Guitarrista ou Músico? Minha Polêmica de Inverno.

Autor Mensagem
Ismah
Veterano
# jun/14
· votar


kekotenko

Pode ser uma versão, mas achei o gringo mais legal por questão de afinidade... ele me lembrou o blues, enquanto o nacional lembra forró...

Renato F
Veterano
# jun/14 · Editado por: Renato F
· votar


Seus 'mané', o que vcs esperam desses 'muleque' que "aprenderam" via guitarpro? Que ele fosse um gênio da harmonia funcional?

Claro que não.

Mas, mesmo assim, ele pode ser chamado de músico (o Aurélio ensina). Doa a quem doer.

[EDIT]
Tenham em mente que existem músicos melhores e piores. O cara pode não saber um F6 mas, com certeza, toca Malmsteen melhor do que eu. Pra que isso serve? Só ele pode dizer quais são seus interesses.

Abraço!

Marcelo Sobral
Membro
# jun/14
· votar


Bom, meus 2 centos.

Faltou um pouquinho de bom senso do guitarrista mencionado pelo Lelo Mig.

Eu jamais subiria no palco sem saber previamente qual música tocar e sem ter o mínimo conhecimento da mesma. Com certeza depois deste vexame o cara aprendeu a lição...rsrsrsrsrs.

Filippo14
Veterano
# jun/14
· votar


Lelo Mig

Na minha visão, eu não separo entre músico e guitarrista e sim entre músico e interprete.
Aquele cara que só sabe imitar o malmsteen, mas toca divinamente bem, puta técnica, mas na hora de criar alguma coisa sua, sem se limitar a simplismente imitar e copiar licks dos outros para mim é um intérprete. Vejo muito isso em pessoas da música clássica. O ensino de música no Brasil é muito deficiente nesse sentido, eles aprendem a "compor" algumas vezes, mas o maior foco é em interpretar com precisão artistas (no bom sentido da palavra) como Mozart, Beethoven...
Aquele cara que sabe criar alguma coisa sua, tem personalidade, sabe um lick, mas toca ele do jeito dele mesmo, sem se prender totalmente as suas influencias, que sabe dar uma emoção para alguma passagem que toca, que sabe inventar frases, harmonias, qualquer parte da musica a qualquer momento, esse cara para mim é musico.

Agora, na minha visão, a teoria pode ser uma aliada muito forte na hora de um músico conseguir criar algo. O BB King é músico, sem duvida, sabe fazer licks como ninguém, bend e vibrato com personalidade, agora, se você mandar ele tocar alguma coisa fora do blues, seria eu iimagino, um desafio para ele. Eu nunca toquei musica árabe, mas sei que ela é envolta de escalas menor harmonicas, ou a musica indiana, que tem diversos comas e sons totalmenre diferentes, mas voce consegue um nivel de tensão parecido com a menor melodica "errada" (bacchiana). Se eu precisasse brincar em algum desses estilos, eu no mínimo saberia tentar. Obvio que um cara com um ouvido foda conseguiria chegar nos mesmos resultados, mas ai é filosofia de cada um.

Steve Vai, Satriani, Malmsteen e Jason Becker, todos são músicos, sabem criar melodias, harmonias, improvisar, brincar no instrumento, tem características proprias e tem a técnica e teoria aliados a eles. Da mesma forma que o Jeff Beck, BB King e Buddy Guy tambem são musicos. Para mim quem não é músico é quem apenas toca e não sabe criar música.

Abração

Luis A.
Membro Novato
# jun/14
· votar


Filippo14

Para mim quem não é músico é quem apenas toca e não sabe criar música.

Nisso eu concordo!

Fico vendo esses garotos q fazem aulinhas de piano, e se vc tirar a partitura da frente deles nao sai nada mais do q meia duzia de trechinhos decorados, são incapazes de fazer uma jam.... Para mim nao sao músicos, estão mais para uma maquina de xerox ou um robô....

Filippo14
Veterano
# jun/14
· votar


Luis A.

Eu toco guitarra, e minha irma fez aulas de piano por uns 11 anos. Esse ano eu tentei fazer aulas de piano e fiz por uns 3 meses.

A didática da música erudita é completamente diferente, ela é muito presa aquela teoria besta, nada prática. Saber como é a escala cromática no papel, como descobrir os sustenidos e bemois das escalas e todas essas coisas. Eu não acho besta saber isso e tal, mas deviam focar mais no desenvolvimento musical das pessoas, visar forçar as pessoas a criarem, se virarem, comporem e tudo mais. E o pior é que todos esses "intérpretes" sofrem muito com improvisação. Um aluno do meu prof de guitarra começou a ter aulas com ele por que gostou da forma como meu prof tocava, improvisava e tudo mais, esse cara tocava muito violoncelo, tocava a 22 anos já e tinha uma enorme dificuldade em improvisar. A minha irmã, minha professora de piano, a professora de piano da minha irmã, ou até mesmo esse aluno do meu prof de guitarra são frutos das escolas de música do país presos aos métodos eruditos de ensino que pouco desenvolvem a pessoa musicalmente. O engraçado é que sempre são pessoas com um nível absurdo de técnica e que quando se soltam e aprendem a tocar mesmo se tornam músicos, na minha comcepção, muito bons. O complicado é que essas pessoas dificilmente saem dessa bolha.

Por isso, que para mim, facul de música no Brasil é a maior cagada de todas, eles conseguem cada vez mais te travarem na arte de compor e improvisar, faculdade de música para mim é o MI de Los Angeles e a Berklee.

Abração

kekotenko
Veterano
# jun/14
· votar


No meu entender, pouco importa o instrumento que se toque, o resultado final é que deve ser o objetivo, sempre. Não importa se uma melodia é criada nota por nota ou se foi improvisada na hora. Se essa melodia soar bem, dentro do contexto geral da música em si, tanto faz ter muita ou pouca técnica no instrumento.

Muitos músicos passam a maior parte do tempo estudando técnica e pouco estudam teoria musical. Mas a falta de conhecimento teórico sempre vai limitar o músico a tocar apenas certos estilos de música, justamente por não saberem o que é Música e qual é sua finalidade.

Muitos usam a Música apenas como um meio de satisfazer o seu ego e aparecer. Qualquer músico com muita técnica sempre vai se destacar dos que são menos técnicos. Isso é óbvio. Mas pode acontecer de alguns desses músicos menos técnicos terem uma percepção maior do que é realmente a Música e criarem músicas que agradam mais ao ouvido do público.

Mas quando o músico tem conhecimento teórico e tem técnica de alto nível, também pode criar músicas que agradem ao ouvido de quem gosta de Música.

Deixo dois exemplos do que estou querendo dizer. No primeiro vídeo, uma guitarra que não exige tanta técnica quanto a do segundo vídeo. E eu gosto de ouvir as duas, porque ambas soam agradáveis aos meus ouvidos.






Resumindo, eu não pensaria em tocar nenhuma dessas duas músicas apenas pela técnica que elas exigem, para serem tocadas. Primeiro, elas devem ter algo a mais que me faça gostar de ouvi-las. Só depois disso, é que eu iria correr atrás da técnica, se quisesse tocar qualquer uma delas.
Música primeiro, técnica depois. Comigo, é assim que funciona.

-Dan
Veterano
# jun/14
· votar


Honestamente, não entendi.

Vc contou a história de um cidadão que treinou e dominou várias técnicas mas não estudou o suficiente sobre harmonia, formação de acordes, improvisação etc... e se meteu onde não tinha capacidade de estar.

Então concluiu que guitarristas de Rock não podem ser chamados de músicos.

É isso mesmo ou eu li rápido demais?

-Dan
Veterano
# jun/14
· votar


"Todo médico, antes de sua especialização/residência, é um clínico geral, certo? Não deveria ser assim com a música?"


Pra quem acha que deveria, gostaria de saber o porquê.

Filippo14
Veterano
# jun/14
· votar


-Dan

Ele não quis generalizar a guitarristas de rock, e sim a pessoas que tocam, mas não são fluentes em técnicas ou noções musicas que para ele são cruciais de saber. Um guitarrista que não sabe improvisar, um guitarrista que não sabe se virar em uma harmonia, que não sabe seguir um metronomo, ou sofre com batidas de acordes basicas, etc

-Dan
Veterano
# jun/14
· votar


Filippo14
Na minha visão, eu não separo entre músico e guitarrista e sim entre músico e interprete.

Interessante seu ponto de vista. Penso parecido, mas não desqualifico o intérprete de músico.

O que você chama de músico, eu chamo de músico admirável.
O que você chama de intérprete, eu chamo de músico ordinário.

De fato, a grande maioria dos músicos (eu inclusive) não é capaz de, de fato, criar, se limitando, talvez, a interpretar seu mix de influências.

Parece que a irritação se dá quando o ordinário se acha admirável o suficiente para ser acima das críticas.

Mas isso se dá em todas as áreas.

O que é unânime: pessoas arrogantes são irritantes.

Filippo14
Veterano
# jun/14
· votar


-Dan

A interpretação já é uma arte, o arranjo, a reharmonização para mim já é uma forma de você se impor musicalmente. A questão é que na música erudita elas interpretam do jeito mais perfeito possivel, fazendo de tudo para tirar toda a sua influencia e colocar o que ta na partitura.

O blues é cheio de licks iguais, mas são músicos diferentes, poe sua expressão na música. O John Mayer pode pagar pau o quanto quiser para o Hendrix e o SRV e ele nunca vai tocar igual a eles. O álbum Try! dele tem diversas músicas covers de blues e nenhum é igual a original. Imitar, se influenciar, mudar um pouco já mostra a sua personalidade.

makumbator
Moderador
# jun/14 · Editado por: makumbator
· votar


Filippo14
A questão é que na música erudita elas interpretam do jeito mais perfeito possivel, fazendo de tudo para tirar toda a sua influencia e colocar o que ta na partitura.

Não é bem assim. Há bastante liberdade de interpretação na música erudita, e cada músico tenta colocar sua personalidade na execução. O fato da música estar na partitura não engessa nada.

O que existe é uma preocupação com o contexto da composição (caso o músico queira fazer sua versão respeitando o momento histórico, local e maneirismos daquele compositor em particular). Mas isso não torna as execuções obrigatoriamente iguais (e nem impede certas mudanças/improvisos).

Há também aqueles que buscam fazer um interpretação bem diferente, e muitas vezes até fora do que seria o cânone que determinada peça ou estilo já estabeleceu ao longo do tempo.

Essa coisa de música erudita ter que seguir obrigatoriamente o que está na partitura é um mito. Além do fato de muita coisa não conseguir ser expressa na partitura, então mesmo assim sempre há campo para variações e liberdade do executante.

Mas é claro que na música sinfônica (por exemplo) não é cada músico de um naipe que vai decidir o que tocar, pois ele faz o som do naipe junto com os demais, então uma certa uniformidade é necessária (senão teríamos o caos).

Mas mesmo assim o maestro (que é o intérprete nesse caso) está bem livre para fazer mudanças e ajustar a execução de acordo com seu conhecimento e gosto pessoal.

Filippo14
Veterano
# jun/14
· votar


makumbator

Isso funciona com músicos de alto nível, com maestros muito bons e etc. Concordo que nada é 8 ou 80 e discordo totalmente da partitura engessar a música. A questão é que os "improvisos", mudanças ou qualquer coisa é muito mais dificil de ver na música erudita, ninguém te ensina a improvisar lá. Eles vão usar a ideia de COMPOR (é diferente de improvisar) sobre as notas do acorde, usar a terça, quinta e sétima do acorde e tudo mais. Eles não expandem a cabeça deles para escalas mais exóticas, quem fazia isso eram os Bachs da vida.

Os exemplos que eu dei são de pessoas mais comuns e que tiveram um ensino totalmente voltado para essas formas de interpretação, a questão é que essa forma é a que mais existe dentro da música erudita. Muitos músicos são realmente bons e inovadores dentro dessa área, mas se formos pegar a porcentagem de musicos que de fato se colocam na música no erudito e no comtemporâneo, a diferença é imensa.

PS: O exemplo do Lelo Mig é um exemplo de um cara que toca música contemporânea e não sabe nada.

entamoeba
Membro Novato
# jun/14
· votar


"Todo médico, antes de sua especialização/residência, é um clínico geral, certo? Não deveria ser assim com a música?"

Pra quem acha que deveria, gostaria de saber o porquê.


-Dan, eu não acho que deveria, mas vou me justificar mesmo assim.

Na medicina, que é uma ciência aplicada, esse caminho já é bem questionável. Por que um cara que vai se especializar em psiquiatria deveria saber como suturar um ferimento, afinal?

Já a música é arte, portando, não é procedimental. Na medicina a variação não é desejada, na arte, é obrigatória! O artista deve exercitar os desvios e evitar os caminhos.

Em suma: não dá para impor à ARTE o método da CIÊNCIA APLICADA.

makumbator
Moderador
# jun/14 · Editado por: makumbator
· votar


Filippo14
Isso funciona com músicos de alto nível, com maestros muito bons e etc.

Que nada, até maestro merda faz isso.

A questão é que os "improvisos", mudanças ou qualquer coisa é muito mais dificil de ver na música erudita, ninguém te ensina a improvisar lá.

Improvisação no sentido jazzístico não mesmo, mas improvisação como há na música barroca, na música moderna/contemporânea e em peças ligeiras (no sentido de música leve, divertida e sem um "peso intelectual" muito grande) sempre houve.

dois exemplos rápidos: Quase tudo de contínuo (ou seja, acompanhamento de base) de cravo/tiorba/alaúde e afins é improvisado.
Muitas cadências de concerto são totalmente improvisadas (muitas cadências não foram escritas pelo compositor)

Os exemplos que eu dei são de pessoas mais comuns e que tiveram um ensino totalmente voltado para essas formas de interpretação, a questão é que essa forma é a que mais existe dentro da música erudita. Muitos músicos são realmente bons e inovadores dentro dessa área, mas se formos pegar a porcentagem de musicos que de fato se colocam na música no erudito e no comtemporâneo, a diferença é imensa.

Não precisa ser inovador para colocar a própria personalidade na interpretação de música erudita (ou qualquer outra). Na verdade todo músico faz isso, do ruim ao ótimo (passando pelos medianos).

A partitura é só um guia (e quanto mais se recua no tempo histórico menos detalhado esse guia é), e na verdade é impossível ter uma interpretação realmente uniforme e padrão em cada peça, pois o background, conhecimento, cultura e intenção dos músicos/maestros envolvidos sempre altera tudo.

Um exemplo:

Já assisti ao vivo uma orquestra de cordas norueguesa tocando Grieg (que era norueguês) uma peça importante do compositor,a suíte Peer Gynt . Pois bem, poucas semanas depois ouvi outra boa orquestra (mas brasileira) tocando a mesma peça.

A diferença era brutal. Claro que se percebia que era a mesma música, mas as articulações, acentos, dinâmicas, andamentos, escolhas de arcadas e golpes de arco, caráter, expressão, etc... eram muito diferentes de uma versão para outra.

As duas eram boas versões (muito boas, aliás), e ambas vieram da mesma partitura. Mas o background cultural dos músicos e maestros envolvidos mudava tudo.

Eles vão usar a ideia de COMPOR (é diferente de improvisar) sobre as notas do acorde, usar a terça, quinta e sétima do acorde e tudo mais. Eles não expandem a cabeça deles para escalas mais exóticas, quem fazia isso eram os Bachs da vida.

Em um curso (ou estudo, mesmo sem ser formal) de composição e regência sim, mas no ensino de instrumento em música erudita (formal ou não) muito pouco de composição é passado (quase nada, pra falar a verdade). No fundo eu acho que deveria ter mais de composição no ensino (como havia no passado distante, em que todo músico era também compositor).

Grande parte do tempo de estudo atual de instrumento é "perdido" com técnica (assim como em outros estilos). Outra parte importante vai para interpretação e estética (e com esse conhecimento o estudante inicia o processo de ter fundamentos da música para aí colocar sua personalidade na música escrita por outros).

E Bach via de regra nem usava escalas realmente exóticas. Boa parte da música dele é em harmonia tradicional e escala maior e menor. O lance é o que ele fazia com esse material, e não a preocupação em usar a escala X ou Y.

Lelo Mig
Membro
# jun/14
· votar


Grande parte do tempo de estudo atual de instrumento é "perdido" com técnica...

Brilhante frase!

Este é o ponto! Técnica é importante, mas não é tudo, muito menos a única coisa.

Se a escola popular copiou algo da erudita, foi justamente esta, a pior parte.

Drinho
Veterano
# jun/14
· votar


Muito bom amigos.

Filippo14
Veterano
# jun/14
· votar


makumbator

Tudo bem, concordo em muitas coisas com você, na música erudita, o máximo que eles chegam a ter é composição, uma arte que necessita tempo, pensar em contrapontos e tudo mais, pelo menos na visão erudita, eles não sabem improvisar, e apenas os que aprendem composição e regência conseguem criar alguma coisa. Obviamente que é impossivel para pessoas não terem nada na cabeça delas, nem no subconsciente, que faça-as tocar diferente. O exemplo dos músicos da noruega é justamente isso, pelo menos para mim. É muito mais do subcosciente a forma de tocar do que treino e análise mesmo. Um americano tocando samba tende a ser muito pior do que um brasileiro, isso está no "sangue" das pessoas.

O Bach foi o cara que criou a "bachiana". Ele ao invés de descer melódica e subir menor natural ele subia e descia a melódica. Já não é tão comum encontrarmos melódica em músicas menos requintadas, agora naquela época o cara fazer isso, para mim é uma puta evolução e era "exótico".

As pessoas não são robos e acabam imprimindo sua pegada e noção musical nas músicas, mesmo que pequena, o que causa essa mudança sonora das duas obras. São duas orquestras com músicos de duas terras e culturas totalmente diferentes, vão soar diferentes mesmo, a questão é que eu acredito que isso é pouco pensado por parte deles, da forma que eles tocam e tudo mais, é natural você ter um gingado diferente que um americano com samba e ele uma pegada muito melhor para o country, mas para mim isso não faz da pessoa um músico, apenas um interprete.

makumbator
Moderador
# jun/14
· votar


Filippo14
O Bach foi o cara que criou a "bachiana"

Não é não. Ela recebeu esse nome posteriormente por ele usar bastante, mas já era conhecida e utilizada antes dele. Bach apenas a popularizou (se é que se pode dizer isso, pois em vida Bach era até provinciano, perto de um Handel por exemplo, que era um artista de metrópole).

O exemplo dos músicos da noruega é justamente isso, pelo menos para mim. É muito mais do subcosciente a forma de tocar do que treino e análise mesmo.

Ao contrário. Essas diferenças são intencionais. É coisa estudada e trabalhada em ensaio (principalmente a parte mais técnica, como decisões de golpes de arco, golpes de língua nos sopros, arcadas, digitação, etc.. tudo isso tem um propósito estético que vem do maestro, o spalla e o chefe de cada naipe).

Uma forma de se observar essas diferenças é quando maestros diferentes tocam a mesma peça com a mesma orquestra. O som fica diferente, pois ele interpreta de maneira diversa de outro. Algumas vezes eles fazem coisas totalmente opostas(como fazer um trecho anteriormente legato todo em notas curtas, pedir a tempo aonde o maestro anterior fazia um ritardando etc...)

vão soar diferentes mesmo, a questão é que eu acredito que isso é pouco pensado por parte deles

Se você assistir um ensaio de uma orquestra boa vai ver que é tudo trabalhado. Claro que há fatores culturais dos músicos envolvidos (e do maestro também), mas tem muita escolha estética consciente além da bagagem cultural (sem contar que é comum orquestras terem músicos de vários países, e portanto origens culturais e formação musicais diferentes).

mais, pelo menos na visão erudita, eles não sabem improvisar, e apenas os que aprendem composição e regência conseguem criar alguma coisa.

Isso é algo recente. Até o fim do séc XIX se ensinava improvisação na música erudita. Hoje basicamente só se ensina isso de maneira sistemática em cursos de música antiga (principalmente cravo, que é muito calcado em improvisação). É algo que foi se perdendo com o tempo, muito em reflexo da especialização que passamos a ver em todas as áreas (e na música não foi diferente).

Até mais ou menos o início do séc XIX todo músico era compositor e instrumentista (e ou cantor). Era condição básica saber compor, arranjar, analisar harmonia, saber regras de contraponto, etc...

Lelo Mig
Este é o ponto! Técnica é importante, mas não é tudo, muito menos a única coisa.

Se a escola popular copiou algo da erudita, foi justamente esta, a pior parte.


É, a técnica sem dúvida é fundamental e até libertadora (pois ela te permite se expressar de mais maneiras e de modo mais fácil). O ideal é o estudo dela aliado a um entendimento estético e artístico. Mas realmente a coisa acaba indo ou para um lado ou para outro. Difícil conciliar.

Lelo Mig
Membro
# jun/14
· votar


makumbator

Com relação ao ensino de música erudita, acho que possuem alguns professores não aptos (e muitos capazes), mas não vejo problema com a metodologia, até porque, acho que quem procura o ensino erudito almeja outras coisas. E do pouco que conheço, muito me agrada o "método italiano" (se tiver um nome correto me corrija), onde se aprende música em primeiro lugar, se aplica ao instrumento em segundo lugar, e por último, instrumento eleito, se refina e especializa-se no instrumento.

Mas, você sabe bem de minhas diferenças com o estudo "formal de música popular", seja rock, seja jazz, seja o que for.

Gostaria mesmo, de saber sua opinião, que é mais embasada, sobre este método atual, principalmente "pós IGT".

makumbator
Moderador
# jun/14
· votar


Lelo Mig

No caso da música erudita há alguns anos o que tem moldado os músicos é o método Suzuki, que começou no violino e há décadas possui versões para cada instrumento da orquestra. O método Suzuki é um negócio muito difundido pelo mundo (possui até uma fundação que promove o sistema, cursos para os professores e monitores, etc..). Aqui em Juiz de Fora eu já participe de um congresso brasileiro sobre o método (é uma parada "grande" mesmo).

Se você for em qualquer site de métodos e partituras destinados a música erudita vai ver dezenas de itens do Suzuki (de métodos a playbacks).

Ele tem vantagens (principalmente no que tange a velocidade com que um inciante consegue fazer alguma coisa no instrumento). O problema é justamente estar muito ligado apenas à técnica (mesmo que em nível básico). Isso com certeza contribuiu para uma queda no nível de formação musical geral (não técnica) dos estudantes.

Essa coisa de se estudar música primeiro, depois ser apresentado a vários instrumentos para depois eleger um só cada vez mais é substituído pelo método do Suzuki (e outros semelhantes, em que a técnica básica vem antes de tudo).

O resultado são alunos bitolados em filigramas e com pouco entendimento da música como um todo.

Filippo14
Veterano
# jun/14
· votar


makumbator

Essa questão de não ter mais improvisação nos cursos eruditos vem de onde?
A escola brasileira é mais presa a que escola de ensino musical?

Pelo que eu sabia era o Bach que tinha feito a bachiana, pelo jeito me falaram errado.

Você acha que os musicos que estão nessas orquestras podem ser considerados músicos pela minha lógica ou apenas o maestro entra nessa classificação? Quanto os integrantes dessas orquestras entendem de teoria musical pratica para que eles possam alterar as coisas? Em geral é só os maestros que possuem essa noção de re arranjarem as coisas e tal ou os músicos que estão lá tambem tem noções disso tudo?

makumbator
Moderador
# jun/14 · Editado por: makumbator
· votar


Filippo14
Essa questão de não ter mais improvisação nos cursos eruditos vem de onde?

Ah isso começou basicamente quando a especialização na música tomou forma. A própria noção de maestro é algo recente (do período romântico em diante).

Passou a ser esperado que um compositor só componha, um maestro só dirija e um executante apenas toque. Hoje é tudo compartimentado. Um instrumentista de um passado mais distante passaria vergonha se não tivesse aulas de composição, se não entendesse nada de teoria, etc... na verdade a própria noção de "instrumentista" é estranha aos períodos históricos mais antigos. O que existiam eram músicos, que compunham, arranjavam, improvisavam, dirigiam, tocavam (e ou cantavam) e ainda davam aulas.


Quanto os integrantes dessas orquestras entendem de teoria musical pratica para que eles possam alterar as coisas?

Varia um pouco. Há diferentes "grupos" de instrumentistas de orquestras: tem aqueles que até tocam bem (ás vezes tocam MUITO bem) mas tem pouquíssima teoria musical (é daqueles que não sabe o que é um acorde diminuto, não sabe a função da dominante, não sabe as regras básicas de contraponto, etc...). Esse grupo aumentou (ao menos é minha impressão)

Tem aqueles que conhecem o básico. Não conseguiriam fazer um arranjo (por exemplo), mas conhecem harmonia básica, sabem as funções dos instrumentos, conhecem campo harmônico, etc... sabem de onde vem o que estão tocando. Acho que esse é o maior grupo.

E tem aqueles que gostam mais da área, e estudam (por conta própria ou não) mais pesado os assuntos de composição, arranjo, etc... em geral são aqueles que acabam no fim se tornando maestros. Esses são minoria.

Mas o problema nem é esse. Pra mim o problema é um músico que não tenha conhecimento estético, não saiba o mínimo de história da música e nem busca conhecer o que está por trás da técnica instrumental. Vira um papagaio (com todo respeito aos papagaios) que está ali só para tocar sem nem saber os fundamentos daquilo que faz.. Obedece ao maestro sem nem entender os motivos da escolha estética que o regente fez.

Você acha que os musicos que estão nessas orquestras podem ser considerados músicos pela minha lógica ou apenas o maestro entra nessa classificação?

Tem maestro ruim também....hashsasha! Mas minha visão do que é ser músico é menos calcada em aspectos de domínio técnico e ou teórico. Tento não traçar linhas definidoras. Mas sei que é difícil resistir à tentação.


Pelo que eu sabia era o Bach que tinha feito a bachiana, pelo jeito me falaram errado.

Bach foi um dos compositores mais importantes da história, mas em vida ele era até certo ponto provinciano. Só com mais idade é que foi a um centro um pouco maior (Leipzig), mas mesmo assim ele não tinha grande fama fora de sua região. Nada que se comparasse ao Handel (que era o maioral em Londres), ou mesmo a Telemann.

Curiosamente Bach caiu meio que em esquecimento após sua morte (apesar de ser sempre lembrado em sua região). Só no sec XIX que Mendelssohn resgatou o mestre, que até então tinha sua obra basicamente utilizada como estudo.

Hoje o nome de Bach é muito maior que foi com ele em vida.

Filippo14
Veterano
# jun/14
· votar


makumbator

Então é justamente ai que eu queria chegar. A música erudita tentou separar tudo e no fim criou muitos músicos piores ao meu ver. Muitos nem sabem o que estão fazendo, apenas repetem, assim como aqueles exemplos que eu dei. Minha irma faz aula de guitarra atualmente e entende um pouco de teoria, mas o piano é algo tão "travado" teoricamente que meu prof de guitarra, que toca um pouco de piano, precisa forçar ela a ter ideias no piano também. Muitas faculdades de música pegam músicos interessados em composição e improvisação e impoe a eles apenas aulas técnicas e de acompanhamentos, travando-os. Lógico que isso varia muito de diversos métodos, mas a grande maioria é assim, principalmente em escolinha de música, ai f****, nem importa se é música popular ou erudita, os professores tendem a serem muito fracos, a serem meros intérpretes e passam o mínimo para o desenvolvimento musical dos alunos. O Método do Lelo Mig, pelo que ele falou ser o italiano, me pareceu ser muito bom, parece que tem um foco inicial na essencia da música, sem se focar na técnica a um primeiro momento. A escola brasileira é baseada em qual desses métodos? Existe isso?

Abração

mateusstarling
Veterano
# jun/14 · Editado por: mateusstarling
· votar


Lelo Mig Eu não li os comentários e pode ser que o que eu vá escrever aqui ja tenha sido dito por alguém, mas este é um assunto que eu já escrevi algumas vezes no meu blog.
Existe primeiramente uma questão de repertório. Não vejo sentido em subir para dar uma canja de uma música que eu não faço ideia de como tocar ou de que esta fora da minha alçada.
Eu sou um músico que tenho um repertório de música popular, blues e jazz, mas esta música especificamente citada eu não toco. Se alguém colocasse uma partitura na minha frente com os acordes eu iria acompanhar e improvisar no solo, mas de ouvido seria um risco desnecessário.
Se eu subisse para dar uma canja eu iria combinar uma música em comum, tem tantas para tocarmos e quantas vezes eu ja fiz isso?
Vamos tocar aquela outra do Bosco que eu conheço, que tal incompatibilidade de gênios? Vamos tocar então aquela do Jobim que todos conhecem, pode ser?
A pouco tempo atrás eu dei uma canja com o baixista do João Bosco o Ney Conceição, eu toquei 2 músicas que eu conhecia e nem me liguei em tocar algo do João Bosco.
Canja é para se divertir, fazer um som relaxado, por que jogar uma pegadinha para o convidado se lascar?
Quanto a questão de ser um guitarrista de rock o que eu posso falar é que o importante é vc trabalhar com proficiência. Se o lance do cara é rock e ele consegue viver bem de musica somente com isso maravilha. O problema esta em ser um músico que não trabalha por falta de proficiência. Não conhece por exemplo acordes DROP2, tensões e etc e por isso não poderia tocar a música do João Bosco. Não consegue improvisar em modulações e possivelmente não conseguiria improvisar na música. Isso para muitos será uma pedra no sapato para o resto da vida, a falta do conhecimento que o impede de expandir o trabalho musical.
Por isso costumo dizer que estudar música não esta vinculado a 1 estilo. Estude música e aplique no estilo que quiser porque no fim das contas as escalas, os arpejos, os acordes são os mesmos o que muda é o sotaque.
Para finalizar, se alguém realmente quer estudar música popular, nisso incluo tudo que não seja erudito, inevitavelmente ele terá que se abrir para o jazz e a musica brasileira pois é onde estão as harmonias mais sofisticadas e é onde esta o estudo organizado de harmonia aplicada no improviso e improvisação em modulações e etc.
Parabéns por levantar o tópico pois gera uma discussão sadia.

Rednef2
Veterano
# jun/14
· votar


Já tava com saudade desses topicos de Lelo hehehe.

Isso pra mim só mostra que não existe musico melhor que o outro, pois nem todo mundo domina todos os estilos.

E vale também pra lembrar a galera do rock - tipo eu - que musica não é só escalas, escalas e mais escalas. Tem ritmo e harmonia também.

StratovariaCaster
Membro Novato
# jun/14
· votar


Lelo Mig
Entendi onde você quis chegar! E estou estudando campo harmonico, triades, tetadres, inversoes, etc.. e enquanto faço isso, vou dando uma passada por varios estilos musicais pra não ficar preso a um tipo de musica.
Conheço um cara que vai de MPB a Metal e faz tudo com perfeição! Um dia pretendo chegar perto disso hehe abração!

Led Zé
Veterano
# jun/14
· votar


Lelo Mig
mateusstarling
Existe primeiramente uma questão de repertório. Não vejo sentido em subir para dar uma canja de uma música que eu não faço ideia de como tocar ou de que esta fora da minha alçada.

Eu sou um músico que tenho um repertório de música popular, blues e jazz, mas esta música especificamente citada eu não toco. Se alguém colocasse uma partitura na minha frente com os acordes eu iria acompanhar e improvisar no solo, mas de ouvido seria um risco desnecessário.
Se eu subisse para dar uma canja eu iria combinar uma música em comum, tem tantas para tocarmos e quantas vezes eu ja fiz isso?


Pronto. Palavra de quem entende. Eu achei pegadinha dos caras por puro recalque ou então tentaram ferrar o moleque porque ele era metido. Mas acompanhar uma música desconhecida assim de repente é furada. Se o Mateus é um cara que saca de música não sentiria confortável imagina o resto da galera.

Rednef2
Veterano
# jun/14
· votar


Led Zé
Talvez o cara tenha aceitado tocar por achar a musica facil por não conter marabalismos guitarristicos.

Enviar sua resposta para este assunto
        Tablatura   
Responder tópico na versão original
 

Tópicos relacionados a Guitarrista ou Músico? Minha Polêmica de Inverno.