Denfelix
Veterano |
# abr/05 · Editado por: Denfelix
Olá, pessoal! Faço licenciatura em violão na UFG (Universidade Federal de Goiás), q é eleita a melhor universidade de música do país. Bom, li algumas respostas aqui sobre uma dúvida relacionada à diferença entre clássico, erudito, popular e outros estilos musicais e quero esclarecer umas coisas. Acho q quem participa de um fórum como esse deve vir com a mente aberta a, de repente, aceitar conhecimentos de pessoas q sabem um pouquinho mais sobre o assunto tratado.
A grande maioria das pessoas, inclusive músicos, têm a mesma dúvida do the_madmax . Esse é até um assunto q tratamos na aula de "Fundamentos do Conhecimento Histórico e Artístico" na semana passada lá na faculdade. Então aqui vai a explicação:
Já pararam p/ perceber que CLÁSSICO ñ existe só na música? Na literatura, por exemplo, existem os clássicos (ex.: Machado de Assis, Romeu e Julieta, A branca de neve e os 7 anões, etc...). Nas artes visuais tb existem os clássicos (ex.: Monalisa, etc). Então q explicação é essa q as pessoas insistem em dar dizendo q "Ah, os clássicos são as músicas q exigem estudo...". Sinceramente? Nada haver...
CLÁSSICO são obras do conhecimento de todos, ainda q ninguém tenha tocado, lido ou visto, mas q as conhecem por ouvirem falar, influência (pq perduram p/ sempre na história). Isso explica perfeitamente o q eu disse no parágrafo acima!!! Sabem pq a gente diz "eu toco violão clássico!"?? Pq todo aluno qd entra p/ aula e ñ quer estudar popular sempre sofre a influência do professor q escolhe as peças por influência de outras pessoas. Pq a gente sempre aprende a tocar SOR, TÁRREGA, SEGÓVIA, VILLA LOBOS, BACH???? Pq vc entra na escola de música sem conhecer compositores e é claro q seu professor vai te dar as músicas mais tocadas pelos violonistas, as músicas q são discutidas na imprensa, etc. Isso faz com q elas se tornem clássicas! Todo mundo acaba sempre tocando as mesmas. Se eu disser p/ vcs, por exemplo, q eu toco "Estudo em Lá menor" de ORLANDO VIEIRA...certamente vcs ñ saberiam do q eu estou falando, pq acabei de inventar isso. E se essa peça existisse, c/ certeza ela ñ seria um clássico, pq ninguém nunca ouviu falar e ñ perduraria...
ERUDITO é uma palavra derivada de 2 palavras do grego (se eu ñ me engano) e q juntas significam "saber profundo". Pq "saber profundo"? Pq conhecer (ñ só de ouvir falar) as obras q perduraram ao longo da história ñ são p/ todos. Todos podem até conhecer de ouvir falar, mas por ter estudado, ñ são todos. E é por isso q ERUDITO é equivalente a CLÁSSICO, só q com a diferença q o conhecimento é profundo. Por isso, qd a gente estuda os clássicos, nos tornamos músicos eruditos, pq p/ tocar é preciso estudar as obras e vc passa a conhecê-las ñ só de ouvir falar.
POPULAR é o contrário de erudito e clássico!!! É aquilo q todo mundo conhece por ouvir falar e até mesmo por estudar, mas ñ é algo q perdura (ex.: "Segura o Tcham" - ninguém canta mais isso!). Já "GAROTA DE IPANEMA" é um clássico da MPB, pq perdurou ñ só no Brasil, mas no exterior tb...e todos conhecem nem q seja de ouvir falar...
Agora, dentro de "clássico" ou "erudito" e "popular" existem os gêneros musicais (ex.: jazz, samba, baião, etc...) O "the_madmax" perguntou pq é preciso ser um estudioso p/ tocar esses gêneros, coisa q ñ é exigida, por exemplo, p/ tocar um "Chuva no telhado" de Leandro e Leonardo. Sabe pq? Pq existem músicas q são de acompanhamento básico (no caso das sertanejas, por exemplo). Já o JAZZ caracteriza-se por alguns intervalos de uma escala específica! No caso, são usadas as escalas gregas... Então, como tocar JAZZ sem saber essas escalas? Se vc tocar usando a escala diatônica de DÓ (DÓ, RE, MI, FA, SOL, LA, SI), certamente ninguém vai saber q vc está tocando JAZZ, pq a escala diatônica ñ possui os intervalos característicos desse gênero musical. E da mesma forma a BOSSA NOVA, etc. Entende, então, pq é necessário estudar p/ tocar esses estilos mais contrastantes?
Bom, há muito o que falar sobre esse assunto, mas eu acho q se eu ficar falando aqui ninguém vai ter paciência p/ chegar até o final, se é q conseguiram chegar até aqui, rs. Mas, eu espero, sinceramente, ter esclarecido a dúvida de muitos. Afinal, estou estudando licenciatura exatamente p/ ensinar, e ensinar é passar adiante o conhecimento. E eu acho q o músico tem a obrigação de pelo menos procurar conhecer o que se faz, o q se toca e pq o faz, e pq o toca...
Comentem!!
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Helder Bello
Veterano |
# abr/05
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E isso aí. Além de contribuir para a erudição pessoal, "procurar" conhecer as coisas, e não ser tão extrínseco para quem é, digamos, mais experiente, é a obrigação de todo músico. Bom, pelo menos daqueles que merecem assim ser chamados.
Que legal que estudas na UFG. Fui, há alguns anos, qdo graduei-me em violão erudito pela EMBAP, fazer uma audição por aí. Muito boa a sala em que toquei, e os professores, enfim, não sei se é a melhor escola de música do Brasil, mas qdo passei por aí tive a sensação que sim.
Abraços.
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Prático
Veterano |
# ago/05
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Sobre a definição de ERUDITO. Todo o instrumento musical possui um conhecimento formal associado ao seu aprendizado e a sua forma de tocar. Esse conhecimento e essa forma são a base do estudo do violão que chamamos ERUDITO. É ERUDITO porque deve-se estudar todos os conceitos e técnicas historicamente associados ao instrumento.
Sobre a definição do CLÁSSICO. Neste caso o conceito se torna mais flexível. Podemos definir CLÁSSICO como o período histórico onde determinadas obras foram criadas, ou também podemos denominar CLÁSSICO como aquelas obras que perduraram, que atravessaram épocas. Mas ou contrário da definição acima, posso tocar um CLÁSSICO sem ser ERUDITO. Eu sou um exemplo, aprendi a tocar sozinho algumas músicas CLÁSSICAS no violão, mas ainda toco com erros de postura, com saltos incorretos de mão esquerda etc. Ou seja, eu NÃO era ERUDITO no instrumento, era intuitivo.
Com relação a definição de POPULAR. POPULAR nada mais é do que músicas que não nasceram no meio acadêmico ou ERUDITO. Muitas músicas populares do século XVI hoje são chamadas de clássicos. ex: Green Sleves. Mas não podemos incorrer no erro de dizer que "o POPULAR é o que NÃO PERDURA", pois é no meio popular que nascem muitas revoluções musicais posteriormente tomadas como "forma" nas academias de música.
Portanto, existe apenas antítese real entre POPULAR e ERUDITO. O termo CLÁSSICO pode ser aplicado a ambos, e geralmente para indicar músicas mais antigas.
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