Sobre os Ramones - em resposta ao mummy !

Autor Mensagem
Mummy
Veterano
# nov/06
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Christhian

Olha, Christian, respeito sua atitude moderadora, mas não resisto: o Johnny Ramone era um cara muito escr*. Tudo bem, o cara já morreu e tal - aliás, que Deus o tenha em bom lugar - mas, o camarada era muito "vavaca" (como diria o seu Manel da padaria). Era mandão, mal-humorado, metido e ainda por cima roubou a namorada do Joey (esse sim, um eterno garotão ingênuo e gente fina). Deu em cima e roubou a única mulher que o Joey havia amado em sua vida.

Peik
Veterano
# nov/06
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quem disse q punk tem q ser punk para ser punk?

Hummmmmm tens razao......

toni viguncio
Veterano
# nov/06
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na questão ideologia punk ou som punk (punk rock)?
se for ideologia soh se encaixaria no do it yourself...
pq ele naum seguia a ideia anarquista ou de letras q "discutiam o sistema"

no som eh punk sim oras XD

Dogs2
Veterano
# nov/06
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estão boicotando agente !!

estão boicotando o português também!!!
:)

Dogs2
Veterano
# nov/06
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A atitude do punk é fugir do sistema. Enfrentar de frente (como o Chico Buarque fez na ditadura, "subliminarmente") é bem mais difícil e corajoso...

Mummy
Veterano
# nov/06
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Dogs2

Rapaz, Chico Buarque é o cara. Aquele episódio da música "Apesar De Você" é simplesmente hilário. Como você sabe, a censura mandou recolher o compacto quando este já tinha vendido pra dedéu. A música já tinha estourado nas rádio, no Brasil inteiro. Tudo bem, muita gente pensava (assim como eu também achava), que aquele "apesar de você" se referia a uma mulher e não ao governo militar. (Sei que todos aqui conhecem a história, mas não custa nada relembrar.)

A música já estava estouradaça quando a censura mandou recolher todas as bolachinhas das lojas de todo o Brasil. Obviamente, isso foi um tiro no pé - a censura caiu no ridículo, talvez tanto quanto da vez que proibiram o Ballet Bolshoi de se apresentar no Brasil, por ser coisa de comunista...

Mas, voltando ao Chico, depois também teve a criação do compositor Julinho da Adelaide...Aquilo foi mais engraçado ainda. Lembram dele ? Para os que não se recordam bem, leiam:

abre aspas

JULINHO DA ADELAIDE

Julinho da Adelaide nasceu quando Chico Buarque passou a ser muito conhecido entre os censores do regime militar, na década de 70. Suas músicas eram proibidas somente porque levavam sua assinatura. A saída para burlar a censura foi a criação de um heterônimo. E deu certo. Acorda amor, Jorge maravilha e Milagre brasileiro passaram pela censura sem maiores problemas. Julinho chegou até a dar uma entrevista para o jornal Última Hora sobre sua carreira em ascensão. O jornalista e escritor Mário Prata, que o entrevistou em 1974, relembra esse episódio no artigo abaixo. A entrevista publicada contém apenas parte do que você pode ler na transcrição integral da fita que a originou.


Julinho de Adelaide, 24 anos depois
Depoimento de Mário Prata

Eu me lembro até da cara do Samuel Wainer quando eu disse que estava pensando em entrevistar o Julinho da Adelaide para o jornal dele. Ia ser um furo. Julinho da Adelaide, até então, não havia dado nenhuma entrevista. Poucas pessoas tinham acesso a ele. Nenhuma foto. Pouco se sabia de Adelaide. Setembro de 74. A coisa tava preta.

- Ele topa?

- Quem, o Julinho?

- Não, o Chico.

O Chico já havia topado e marcado para aquela noite na casa dos pais dele, na rua Buri. Demorou muitos uísques e alguns tapas para começar. Quando eu achava que estava tudo pronto o Chico disse que ia dar uma deitadinha. Subiu. Voltou uma hora depois.

Lá em cima, na cama de solteiro que tinha sido dele, criou o que restava do personagem.

Quando desceu, não era mais o Chico. Era o Julinho. A mãe dele não era mais a dona Maria Amélia que balançava o gelo no copo de uísque. Adelaide era mais de balançar os quadris.

Julinho, ao contrário do Chico, não era tímido. Mas, como o criador, a criatura também bebia e fumava. Falava pelos cotovelos. Era metido a entender de tudo. Falou até de meningite nessa sua única entrevista a um jornalista brasileiro. Sim, diz a lenda que Julinho, depois, já no ostracismo, teria dado um depoimento ao brasilianista de Berkely, Matthew Shirts. Mas nunca ninguém teve acesso a esse material. Há também boatos que a Rádio Club de Uchôa, interior de São Paulo, teria uma gravação inédita. Adelaide, pouco antes de morrer, ainda criando palavras cruzadas para o Jornal do Brasil, afirmava que o único depoimento gravado do filho havia sido este, em setembro de 1974, na rua Buri, para o jornal Última Hora.

Como sempre, a casa estava cheia. De livros, de idéias, de amigos. Além do professor Sérgio Buarque de Hollanda e dona Maria Amélia, me lembro da Cristina (irmã do Julinho, digo, Chico) e do Homerinho, da Miucha e do capitão Melchiades, então no Jornal da Tarde. Tinha mais irmãos (do Chico). Tenho quase certeza que o Álvaro e o Sergito (meu companheiro de faculdade de Economia) também estavam.

Quem já ouviu a fita percebeu que o nível etílico foi subindo pergunta a resposta. O pai Sérgio, compenetrado e cordial, andava em volta da mesa folheando uma enorme enciclopédia. De repente, ele a coloca na minha frente, aberta. Era em alemão e tinha a foto de uma negra. Para não interromper a gravação, foi lacônico, apontando com o dedo:

- Adelaide.

Essa foto, de uma desconhecida africana, depois de alguns dias, estaria estampada na Última Hora com a legenda: arquivo SBH. Julinho não se deixaria fotografar. Tinha uma enorme e deselegante cicatriz muito mal explicada no rosto.

Naquelas duas horas e pouco que durou a entrevista e o porre, Chico inventava, a cada pergunta, na hora, facetas, passado e presente do Julinho. As informações jorravam. Foi ali que surgiu o irmão dele, o Leonel (nome do meu irmão), foi ali que descobrimos que a Adelaide tinha dado até para o Niemeyer, foi ali que descobrimos que o Julinho estava puto com o Chico:

- O Chico Buarque quer aparecer às minhas custas.

Para mim, o que ficou, depois de quase 25 anos, foi o privilégio de ver o Chico em um total e super empolgado momento de criação. Até então, o Julinho era apenas um pseudônimo pra driblar a censura. Ali, naquela sala, criou vida. Baixou o santo mesmo. Não tínhamos nem trinta anos, a idade confessa, na época, do Julinho.

Hoje, se vivo fosse, Julinho teria 55 anos. Infelizmente morreu. Vítima da ditadura que o criou.

Há quem diga porém que, como James Dean e Marilyn Monroe, Julinho estaria vivo, morando em Batatais, e teria sido ele o autor do último sucesso do Chico, A foto da capa. Sei não, o estilo é mesmo o do Julinho. O conteúdo então, nem se fala.

fecha aspas


Caso alguém queira ler a entrevista na íntegra, aqui vai:


abre aspas

Última Hora - 09/74

Veja entrevista publicada


Mario Prata, Melchíades Cunha Jr

Transcrição da fita da entrevista gravada em setembro de 1974


Última Hora- Não ia fotografar?

Julinho da Adelaide - O que?

UH - Você tá com duas cicatrizes?
(Referindo-se ao episódio em que Sérgio Ricardo, tendo sido vaiado durante a apresentação de sua canção Beto bom de bola, num dos festivais de MPB, atirou o violão contra a platéia.)

JA - Não, pegou assim, o cabo pegou assim aqui e a caixa desse outro lado.

UH - Quer dizer que você é um sujeito marcado pela música popular brasileira? (risos)

JA - Sou marcado pela música popular brasileira. Foi aí que eu despertei para a música, inclusive foi nesse momento que eu despertei para a música popular.

UH - Certo. Ô Julinho, é essa 2ª vez que você... Essa primeira vez que você veio para São Paulo, você estava passeando. Só.

JA - Tava. Eu, inclusive,não tinha vocação nenhuma musical, foi...

UH - Como foi?

JA - Aí que eu despertei realmente para a música popular.

UH - Como é que você veio? Veio de ônibus, trem, como foi?

JA - Vim de ônibus.

UH - Nessa época, você estava construindo casa na Gávea?

JA - Não, isso é um pouco de confusão que estão fazendo. Quem está construindo casa na Gávea é meu irmão Leonel.

UH - Leonel?

JA - É.

UH - Mas o...

JA - Meu irmão e procurador.

UH - Certo. Depois a gente fala do Leonel... Mas, Julinho é essa a 2ª vez que você está em São Paulo. Você está aqui profissionalmente? Eu soube que você está com 3 músicas novas aí, você tá pra...

JA - Três não, têm muito mais de três! Devo dizer isso. Agora, não tenho culpa se pessoas pedem sempre as mesmas. As pessoas pedem, em geral, o Chama o ladrão, o Jorge maravilha e O milagre, são as 3 que pedem mais. Agora têm muito mais músicas que isso. Olha, o Chama o ladrão teve um problema com a censura e O Milagre teve também. Inclusive, eu queria dizer que eu não quero criar nenhum conflito com a censura, entende? Porque eu tenho, através do Leonel, um diálogo muito bom com eles, entende?

UH - O Leonel faz o quê?

JA - Eu entendo que.. O Leonel é meu procurador, é ele que quebra todos os galhos, em todos os sentidos, entende?

UH - Mas ele tem... Qual a profissão dele?

JA - Na carteira, é comerciário, mas ele não exerce muito a profissão de comerciário. Ele trabalha mais mesmo como meu procurador e tem assim boas relações. Ele vive disso. Inclusive tem boas relações com a polícia. Então com relação à censura eu tenho essa posição. Eu acho bobagem a pessoa falar que a censura prejudica, quando eu acho que o negócio é fazer samba, tem que fazer muito samba mesmo, entende? Eu faço muito samba, quer dizer, faço vários por dia mesmo. Tanto que o sujeito que trabalha lá, o trabalho dele é censurar música, eu respeito muito o trabalho do cara, quer dizer, ele terminou o dia... quantas músicas você censurou hoje? Ele fala: 7. O cara que disser 17, por exemplo, vai ser promovido logo. Eu também, meu trabalho é fazer samba, quantos samba você fez hoje? Oito, nove? No dia que eu faço dez vou dormir em paz com a minha consciência, entende? Cada um no seu ramo.

UH - Mas você realmente faz oito, dez sambas por dia?

JA - Faço e faço samba duplex também.

UH - Espera aí, antes de falar sobre samba duplex, por que você só foi descoberto agora, por que só agora que estão cantando suas músicas?

JA - Porque eu, relativamente há pouco tempo que estou fazendo mesmo, profissionalmente. E estou divulgando, e tem um grande problema... O autor jovem tem um grande problema: eu andei em todas as empresas e não consegui nada.

UH - Sei...

JA - É claro que minha voz não é muito boa. Eu não sou cantor. Hoje em dia, quase todos os compositores são cantores, entende? Eles que defendem o material, a matéria-prima deles, eles que se lançam. Eu não posso fazer isso, tenho que procurar. Tenho que procurar as fábricas. Aí o sujeito me empurra pro outro. Um dia, eu fui parar na Phillips e acabei no departamento gráfico, (risos) eu fui de porta em porta..."Não, você fala com o fulano... Isso lá no Rio, na Phillips.

UH - Sei. Agora esse negócio...

JA - Cheguei até a falar com Roberto Menescal, autor do Barquinho.

UH - ...da cicatriz te grila muito também, não é?

JA - Embora eu não seja cantor, um dia, pretendo gravar um disco. Você vê, gente que canta bem como Chico Buarque, o Vinícius de Moraes, o Antonio Carlos Jobim, essa gente toda canta também, entende? A minha voz não é muito boa. Outro dia, eu vi o disco do Nelson Cavaquinho, ele é mais rouco do que eu. E grava um disco. Eu posso até gravar um disco um dia, entende? Aí a minha foto vai atrapalhar a vendagem do disco, não é? É claro que eu não vou botar na capa do disco a minha foto. Mas se já estiver a minha foto ligada a minha pessoa, amanhã, sei lá, menininhas dessas bonitas aí da Rua Augusta e tal que... podem comprar pensando que é um sujeito bonito e vende mais o disco, acho, não é? Pelo menos com a minha cara ligada a minha pessoa vende menos. Então, é melhor não ter cara do que ter a cara que eu tenho.

UH - Não vamos nem discutir isso...

JA - Eu fico meio nervoso quando falo nisso, eu fico meio nervoso, viu?

UH - Não. Aí é um problema pessoal, a gente não vai forçar. O Bosco pode inclusive...

JA - Quem?

UH - O Bosco, o fotógrafo, ele vai entender isso, não tem problema nenhum.

JA - Se quiser tirar, tira de costas ou então tira do meu irmão Leonel, é claro. O Leonel já se ofereceu, inclusive, para se eu fizer um disco ele aparecer na capa. (risos) O Leonel é um quebra galho.

UH - O Leonel está aqui com você, agora?

JA - Não, ele me mandou... porque disse que leu nos jornais, o Leonel lê muitos jornais.

UH - O que ele está fazendo aqui?

JA - Aqui em São Paulo, tem muita casa de samba, uma coisa que lá no Rio não tem. Lá tinha uma só. Era o Sucata. Mas um show já montado e não podia entrar e cantar no meio. E aqui parece que as pessoas podem chegar e... Eu não sei porque cheguei agora, eu quero até pedir um conselho, quais são as casas melhores. Vou lá e vou pedir minha vez pra cantar, já avisando antes e pedindo desculpas que não sou bom cantor, mas acho que tenho muita música, já fiz uma chegando aqui hoje.

UH - Você já fez música e a letra?

JA - Faço tudo junto. É claro que eu faço samba duplex. E quase todos são duplex.

UH - Samba, duplex, o que que é?

JA - São sambas que você pode mudar, entende? Por exemplo, esse que eu fiz agora pode mudar... é sobre o problema da meningite que o Leonel falou que tinha isso aí. Falou: "Olha, vai para lá e cuidado com a meningite". Ele me explicou o que significava, porque eu não leio muito jornal. Ele é que lê mais. Aí eu fiz o samba no meio do caminho que diz assim: "Eu fui para São Paulo com a Judite, só saí de lá com meningite." Agora, do jeito que é feito a música, dá pra cantar.... porque eu sei que tem umas propagandas de vir para São Paulo nos fins-de-semana e tal. Eu não quero prejudicar ninguém. Pode dar problema isso. Se der problema: "Eu fui para São Paulo com meningite e sai de lá com a Judite", Inclusive, fica como se São Paulo tivesse curado a meningite.

UH - A Judite é paulista?

JA - Não, o samba é duplex. Se eu tivesse chegado com a Judite, cheguei de algum lugar, da Bahia, pode ser que ela seja baiana. Se eu tivesse chegado com a baiana e saísse com a Judite, então a Judite é paulista. O samba é duplex. Inclusive eu faço adaptação de samba. Tenho umas idéias pra contar agora para o Vinícius de Morais, que admiro muito.

UH - Você vai gravar com ele?

JA - Não, eu não conheço ele pessoalmente. Estou procurando um contato com ele, porque eu fiz uma adaptação daquele samba dele: "Formosa" que fica assim "China nacionalista". Quer dizer, eu já estou com bastante tarimba nesse negócio.

UH - Julinho, você lê muitos jornais?

JA - Não, só que o Leonel manda ler... Agora, em geral, ele já dá o serviço todo em vez de mandar ler. Porque sou o criador, entende? Se eu ficar o tempo todo lendo, não vou poder me expressar bem.

UH - O Leonel é uma figura importante em sua vida?

JA - Acho que devo tudo na minha carreira... Bom, devo a criação. Devo minha vida à duas pessoas. À minha mãe, Adelaide, à qual devo inclusive o meu nome. Meu sobrenome é Oliveira, mas Oliveira todo mundo é. Então eu sou da Adelaide, que aqui pode não ser muito conhecida, mas no Rio é. E devo ao Leonel, que me orienta agora, na minha carreira.

UH - Fala um pouco da Adelaide.

JA -Adelaide foi a pessoa que me orientou a vida inteira, entende?

UH - Existe um boato, que li numa revista, que Adelaide teria sido uma das mulheres do Vinícius? Desculpe (risos).

JA - Não se pode falar assim da minha mãe (risos). Minha mãe é muito honesta. Ela casou mais de uma vez, mas casou sempre. Quando ela viajou para a Alemanha, casou com um luterano. O Leonel é luterano por causa disso, loiro e luterano. Inclusive agora ele alisou o cabelo e está dizendo que é parecido com esse Robert Redford (risos). Mas ele não é muito parecido, não, que o nariz dele é igual o da minha mãe. É grossão, assim.

UH - Mas é loiro?

JA - Loiro sarará. Aquele negócio, parecido assim com o Ademir da Guia. É bem parecido. Tipo físico do Ademir da Guia, só que agora ele alisou o cabelo e está achando que é artista de cinema. A minha mãe casou com esse alemão. Ela esteve na Europa com a Brasiliana. Ela era casada na igreja Católica Apostólica Romana, na igreja Católica Brasileira, na Luterana e tem mais 3 casamentos aí. Eu sou filho da Igreja Católica Brasileira.

UH - Você é filho do primeiro casamento?

JA - Não, do terceiro.

UH - Como a gente não sabe nada da sua mãe, então se ela foi com a Brasiliana, ela é mulata mesmo?

JA - Mulata retinta. Quase preta, quase sangue puro.

UH - Mas e essa sua cor mais clara?

JA - É que meu pai, eu não cheguei a conhecer, entende? Ele morreu pouco depois de eu nascer (risos).

UH - Ele fazia o quê?

JA - Meu pai? (pena, hesitação) Meu pai trabalhava em jornal (risos). Era copy-desk (risos). Naquele tempo...

UH - Então quer dizer que você já teve uma origem um pouco mais cultural, você teve uma certa informação?

JA - Sempre tive muitos livros, apesar de morar sempre em favela. Não tenho nenhuma vergonha disso, de ter sido criado em favela, porque tem muita favela lá que é melhor do que essas coisas que estão construindo agora no Rio, que são casas de tijolo e cimento armado, mas eu não trocava a favela onde eu me criei por esses empreendimentos que estão fazendo. Eu vi até um anúncio, no intervalo daquela novela "O Espigão", eles anunciam muito esses novos apartamentos, sala e quarto... Eu fui ver um porque o Leonel disse que tinha um dinheirinho para mim que talvez desse. Fui ver, um quartinho menor que o barraco onde eu me criei...

UH - Então já está pintando um dinheirinho?

JA - Diz o Leonel que sim. Eu ainda não pus a mão nesse dinheiro porque o Leonel tem procuração minha para fazer tudo. Ele acha que não é bom pegar o dinheiro e fazer logo alguma coisa. É melhor empregar e ele empregou meu dinheiro. E parece que o dinheiro já vai dar agora um dividendo, uma coisa assim...

UH - Mas, e aquela casa que você está construindo lá na Barra? É com dinheiro de vendagem?

JA - Não sou eu que construí... Quem comprou um terreno na Barra foi o Leonel e vai construir uma casa lá. Mas isso é problema do Leonel, ele tem os bicos dele por fora. Leonel tem participação nos meus lucros e ele faz com o dinheiro dele o que ele bem entende.

UH - Julinho, essa transposição do anonimato... Aqui em São Paulo não, que você está chegando aqui agora, você teve só um incidente aqui, mas lá no Rio você é muito conhecido, pelo menos no Degrau, no Antônio's.... Como é que foi essa transposição do anonimato - com o devido respeito - da favela para as colunas sociais, colunas de música? Quem é que te deu essa força? Porque é muito difícil para compositor novo.

JA - Isso eu devo ao Leonel, porque ele é muito ligado ao pessoal do Rio de Janeiro, Zózimo Barroso do Amaral, que trabalha no Jornal do Brasil. Ele é ligadíssimo. É como se fossem irmãos. Tem amigo que é dono de jornal, já falou de muita gente que ele é amigo... do Doc... Ele me promove, me promove muito. Ele é um cara 100%. Vocês precisam conhecer ele.

UH - Eu te conheço recentemente, e, convenhamos, você é uma figura pouco conhecida no Brasil.

JA - Ainda sou, infelizmente, mas eu confio em Deus e que com a ajuda dele e a do Leonel eu...

UH - Você não seria uma criação da imprensa carioca? Como você entende isso?

JA - Por algum tempo eu fiquei magoado com isso...

UH - Seu pai foi um copy-desk de jornal. Você acha que está sendo lançado pela imprensa carioca, que tem repercussão nacional? Como você se sente?

JA - Claro que a imprensa ajuda muito, mas eu tenho o meu trabalho também. Eu vim aqui para mostrar o meu trabalho, não é badalação só. Esse negócio de badalação de jornal, não dá dinheiro a ninguém. Não dá camisa a ninguém. Minha primeira música vai ser gravada agora, finalmente! Só agora, mas eu tenho feito, em média, de quatro a cinco músicas por dia. Com essa primeira música, acho que vai ser um grande empurrão que vou receber na minha carreira. E, daqui por diante, acho que todo mundo se interessa em gravar música do Julinho da Adelaide.

UH - Quem já cantou música tua até agora, ou já gravou?

JA - O Chico Buarque cantou num show que ele fez no Rio. E, aliás, foi muito bom. Leonel diz que daí que deu mais dinheiro porque teve dinheiro de SBAT e tal

UH - Qual?

JA - O Jorge maravilha. E o MPB-4, a Nara Leão. Eu entreguei outras músicas aí, mas não sei se estão cantando. Pra uma porção de gente: Tim Maia, Ângela Maria, vários estilos inclusive, entende? Não sei se estão cantando também, não tenho controle, o Leonel que sabe.

UH - Estou curioso pra saber o seguinte: o nome Julinho da Adelaide começou a se projetar, é inegável isso...

JA - Você quer saber da onde vem o nome?

UH - Eu estou preocupado em saber se você realmente tem uma produção muito boa ou se você está se utilizando do Chico Buarque, do MPB-4, Tim Maia e todo esse pessoal pra quem você mandou música, para se projetar...

JA - Desculpe, mas como já disse antes, eu não sou cantor. Eu preciso dos cantores para lançar o meu nome. Acho que é um interesse recíproco. Eu não devo nada a ele e ele também não. Ele tá faturando em cima do meu nome e eu estou faturando em cima do dele. Acho que isso é normal. Não acho que seja ético da minha parte. Eu sou pragmático.

UH - Julinho, aqui em São Paulo, o pouco que se sabe de você são histórias mirabolantes, inclusive o Chico Buarque - não sei se você soube - em um show falou que Julinho era figura das crônicas policiais que passou para as crônicas sociais. Ele tem (Prata corrige) Você tem, realmente, um passado que o denigra...

JA - Eu sou muito tímido, você pode perceber que eu sou tímido. O Leonel, com essa história dele ser procurador, é uma pessoa muito descontraída e ele faz muitas coisas, inclusive "impensadas", e quando vão perguntar o nome dele, ele diz (ri) que tem procuração minha. Então, é justo que eu pague as coisas boas e ruins que ele faz (risos). Às vezes ele faz coisas ruins. E depois não acontecem muitas coisas com ele, porque quando o sujeito tem relações muito boas na polícia, coisa que eu não tenho...

UH - Coisas ruins, como? Por exemplo?

JA - Ah! Ele faz muita bagunça, entende? Esses negócios de forró...

UH - Ele já foi preso alguma vez?

JA - Já. Algumas vezes. Eu conto isso, inclusive num samba: Chama o ladrão.

UH - Eu quero lembrar o seguinte: à medida que você mesmo disse que é muito pragmático, esse negócio de carregar o nome da mãe, não é uma jogada oportunista da sua parte para sensibilizar uma faixa do público?

JA - Não, de jeito nenhum. Mais uma vez eu queria repetir que não sou aético. Eu me chamo Julinho da Adelaide porque todo mundo só me chama assim lá no morro. Minha mãe é mais famosa do que eu, lá no Rio. Ainda é! (Alterado) Minha mãe é séria!

UH - O que é que ela fez?

JA - (quase gritando) Vou te contar o que ela fez! Ela estava no primeiro elenco do Orfeu Negro. Foi amiga íntima de Vinícius de Moraes, Antonio Carlos Jobim e Oscar Niemeyer. E fazia o cenário do.... (perde-se um pouco) Não... o Haroldo Costa. Ela conheceu intimamente o Oscar, tanto é que há cinco, seis anos atrás, eles moravam na Favela da Rocinha e quando começaram a erguer o Hotel Nacional ela dizia pra mim: "Está vendo filho? Está vendo Julinho? É homenagem do Oscar para mim." Inclusive, brotou uma porção de homenagens na Barra e ela lembra dele assim, entende? É claro que ela está mais velhinha agora e ela falando isso, eu estou sabendo que não é homenagem do Oscar Niemeyer pra ela. O Oscar talvez nem se lembre dela. Mas ela viajou com a Brasiliana, casou com o luterano, não é pouca coisa, não! Aprendeu a fazer caçulé, e a feijoada branca dela, no morro, é conhecidíssima,. Então eu fiquei sendo o Julinho. Qual Julinho?, Julinho da Adelaide. Não sou o Julinho de Oliveira.

UH - Você está consciente de que está faturando a sua mãe com esse negócio de Julinho da Adelaide. Tanto que o Leonel não se chama Leonel da Adelaide...

JA - Leonel é Leonel Kuntz. (Confusão. Todos falam ao mesmo tempo)

UH - Pode ser que doravante a sua mãe seja conhecida como Adelaide do Julinho (risos)

JA - Não tenho nada contra isso.

UH - A Adelaide mora com você ainda?

JA - Eu não tenho moradia muito fixa, mas, sempre que posso, passo uma noite com ela.

UH - Mas você mora aonde, atualmente, no Rio?

JA - Atualmente eu estou morando na Selva de Pedra. O Leonel alugou um apartamento para mim.

UH - Está dando um dinheirinho?

JA - Está dando para comer e...

UH - Morar na Selva de Pedra?

JA - ,É morar na Selva de Pedra e pegar ônibus pra São Paulo.

UH - O que é Selva de Pedra?

JA - Selva de Pedra é um conjunto que fizeram lá no Rio. Iam fazer um parque, quando derrubaram a favela do Pinto. Eu tenho origens lá, inclusive já morei na Favela do Pinto.

UH - Você nasceu em que favela?

JA - Eu nasci na favela da Rocinha, mudei para várias favelas. Tenho mais raízes na favela da Rocinha, mas também tenho na favela do Pinto. E hoje eu moro lá, que não deixa de ser uma volta as raízes. Destruíram a favela do Pinto, no fizeram muito bem. Iam fazer um jardim lá. Depois mudaram de idéia e fizeram uma Selva de Pedra, que são vários prédios com janelas pequenas, mas perto da praia.

UH - Você mora sozinho, sem tua mãe?

JA - Lá, eu moro sozinho.

UH - E a Adelaide, como é que está?

JA - A Adelaide está muito bem, fazendo aquele feijão dela, cada vez melhor.

UH - Pra fora?

JA - Pra fora como?

UH - Ela...

JA - Ela tem um quiosque, não é? A casa dela, uma vez por semana, enche de gente e o pessoal...

UH - Tua mãe é do Rio mesmo?

JA - É, é carioca.

UH - Neta de escravos, não é?

JA - É. Ela conheceu a avó dela e a mãe dela foi beneficiada com a Lei do Ventre Livre. A gente tem uma gratidão muito grande com José Bonifácio.

UH - O que você acha dessa música feita aqui no asfalto sobre a música do morro? Você acha que é autêntico?

JA - Olha, eu não quero me comprometer, eu sei que aqui em São Paulo estão fazendo muito samba. Eu não posso dizer para vocês que não é boa música, se não, a entrevista pode sair e eu vou ficar muito mal com meus colegas aqui e é capaz que eu nem arranje emprego. Só vou dizer que prefiro a música autêntica.

UH - O que é música autêntica?

JA - É música da favela feita na favela, música da cidade, feita... por exemplo, eu gosto muito do Charles Mingus.

UH - Mas qual a relação do Charles Mingus com a música da favela?

JA - Charles Mingus é Americano, então ele faz música americana, entende? Esse negócio de morar aqui e fazer música de outro lugar, eu não gosto. Agora, eu gosto também. Às vezes são boas...

UH - Essa é a segunda vez que você vêm pra São Paulo?

JA - Em São Paulo é a 2ª vez. Encontrei muito mudada. De 67, 68. pra cá, quando eu vim pro Festival.

UH - Esse Festival foi interesse musical ou você estava...

JA - Não, eu mandei... Claro, foi quando eu despertei para a música... mas antes de despertar, eu fiz umas músicas... mas não havia despertado pra música. Eu fazia quase que como se a minha mão fizesse e eu não soubesse delas. Quando eu tomei aquela pancada na cara (risos)... Eu rio mas eu fico muito nervoso com esse negócio de novo.

UH - Como foi o seu contato com o Chico, com o Vinícius, com o Tim Maia?

UH - O Chico, principalmente, está divulgando sobremaneira.

JA -. Isso é o seguinte: há um ano atrás eu estava trabalhando na fábrica lá no Rio de Janeiro, no Alto Boa Vista, na Phonogram. Na fábrica, entende? Prensagem de disco e tal. E lá eles tem um time que aos sábados joga contra compositores, contra essa gente assim. Eu estava sempre nessa pelada. E aí que fui conhecendo esse pessoal. Fiquei conhecendo o Silvio César, Maestro Erlon Chaves, Paulo Sérgio Valle, uma porção de artistas...E o Chico Buarque, e o MPB 4.

UH - Mas como é que foi? Você chegou para o Chico e mostrou a música, deu uma fita, cantou para ele?

JA - Eu não falei direto com ele, falei antes com um dos integrantes do conjunto vocal MPB-4. Foi justamente quando eu estava entrando na área e, sabe aquele baixinho, o Rui? Me deu uma porrada por trás. O juiz não deu pênalti. E na hora que eu estava caído no chão, ele foi legal: "desculpa". Eu aproveitei que ele tinha puxado conversa comigo (risos) e daí: "eu sou compositor"(mais risos). Ele não deu muita bola, mas o contato já tava feito, e como eu trabalhei na fábrica e tem prensagem de disco, consegui prensar um acetato, camaradagem do pessoal lá. Eu prensei um acetato com duas músicas, com "Jorge maravilha" e "Chama o ladrão". Aí parece que gostaram e mostraram pro Chico Buarque. Depois eu fiz "O milagre" e achei que era melhor ainda, para mim é a música mais forte. Gravei de novo no acetato para eles. Parece que a Nara Leão se interessou pelo "Chama o ladrão" mas aí houve um problema com a música.

UH - Há um problema, Julinho, sem querer dedar ninguém, que o Chico tem cantado essa música e tem dado a entender que a música é dele. Ele fala de você como se fosse uma figura mitológica, mas no fundo parece que é dele. Acho que você tinha que tomar uma certa providência.

JA - Olha eu não sei... Esse pessoal que têm nome feito pode fazer muita coisa, não adianta eu ficar aqui reclamando desse pessoal. Como disse, sou pragmático. Eu preciso dele, ele precisa de mim. Não adianta você me dizer isso, parece que está me colocando contra ele. No dia em que eu for conhecido e famoso talvez eu faça dele a mesma coisa, entende? As pessoas tem que tirar proveito do que lhe cai na mão. O Leonel que me disse isso.

UH - Agora, eu queria que você se definisse. A expressão "pragmático" foi utilizada o tempo todo. Faça uma definição de você.

JA - Não sei. Pra falar a verdade, o Leonel que mandou eu dizer que sou pragmático (risos). Quando perguntassem alguma coisa, o que eu achava disso ou daquilo, coisa mais complicada, entende? O que que você acha da censura? Pragmático?. Ele falou outra também, ecumênico (risos). Isso foi a propósito da versão que fiz pro negócio da China.

UH - Eu não sei disso.

JA - Eu não contei da "Formosa" que eu mudei a letra pra China nacionalista? Disse que quando perguntarem se você gosta da China ou de Cuba? Se falarem, se você gosta de Cuba, você fala: que é pragmático e ecumênico. Se não, você se mete em complicação. Então eu digo, mas não posso definir exatamente a expressão: sou pragmático. (Acho que essa foi uma definição pragmática) (risos).

UH - Assim encerrou a entrevista, mas prossigamos.

JA - Hein, Quem deu a revista?

UH - Você encerrou, mas prossigamos...

JA - Só não quero ficar muito tempo aqui, porque tenho que fazer a ronda da noite, agora.

UH - Você vai aonde?

JA - Eu quero, inclusive, um roteiro de vocês, porque eu tô aí pronto pra...

UH - Fala Avenida Ibirapuera.

JA - Fala o quê?

UH - Fala Avenida Ibirapuera.

JA - Avenida Ibirapuera. (risos)

UH - Na Avenida Ibirapuera tem boas Casas de Samba, você vai se dar bem.

JA - É lá que é a boca, é?

UH - É lá.

JA - Então é para lá que eu vou. Fala com um taxi aí... Avenida Ibirapuera?

UH - Eles conhecem, não tem problema nenhum.

JA - E qual a melhor casa? Eles pagam bem?

UH - Tem o Bambu, o Sambão.

JA - O Leonel só me deu um nome, foi um tal de Catedral do Samba, é lá também?

UH - A Catedral não, Catedral é samba de Benito de Paula. Conhece?

JA - Conheço.

UH - O que você acha?

JA - Eu acho legal (risos). Acho que todo mundo deve fazer o que pode, o que sabe. Eles dão chance aos novos? Ou tem que ter contrato?

UH - Não.

JA - Vou falar a verdade do que eu quero. Eu quero entrar num lugar desse, cantar um samba meu e se possível arrebatar o pessoal. Aí o dono da casa vem lá e.... como eu vi num filme...

UH - Porque o Leonel não veio? Ele tá sempre com você ou te dá as dicas?

JA - Às vezes ele dá as dicas e me manda pro lugar. Ele não sai do Rio porque tem muitos afazeres lá.

UH - Mas ô Julinho, com o maior respeito a você e sua família, o que eu ouço falar do Leonel é que ele é um tremendo mau caráter, que ele não paga conta, pede aval...

JA - (irritado) Bom eu... Se vocês estiverem querendo me irritar... Acabei de falar... Vocês são de jornal, meu pai foi de jornal, eu não quero me irritar com ninguém. É meu irmão, se você quiser falar isso...

UH - Tem uma história... deixa só eu completar, um parêntesis só, Julinho. Tem uma história que ele alugou um apartamento lá onde era a favela do Pinto e depois mudou do Rio. O compromisso caiu em cima de você, ele sumiu, tem umas histórias assim... Não sei, não sei se é boato, mas corre. Corre à boca pequena.

JA - É normal.

UH - A respeito de ... de.... de...Leonel...(gagueja. ESQUECE O NOME DO IRMÃO) tudo é possível.

JA - Eu quero ver você dizer isso na frente dele. Eu não vou te responder, diga a ele (risos, confusão). Eu devo tudo ao meu irmão.

UH - Você não acha um, problema?

JA - Irmão a gente só tem um, apesar de ter vários. Mas cada um é único para mim.

UH - Como apesar de ter vários?

JA - Eu tenho outros irmãos que eu não vejo, quase. Mas eu estou mais ligado ao Leonel, estou ligado não só afetivamente, mas profissionalmente. Devo tudo da minha carreira ao Leonel. Ou você acha que não?

UH - Não sei, estou te conhecendo hoje. Estou dizendo o que ouço falar.

JA - Certo! Você está me conhecendo porque o Leonel me mandou para cá.

UH - Foi.

JA - E eu dando a minha primeira entrevista para um jornal de São Paulo. No Rio dei muitas entrevistas, viu?

UH - Eu sei, pra onde?

JA - Dei pra Notícia, pra Última Hora do Rio de Janeiro, e dei uma para Manchete, que até agora não saiu, mas deve sair daqui a pouco.

UH - Julinho, eu só levantei esse problema, porque o Leonel é um... inclusive você poderia corrigir isso, se defender, porque falam que ele assina contrato com e você não aparece, e que ele está vivendo, atualmente, em função do teu nome. Inclusive, ele já está dizendo: sou Leonel da Adelaide, coisa que ele nunca disse.

JA - Leonel Kuntz. (Começa a enrolar um pouco a língua) Ele não é Leonel da Adelaide porque ele saiu cedo de casa. Ele não era conhecido como Leonel da Adelaide, era Leonel. Tem gente que pensa que ele é meu primo, um parente próximo ou um amigo que vai lá de vez em quando. Outro dia, veio um cara e disse que tinha feito um contrato leonino comigo (risos). Isso é trocadilho, porque o cara chama Leonel e o contrato leonino. E só porque ele ganha 50%. E dizem que os empresários normalmente têm 20 só. Aqui no Brasil, porque diz que lá fora tem dez. Agora, ele não é só um empresário. Se fosse só um empresário, tá legal, ganhava 20%. Ele não é meu empresário. Ele é meu conselheiro e meu irmão, entende? Então, a gente divide irmamente as partes. Acho justo isso. E tem mais, ele ainda aplica nos mercados de capitais os meus lucros.

UH - Julinho, uma pergunta de ordem econômica. Vocês que estão no Rio de Janeiro, onde o mercado de música é muito maior, por que você está agora em São Paulo tentando...

JA - Não, o mercado da música não é maior no Rio. Pelo que me informaram, pro tipo de música que eu faço, São Paulo está muito melhor agora. Aliás, casa de samba, no Rio não tem, entende?

UH - Você é mais um cantor da noite do que um compositor? É isso?

JA - É como eu disse para você. Para falar a verdade eu tenho bastante autocrítica, eu não sou bom cantor. Então eu só posso cantar depois da meia-noite (risos). Porque lá pras oito ou nove horas, horário de teatro, ninguém me atura, não. Não canto muito bem. Mas depois da meia-noite, como todo mundo canta, está todo mundo mais alegre, as pessoas nas mesas cantam. Eu sou um cara que canta no microfone como se estivesse cantando na mesa. Agora, o que eu estou vendendo ali não é minha voz, é meu material, minhas composições. Eu sou compositor.

UH - Aqui em São Paulo você não fez nenhum show, ainda?

JA - Não, se eu tiver sorte, começo hoje. (risos)

UH - No Rio você não tem promoções, não é?

JA - No Rio eu já fiz promoções naquelas noites de samba de opinião, segunda-feira, já apresentei lá. Mas não pagam, entende? Lá é mais pra prestígio, ganhei muito prestígio com isso. A gente canta em troca do prestígio. Agora, eu acho que já tenho um certo prestígio.

UH - Você está achando que seu nome está crescendo aqui?

JA - O Leonel disse que estavam falando muito em mim aqui, quando mandou eu vir.

UH - Realmente estão.

JA - A prova é que vocês estão aí. Jornalistas me entrevistando aqui. Não fui eu que fui até a redação do jornal, como era antigamente.

UH - Agora, você acha que essa facilidade de adaptação da tua música ao gosto do momento, que existe e você reconhece, não te aproxima assim de Dom e Ravel, por exemplo, na música brasileira? Apesar de pobre, assim completamente diferente....

JA - Não... Eu admiro essa dupla, Dom e Ravel, pela oportunidade que eles aproveitaram em determinado momento de fazer uma música determinada. E é mais ou menos esse tipo de trabalho que eu faço.

UH - Já que você está na vanguarda nesse sentido de adaptação ao gosto da sociedade brasileira hoje, o que eu acho muito importante... você não acha que tem uma influência direta de Dom e Ravel?

JA - Não citaria só eles. Tem muita gente boa está fazendo esse trabalho agora, e acho isso uma coisa muita boa. É um trabalho quase parente do "jingle" e parente do samba-crônica, samba que o sujeito lê no jornal e no dia seguinte tem um negócio oportuno, tem um assunto fervendo. Aquele samba que talvez não vai se eternizar, mas que no momento...

UH - O samba pragmático, o que você está fazendo. Por exemplo a TV Globo não se interessou ainda em publicar nenhuma novela, usar como tema esse seu alto sentido pragmático?

JA - Eu fui contatado, já estive lá nos corredores da TV Globo. Um dia vi até o Boni.

UH - Falou com quem?

JA - Falei com um rapaz lá que eu não sei o nome. Disse que era Walter. Mas não sei o sobrenome, nem sei bem qual é a função dele lá.

UH - Você acha válido ou você teria qualquer tipo de objeção? Você acha válido? Acho que essa é a palavra certa.

JA - Acho que tudo é válido, desde que a gente esteja fazendo, entende? Desde que a gente esteja criando. O importante é criar, não é mesmo? (confusão) Eu faço qualquer coisa, entende? Faço até para novela se me pedirem. E acho que vou fazer muito bem.

UH - Julinho, você estudou até que ano?

JA - Eu fiz até o 1º ginásial.

UH - Primeiro. Parou por quê?

JA - Depois eu fui tomar aula particular.... na escola da vida! (risos)

UH - Mas enfim e daí?

JA - E daí que eu sei ler e escrever e acho que me exprimo muito bem. Você não está me entendo?

UH - Mas as suas músicas, das seis que eu conheço, denotam uma certa cultura, assim não de vivência, mas uma cultura geral, daonde teria vindo?

UH - Você incorpora uma série de coisas que realmente não são normais em pessoas assim do teu nível

JA - Eu tenho explicação para isso: a minha origem. Vamos dizer, eu tenho parceiros pela vida. (risos)

UH - Seu pai é copy-desk?

JA - Meu pai é copy-desk, então eu faço copy-desk do cotidiano do morro (risos). Vamos dizer assim. Muitas das músicas que eu faço são...

UH - Interessante não é, porque você não mora mais no morro.

JA - Mas eu vou sempre lá, porque eu tenho que voltar às raízes. Apesar de eu estar nas minhas raíze, porque eu estou em cima da favela do Pinto, como eu disse pra vocês, pelo menos uma vez por semana eu durmo na casa da minha mãe, na Rocinha, na casa da Adelaide.

UH - Você está com quantos anos?

JA - Vinte e cinco.

UH - Teu nome inteiro como é?

JA - Tem gente que me chama de Gato. Mas não é verdade não.

UH - Teu nome todo como é?

JA - Julio César de Oliveira.

UH - ... você tem uma figura assim bem popular, uma figura física; você acredita que poderia fazer uma experiência de androginia? Você acha que daria pé? Nunca pensou nisso? Acha interessante o movimento andrógino brasileiro? Te interessa?

JA - É esse negócio de Secos e Molhados, não é? Olha meu amigo, não (risos) Com todo respeito, eu não ia fazer uma coisas dessas. Eu acho aquilo uma viadagem, entende? Agora, eu respeito o trabalho deles.(risos) Eu respeito o trabalho deles. (risos) como eu respeito todo mundo. Como já disse antes. Mas eu não ia fazer uma coisa daquelas, não (risos)

UH - Mas por quê? É um problema de formação cultural, familiar ou é apenas um pragmatismo?

JA - Bom, aí é que tá... me entenda... se me dessem um cachê muito bom na TV Globo para fazer um número musical que tivesse que ficar com o corpo pintado, bom, então aí talvez eu fosse pragmático, entende? Mas assim falando de fora... A experiência que ensina à gente muita coisa, não é? Eu estou falando sem experiência porque eu nunca tive uma experiência andrógina, entende?

UH - Eu só perguntei isso, porque o Caetano Veloso, você deve conhecer, obviamente...

JA - Conheço e admiro muito.

UH - Caetano Veloso, num show que está em cartaz aqui em São Paulo, ele fica o tempo todo passando a mão no cabelo e tem brinco na orelha esquerda. Você usa esses recursos?

JA - Não, não uso brinco, não senhor, de jeito nenhum. E nem passo a mão no cabelo, porque o meu cabelo do jeito que é, pode passar a mão quanto quiser que ele fica... já é difícil é passar a mão dentro (risos). só passa por fora.

UH - Me falaram uma coisa, tudo que eu sei de você é o que me falaram...

JA - Porque eu sou muito falado e realmente eu acho isso muito bom. É bom sinal. O Leonel me disse: isso mesmo: está todo mundo falando de você.

UH - O Leonel deu uma entrevista para a rádio Marconi.

JA - É mesmo? Quando? Aqui em São Paulo?

UH - É, há duas semanas atrás. Perguntaram para ele se o Julinho seria a favor ou contra o black power. Aí ele contou uma história do Julinho, que antigamente, quando o Julinho tinha uns 15, 16 anos, ele alisava o cabelo. E depois quando começou o black power ele começou a alisar o cabelo, é verdade isso? Você teve uma fase assim de ocidentalização no cabelo?

JA - Tive sim, agora ele não está black power, ele está...

UH - Normal.

JA - Pragmático, desculpe abusar... (risos)

UH - Agora eu queria que você desse nota de zero a dez a três pessoas: Nara Leão, Ibraim Sued e Gerald Ford.

JA - Dez para todos. Alguns com louvor, outros...

UH - Garrincha?

JA - Garrincha.... Garrincha eu não dou nota dez pra ele...Se bem que ele é casado com a Elza Sores, amanhã ela pode querer gravar um samba meu (risos), é bom a gente estar sempre... É isso que eu falei: Nara Leão vai gravar um samba meu, O Gerald Ford, o presidente, nota 10. Ele pode fazer um arranjo muito bom. O Ibraim Sued pode dar uma nota a meu respeito, não é? Nota 10. Agora, não publica isso que eu estou falando, as explicações das notas que estou dando não. Só põe as notas.

UH - Outra figura. Wilson Simonal.

JA - Nota 10.

UH - Eu estou achando você muito condescendente.

JA - Como?

UH - Você me perdoe, não me leve a mal, mas você não me parece ter uma posição política definida. Você me parece muito preocupado em colocar sua música no mercado...

JA - Você vai me obrigar a dizer que eu sou pragmático de novo (risos). Eu não só sou pragmático como sou descontraído, entende? Você está querendo me contrair, me deixar...

UH - Em absoluto. Não, de maneira nenhuma.

UH - Ainda dentro daquela linha do nosso amigo aqui eu vou te pedir pra você dar notas pra três personalidades, Sabu...


JA - Sabu morreu, não é? Eu não achava ele muito bom ator, não. Nota quatro.

UH - Ainda mais agora, morto. (risos)

UH - Golbery

JA - Golbery, nota dez.

UH - Caetano Veloso

JA - Caetano Veloso, nota dez.

UH - Perfeito

JA - Eu não sou como aquela moça da televisão que dá 10 pra todo mundo. Você viu que pro Sabu eu dei nota 4. Eu lembro de ter visto um filme dele do tapete voador, negócio do tapete mágico e tal, do gênio da lâmpada, e eu não achei ele muito bom ator não.

UH - A gente só tem visto você pessoalmente, nunca na televisão, por quê?

JA - Eu sou cantor de rádio, esse é um problema que já falei antes. O problema da fotografia - eu não posso... Eu tenho uma imagem a preservar (risos). É uma imagem que não deve aparecer a preservar. Eu tenho uma falta de imagem a preservar (risos). Eu tenho esse probleminha... tem Pitanguy pra essas coisas. Por enquanto, não dá. Se eu colocar umas quatro ou cinco músicas de sucesso eu faço... Então fica aqui um alô ao Pitanguy: se por acaso pintar alguma coisa e quiser fazer um trabalho de solidariedade... ou se a ordem dos músicos financiar... não sei... a idéia fica lançada... pode haver um show em benefício... eu não vou pedir nada...

UH - Julinho, você gostaria de dizer o que para esse pessoal todo?

JA - (alto) Aquele abraço pro povo paulistano.

UH - Antes disso, Julinho. É que a gente está com um jornal aqui, eu te trouxe três exemplares pra você dar uma olhada

JA - Logo três?

UH - Você gostou, né? A gente tem uma liberdade para dizer o que quiser. Então, o grupo Frias está lhe oferecendo uma página para você dizer o que quiser. O que o Julinho da Adelaide quer dizer hoje, quer passar hoje? Agosto 74? O que você quer dizer? Não, eu não digo uma mensagem assim. Pragmático, mas nem tanto.

JA - Mas não entendi. Uma página inteira para dizer o quê?

UH - É que eu tenho uma página inteira para a matéria. Fala o que você quiser, pedir asfalto na favela, pedir ao Leonel que tire o alisamento do cabelo... para ser mais honesto com você.

JA - Não, eu não tenho queixa nenhuma de ninguém. Como eu falei. Eu estou chegando aqui em São Paulo, eu quero mandar aquele abraço pro povo paulistano. E se alguém ler, imagino que vá ler a sua coluna, me disseram que ela é muito lida. Qual o jornal, mesmo? (risos)

UH - Diário de Notícias.

JA - Diário de Notícias é muito lido aqui em São Paulo. O Leonel disse mesmo que era o mais lido. Então, se alguém se interessar, alguém que tem uma casa de samba, eu estou aí.

UH - Você está em que hotel?

JA - Eu não estou em hotel, eu cheguei agora, estou aqui, como você está me vendo, aqui na...

UH - Na redação.

JA - Na redação. Eu não quis dizer que vim à redação, eu não conheço nenhum jornal. Isso eu não sei como é que você vai resolver. Porque fica meio chato o artista que vai à redação.

UH - Não, todo mundo honesto faz isso. Você não deve se envergonhar... (confusão)

JA - Então, eu tive uma idéia... Aproveitando o fato do meu pai ter sido copy-desk e de eu ter esse vínculo muito estreito com a imprensa, diga na sua entrevista que, se alguém se interessar pelo meu concurso, entende, pelo meu trabalho nessas casas de samba, pra enviar para qualquer redação de jornal, que eu recebo (risos).

UH - Mas no fundo no fundo, seja pragmático, faça uma frase nessa linha. Pra despedida

JA - Com é? Seja pragmático? (Confusão)

UH - O Caetano Veloso, dando numa entrevista, num jornal de São Paulo, disse, pessoalmente, que, pra ele, a censura não tem causado grandes problemas. Você poderia dizer a mesma coisa de você?

JA - Eu disse isso no começo da entrevista. Vou repetir. Eu digo abertamente tudo. Não tenho pêlos na língua. Disse tudo no começo da entrevista. É que você... o senhor não estava aqui. Eu disse mesmo, entende? E....

UH - Eu gostaria que o senhor respondesse a pergunta dele...

JA - Já disse tudo.

UH - Esqueceu... (risos)...

UH - Pelo seguinte. Eu não sei se você sabe, Julinho, mas a censura hoje, isso na minha parca opinião, ela tem, eu não diria tesourado, mas ela tem bloqueado o trabalho criativo dos criadores. Frase bonita, não? (risos). Eu quero saber se essa mesma censura - que tem, inclusive, perturbado um colega teu, um rapaz que eu acho que tá dando uma força pra você, que é o Chico Buarque de Hollanda - se ela tem também te prejudicado. Porque uma das história que Leonel divulgou na Rádio Marconi é que você teria já uma música proibida e pelo fato (inclusive eu acho que Leonel foi um pouco sacana com você, ele falou que bastou você ter uma música proibida, você começou a construir uma casa no bairro da Tijuca), então eu queria saber se você realmente tem alguma coisa proibida, algum problema com a censura.

JA - Eu tenho, já te falei que tenho, mas eu tenho mais diálogo do que problema. Cada vez que surge um problema, para isso que eu fiz o samba duplex, que eu pretendo, inclusive, patentear, porque é uma idéia minha que se puder patentear, eu não sei como que é esse negócio de patente. ... E depois eu acho que quem faz um samba, faz dez. Se proíbem um... Então é o tal negócio. O rapaz que trabalha na censura é um homem, pai de família e tem que trabalhar, (todos falam) como eu. Ele está lá cumprindo seu trabalho. Se ele parar de proibir, vai perder o emprego, porque fica um trabalho inútil. Assim como se eu parar de fazer samba, eu deixo de ser sambista. Então, o censurador deixa de ser censor quando ele parar de proibir. Então, vamos nos unir, né, num grande abraço. Então, o censor censura e a gente faz música e o censor censura e a gente faz música. (todos falam)

UH - ...se o Julinho tem consciência de que isso pode realmente inaugurar até uma vanguarda no Brasil. Esse samba duplex, que eu acho que é uma obra aberta, que é o samba que o ouvinte completa em casa. Você tem uma oportunidade de atingir uma faixa muito grande de ouvintes... É um samba que dá várias leituras, em qualquer nível.

JA - Não, aí é diferente. O samba duplex não se propõe isso. Não uma obra aberta. É uma obra aberta até passar pelo filtro. Quer dizer, ele é duplex, quando eu componho. Quando chega nos canais competentes, o samba assume uma das duas versões. Se eu pudesse, eu faria samba duplex de um lado e outro. Tem que agradar gregos e troianos. Quem me falou isso foi o Leonel (risos). Então eu tenho que fazer em primeiro lugar para gregos e troianos, depois vai ver se o censor é grego ou é troiano e vê o quê que ele acha bom. Porque muitas vezes eu não sei mesmo se devo falar a favor ou contra a meningite. Eu sou contra a meningite, mas eu devo dizer que a meningite está brava aqui em São Paulo, porque é um fato que parece que é real, ou devo dizer que a meningite não está brava aqui em São Paulo? Então eu faço samba duplex. Um dizendo que a meningite está terrível, está uma péssima epidemia grassando por aí. (Cantarola). Eu fui pra São Paulo com a Judite, saí de lá com meningite, ou Eu fui pra São Paulo com a meningite e saí com a Judite. Quer dizer, pra secretaria de sáude, tudo bem tudo bag, a secretaria da saúde pode inclusive se basear nisso pra, se não curar a meningite, pelo menos pra fazer um slogan, né? Eu fui pra São Paulo com a meningite e saí com Judite. Ao mesmo tempo se ele quiser alertar a população contra o perigo

TWT ICE
Veterano
# nov/06
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Mummy
AHhAH.. issu sim eh punk!!
Mais eu axo q ele tava errado pq o Joey Ramone eh meu idolo!!

ServeTheServants
Melhor arranjo
Prêmio FCC violão 2008
# nov/06
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Bob Dylan é mais punk que Cramps
definitivamente, é só olhar qualquer gravação do primeiro vinil dele de 1960 auhauhauha
Alias, voltando mais atrás, Blind Lemmon Jefferson tambem era
Em 1913... mais ou menos.

edmilson bueno ribeiro
Veterano
# dez/06
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vixe... acho q esse foi o post mais longo da historia do fcc

(fiquei com preguiça e nem li)

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/06
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edmilson bueno ribeiro
Nem é o maior, teve uma vez que, acho que foi o joE_ramone, postou a playlist e tinha uns 3 mil itens.

edmilson bueno ribeiro
Veterano
# dez/06
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Black Fire
sim, com ctz tem q ser no ctrl V
senao o peão fca o dia inteiro pra escrever o post kkkkkkkkkkkk

smilerocks
Veterano
# dez/06
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mummy, é muito bom discutir com alguem que sabe do assunto, o que eu falei do pre-punk que influenciou o ramones no começo foi justamente algumas das bandas que vc falou mas outras como television e crass, por exemplo, o nosso impace ( não sei como se escreve ) é justamente o que vc falou, eu não considero o ramones uma banda punk, por não ter, digamos o " estilo " das bandas punk, apesar de ter +ou- difundido o punk rock pelo mundo, as questões politicas e sociais do punk e do punk rock não eram empregadas nas musicas deles, e pra mim e essencial uma banda de punk rock falar sobre isso, por que querendo ou não faz parte da cultura e da caracterização do movimento !!

Por acaso, eu tenho esse dvd do ramones, só fazendo uma observação, eu não estou falando mal do ramones,de maneira alguma, mas também não acho essa banda que todos dizem por ae, acho uma banda boa e só !!

fã de mp3
Veterano
# dez/06
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eu não considero o ramones uma banda punk, por não ter, digamos o " estilo " das bandas punk, apesar de ter +ou- difundido o punk rock pelo mundo, as questões politicas e sociais do punk e do punk rock não eram empregadas nas musicas deles, e pra mim e essencial uma banda de punk rock falar sobre isso, por que querendo ou não faz parte da cultura e da caracterização do movimento !!

Eles tinham a essência do rock 'n' roll, que é a diversão contra a pretensão. Se é punk ou não, pouco importa. "It's only rock and roll, but I like it!"

Mummy
Veterano
# dez/06
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edmilson bueno ribeiro

Eu sabia que aquela entrevista estava, ou melhor, está, disponível no site do Chico. Basou eu dar um pulo lá e colar. Ela pode ser encontrada aqui:

www.chicobuarque.com.br

No dia que você estiver sem preguiça e com paciência, leia - caso te interesse, é claro.

Mummy
Veterano
# dez/06
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fã de mp3

É isso aí !!

Mummy
Veterano
# dez/06
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smilerocks

Smiles, sei que você não está falando mal. Além do mais, agora seu ponto de vista ficou mais claro ainda. Para usar de um chavão, diria que por tudo que foi falado aqui, fez-se luz (detalhe: sem encrenca alguma).

Abraço,

Sincero
Veterano
# dez/06
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Minha vó é Punk

Dogs2
Veterano
# dez/06
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Mummy
essa parada de Juninho da Adelaide é o de menos
ele tinha estratégias bem mais divertidas pra driblar a ditadura
Tinha aquela de mandar uma letra enoooorme, e os caras com (preguiça de ler toda) aprovam. Tipo, a letra inteira num é nada... no meio é que tá a crítica a ditadura. Então ele pega a parte pra valer mesmo e faz uma música.

Ou então aqueles backvocals de Cálice, que manda a ditadura se calar.

Dogs2
Veterano
# dez/06
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Soulface
E lá se vai o 8927593874598327432 round dessa discussão...
"Bitolados vs Preconceituosos"


(2)

Mummy
Veterano
# dez/06
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É verdade. "Cálice" é um ótimo exemplo disso. Mas, Julinhoa da Adelaide, além de ter sido uma grande sacação dele, ainda por cima criticava. Por exemplo, aquela "Você não gosta de mim, mas sua filha gosta", era uma referência à filha do Geisel, que gostava do Chico. Quem ia imaginar isso, na censura, numa música de um sambista chamado Julinho da Adelaide ? Aquela outra, "Chame o ladrão", é uma clara referência aos agentes da repressão, que chegavam na casa dos "subversivos" para sumir com eles.

Agora, ele se estrepou mesmo com com a montagem de "Calabar". Aí foi fogo. Tudo ensaiado, montado, enfim, o "circo" armado é cráu ! "Não pode !" Aquela foi phoda.

Abraço,

asda
Veterano
# dez/06
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só não considero eles como punk, por que não havia umadeologia punk",
"Ideologia punk" .......Sempre a mesma merda.

Ideologia punk é o que se tem hoje.. Isso é balela.

Eles só queria saber de cherar cola e fazer um som, e não ficar que nem idiota pagando de filosofico anarquista...


Eles sempre foram punks.

asda
Veterano
# dez/06
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Aliás... O pessoal tem a péssima mania de confundir o som punk rock da atitude punk, o que é bem diferente.

Dogs2
Veterano
# dez/06
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asda
Aliás... O pessoal tem a péssima mania de confundir o som punk rock da atitude punk, o que é bem diferente.

Mas um veio do outro né? Depois a atitude punk sumiu do som punk, e os 'punk rockers' de raíz ficaram indignados, por isso veio a dúvida do tópico

asda
Veterano
# dez/06 · Editado por: asda
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Dogs2
os 'punk rockers' de raíz ficaram indignados,

Ficaram indignidado com tanta bobagem, isso sim...

Ramones nem falava nada de politica... Hoje, "pra ser" punk tem que falar de politca... é muita bobagem mesmo.


Colocaram muita bobagem numa atitude simples que era ser punk... Hoje, se o cara não participa de um protesto, ele não é punk.

Aliás... Como tudo nessa vida se transforma, o movimento também se transformou... E deu nisso... Adolescentes que nem terminaram o estudo querendo pagar de cultos, gente que luta por direitos que nem sabe quais são mesmo.


Ridículo.


Agora, dizer que um cara que gosta de sabbath não "pode" ser punk... é mais ridículo ainda.

Dogs2
Veterano
# dez/06
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asda
Ramones nem falava nada de politica... Hoje, "pra ser" punk tem que falar de politca... é muita bobagem mesmo.

Esse "pra ser" quem tá determinando é a mídia

punks mesmo seguem uma ideologia sim, que é a justamente de não se preocupar, ficar de boa e fugir desse tédio do cotidiano. E pra isso num precisa filosofar, basta ser natural

asda
Veterano
# dez/06
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Dogs2
Esse "pra ser" quem tá determinando é a mídia
Que mídia o que... a propria molecada que se auto intitula punk é cheia de querer intimar os outros pra ver quem sabe mais ou coisa do tipo...

Dogs2
Veterano
# dez/06
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asda
A molecada tá todo dia assistindo American Idiot na Mtv

ServeTheServants
Melhor arranjo
Prêmio FCC violão 2008
# dez/06
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punks mesmo seguem uma ideologia sim, que é a justamente de não se preocupar, ficar de boa e fugir desse tédio do cotidiano
mas que porra, os ramones eram só um bando de mendigos como um monte de moleques que tem por ai, que não tinham muitas roupas, usavam as que achavam que ficavam mais legais, e como andavam sempre juntos, eram uma especie de gangue, resolveram fazer a banda e adotaram um sobrenome para todos, como uma gangue, mas não que eles tivessem nenhuma grande aspiração a coisa nenhuma, tanto que a primeira musica punk de acordo com o que todo mundo acha que é, que eles fizeram, foi a Bonzo Goes To Bittburg

asda
Veterano
# dez/06
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Dogs2
Heuehuhe... pode crer....


Ah...

E Ramones nunca foi banda de metal... como dizeram aí...
Alguns tocaram em banda de metal, mas não levaram isso pra banda.

Dogs2
Veterano
# dez/06
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ServeTheServants
mas que porra, os ramones eram só um bando de mendigos como um monte de moleques que tem por ai, que não tinham muitas roupas, usavam as que achavam que ficavam mais legais, e como andavam sempre juntos, eram uma especie de gangue, resolveram fazer a banda e adotaram um sobrenome para todos, como uma gangue, mas não que eles tivessem nenhuma grande aspiração a coisa nenhuma, tanto que a primeira musica punk de acordo com o que todo mundo acha que é, que eles fizeram, foi a Bonzo Goes To Bittburg

vc só desenvolveu o que eu falei e colocou "mas que porra" na frente pra todo mundo pensar que tá discordando

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