erico.ascencao Veterano |
# set/14 · Editado por: erico.ascencao
Vamos lá a mais uma resenha de brinquedo novo. Pra quem não conhece, trata-se de uma guitarra feita pela Fender em parceria com a Roland que conta com o sistema de captação hexafônico Roland GK-3 embutido no escudo da guitarra. Com este sistema de captação é possível tocar sons de sintetizador como os da pedaleira Roland GR-55 e suas antecessoras. Mais informações no site.
Equipamentos de referência para comparação: - SX SST 57 com upgrades - Fender American Standard Stratocaster 2012
Recursos: Corpo em alder, braço e escala em maple, trastes médio-jumbo, tarraxas Fender Standard, captadores Fender Standard single coil e Roland GK-3, sistema Roland GK embutido (com controle de volume, dois botões para troca de patch da Roland GR-55, chave seletora single/GK e single/GK e jack 13 pinos), um controle de volume e um de tonalidade para os três captadores single e chave seletora de 5 posições para os captadores single.
Som: De maneira geral, bom. Num primeiro teste sem compará-la à prima rica do outro lado da fronteira, gostei do timbre dos captadores. Ao comparar com a American Standard, aí pintou a diferença: a mexicana soa um pouco mais fechada em todas as posições, o que na minha opinião é melhor para drives e para um clean com o captador da ponte. A norte-americana tem um brilho que fica fantástico no clean ou com drives mais leves, mas fora destas situações a mexicana é mais fácil de ser "domada". Para os sons de Stratocaster que eu gosto, a prima rica leva vantagem. Nota: 6,5.
Ação, ajuste e acabamento: A regulagem de fábrica veio muito boa, só o luthier encontrou pequenos desnivelamentos de trastes. A minha é na cor preta (a outra opção era sunburst com escala em rosewood), o que a torna ainda mais simples em termos de acabamento, que por sinal é bom. Assim como na prima rica, é possível identificar claramente as três peças que compõem o corpo olhando a pintura contra a luz. O que eu tive que regular sozinho foi a altura do captador GK, mas aí era trampo entre eu, a guitarra e a pedaleira e que foi fácil graças à pré-montagem do sistema no escudo da guitarra. Nota: 7,0.
Confiabilidade e durabilidade: Antes de comprar a guitarra, tinha um certo receio de como o sistema GK se revelaria neste quesito da avaliação, ainda mais considerando que esta passaria a ser a minha guitarra titularíssima. Entretanto, quando a guitarra chegou, já senti bastante confiança na robustez da montagem de toda a eletrônica na guitarra. O jack, os potenciômetros, os botões e a chave são bem firmes. Além disso, a ponte e as tarraxas se apresentaram bem estáveis. Já levei pra um ensaio e pretendo a partir de agora levar só ela, dada a versatilidade que ela me proporciona. Só dou um 9,0 porque a eletrônica dela é mais complexa que a eletrônica de uma guitarra comum e, consequentemente, está mais sujeita a falhas. Se eu fosse profissional, teria uma segunda guitarra com o sistema GK de backup. Nota: 9,0.
Impressão geral: Vou procurar dividir esta análise em duas: a Fender "Standard Stratocaster" que ela é na essência e a Fender GC-1 Stratocaster que ela é de fato.
Como guitarra tradicional, trata-se de uma boa guitarra. Como já costumamos teorizar muito aqui no FCC, a ela e à American Standard se aplicam a Lei dos Rendimentos Decrescentes: quanto maior o incremento de valor no produto, menor é o incremento em termos de "qualidade". Cabe aqui observar que a mexicana custa pouco menos da metade da norte-americana, mas não posso afirmar de jeito nenhum que a segunda é "duas vezes melhor" que a primeira. Pra quem tem ~R$2300 pra gastar numa Stratocaster, eu recomendo comparar uma Fender mexicana com uma Squier Classic Vibe pra ver o que vale mais a pena, pois a primeira tem o nome no headstock que garante um maior preço de revenda no futuro e a segunda é muito elogiada e dizem ser até melhor que a primeira. O que difere a Fender Standard da Fender American Standard são detalhes construtivos e hardware: tipo de verniz no braço (totalmente gloss na mexicana e fosco somente na parte de trás do braço da norte-americana), qualidade do maple do braço, tipo de ponte (6 parafusos na mexicana contra 2 pivôs na norte-americana), captadores (aqui é a maior diferença), etc.
Falando agora da parte "Roland" da guitarra, vou começar pelo motivo da compra. Vi nesta guitarra uma alternativa mais simples, versátil e barata para compor um set para ensaios e pequenas apresentações. Vinha ficando de saco cheio de carregar meu pedalboard para os ensaios - considerem que ele pesa uns 20 kg e o estúdio de ensaio é numa sobre-loja. Juntando à ergonomia a preocupação de carregar equipamentos de valor, a busca por um set mais enxuto e a ideia de incluir um tecladista na banda, optei por um set com uma Roland GR-55. Esta pedaleira, além dos recursos "pra tocar teclado com a guitarra", também tem recursos de modelagem de instrumentos (ou seja, com uma guitarra tiro sons de Stratocaster, Les Paul, Telecaster, Rickenbacker, ES-335, violões...) e de amplificadores de guitarra. Agora, com a Fender GC-1 e a Roland GR-55 ligada em linha eu sibstituo um set que antes era composto por guitarra, pedalboard grande e violão.
Considerando os motivos acima, me concentrando na guitarra, ela se mostrou muito versátil. Com ela eu toco de tudo e estou tirando timbres razoáveis para um contexto de banda, onde os timbres não são tão perfeitos quanto no quarto de casa ao tocar sozinho. O conforto para tocar também é um fator importante que ela atende, uma vez que eu passarei 100% do tempo com ela nas mãos nas situações em que for levá-la pra tocar. Levando em conta tanto as características tradicionais da guitarra quanto as características mais específicas deste modelo, ela merece um 7,5. Nota: 7,5.
PS.: Em breve solto o review da Roland GR-55.
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