Gus79 Veterano |
# set/10 · Editado por: Gus79
Tenho há uns meses um Roland RA-50.
O RA-50 foi um achado. Perto de uma das escolas onde trabalho tem uma loja que negocia instrumentos usados. Um dia, depois da aula, parei na loja, namorando um módulo Yamaha TX7. Mas eu vi o RA-50 e fiquei curioso. Testei só a bateria eletrônica num cubo na loja (lá não tinha cabo midi) e levei pra casa por uns 200 reais, porque o dono da loja não sabia se estava funcionando ou não. (Ainda vou voltar pra comprar o TX7, que o cara tá fazendo por 400 ou 500 reais, não lembro).
Vi na net que o RA-50 era a versão em módulo (lançada em 1990) do Roland E-20, lançado em 1988, de síntese LA, baseado nos timbres do D-50.
O RA-50 tem timbres bem anos 80. Os e-pianos são legais (usáveis, mas não perfeitos), os brass também (esses são realmente bons). Os metais e as flautas são inúteis, com a exceção de duas flautas do banco B. Tem um ou outro string legal. Os french horns são bons. Os órgãos decididamente são melhores do que os do meu RS-9, mas, mesmo assim, deixam muito a desejar (é que os órgãos dos RS são realmente muito ruins).
Dá para usar duas vozes de cada vez, fazendo um split. Dá pra definir o split point em G3 ou C4.
Dá pra ligar ou desligar o reverb, são 8 tipos, inclusive assignando ligado ou desligado para cada uma das 2 vozes do split independentemente. 2 rooms, 2 halls, 2 plates, 2 delays. São efeitos com uma qualidade bacana, e podem ser usados com instrumentos externos (!).
Tem bypass: pode acionar bypass para todos os timbres, fazendo o seu teclado controlador só acionar o acompanhamento, sem tocar os timbres do módulo, ou pode acionar o bypass só para a voz upper, fazendo o seu controlador acionar o acompanhamento e a voz lower. Ou pode simplesmente não usar o bypass, e controlar voz upper, voz lower e arranjo, como num arranjador comum. O bypass é legal caso você queira usar os timbres do seu teclado, com o acompanhamento (e, eventualmente, a voz lower, uma cama, por exemplo) do RA-50.
As funções de arranjador são bacanas. Tá certo que os ritmos são bem anos 80, mas para esse tipo de música são bons.
São 32 ritmos internos: rock1, rock2 (bons rocks anos 80), disco1, disco2 (também bem 80), funk1, funk2 (funk americano dos anos 80, aquelas levadas legais cheias de suingue), ballad, slow rock, 8beat1, 8beat2, 16beat1, 16beat2 (todos esses do ballad ao 16beat2 são usáveis se você toca em barzinho), reggae (muito bom), boogie (não faz meu estilo), rockn´roll (tipo rock ingênuo anos 50 e 60), dixie, swing, bigband, shuffle, country, waltz1, waltz2, polka, march, baroque (mistura de música renascentista com pop), bossanova, rumba, chacha, salsa, tango, samba (esses aí, imagino um cara tocando num clube cheio de gente mais velha dançando), fusion (muito bom ritmo, muito anos 90, meio phil collins).
Cada acompanhamento tem 4 versões, pois cada um tem um arranjo básico e um arranjo avançado (mais complexo), e em cada arranjo (básico e avançado) se tem uma variação.
Tem fill in para a variação e para o original, e tem botão break (para parar a bateria pelo tempo que se segura o botão).
Tem o indispensável sync, o intro/ending e o botão de start/stop para tocar/parar sem sync e sem intro/ending.
Tem também dois knobs: um, o volume master; outro, o seletor de tempo do arranjer.
O módulo tem um mixer interessante e simples e fácil de usar, que faz o balanço entre: voz upper, voz lower, acompanhamento, bass, e drums.
Dá pra ligar ou desligar o arranger, e usar o módulo só como módulo timbral.
Dá pra selecionar se o arranger funciona só quando se toca (e tirando as mãos do teclado para de tocar) ou se ele segura o acompanhamento quando se tira as mãos das teclas (como funciona normalmente um teclado arranjador).
Tem bateria manual pra tocar como módulo de bateria independente do teclado.
Tem função de tune e bend.
Além disso, dá para fazer 8 user programs.
E o mais legal: dá para gravar, salvar e fazer playback das gravações dos arranjos. Se tiver o memory card gravável, dá para gravar nele. (Tem memory card que tem +14 ritmos que podem ser tocados no RA-50).
As entradas/saídas:
MIDI in e out (teclado).
MIDI in e out (sequencer).
Entrada para 3 pedais assignáveis (lembrando que o módulo reconhece o sustain do teclado controlador).
Output L (mono)/R; output phones.
Além disso, tem input L (mono) e R para ligar outro instrumento (teclado, guitarra, voz, etc) e usar o reverb interno do módulo. Muito doido.
RESUMO:
Em primeiro lugar, é um módulo relativamente raro. Mas se for encontrado não deve ser muito caro, por ser um instrumento eletrônico de 20 anos. (Mas como não tem teclas nem partes móveis - exceto os dois knobs, deve durar facilmente mais uns 20).
Não é interessante pelos timbres (com algumas exceções, talvez umas 15 ou 20 das 128), nem pelos ritmos, já que são igualmente datados.
Mas é interessante para quatro coisas:
1. Para o músico com pouca grana e/ou muita criatividade fazer trabalhos específicos de anos 80; 2. Para o músico que não tem teclado arranjador compor músicas com o espírito dos anos 80; 3. Para fazer uma linha de bateria ou de bateria e baixo para tocar sozinho (sem a função arranger, que é datada); 4. Para se divertir.
Convenhamos: por 200 pratas, vale ouro.
Mais infos aqui: http://www.sonicstate.com/synth/roland_ra50/
http://www.magicclassicaccordions.co.uk/ROLAND-RA-50
E aqui uma demo brega e meia-boca do bicho (não fui eu quem fiz):
(Editei com algumas informações novas, que citei em postagem abaixo).
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Gus79 Veterano |
# set/10 · Editado por: Gus79
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Caraca, fiz um review e só agora, meses depois de ter o bicho, fui levá-lo a sério. Talvez culpa dos 200 mangos pagos nele.
Não são 4 reverbs, são 8.
Room1, Room2, Hall1, Hall2, Plate1, Plate2, Delay1, Delay2. Analisando com mais cuidado agora, são bem bons.
E eu disse acima que são 64 timbres, correto?
ERRADO!!!
Descobri agora - sim, agora - que há outro banco de timbres. Ali na minha cara, só clicar no "Bank A/B".
São 128!... (não seguem o padrão GM).
Pela primeira vez, parei agora há pouco para ouvir mais atentamente os timbres com o fone de ouvido.
E o bicho tem realmente ALGUNS timbres bons. As duas flautas do banco B são boas (as duas do A são ruins mesmo). Uma é muito parecida com a melhor flauta do meu RS-9. No mínimo é tão boa quanto (e eu acho a flauta do RS boa).
E tem dois timbres de french horn, uns três de synth (saw e square), uns três de brass (tão bons quanto no RS) e uns dois timbres de strings realmente muito bons (e realmente tem um que está no RS). Fora os vários tipos de bell, extremamente bons (para mim, melhores e mais usáveis do que os do RS).
Os EPs também não são de se jogar fora, mas tem uns dois ou três EPs melhores no RS.
Os órgãos são bem melhores do que os do RS-9. Mas bem piores do que os de outros teclados, como, por exemplo, os do Yamaha S03 (que já tive e que, portanto, posso comparar com conhecimento).
Acho que o grande problema de ter subestimado tanto o RA-50 foi ter testado os timbres no cubo Staner (e com preconceito). Eu não lembro de ter feito o que fiz agora há pouco: parar para escutar os timbres com calma e cuidado, pensando que podia haver algo bom ali...
Agora, tô querendo inclusive colocar uns timbres pra tocar com a minha banda - vou passar a levar o módulo para os ensaios.
Ou seja: se eu já estava satisfeito com meu equipo de 200 pratas, agora vou dormir realmente feliz! :D
(Edit: editei ligeiramente o primeiro post, e amanhã pretendo fazer um comentário de cada timbre - e, quem sabe, uma pequena demonstração de alguns).
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