Quem sabe, sabe, e quem não sabe não aprende?

Autor Mensagem
Lelo Mig
Membro
# fev/13
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guizimm

Cara, saber onde estão as notas pelo som, não é diferente de sabe-las notadamente.

Exemplo, você sabe que a 5 casa da corda Ré é um Sol. Você aprendeu e memorizou isso. Decorar o som é a mesma coisa, é memória cerebral do mesmo jeito, não têm mágica nem nada, não é mais difícil.

Então, meu estudo é em cima dos sons, no braço da guitarra. Minha técnica de estudo difere da convencional, em alguns pontos, entre eles, estudar com total ausência de luz ou de olhos vendados. Então, ter material escrito não serve prá nada...rs.

Criatividade e rapidez, não muda nada também. Quem aplica uma escala (porque sabe as notas que quer dar) a 150 bpm, não é diferente de eu usar minha escala de "memória musical".

É tudo igual.

No que meu método é inferior ao estudo convencional?

1- É método de vagabundo.
2- Não ajuda a aprender teoria e encaixa-la na prática.
3- Não desenvolve leitura, nem escrita musical.
4- Faz você complicar coisas que com estudo poderiam ser óbvias e simples.

Tento compensar a parte teórica estudando-a à parte.

Mas sinceramente, aplicar escalas e treina-las, acho o máximo, mas não faço. Meu jeito vicia, e todo vício em estudo musical é ruim.

Mas como já tenho 50 anos, não estou disposto a mudar. Música prá mim tem que ser lúdica e prazeirosa, e alguns métodos convencionais, que para a maioria é sussa, prá mim é um martírio.

guizimm
Veterano
# fev/13 · Editado por: guizimm
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Lelo Mig
você sabe que a 5 casa da corda Ré é um Sol
mas aí eu(hipoteticamente) penso, ''a música é em dó, então eu vou tocar essa nota que está nesse desenho porque encaixa na escala", sem pensar no som que vai dar, pensar em escalas leva a se limitar a licks dentro do desenho e faz a mão ficar coordenada a tocar as mesmas coisas.

Mas se eu imaginar uma melodia, eu não saberia tocar na guitarra, porque eu não decorei o som, o que é muito mais difícil que subir e descer os mesmos desenho de acordo com o tom, é muito mais fácil criar uma melodia legal na cabeça do que ir tocando notas da escala sempre subindo e descendo as mesmas notas.

As vantagens da teoria, na minha opinião, são:
-Não precisa usar a imaginação, qualquer coisa dentro da escala não tem erro(o que faz a maioria dos guitarristas não inovarem)
-Só dizer o tom que é só sair tocando(mas se o cara tocar sem ter que usar escalas ele nem precisa saber o tom para solar)
-Dá pra entender melhor a música como um todo

Mas na verdade eu acho que o ouvido apurado quase dispensa teoria

Jube
Veterano
# fev/13
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guizimm
Acho que o lance são os intervalos, tanto nas cordas quanto nas teclas, eu nunca penso, agora vou tocar um Gm, a guitarra até hoje não tenho as notas decoradas na cabeça, mas vou pelos intervalos.

Lelo Mig
Membro
# fev/13 · Editado por: Lelo Mig
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guizimm

Cara, acredite numa coisa:

Há séculos grandes mestres foram desenvolvendo estudos, e esses estudos são caminhos que facilitam a vida de quem vem posteriormente. Para que inventar à pólvora novamente, se você já pode aprender direto como se faz a dinamite?

Talvez, meu método rendesse o máximo, se eu fosse um gênio. Mas eu não sou!

Obs: O que o Jube disse têm a ver!

Comigo a coisa foi por esse caminho porque comecei tocando de ouvido. Toquei uns dois anos de ouvido, sem afinar o violão. Na minha casa tinha um violão encostado (mas ninguém sabia tocar) e eu tocava nele. Conforme eu afrouxava ou esticava as cordas, a música que eu tinha tirado ontem, mudava, entende?

Resolvi aprender. Aprendi que tinha uma afinação, como era, e uma meia dúzia de acordes com um vizinho.

À partir daí comecei a aprender sozinho, pela lógica. Comprei livros de teoria/harmônia e fui entendendo o que eram escalas e a relação da formação dos acordes...

Só que como já tinha "meu jeito" de tocar, eu aprendia sem aplicar no instrumento.

É como se você ensinar musica para alguém que não toca. O cara aprende, pode ler e escrever partituras perfeitas, sem saber tocar.

Minha prática é desvinculada da teoria. Ou seja, a teoria que sei, é como de alguém que não toca, não é aplicada ao instrumento.

Só que ficou complicado, voltar para trás...

guizimm
Veterano
# fev/13
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Jube
como assim, vc monta o acorde nota por nota?
Lelo Mig
eu prefiro não pensar na teoria, porque e melodia que eu penso para as harmonias normalmente estão nas escalas
Pra mim os estudos servem apenas de orientação, para saber fazer notações ou para tomar um rumo quando vc não sabe para onde ir, mas dizer ''isso combina'' e ''isso não combina'' não vale pra mim

Rednef2
Veterano
# fev/13
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Lelo Mig
Concordo com o que tu disse cara.

Eu disse que vejo um dom em tu, é porque mesmo tocando sem pensar em escalas tu ainda constroi fraseados que fazem sentido.

Ken Himura
Veterano
# fev/13
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makumbator
Acho engraçado como muitos compositores que viveram na mesma época de Mozart e tiveram melhores cargos e até mais reconhecimento cairam no esquecimento.
A gente não pode esquecer que depois veio o Romantismo, né. A época em que todos eram emos (hauahauhaua) e as lendas acabaram virando mais verdade que a própria realidade dos fatos. Isto ajudou a promover muitos mestres (o próprio Bach, né), mas encobriu muitos outros, infelizmente.


vinibassplayer
usei os exemplos na guitarra, pq é o q tem de mais aki no fórum, e é o q a maioria tá usando como exemplo.
é o instrumento q todo mundo presta mais atenção, e que tem os músicos de mais destaque. isso é quase um fato.

Já que é pra generalizar, 90% dos guitarristas não são músicos, são digitadores surdos. Abra a cabeça, a música não é só rockzinho, onde nego só presta atenção na guitarra; ela é exponencialmente maior que isso - inclusive no próprio rock.

odion
Veterano
# fev/13
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eu pensava que george harrison era um medíocre pq todos só falavam em macrteney e lennon...eu tb pensava nisso...pq eu só ouvia as vozes e curtia as letras, mas depois que comecei a tocar violão vi a importância desse cara que os caras do oasis tem tanta bronca. nao sei pq...

Gianew
Veterano
# fev/13
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Quem tem dinheiro come que nao tem...

guizimm
Veterano
# fev/13
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Ken Himura
Isto ajudou a promover muitos mestres (o próprio Bach, né)
como assim?Bach é barroco

guizimm
Veterano
# fev/13
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Gianew
Quem tem dinheiro come que nao tem...
?

Scrutinizer
Veterano
# fev/13
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guizimm
Sim, mas sua música foi se espalhar por aí no romantismo.

guizimm
Veterano
# fev/13
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Scrutinizer
sério? achei que ele tinha sido sempre reconhecido

Scrutinizer
Veterano
# fev/13
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guizimm
Até onde sei ele era conhecido quando era vivo por ser um ótimo instrumentista, mas vários compositores o admiravam, como Beethoven e Mozart, mas nunca foi como é hoje até o começo do século XIX, quando uns caras, inclusive Mendelson, começaram a divulgar as composições dele.

makumbator
Moderador
# fev/13 · Editado por: makumbator
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guizimm

Como o Scrutinizer já citou, Bach (e os demais do barroco) passaram por um período de certo esquecimento logo após o barroco (o que é até natural, uma vez que o rococó e principalmente o classicismo fugiram da estética barroca, que era vista na nova era como algo obsoleto e excessivamente carregado polifonicamente).

Foi justamente o Mendelssohn a iniciar um processo de revalorização de Bach (e que por tabela alcançou outros da mesma época). Mas pelo menos na didática de instrumentos de teclado ele nunca havia sido abandonado, mas ficaram por um tempo relegados apenas ao estudo e formação de músicos, e não muito presentes na apreciação geral do público.

Lelo Mig
Membro
# fev/13 · Editado por: Lelo Mig
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guizimm

Como o Scrutinizer e o makumbator já disseram e só reforçando:

Bach teve pouco reconhecimento em vida. Era tido por todos como um virtuoso do órgão, talvez o melhor de que se tinha notícia, porém, como compositor era considerado antiquado e sem criatividade. Outros, como Haendel e Tellemann, tiveram suas obras muito mais apreciadas. Na época que se seguiu a sua morte, Bach caiu no esquecimento.

Posteriormente, além de Mendelsson, Haydn, Mozart e Beethoven tiveram um grande apreço pelas obras de Bach e contribuíram, de certa forma, para que ele fosse resgatado.

odion
Veterano
# fev/13
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beethoven nao ficou surdo por conta da sífilis, lhes garanto isso...

makumbator
Moderador
# fev/13 · Editado por: makumbator
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odion

Heheh!

Há dúvidas sobre qual era exatamente a doença que causava a surdez do Beethoven. Em geral há uma tendência a achar que era

"otospongiose progressiva da cápsula labiríntica"

ou "otosclerose coclear"

ou mais recentemente alguns acreditam ter sido surdez mista, causada por vários problemas combinados.

Esses diagnósticos modernos foram feitos com base nas descrições tanto do próprio Beethoven em cartas e prontuários dos vários médicos que consultou em vida, além de dados da necrópsia feita no maestro, que vasculhou com bastante atenção os ouvido do músico.

A surdez começou timidamente aos 26 anos, e foi progressivamente avançando. Aparentemente ele também sofria de Tinnitus, e reclamava de perda de audição e zumbido.

No fim da vida ficou totalmente surdo do ouvido direito, e ficou com uma pequena audição no esquerdo, que permitia que ele "sentisse" alguns timbres e captasse algumas vozes na fala (sem no entanto entender o que era dito).

guizimm
Veterano
# fev/13
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Lelo Mig
makumbator
Scrutinizer
muito interessante saber disso, sempre tinha achado que ele tinha sido sempre conceituado

MMI
Veterano
# fev/13
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makumbator

Essa é a razão mais aceita para a surdez dele. Veja bem, otospongiose (versão "moderna" do nome da doença) é a mesmo coisa que otosclerose, que em geral causa uma surdez mista. Essa doença comumente atinge os ossículos e a progressão vai até a cóclea (otospongiose coclear) ou mesmo o labirinto. Quase sempre a perda de audição é acompanhada de zumbido (tiinnitus), ou seja, até aí é tudo de um problema só.

Nesta doença ocorre a perda de audição progressiva por perda da condução aérea, ou seja, o som que bate e faz vibrar o tímpano não chega no ouvido interno. Mas a audição por via óssea vai se mantendo melhor, até que a doença atinja a cóclea. Por essa razão dizem até que Beethoven chegou a pedir para instalar uma extensão metálica na frente de seu piano, para encostar a cabeça e ouvir um pouco melhor do som (geralmente dá um ganho de uns 20 dB) - ouvi isso algumas vezes, mas carece de confirmação a história dessa adaptação, que com certeza funcionaria.

Só para lembrar, Joseph Haydn e Ludwig van Beethoven ajudaram no desenvolvimento do instrumento em associação com o fabricante Broadwood Pianos.

makumbator
Moderador
# fev/13 · Editado por: makumbator
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MMI

Sim, o que alguns médicos rebatem é que certos sintomas descritos por ele são um tanto incomuns para otosclerose, e a tal necrópsia não teria encontrado vestígios de alguma infecção, que poderia também ter acontecido.

Eu me lembro que exumaram o corpo dele (relativamente recente), para analisar mais de perto o caso, mas não encontraram os ossos ligados à audição.

EDIT:

Não sei se vc já leu sobre os tratamentos indicados pelos médicos da época. Alguns hilários hoje em dia. Tinha desde banho no Danúbio até mudança para o campo. E ele consultou os melhores do mundo na época (um deles era também compositor, e também sofria de perda progressiva de audição como o Beethoven).

odion
Veterano
# fev/13
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ninguém nunca viu beethoven sem mangas compridas, será que ele tinha manchas?

Lelo Mig
Membro
# fev/13
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odion

Cara, só conhecemos Beethoven por retratos/pinturas da época. Cite prá mim, UM personagem histórico do século 17, 18 que foi retratado sem camisa ou de regatas?

odion
Veterano
# fev/13
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silvio santos

guizimm
Veterano
# fev/13
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odion
para de ser estranho mano

Felippe Rosa
Veterano
# fev/13
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Lelo Mig
Acho que o modo como você toca deveria ser meio que um exemplo, não se despreza a teoria, penso que deveria ser usada como uma trilha, caminho a ser seguido, principalmente em questão de harmonia, mas, em questão de improviso acho errado, dependendo da música ficar preso apenas em determinada escala, e não buscar outros caminhos fora....

rcorts
Veterano
# fev/13
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A irmã do baixista da minha banda canta demais, sabe, com técnica praticamente perfeita e com emoção que te faz chorar. Mas quando se pergunta a ela como ela estudou técnica vocal ela sempre responde a mesma coisa: não sei, só sei que faço. O vocalista da minha banda a mesma coisa. O mais próximo que o cara chegou de estudar técnica vocal foi ter cantado em um coral de igreja quando era criança. Se brincar, eu que sou guitarrista já estudei mais sobre técnica vocal do que ele.

Com certeza dedicação, muito estudo e também ter amor pela música (e não apenas gostar de guitarra, ou de um estilo de música restrito) são fatores que levam um músico a ser muito bom no que faz.

Mas tem caras que tem sim um traço de genialidade. Talvez não paramos pra pensar nisso constantemente, mas a música não surge só do que você sabe de música e sim do modo particular do funcionamento da mente de cada ser humano. E nesse ponto já não é mais possível definir um gênio só pelo que ele estuda ou treina, mas pela maneira como ele enxerga o mundo em que vive e as concepções filosóficas que assume. Isso não dá pra quantificar.

Mulambojr.
Veterano
# fev/13
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guizimm

Loguei só pra positivar.

guizimm
Veterano
# fev/13
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Mulambojr.
valeu

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