentadoria ?... Garantia zero.
Se eu ficar doente ?... Garantia zero.
Ganho o suficiente para sobreviver, consigo comer em um restaurante legalzinho aqui e ali (1 vez por mês), saio, pego um cinema de vez em quando.
Nos meses melhores dá para comprar alguma coisa para a casa, algum móvel ou algo que eu queira.
Mas o dinheiro não sobra, na verdade falta um pouco.
Meu carro está com o IPVA atrasado a 2 anos, simplesmente não consigo alocar recursos para isso. (ao menos tenho um carro, velho mas tenho).
Não consigo juntar dinheiro para comprar um apartamento, ou trocar de carro, aliás mesmo meu equipamento está muito velho, e não consigo juntar dinheiro para trocá-lo.
Eu vejo algumas pessoas em outras profissões, ganhando um dinheiro bom, juntando para comprar apartamento, carro.
Sei que muitos músicos pensam "dinheiro não é problema", "o importante é curtir", mas eu quero ter uma família, como posso cuidar de filhos sem dar segurança ? Não tenho segurança nem para mim, como vou dar para eles ?
Todo mundo, chega uma hora na vida, que quer ter um carro mais novo, um apartamento, garantias.
Pelo fato de eu não ter formação universitária, dificulta eu tentar um mestrado na área, para conseguir crescer na área. Meus ganhos atuais e a instabilidade em que estou são onde "bati no teto", é difícil melhorar muito daqui.
Eu não levo muito jeito para banda baile, não tenho equipamento top para acompanhar artistas e nem muito jeito para isso, acho que se fosse para conseguir um trampo bom assim eu já teria conseguido faz tempo.
Pensei em abrir um bar, para fazer meu som, mas nunca tive coragem, hoje não teria condições financeiras.
Pensei em fazer graduação em música, mas demora muito e necessita muita dedicação em horário de trabalho. Com 35 anos agora, seria ruim eu me formar com quase 40 para ainda fazer uma pós.
Hoje estou cursando especialização em docência, vou tentar um mestrado na área de comunicação e se Deus quiser consigo entrar. Pretendo me tornar professor universitário na área de comunicação, mas eu não tenho nenhuma experiência nessa área de comunicação, só como professor de piano e teclado mesmo.
Se Deus ajudar eu consigo essa mudança na minha vida, minha vontade mesmo era fazer um mestrado na área de música, ou especialização para dar aulas de música. Mas com minha trajetória ficou muito difícil.
Quando eu era jovem e comecei na música, eu achava que tinha um algo mais, que iria conseguir ser respeitado como instrumentista. Tive meus momentos de glória, mas nunca tive o gás suficiente para correr atrás tanto assim. Não o quanto era necessário para conseguir esse objetivo.
Sempre fui muito tímido, tinha muita dificuldade por exemplo de procurar gigs em bares, restaurantes, etc. Para mim sempre foi (e ainda é) procurar esse tipo de trabalho com um CD na mão. O pior é que quando conseguia 99% das vezes era decepcionante.
Tive meus momentos de glória, cheguei a tocar em alguns palcos qualificados, mas no geral, nada em minha carreira ocorreu como eu imaginava. Eu tinha uma visão muito "romântica" e imatura da coisa, na minha cabeça de jovem músico eu tinha certeza que correndo atrás eu ia virar mais cedo ou mais tarde.
Hoje em dia percebo que são poucos os que "viram", tá cheio de músico mais velho que está na mesma situação, instabilidade, grana curta, correndo atrás de gigs aqui e ali achando que vai virar. De vez em quando até rola um trabalho melhor aqui e ali.
Os músicos que se dão bem geralmente:
-> Tem uma versatilidade que eu não tenho. -> Tem disposição para correr atrás da bola o tempo todo. (e não cansam como eu canso) -> São desenrolados para lidar com as pessoas e têm um carisma que eu não tenho. -> Têm contatos bons, que abrem portas. -> Se dedicam muito.
Hoje em dia: ->não tenho mais paciência para estudar. (já nem toco direito mais) ->Quase nunca toco, só dou aula. (e acho chaaaato) ->Não tenho mais paciência para ficar entrando em banda. (roubada) ->Perdi meus contatos antigos por que mudei de cidade (e de estado) ->não tenho mais paciência para ficar buscando contatos /ou projetos novos.
Até algumas oportunidades que aparecem eu já não corro atrás, por que dão tanto trabalho para um resultado tão parco.
Eu simplesmente cansei de correr atrás, me sinto correndo atrás do próprio rabo.
Eu simplesmente não acredito mais em mim dentro da música, não creio que vou chegar em algum lugar muito diferente do que estou agora, até por que já cansei de correr atrás.
Se alguém chegou até aqui, qual sua opinião ? Desculpe se meu texto é desanimador, na verdade eu acho que a música é um caminho totalmente possível, conheço muita gente que é feliz nela, mas de duas uma:
-> são músicos muito mais bem-sucedidos que eu. -> são músicos como eu, sem tanto sucesso assim, mas que não são arrimo de família, ou seja, seus cônjuges ajudam (e muito) nas despesas de casa.
É muito difícil lidar com a instabilidade que lido e sustentar a casa. =(
Já rodei rodei e pensei muito nisso tudo, é muito difícil para mim largar, a música é algo que corria no meu sangue, mas depois de muitas decepções, acho que já não corre mais.
Eu sempre vou tocar piano, mas viver disso talvez não seja para mim.
Se alguém tiver algum comentário, sugestão, enfim qualquer coisa agradeço.
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Arimoxinga Veterano
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# mar/13
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Cara tua história é muito interessante! A situação me parece bem complexa não sei o que dizer....
Mas certamente alguém mais experiente irá vir aqui!
força ai!
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JJJ Veterano
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# mar/13
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Caramba... Vamos lá...
Antes de mais nada, acho que a Faculdade talvez tivesse sido interessante, mas não sei se mudaria muita coisa no seu caso. Dos poucos brasileiros que conseguem viver bem de música, quantos tem curso superior em Música? Não sei, mas chuto que seja uma minoria.
Largar pra valer, se você gosta, não vai. Eu sou o exemplo disso. Não toco profissionalmente (ou algo perto disso) há anos e só cresceu o meu interesse. Por quê? Porque é a coisa que mais gosto de fazer. Então faço por amor, arte pela arte, descreva como quiser. O fato é que, tendo banda ou não, ganhando por isso ou não, a música sempre estará ao meu lado. Com você, pode ser assim também.
Mas vamos à raiz do seu problema: grana, pelo que entendi. Você diz que até não ganha tão pouco, mas reclama que é um trabalho instável, que não pode pagar isso e aquilo, que não conseguiria sustentar uma família, etc... Bom, se isso tudo é verdade, então, sim, é pouca grana. Você precisa de mais!
Largar a música, nessa atitude meio depressiva (pelo seu texto, eu entendi assim) não vai te trazer mais grana... Você diz que não tem jeito pra banda de baile. Também não tenho. Mas, entre trabalhar numa coisa que eu detestasse e fazer parte de uma banda de baile, eu optaria pelo baile!
Eu já disse aqui algumas vezes na base do "conselho aos mais jovens", e vou repetir agora, que é difícil viver dignamente de música, então eu sugiro ter uma "carta na manga", uma segunda opção de trabalho. Deve haver algum tipo de coisa que a pessoa goste de fazer além de música. E essa atividade pode, além de lhe dar sustento, servir para sustentar a música também. Comigo é assim! Se pudesse, viveria de música. Como não posso, trabalho em outra área (que não me é detestável), o que garante sustento para mim e para a minha atividade musical.
O que posso te desejar é que, em não encontrando suporte financeiro na música, você encontre uma outra atividade, que não te seja desagradável, e que te consiga manter, a ti, tua família e a tua música, ainda que como hobby.
Felicidades.
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fernando tecladista Veterano |
# mar/13 · Editado por: fernando tecladista
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O que me incomoda é a instabilidade não é só na area músical, é praticamente em todo lugar, porque seus alunos fogem, porque também falta grana pra eles, e alguns não cortam só a música, cortam a aula de ingles, o curso de computação e também atrasaram o IPVA....
minha esposa (por enquanto) não trabalha aqui é outro problema, praticamente todo casal de hoje que conheço trabalha os dois, como comentou, por enquanto ela estuda, então você tá se virando pra trazer sozinho a renda de dois e também tem o peso na consiencia de que se parar fu.... espera isso acertar que com dois já alivia
Quando eu era jovem e comecei na música, eu achava que tinha um algo mais tinha o sonho, de ter banda, de ser astronauta, ser bombeiro.... agora o buraco é mais em baixo eu quase que fui fundo em computação o que na época parecia ser o futuro certo pra qualquer um, hoje vejo alguns que estudaram legal, mas ganham grana formatando PC
-> São desenrolados para lidar com as pessoas e têm um carisma que eu não tenho. talvez é o motivo de você ser tecladista/pianista talvez se você você todo comunicativo acharia piano muito chato, estático e teria aprendido guitarra querendo ou não vejo que todo tecladista é parecido, você pode até comparar algum tecladista que fica a frente como Ivan Lins, mas você é bem diferente de qualquer um que canta com um violão
->Não tenho mais paciência para ficar entrando em banda. (roubada) ->não tenho mais paciência para ficar buscando contatos /ou projetos novos. banda é uma forma de ter contato, mas tem muita banda que é furada, projeto autoral é legal, pra gostar da tua música, mas você sabe que não vai ganhar dinheiro com isso por muito tempo até quem sabe ela se destacar, mas é uma forma de você estar rodando e mostrando a cara, algumas bandas cover de rock (por exemplo pink floyd) tem mais do que chuchu em cerca, então é algo que toca as vezes e também mais pra mostrar a cara banda você acha facil, vira e mexe aparece alguem de SP procurando tecladista no meu face (que sou do interiorrr) porque não acha ninguem por lá achar acha, mas com vontade de tocar não
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Rednef2 Veterano |
# mar/13
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O que me incomoda é a instabilidade A não ser que você seja funcionario publico, irá encontrar isso em todas as outras áreas.
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Adler3x3 Veterano |
# mar/13 · Editado por: Adler3x3
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A tua situação é bem complexa.
É difícil apresentar uma solução, mas vou dar alguns conselhos.. Considere a sua profissão atual. A solução pode estar aqui mesmo.
01- Autoestima Tem que melhorar a sua autoestima. Acreditar mais em você. Se concentre no seu trabalho, tem que aumentar a produtividade. Tem que ter motivação. Cada dia é uma batalha, comece melhorando nas pequenas coisas do dia a dia. Vai ter dias ruins e dias bons, mas no final do dia tem que ter a sensação do dever cumprido, não pode se abalar. Não pode ficar paralisado. Lembre as virtudes da persistência e da constância sempre trazem resultado. Pesquise e leia sobre as virtudes, aqui você vai encontrar apoio para se motivar, sem querer entrar no mérito religioso. Virtudes são ações para o bem, para o seu próprio bem. Tem que reverter o estado mental atual.
02- Planejamento
Trabalhar por conta própria exige planejamento. 2.1 Situação financeira 2.1.1. Monte uma planilha com a estimativa de suas Receitas e das suas Despesas, considerando os meses do ano. Lembre que tem meses do ano em que sobra mais dinheiro, e desta forma, este dinheiro que sobra nestes meses não pode ser totalmente gasto , tem que ter uma reserva para bancar a sobrevivência por alguns meses, e tampar o buraco dos meses ruins. Nos meses mais ruins (com menos aulas) tente obter outras fontes fazendo outros serviços (bailes etc...) Assim como na música quando fazemos uma gravação usamos o recurso da equalização, e assim você tem que equalizar as suas Receitas e Despesas, fazendo sempre sobrar. O ideal é chegar a ter uma poupança que garanta pelo menos seis meses de despesas. 2.1.2 Concentre-se no foco de aumentar os clientes, ou seja aumentar as suas Receitas, ou até diversificar dando aulas pela Internet etc... 2.1.3. Corte de despesas No momento com algumas contas atrasadas é necessário cortar despesas, e deixar todas as contas em dia, pois se as despesas fugirem do controle pode virar uma bola de neve. Não pode gastar mais do que ganha. Corte o que for supérfluo dentro das suas prioridades. Vai ter que fazer sacrifícios, no início vai doer um pouco. - Economizar os gastos de luz, telefone, jantares e muito mais...
2.14 Equilíbrio financeiro Obtido o equilíbrio financeiro comece a poupar para ganhar reservas. Lembre é necessário muita disciplina e deve-se evitar o consumismo. Existe uma diferença entre investimento e despesas. Por exemplo no seu caso a troca de um teclado é um investimento. Já as despesas fazem parte do custo do serviço e da manutenção de sua atividade profissional e das despesas da família (da casa) Tem que saber separar o que é da sua atividade com o que é da família, pois a atividade profissional é que vai sustentar tudo.
3.. Futuro - outras ações
Depois de certo tempo que conseguir equilibrar a situação financeira pode começar a pensar em mudanças. Mas as próprias mudanças podem envolver novas despesas e tudo tem que ter origem (recursos) para pagar as despesas (aplicações). E para poder mudar tem que ter um respaldo financeiro para sustentar a transição. Se for o caso de mudar.
4. Aposentadoria Sempre temos que pensar que algum dia mais lá frente não vamos mais poder trabalhar e ter uma remuneração a altura. Assim tem que contribuir para o INSS e ter pelo menos uma aposentadoria, mesmo que pequena, mas é melhor do que nada. E na medida do possível, tão logo se encontre o equilíbrio financeiro, começar com um plano de aposentadoria privada no Banco do Brasil ou da Caixa Econômica (não quebram), mas com uma valor não muito alto, pois a intenção é não resgatar nada antes, e sim formar um fundo para a sua aposentadoria, que vai ocorrer lá pelos 65 anos.
O futuro a Deus pertence, somos o que somos pelo que plantamos no passado. Sempre dá para mudar, mas tem que planejar.
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odion Veterano |
# mar/13
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josecelso cara, na boa, se alguém consegue tocar um instrumento, é um bem imaterial imensurável que nao tem dinheiro nenhum que pague. concorda comigo? se não, seja convencional.
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Ken Himura Veterano |
# mar/13
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josecelso Sua vida tem nuances bem parecidas com a minha. E enfrento o mesmo problema hoje.
Tenho, atualmente, 26 anos. Estudo música a sério desde os 16. São 10 anos de estudo hardcore, centenas (talvez milhares) de partituras tocadas e analisadas, muitos livros (minha fila de leitura de música atual é por volta de 40 livros, ando sempre com 5 ou 6 na mochila - fora o tablet que comprei recentemente, lotado de pdfs)... não faço ideia da quantidade de horas que gastei nisso. Nesta época, eu já tocava piano, mas descompromissado. Foi quando mudei para o violino e decidir construir minha vida em cima disso.
Quis estudar muito e virar músico de alguma orquestra grande do país - uma carreira bem decente dentro da música, com relativa estabilidade e bons salários, mesmo iniciais - compatíveis com o trabalho pesado que a função demanda. Na época, eu tava no 2o grau ainda e fazia um técnico em informática, voltado à programação. Ao terminar, nada mais justo que tentar faculdade de música, na minha ideia, mesmo sem saber bem qual das cadeiras tentar (infelizmente, até hoje, a faculdade de música é muito nebulosa até pros próprios músicos).
Meus pais odiaram a ideia, na hora. Nessa época, eu tinha 2 anos de piano clássico, com professores particulares, e obviamente estava bem cru pro THE - mas não imaginei que estivesse, até bem em cima do vestibular eu arrumar uma prova antiga. Resolvi aceitar o "convite" dos meus pais de continuar o estudo de informática numa faculdade enquanto me aperfeiçoava na música, para posteriormente entrar nesta cadeira. E segundo eles, "ter uma profissão caso tudo dê errado".
Então, entrei na faculdade e ao mesmo tempo entrei num conservatório super tradicional daqui do Rio para estudar violino e outras matérias de música. Levei a faculdade com o pé nas costas - 70% do conteúdo, graças à minha dedicação no técnico, eu já dominava ou conhecia de ter lido sobre, o que me deu muito tempo para estudar música. Teve épocas em que eu passava de 8 a 10h diárias tocando (as vezes até mais), afinal minha intenção era ser um violinista de orquestra, talvez entre os tops do naipe, e eu tinha que ter um violinismo bem sólido e uma capacidade artística bem acima da média.
Fiz masterclasses, viajei pra tocar, fui em festivais, nunca parei de estudar. Toquei em muitas orquestras jovens e outras formações menores. Tudo parecia encaminhado...
Terminei a faculdade no prazo médio, com CR 8,6 - o que me garantiu um cum laude. E obviamente, devido à minha carga técnica e experiência, resolvi (desde o 2o ano de faculdade) levantar uma grana com info pra bancar melhor meus estudos de música.
Aí começou o "desastre". Certo, trabalhei em algumas empresas neste período, e fiz vários freelas. Mas, num certo ponto, eu surtei. Me demiti, e abandonei duma vez por todas a informática comercial - desde então, nunca mais procurei nada nesta área. Apesar do dinheiro entrar fácil, o nível de estresse era altíssimo, eu vivia insatisfeito, não tinha disposição ou vontade de trabalhar nisso e mal rendia quando no escritório. Resolvi encerrar esta parte da minha vida e nem pensei 2x. Com o dinheiro desta época, por exemplo, comprei o meu (ótimo) violino atual, arcos, livros etc.
Essa demissão foi em 2008. Em 2009, eu terminei a faculdade e pensei "vou pra música agora". Fiz o vestibular 3x - passei com facilidade pelo ENEM mas sempre eu me autossabotava no THE. A primeira vez, foi realmente uma irresponsabilidade, mas das outras 2, eu não sei o que houve, era como se eu me paralisasse quando pensava em estudar pra prova e preparava o repertório sempre mal e porcamente. Faltei a prova num ano - por insegurança - e no outro, perdi a prova - também por insegurança, acabei me atrasando. Fiz uma prova prum curso que queria muito passar, também, em 2011. Aconteceu a mesma coisa - gabaritei a parte teórica, e fiquei tão nervoso na prática que só faltou me mijar na hora - não passei de novo.
Até hoje, não sei o que acontece. É só em prova. Já me apresentei uma caralhada de vezes, sem este problema nunca dar sinal.
Voltando a 2009, aconteceu uma coisa que detonou minha vontade de tocar violino em orquestra profissionalmente - rolou um quiprocó em várias orquestras aqui no Rio, várias brigas entre os músicos e os patrões, começaram a surgir vários podres. Fiquei enojado e até hoje tenho ressalvas de querer entrar neste ramo. A partir daí, mal estudei violino - hoje, por exemplo, sou uma sombra do que já fui. Acho uma maldade para com meu instrumento, que é de tão boa qualidade, ficar jogado lá no canto e quase nunca ser usado.
Fiquei quase um ano assim. Pensei que o problema poderia ser o violino em si - uma carreira super competitiva, 20 caras ótimos que começaram a tocar com 4 anos se esbofeteando por qualquer vaga, sei lá, passou pela minha cabeça que eu talvez não fosse feito praquilo. Comecei, então, a estudar composição por conta própria (um professor do conservatório, anos antes, tinha me apoiado a fazer isso) e, também, comecei a me dedicar à viola - parecida com o violino, menos concorrência e menor pressão por resultados (pensei eu).
De fato, toquei viola em orquestra jovem até 2011, mas como disse aí em cima, o problema das provas persistiu. No meu último vestibular, acabei entrando na UFRJ em outro curso, que quase me deprimiu seriamente em 3 meses de aula - cheguei ao ponto de nem querer mais sair de casa. Uso essa matrícula até hoje para assistir algumas aulas que me interessem como ouvinte na faculdade de música. Então, a partir daí, comecei a cair de cabeça na composição. Estudei (e ainda estudo) muito disso, quebrei muito a cabeça, tive que ouvir e pesquisar muita coisa - foi maravilhoso intelectualmente.
Em 2010, já com 23 pra 24 anos, comecei a sentir a falta de grana. Praticamente todos os meus amigos começaram a caminhar rumo à independência, e os de info, muitos já eram completamente independentes nesta época - com carro e casas próprias alguns. Uns casaram até. Como não queria tocar em orquestra jovem mais - e nem tinha nível pra entrar numa profissional, não tive outra escolha a não ser dar aulas. Fiquei 1 ano e meio dando aulas de violino num conservatório pequeno. Aí comecei a sentir a instabilidade da carreira do professor "freelancer" de música. Os alunos mal duravam 3 meses na aula - os mais novos se entediavam de ter que repetir os exercícios e só queriam tocar, mesmo sem ter capacidade direito ainda e os mais velhos, acho eu, não aceitavam bem a ideia de ter um professor bem mais novo que eles. Fora que o conservatório me pagava uma mixaria.
Meti o pé e comecei a dar aula particular ano passado. Sofri muito para achar alunos, e eles sempre dropam, sempre. Atualmente (desde janeiro) só dou aula pra 1 pessoa - e minhas finanças foram pra casa do caralho.
Nunca quis ser professor de nada, pelo menos não agora. E olha que, se for pensar pela hora/aula, deveria ganhar bem - cobro em média R$30 a hora. Com esta média, 6 alunos (só isso, 6h de trabalho semanal) me pagariam um pouco mais que um salário mínimo. Se eu conseguisse fechar uma carreira full-time nisso, tipo uns 30 alunos (sei lá, é um número pequeno até pra estas escolinhas de esquina), eu estaria ganhando bem PRA CARALHO em termos de música. Mas só estou com 1...
Quando comecei a frequentar as aulas da facul de música, obviamente, muitos lá eram meus amigos e conhecidos de um bom tempo. Um deles me deu uma ideia (na verdade, me encorajou a seguir uma ideia que já tinha antes): cagar pra graduação e usar meu diploma em info pra tentar um mestrado em música, numa área em que eu gostasse e até pudesse usar meus conhecimentos de computação. A ideia é ótima, e está em curso. Entrei até numa pós-graduação em música (em orquestração) pra me dar mais bagagem ainda e me fazer sofrer menos no mestrado.
Aí, a partir daí, começa uma nova série de problemas. Este ano é o ano - termino a pós e vou partir pras seleções de mestrado. (In)Convenientemente, descobri ano passado que as bolsas pra mestrado em música são que nem caviar - nunca vi, nem ouvi, mas só ouço falar - todos me disseram isso, de todas as faculs do Rio que oferecem mestrado em música. Ou seja, a bolsa se existe de fato, não vai cair na minha mão. Não sei se todos sabem, mas o mestrado em música é integral, e você assina um termo de dedicação exclusiva. Dá até pra trabalhar concomitantemente, mas a tese tem que estar em primeiro lugar. Sem falar que tem uns horários loucos de matérias - dias em que você tem aula às 9 da manhã, depois só às 4 da tarde.
Então, teria que fazer o mestrado inteiro, no pior cenário, só com dinheiro do meu bolso/bolso dos meus pais. Estou com 26 anos, meus pais não aguentam mais nem me pagar um refrigerante, imagina uma "bolsa de estudos". Ficaria 2 anos, no mínimo, nesta mesma merda, só me fudendo, e seria mestre. Daí partiria pro doutorado e a bolsa aí sim deveria rolar.
Em valores atuais: a bolsa de mestrado é R$1200 e uns quebrados. A de doutorado no país, por volta dos 3 mil. A de doutorado fora depende do país em questão - se conseguir. Como eu, um jovem na casa dos 30, vai fazer pra ganhar alguma grana enquanto termina seu mestrado? Minha tese vai ser uma casca grossa, já tô juntando material desde o ano passado e tô num grupo de pesquisas na faculdade que vai me ajudar também. Vou perder muito tempo nisso, trabalhar concomitantemente vai ser foda.
Minha namorada (1 ano e poucos meses de namoro) vive reclamando da minha falta de grana, que eu nunca posso fazer nada por causa disso ou que tenho que ficar na aba dela - uma situação horrível. Minha mãe vive falando pra eu mudar de profissão - com razão, profissão de compositor é só rindo pra não chorar, visto que são muito escassas as chances, e nem tocar direito mais tenho conseguido, seria inviável trabalhar tocando nos próximos 6 meses (um tempo médio pra reestabelecer minha técnica). Meu pai vive dizendo que eu vou ser um fudido.
Entrei numa "crise nervosa" no final do ano passado e desde dezembro não piso numa sala de aula de música pra estudar. Ano numa depressão fudida - não durmo direito, não saio direito de casa, não tenho ânimo pra porra nenhuma (muito menos pra estudar)... as vezes que saio de casa são por insistência de amigos e namorada, ou pra dar aulas de violino.
Não tenho ideia do que fazer. Gastei minha vida "inteira" me metendo nisso de corpo e alma e o retorno tá uma merda. Estou MUITO desmotivado a continuar na música e não gosto (de verdade) de fazer mais nada profissionalmente.
Quando dou aula de violino, eu me lembro o porquê d'eu gostar tanto disso, saio todo inspirado a estudar novamente com afinco e tal. Mas isso se dissipa no ônibus a caminho de casa. Sinceramente, eu nem tenho ideia do que fazer.
A frustração/desânimo é tão grande que, por exemplo, desde outubro eu venho separando alguns livros, artigos e músicas pra minha tese da pós - minha ideia era, agora em janeiro, detonar este material todo e já adiantar uma boa parte do serviço da tese. Estamos em março, cadê isso feito?
Eu era um cara super ativo. Além dos afazeres musicais, eu era super ativo fisicamente também. Fazia academia, lutava, jogava futebol de vez em sempre - fui até lateral da equipe de futebol da UFRJ. Agora, estou levemente gordo - com aquela barriguinha de cerveja (hahaha) - passei dos 95kg e devo estar com uns 20%BF, por baixo. Tá que o namoro ajuda nisso, a gente saía muito pra comer né hehehe, mas minha apatia física foi ponto-chave pra isso. A patroa sempre reclama disso, diz que quando me conheceu eu tinha tanquinho, era forte e o diabo - perdi isso tudo também. Se virem meus tópicos antigos no Academia OT vão perceber que eu sofria muito pra subir de peso (com qualidade), que a meta era ficar por volta dos 90kg - agora me vejo numa situação completamente nova pra mim, perder peso! Mas falta o ânimo pra isso também.
Desculpem se estou sendo muito negativo, mas minha vida anda um caos ultimamente. E não tenho ideia de como colocar ordem.
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Ken Himura Veterano |
# mar/13
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E desculpem o desabafo WALL OF TEXT. Não esperei que fosse ficar assim tão grande.
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Ken Himura Veterano |
# mar/13
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odion cara, na boa, se alguém consegue tocar um instrumento, é um bem imaterial imensurável que nao tem dinheiro nenhum que pague. concorda comigo? se não, seja convencional.
Não existe arte de barriga vazia. É um provérbio de algum país desses de tradição artística (acho que Itália).
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Adler3x3 Veterano |
# mar/13 · Editado por: Adler3x3
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Ken
Pelo que entendi você tem ainda um bom percurso para terminar os seus estudos. Se chegou até aqui deve continuar. Desistir de tudo agora pode ser pior. De onde buscar forças? - de você mesmo e de sua família.
No momento a sua família é a sua "fortaleza"
Tente conversar e manter um diálogo com o seus pais. Um dia você vai poder retribuir.
Fora as aulas que você pode conseguir mais alunos(as) não visualizo outra saída,nem trabalhar meio expediente dá, mas tem que trabalhar para conseguir mais alunos.
Entretanto lembro: "As Virtudes" Não é auto ajuda, é o caminho, é a ação. Pesquise e estude sobre as "Virtudes", não é só teoria, é acima de tudo prática. Só teoria não serve. Você só tem a ganhar. Independe da religião. É um estudo é um modo de vida, sem virtudes não somos nada. As virtudes não tem dono, e se tivessem não seriam virtudes. As virtudes são livres. Num outro tópico, escrevi sobre a música e as virtudes, e fui mal interpretado (vai ver escrevi muito mal), e o texto que escrevi é original, não copiei de lugar nenhum, e ninguém leu com a devida atenção o que escrevi, e quase ninguém comentou e quem comentou ainda fez deboche e gozou da minha cara. Os dias de hoje não estão fáceis, você escreve sobre virtudes e recebe paulada. Para quem quiser ler:
http://forum.cifraclub.com.br/forum/9/300780/
Não existe esta de um único caminho, mas com certeza sem virtudes não se chega a lugar nenhum.
Mas nesta altura, neste momento crucial, tem que levantar a cabeça e seguir em frente. Já li muito posts seus, uns mais antigos e polêmicos, e até sobre outros temas, e de modo geral tirando algumas pequenas oscilações você demonstra um grande potencial. Não é fácil não! Avante, Força e Coragem.
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Adler3x3 Veterano |
# mar/13 · Editado por: Adler3x3
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Oops post duplo. Desculpem.
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Ken Himura Veterano |
# mar/13
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Adler3x3 Pois é, cara. Eu leio muito sobre religiões, filosofia, ocultismo... estes conceitos de virtudes eu sempre levo comigo. Mas ultimamente tá difícil.
Minha família quer mais é que eu desista mesmo e volte pra informática. Dizem eles que o dinheiro (muito mais fácil de obter ali, mesmo) apagaria rapidinho minha dependência da música.
Eu argumento sempre, mas tem jeito não. Por exemplo, minha mãe vive tentando me enfiar no SENAC pra fazer algum outro técnico...
Não vejo bem uma saída.
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Lelo Mig Membro
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# mar/13 · Editado por: Lelo Mig
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josecelso Ken Himura
Vocês estudaram música...e muito...eu não.
Sou autodidata...nunca quis ser professor, nem maestro, nem ter faculdade de música... diploma algum na área me interessava.
Fiz um caminho distinto, mas com o mesmo desfecho...
Tinha uma facilidade absurda com música e instrumentos. Oque pegasse na mão tirava som, sem ter a miníma ideia de como. Sem esforço, sem dedicação, sem disciplina.... apenas saia tocando.
O que parece ser "de graça", ou uma "dádiva" teve um preço alto. Era considerado "brilhante" por muitos e por um tempo acreditei nisso...
Com 18 anos comecei a tocar profissionalmente. Bares, bandas de baile, acompanhar cantores. Mas acima de músico, sempre fui um ouvinte apaixonado, mais artista do que músico. Queria compor e acontecer/sobreviver com trabalho autoral.
Dos 18 anos citados acima aos 34 anos me dediquei a esse objetivo. Não posso me gabar de meu esforço. Ao contrário de vocês, nunca me dediquei 100%, sempre levei "meio nas coxas", sem disciplina, sem obstinação. Eu achava que eu era bom suficiente, que tinha talento e que as coisas iriam "cair do céu" por esses meios.
16 anos...se passaram, investindo em trabalho autoral por prazer e tocando em bares e como músico de apoio para ganhar algum dinheiro, porém, sem prazer. Não gosto de tocar covers, não gosto da noite e da escravidão que a música proporcionava. Os amigos saiam, viajavam, namoravam...e eu enfiado em bares em pleno sábado à noite.
Mantive profissão e trabalhos paralelos, porque como só queria "vencer" no autoral, sabia que passaria fome se não tivesse outro trabalho.
O problema é que o sonho com a música me fez levar a segunda profissão sem afinco, sem objetivo, como algo provisório e passageiro.
Resultado, não fiz bem nem uma coisa nem outra.
Um dia percebi que não era mais tão "brilhante" como me achava e fui estudar. Pior coisa que fiz.........o pouco que sabia de forma intuitiva e autodidata foi esmagado pelo estudo formal. Não ganhei nada, por ser indisciplinado e ainda perdi a segurança que tinha antes. Virei um músico comum e sem diferencial.
Abandonei a música em 1996, com 34 anos de idade.
Só voltei a por a mão num instrumento há 6 meses.
A única coisa que tenho certeza hoje é que não foi a música. E sim eu.
A maturidade atual me faz enxergar e admitir que em qualquer profissão eu teria feito a mesma coisa.
Tinha uma inteligência e facilidade acima da média e isso de nada me ajudou. Porque sempre achei que as coisas seriam fáceis prá mim.
O tempo me mostrou que não é o mais competente, em nenhuma área profissional, que se dá bem. É o mais determinado.
Tenho vários amigos que vivem de música...alguns bem, outros nem tanto.
Como em qualquer profissão......
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tchedovollosky Veterano |
# mar/13
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josecelso cara eu tenho 17 anos então se quiser desconsiderar este comentário fique a vontade.
olha o que o Adler3x3 falou tem muito sentido acho que vc deveria considerar, olha conheço um cara que vive de música mas especial de gravações, não sei se ele passa pelo msm mas me parece que ele sobrevive, ele tem filhos e esposa carro e alguns teclados razoaveis ( nao entendo nada de teclados mas me parece que são bons teclados ) que ele usa pra fazer as gravações dele, e com isso sobreviver, bom mas achou que o fator regional ( leia AL ) tambem pode afetar um pouco isso, porque, sempre tem uns caras querendo gravar suas musicas de brega, forró, ou que o povão ouve por aqui.
olha eu tenho o facebook dele, e se o sr. permitir e quiser posso passar o face dele pra voces conversarem sobre.
Boa Sorte amigo!
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Adler3x3 Veterano |
# mar/13 · Editado por: Adler3x3
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Ken
Na década de 70 eu tinha um amigo que gostava muito da boa vida. Era um técnico em eletrônica e trabalhava no radar de navios. Ele fazia o seguinte, trabalhava por um tempo que nem um doído, com muitas e muitas horas extras e guardava bem o dinheiro. Depois se demitia e voltava a boa vida, e assim fez por muitos anos e anos, com os pais tendo boas posses mas não dependendo deles. Até que um dia se apaixonou e casou e aí teve que trabalhar. De repente a solução pode ser, voltar a trabalhar e se concentrar por um ou dois anos e fazer um pé de meia e depois voltar aos estudos oficiais , mas sempre continuando por conta própria os seus estudos sem perder o foco. Obviamente a melhor decisão cabe somente a você, e a minha opinião pode não ser a melhor. É uma decisão difícil. E você pode ter que buscar aconselhamento com amigos de verdade. Não é o meu conselho que deve pesar, pois a minha visão é superficial, nem te conheço direito. Mas a escolha das opções e suas consequências são só suas. Quando se chega num impasse algo tem que ser feito. As vezes é necessário dar uma parada, para recuperar as forças , para depois poder avançar. Mas saber o que esta fazendo, tendo um plano. Tem que ter o controle da situação, mas tem que agir, antes que os próprios acontecimentos se precipitem e não te deem mais opções e você corra o risco de ser levado pelo rio da vida sem saber aonde vai parar. Faz parte da estratégia, nem sempre dá para avançar continuamente. Você ainda é relativamente novo, tem que resolver esta situação antes dos 30, mas não pode mais perder tempo. Os anos passam e passam e depois as oportunidades não aparecem mais. Estudar é bom. Mas não pode virar um eterno estudante (somos eternos estudantes no sentido mais profundo), mas só estudar não enche a barriga. Conheço muitas pessoas que tem mais de um curso superior e vários cursos de especialização, e viraram eternos estudantes, e não sabem trabalhar. Acredito que só quem trabalha com ciência e pesquisa (bem empregado) ao mesmo tempo pode se dar o luxo de ser um eterno estudante. Dentro da especialização que você se formou pode existir trabalho. Infelizmente no Brasil o estudante de música não tem o apoio que deveria ter.
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waltercruz Veterano |
# mar/13
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Minha história tem alguns pontos em comum com as histórias do Ken Himura e do josecelso. Com a diferença que eu sou um pouco mais sem juízo que a maioria. hehee
Se eu contar aqui que eu larguei um emprego público em São Paulo, muita gente tem um troço... ops, contei! Mas isso essencialmente não tem a ver com música: eu me apaixonei por uma menina daqui de Brasília, e por diversas razões, a melhor alternativa era vir pra cá. Abandonei tudo em São Paulo. No fim a relação não permaneceu, mas não me arrependo.
No tempo da relação eu praticamente não mexi com música. Eu tocava música gospel em São Paulo e nunca tive instrumento próprio, sempre foram das bandas ou igrejas onde tocava. A situação que vivíamos impossibilitou comprar um instrumento por muitos anos. Comprei um Korg TR bem perto do fim do casamento, que aliás, queimou a placa mãe bem no fim de tudo.. eehe
Depois que me separei, coincidência do destino, mudei-me pra um prédio onde moram 3 músicos. Teclado queimado, logo após conversar com meu vizinho guitarrista e ver que tínhamos gostos em comum, e que ele planejava montar um Tributo a Santana há algum tempo fiz uns empréstimos no banco e comprei uns equipamentos para poder de fato começar a tocar na noite.
Mas gastei dinheiro absurdo na minha época de solteiro pós-casamento. SItuação que me prejudica até hoje. Mas enfim, culpa disso tudo é minha. Hoje trabalho com informática e cada dia mais a vontade de trabalhar com isso diminui e a vontade de trabalhar com música só aumenta.
Agora em fevereiro fiquei 2 semanas desempregado e não tenho reservas nenhuma, aliás só dívidas, e essas 2 semanas foram o caos financeiramente. Porém, nessas 2 semanas pude parar com bom tempo para produzir minhas músicas eletrônicas, estudar, ouvir música, e acho que foi o melhor tempo que tive em anos.
Sei que dar aula de música me garantiria alguma grana com relativa facilidade, mas não gosto de dar aula. Gosto de tocar. E atualmente, tenho gostado muito de ficar atrás de uma daw editando coisas. São essas coisas que pretendo fazer em um futuro próximo (provavelmente médio/longo prazo).
Queria ter a disciplina e a coerência do Adler3x3 de ter e seguir um plano. hehehe quem sabe um dia eu aprendo.
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Adler3x3 Veterano |
# mar/13
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waltercruz
Não sou tão disciplinado assim. São as vicissitudes, os erros e os infortúnios da vida que nos ensinam. O ideal seria aprender sem errar, sempre acertando, ou errar o mínimo possível.
Mas quem não erra?
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Drive30 Veterano |
# mar/13 · Editado por: Drive30
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volta e meia tem um tópico desse aqui no FCC. E sempre a questão 'financeira' é o ponto chave e maior problema da questão.
Nao sei quanto aos outros músicos (provavelmente deve ser parecido), mas de todos os guitarristas que 'deram' certo na música a única coisa que todos tem em comum ou pelo menos a maioria é o tempo de treino e dedicação ao instrumento e ao estudo da música . To falando em estudar 10 horas por dia durante 10 anos seguidos.
A segunda coisa que vejo em comum nesses caras é que eles tem um 'respaldo' financeiro durante anos (alguns até pra sempre), seja da onde for, ou em outras palavras - dependente dos pais ou familia ou no popular , sao 'filhinhos de papai'... porque nao tem como alguem gastar 10 horas por dia com musica e ainda dizer que ainda ganha dinheiro com outro trabalho.
Portanto amigos o caminho da frustração e depressao na musica é bem facil de se conseguir, visto que mesmo que voce caminhe para ter toda essa dedicacao explicada no 1 paragrado acima, voce provavelmente nao vai ter o que falei no segundo , ai uma hora voce vai precisar de grana e pronto, a determinacao e dedicao vao por agua abaixo...
Edit: Tem a questao do que é 'dar' certo, na musica tambem. Muitos se realizam com o simples fato de ganhar um dinheirinho ali , uma aulinha aqui e mantem uma 2 profissao (nao tao chata) como disseram ai , que é o meu caso. Agora outros tem o sonho de serem reconhecidos nacionalmente, ou até mundialmente, ai o risco de acontecer o que escrevi acima é enorme.
Eu acho estranho que parece que só na música voce precisa ser o fodasso, super profissional, reconhecido e tal , nas outras profissoes basta fazer o arroz com feijao que ta beleza. É tudo a mesma coisa, 99.9% das pessoas sao apenas bons profissionais sem nada de extraordinario e nao tem depressao com isso.
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Adler3x3 Veterano |
# mar/13
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Drive30
É a figura do Mecenas. Sem eles muitos músicos do passado não teriam existido. E mesmo hoje em dia são necessários, sejam empresas, governo e a própria família. E ser Mecenas de si próprio não é fácil. Muito embora hoje as oportunidades sejam mais amplas, na essência continua a mesma coisa.
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waltercruz Veterano |
# mar/13
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Drive30 A questão toda parece ser bem essa: como conseguir chegar lá sem, ou com um mínimo desse respaldo.
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waltercruz Veterano |
# mar/13
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Adler3x3 Isso! Valeu, desconhecia o significado dessa palavra.
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Drive30 Veterano |
# mar/13 · Editado por: Drive30
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Adler3x3
exato. Arte é uma atividade que nao gera recursos por si só , nao é uma atividade que gera insumos, bens de consumo, energia, etc... (pelo menos nao a curto prazo e nao com essas caracteristicas). Portanto ela precisa ser patrocinada.
Agora vai falar isso para seu pai... Eu nao falaria isso para o meu filho, hehe.
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waltercruz Veterano |
# mar/13
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Poxa Lelo Mig, que depoimento interessante.
Eu também tenho uma certa dose de talento natural, e acho que também isso acabou gerando em mim a sensação de que as coisas seriam mais fáceis pra mim, que eu seria um ser digamos, iluminado. Mas o fato é que eu estou correndo atrás disso há apenas 3 anos, o que é bem pouco.
Mas é um fator interessante esse a lidarmos, essa habilidade natural. Gera o seguinte tipo de questionamento: sabendo que vc, sem estudar nem nada, consegue passar na prova com 7, vc estudaria para tirar 10? A resposta, na maioria dos casos parece ser não (em alguns casos, após muita dedicação e cobrança eu diria que chego a tirar um 9.. tem a questão do trabalho que toma um tempo, mas com certeza só ele não é desculpa).
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Adler3x3 Veterano |
# mar/13
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Drive30
Faltou dizer no post anterior, que você resumiu bem a situação, tem que ter respaldo financeiro. Queira ou não queira o dinheiro é um bem. Assim como o sangue irriga todos os órgãos do corpo para manter a saúde, o dinheiro irriga todas as nossas necessidades, e a falta de irrigação em ambos os casos só dá problemas.
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Ken Himura Veterano |
# mar/13
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Adler3x3 O problema de voltar a T.I. (fora o caos nervoso que vou passar) é que estou bem defasado da realidade do mercado atual - me formei há quatro anos e nunca mais toquei nisso né. Somando isso a pouca experiência na área (afinal, eu tinha abandonado ela) e ao meu "não-portfólio" (não guardei nada), só vou conseguir uns empregos de merda aqui - ganhando menos que a metade do piso salarial da categoria. Tenho certeza porque conheço vários donos de empresas e diretores, os caras são mão de vaca pra tudo. Por exemplo, acabei de mandar currículo pra uma vaga que um amigo me indicou, numa multinacional... 1600 Reais. Todo mundo lá ganha, no mínimo, o dobro...
Horário integral. Vai ser foda, mas é dinheiro né.
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Drive30 Veterano |
# mar/13
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Adler3x3
Exato. Se voce pega um computador e conserta, ou constroi alguma coisa, o retorno é imediato , pois o valor do bem é palpavel e tangível. Agora com a Arte nao é assim, o valor é subjetivo e o retorno é a longo prazo...
Por mais que ja tenhamos evoluido (venda de musica online, aulas, etc..), a essencia é a mesma.
Isso só vai mudar quando a partitura virar papel moeda! hehe ai os musicos serao ricos..
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Adler3x3 Veterano |
# mar/13
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Ken Kimura
Pode ser um reinício, depois pode melhorar. Mas tem que mudar a forma de ver a coisa Todo o trabalho é nobre, todo o trabalho tem os seus ossos do ofício. E todo o trabalho não importa qual requer entrega e dedicação.
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guizimm Veterano |
# mar/13
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carambra, que tópico tenso meu sonho é ser músico, mas eu não tenho muitas esperanças, no máximo eu vou tocar por diversão nos fins de semana, isso me deixa meio pra baixo
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MMI Veterano
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# mar/13
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Fiquei lendo os relatos aqui... Pode até não ser a solução, mas o colega josecelso é publicitário. Poxa, um dos melhores trabalhos que eu já fiz na música, no sentido "grana por hora" foi exatamente nesse ramo, para um comercial de radio e TV e no qual o colega deve ter pelo menos muitos contatos. É interessante, mas esse ramo paga muito bem, ao contrário de alguns outros ramos da música. E seria uma forma de unir a música com a formação acadêmica, ou ao menos tirar proveito dela.
Mais ainda... Não é tão simples para se resolver tudo sozinho. Mas só aqui já teria o Ken Himura para resolver a composição e as cordas da parada, ao que parece, muito bem feito. Mas o nobre colega para isso precisa estar afiado, com a técnica em dia. Na minha experiência (pequena, é verdade) nesse ramo, chega um pedido e no máximo em uma semana (ás vezes bem menos que isso) tem que sair uma composição, execução e gravação impecável, porque se não fizer, tem gente de olho querendo fazer.
Sei lá, pessoal, na hora da crise que aparecem as grandes oportunidades. Mas é preciso estar atento e pronto para agarra-las. Atitudes apáticas e derrotistas não levam a nada, então diria para vocês darem um chacoalhão e pensarem em possibilidades. Mais ainda, precisam estar felizes, assim é difícil.
Abs
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