bate papo sobre Idéias musicais, retenha o que é bom (video) com Mateus Starling

    Autor Mensagem
    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13


    Amigos do Cifra.
    Eu vinha escrevendo regularmente no meu blog várias idéias, conceitos e críticas e agora estou continuo o trabalho em video.
    Nesse video eu falo um pouco sobre:

    Grandes músicos, pouco estudo?
    Existem músicos autodidatas?
    Estudar sozinho, escola de música? O que vale a pena?


    Leomju
    Veterano
    # mar/13
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    Muito bom Mateus...
    Bem didático como sempre e muito realista.
    Acho que a galera tem que despertar para o estudo.
    Até na guitarra os caras querem impor o tal do "jeitinho brasileiro"!

    É nego querendo fama sem querer ralar...
    Querendo ser guitarrista, sem ser músico...

    Assim não dá né!

    Grande tópico mais uma vez!

    Lelo Mig
    Membro
    # mar/13 · Editado por: Lelo Mig
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    mateusstarling

    Eu sou "auto didata" (sim, entre aspas, porque concordo totalmente com sua consideração), sempre houve um alguém que me ensinou mais um acorde ou dedilhado, um músico que eu copiava ao assistir e mesmo ouvindo e tirando música dos vinis o meu ídolo de certa forma não deixou de ser meu mestre, afinal, copiei, frases, licks, harmonias e solos criados por ele e isso não deixa de ser um exercício musical que ampliará conceitos futuros.

    E se olhar meus posts, apesar de as vezes gerarem certa confusão, nunca defendo o analfabetismo musical ou falta de estudo.

    Apenas ressalvo, que assim como sou, existem muitos hobbistas. E ao hobbista, que toca apenas pelo seu prazer e diversão, não concordo em imputar a necessidade de estudo, a não ser que o mesmo sinta falta dele.

    E, felizmente para esses e infelizmente para os estudiosos, a música é arte e entretenimento, não é ciência exata, o que permite que alguns analfabetos musicais acabem fazendo sucesso e até mesmo bons trabalhos.

    Eu, particularmente, combato o preconceito tanto de um, quanto de outro lado. Medicina não pode ser intuitiva, contudo a música pode.

    Mas, de forma honesta, não acho que um semi alfabeto musical possa/deveria ser professor... com isso não concordo.

    Apesar de eu ser o "semi analfabeto" eu nunca gostei de professor (profissional, porque amigo dar uns toques é outra categoria), que não lê partitura, por exemplo.

    Dentro de seu perfil e estudo, concordo plenamente com suas colocações, e repito, em algumas categorias acho que o cara é músico ou não é, independente de tocar ou não um instrumento.

    Só não concordo com a ditadura, que já ouvi de alguns radicais, que para gravar um CD, por exemplo, ter graduação deveria ser exigência.

    Isso pará mim, desconfigura o conceito arte!

    Abraço e parabéns pelo vídeo!

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    Leomju Valeu parceiro, obrigado por sempre deixar a sua contribuição.

    Lelo Mig Primeiramente gostei da medalha, se o Ralph do desenho "Detona Ralph" ver isso ai pode dar problemas. rs...Só quem tem filho saberá o que estou falando.
    Eu respeito a sua opnião e em parte concordamos, mas meu ponto é que existem muito hobistas que querem evoluir, que não estão satisfeitos com o local onde se encontram e que de certa forma estão cansados de evoluir lentamente e que reconhecem que precisam da ajuda de alguem mais experiente. Por outro lado tem pessoas que querem pegar a guitarra 2 ou 3 vezes na semana e fazer praticamente a mesma coisa ou se divertir com o que ela ja sabe, sem muita preocupação com resultados. Cada um viva o que quiser, sem problema.
    Mas discordo radicalmente do entendimento de que a intuição afasta o estudo, isso na minha opnião é um erro grosseiro. Você deve estudar para cada dia mais liberar o seu lado intuitivo porque existe uma obscuridade que só será liberada com o estudo. Você pode estudar sozinho ou com um professor, mas certas coisas vão precisar de analise e introspecção. Você pode ser um musico super intuitivo e se deparar com um acorde que você não vai saber como lhe dar. Talvez com alguns segundos de analise, quando se tem esse conhecimento, você mata a burocracia e segue em frente e toca movido por seu ouvido ou intuição sobre esse acorde ou progressão.
    Não acho que musico precise ter graduação, isso nunca, graduação é uma possibilidade apenas, um dos caminhos para um resultado final de excelência.

    TheOtherside
    Veterano
    # mar/13
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    Galera eu acho que qualquer um que estude sem professor pode se auto-procramar auto-didata (sem aspas). Porque o professor também não cria material, o que ele faz é apenas organizar o material que já foi inventado e criado por alguém. Sendo assim o auto-didata só tem esse trabalho de organizar o que já existe por aí, sem obviamente desmerecer o professor, porque justamente nesse "apenas organizar" (Que sabemos que não é tão "apenas" assim) o bicho pego.
    O que eu quero dizer é que a galera leva muito ao pé da letra isso de "pra ser auto-didata o cara tem que aprender só ele e o violão", porque isso simplesmente não existe mais em 2012. Se fosse assim o único auto-didata seria o camarada que inventou a guitarra.

    Flw abraço.

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    TheOtherside Obrigado pela contribuição, acho o seu ponto importante. Será que por estarmos vivendo em outros tempos o autodidata agora pode ter uma aliviada?
    No caso das video aulas onde é mostrado todo o conteúdo, forma de estudo, rotina e etc? Quem se vale disso sem ter um contato direto com o tutor é um autodidata?
    Ademais, quem nunca teve pelo menos umas poucas aulas de guitarra, mesmo que no começo?
    O que acontece muito no Brasil é o cara que logo desiste de ter aula de guitarra e começa a estudar por conta própria, seja por falta de grana ou por não ter curtido o professor.

    Lelo Mig
    Membro
    # mar/13 · Editado por: Lelo Mig
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    mateusstarling

    Mateus...talvez eu tenha me expressado mal, ou você entendido mal, porque eu não digo em lugar algum que "a intuição afasta o estudo"..... Nem digo que ambas não possam caminhar juntas e etc.

    Eu apenas digo que uma ciência como a medicina ou a matemática, simplesmente não existe, sem o estudo. Um médico, mesmo que muito intuitivo, têm que estudar.

    E com arte, isso não acontece. Uma cara não precisa aprender a desenhar para ser um desenhista (aprender, no caso, da maneira formal, escola, professor, método e etc., é lógico que sempre aprendemos de algum lugar, você entendeu)... é nesse sentido que uso a palavra "intuição", no sentido da relação observação do seu redor e expressão artística, essa é a diferença da arte para as ciências.

    Você dá um lápis e um papel para uma criança e ela rabisca, se expressa com desenhos o que ela absorve do mundo ao seu redor, sem nunca ter "aprendido" a desenhar, e não faz uma equação matemática sozinho, ou expressa um elemento com sua cadeia molecular sem ter aprendido isso.

    Eu não acho que o estudo descaracterize nada, apenas reforço, a diferença entre artes e ofícios!

    Abraços!

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    Lelo Mig Valeu Lelo pelo debate.
    A não muitos anos atrás era permitido que alguem advogasse sem que o mesmo passasse pela faculdade de direito, na medicina isso também já aconteceu. Pessoas que aprendiam o oficio através da vivência e da observação ou muitas vezes era um oficio passado de pai para filho.
    O que difere esses oficios da musica é que o músico, tal como definiu o STF é uma profissão que se mal praticada não oferece risco a sociedade, já um engenheiro, medico ou advogado não.
    A obrigatoriedade da faculdade para essas profissões se da por algumas razões, que vai desde preparar o profissional até dar uma garantia a sociedade de que o mesmo pode exercer o seu ofício.
    Portanto, por muitos anos foi permitido o profissional medico, engenheiro e advogado sem formação acadêmica.
    O que acontece é que existe um debate sobre o que é intuição, seria um processo meramente observatorio ou pode ser adquirido por outros meios?

    Lelo Mig
    Membro
    # mar/13 · Editado por: Lelo Mig
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    mateusstarling

    Sim...essa colocação sua procede, mas eu vou um pouco além no conceito arte, porque mesmo direito e medicina que, já foram professados sem formação, eram aprendidos passados por mestres ou tutores, informações acumuladas e compiladas e definidos critérios exatos de conduta e aplicação.

    A arte, além de inofensiva à sociedade, é primordialmente um veículo ou necessidade de expressão e se manifesta sem o conceito de um pré aprendizado, como no exemplo de crianças desenharem.

    Contudo, quando falamos em arte, existem dois componentes um intuitivo (no sentido de necessidade de expressão) e um componente científico (da razão). Na música, por exemplo, entender os sons, como se manifestam, as notas, sua duração, altura, fontes sonoras, frequências, divisões e subdivisões, formação de acordes, escalas, divisão ritmica e etc, é tudo ciência e compreender e dominar isso tudo, só com estudo, ainda que o sujeito faça música "intuitiva".

    Quanto a intuição ser ou não um processo meramente observatório, a pergunta é muito boa, mas não sei se me julgo apto a responder. Mas creio que o processo inverso, dominar a ciência musical, possa ampliar ou despertar o processo intuitivo sim.

    Obs: Repetindo, estou usando "intuição" em arte, como a necessidade de expressar-se em meios, sem prévio conhecimento formal (como desenhar). Mas não sei se é a palavra ideal.

    TheOtherside
    Veterano
    # mar/13 · Editado por: TheOtherside
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    mateusstarling


    No caso das video aulas onde é mostrado todo o conteúdo, forma de estudo, rotina e etc? Quem se vale disso sem ter um contato direto com o professor pode ser considerado auto-didata?


    Ta aí uma pergunta que eu não sei responder.
    Porquê o professor está ali te observando, te ensinando, quase como um técnico de ginástica.
    Se seguirmos a minha definição do auto-didata moderno, da geração da internet, não poderiamos considerar quem segue um método online como auto-didata né? Porém é complicado colocar a pessoa que tem aulas com um professor e a pessoa que segue um método na internet no mesmo balaio.
    Me entende?

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    Lelo Mig É um assunto complicado porque existe uma linha muito fina entre os conceitos que estamos definindo e esses conceitos muitas vezes se misturam sem que percebamos.
    Eu costumo dizer que para mim o que importa é o resultado final. Se o som que você faz é bom então vamos procurar saber os meios para se chegar ao fim, mas se o resultado final é ruim ninguém vai querer saber os meios, a não ser que seja para não repetir a formula.

    TheOtherside Eu acho que essa é uma pergunta que vale a pena ser feita por pesquisadores porque certamente o parâmetro para definir um autodidata atual deve ser diferente ou então realmente não teremos mais autodidatas.

    Rednef2
    Veterano
    # mar/13
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    O lance de auto-didata é interessante. Ja havia pensado nisso, acho que hoje em dia quase não devem existir auto-didatas, muita gente baixa metodos pela internet, ou compra livros, videos-aulas, aprende com um amigo e etc.

    Outra coisa que você disse foi que os guitarristas das antigas aprendiam com os discos. Muito bom você citar esse ponto, porque acaba com aquela ideia de que o cara que estuda ouvindo discos é "vagabundo que não quer estudar do jeito certo".

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    Rednef2 Musica é linguagem, tem que ouvir, esse é o primeiro ponto, depois é estudar de outras maneiras, mas quem na ouve música nao cria referencias.
    Aprender ingles lendo as frases no papel vai ocasionar em um péssimo sotaque, portanto, assim como o idioma a musica é uma linguagem que precisa ser ouvida.

    Rednef2
    Veterano
    # mar/13
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    mateusstarling
    Qual seria um bom modo de estudar motivos?

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    Rednef2 Eu tenho 3 aulas sobre motivos nas minhas video aulas, mas o que tenho disponível gratuitamente e te aconselho a tentar acompanhar é a seguinte aula que eu considero um nível intermediário. É uma aula interativa de motivos.



    Luiz_RibeiroSP
    Veterano
    # mar/13
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    mateusstarling
    Bem legal os videos. eu toco guitarra e baixo ha 16 anos e só o ano passado que me interessei em fazer aulas, pois musica eu faço por hobbi e só agora tive tempo e $. As aulas estão me agradando muito e sem elas eu continuaria estagnado e bitolado.

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    Luiz_RibeiroSP Isso ai parceiro.

    LeandroP
    Moderador
    # mar/13
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    Eu sou auto didata não por escolha, mas por ser a única opção que tive. Sempre gostei de música, de guitarra, desde que me conheço por gente. Meus pais não podiam pagar aulas e tinham outra prioridade que eu compreendo perfeitamente. Eles tinham que se dedicar quase que 100% nos cuidados com a saúde da minha irmã, que era portadora de "fibrose cística" e nos deixou aos 19 anos de idade. Eu com 18 anos tive a minha primeira guitarra e tocava "coisas bobas". Porém, eu queria mais, saber mais, entender os porquês disso ou daquilo. Comecei a estudar por conta própria através de livros, revistas, vendo e ouvindo outros músicos e tocando na noite. Gostaria de ter tido um bom mestre que pudesse me orientar nos estudos passo a passo. O ruim de ser auto didata é que na medida que você vai aprendendo, algumas lacunas não são preenchidas devidamente, e isso praticamente impede de absorver coisas novas. É complicado e exige muita força de vontade. Eu recomendo, pra quem tem esta oportunidade, que faça aulas com um bom mestre.

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    LeandroP Legal a sua consciência. No Brasil é muito comum o autodidatismo, o acesso a bons professores sempre foi difícil, quando mais em cidades menores, o que é algo que tem sido quebrado pela tecnologia em termos.
    Certa vez vi uma entrevista com o Frejat onde ele falava da importância de estudar e como isso fez falta para ele exatamente como você citou, as lacunas que impedem o entendimento de outras coisas.

    LeandroP
    Moderador
    # mar/13
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    mateusstarling

    Por isso muitas vezes é complicado dar aula pra quem é auto didata. Muitas coisas ele "pensa que sabe", mas não sabe. O livro do Almir Chediack abriu a minha cabeça pra isso. Quando eu peguei este livro pela primeira vez, senti como se portasse a chave do paraíso.

    TheOtherside
    Veterano
    # mar/13
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    Galera vocês podiam dar alguns exemplos do que um auto-didata pensou que sabia mas não sabia?
    Não sei se porque desde muito cedo me habituei a aprender coisas sozinho, a observar, ler, tentar compreender como era o "feeling" ao se fazer o que estava escrito não consigo imaginar uma situação onde não dê pra aprender no livro.
    Apenas como exemplo, acordes, arpejos ou a escala menor melódica.
    O professor com certeza vai tornar tudo muito fácil, isso sem sombra de dúvidas.
    Enquanto que no livro terei que ler, compreender, fazer uma vez, abro um video pra ver alguém fazendo, faço de novo pra ver se fica igual ou parecido, paro, reflito, me auto-analiso, pesquiso na internet dificuldades semelhantes as minhas pra ver se alguém tem a chave do problema, etc etc etc...

    No fim das contas ambos vamos aprender e assimilar a informação, claro que pro auto-didata vai dar mais trabalho. Mas não vejo como um não pode aprender igual ao outro.

    (Olha não estou defendendo ignorantemente o auto-didatismo, mas tenho certa experiência em aprender coisas sozinhos e já pude me comparar a outros que aprenderam com professor e são piores que eu, isso em outras coisas, não na música...)

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    TheOtherside Musica é linguagem e não filosofia, portanto, a principal via de aprendizado é através da observação auditiva. Poder ver a maneira como é executado pode facilitar ainda mais a absorvição das ideias.
    É difícil transmitir música no papel, mesmo que você leia partitura perfeitamente e saiba todas as nomenclaturas, ainda assim muitas vezes ficam lacunas na trasmissão de ideias escritas, quanto mais imaginando que a maioria das pessoas não leem partitura bem ou não leem nada.
    Uma boa metodologia por video aula tem um impacto muito maior que um livro com boa metodologia, por isso eu acredito que a melhor forma didatica de ensino, sem ser presencial (que pode ser muito boa dependendo do professor) seja video + audio + apostila, dessa maneira estão sendo cobertas todas as linhas de aprendizado sensoriais.
    Na minha opnião pegar método escrito, video aula e etc não difere muito de ter um professor presencial ensinando.

    Rednef2
    Veterano
    # mar/13
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    mateusstarling
    Valeu pela sugestão, farei isso.

    Felipetasouza
    Membro
    # mar/13
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    mateusstarling
    Vejo sempre seus videos a acho muito legais, bem como suas ideias musicais sobre outside, improvisação, abordagem harmônica. Muito bom. Quanto à música em si, que é um assunto para o qual te percebo aberto e atento ao invés de rígido só para defender seus alicerces, eu gostaria de dividir algumas observações. Considero ouvir música uma das mais importantes ações para o aprendizado, essa fase de absorção é essencial pra ter assunto pra falar depois. Mas eu penso, o jazz nasceu quebrando as regras do diatonismo, buscando instintivamente as notas mais estranhas, sensações novas, formação de acordes diferentes. Foi um impulso brutal, e considero filosófico no que buscou uma liberdade que foi antes sentida e não fria como uma deducão, partitura ou teoria. Há algo neste brutal desenvolvimento, que me aproxima mais da música. Que me faz entender o que é ser músico. Com o reconhecimento e diluição é que vieram depois as regras e a dissecação. Ainda assim, músicos como Miles Davis deram boas guinadas na maneira como o jazz se apresentava e até hoje de certa forma isso ocorre numa escala menor, dada a idade e intensidade do jazz através do tempo. Hoje eu estudo guitarra. Mas não consigo me ver dividindo o tempo de forma tão matemática, nem estudando todos os tópicos que muitos dizem ser importantes, sem antes sentir o que preciso para me expressar musicalmente. O que quero dizer é, me sinto auto didata porque decido o que preciso agora, e não espero que um professor fique me apontando isso, mesmo que eu reconheça que é catalisador ser guiado por um mestre. Só acho que, com foco, é possível chegar a um bom resultado também se auto guiando. A minha metodologia própria é, amadurecer as ferramentas para conseguir "falar"o que quero quando quero. Tenho um som na minha cabeça e uma abordagem, e o que faço é filosofar sobre como trazer o que tenho em mente, para as mãos. Se preciso de vocabulário ouço, se preciso velocidade pratico, se preciso de timbre pesquiso meu equipo e por ai vai. E quando estudei escalas, me senti preso no começo, a sempre correr para elas. Hoje percebo que devo estudar as escalas e depois esquecê-las como padrões. Ao estudar pentatônicas, passei por uma parte em que se aplicava por exemplo a penta de Bm ou de Em sobre o acorde de Am, e percebi quanto existe de beleza ali, e mais importante, o que mora nas notas que fogem do diatonismo ou da penta em cima do acorde, sem precisarem ser abruptas. Hoje meu estudo de improvisação é basicamente começar com uma escala qualquer adequada segundo a teoria em cima de um acorde, e ir adicionando cromaticamente notas que estão fora. Isso com o tempo liberta a mente e traz muito mais possibilidades de notas, passando a desconsiderar o certo e errado e ir além. Como entrar num terreno perigoso e escuro, cair e deslizar nas primeiras vezes mas saber como chegar lá, andar ali com o tempo. São coisas que espontaneamente é dificil um professor iluminar na cabeça de um aluno. A não ser que seja um bom professor, como você, o que não é muito corriqueiro. E aproveito para dizer que acho que você filosofa sim em alguns assuntos e isso é ótimo. Um outro exemplo, se eu decido que meu sentimento quer que eu toque uma nota B, em cima de uma cadência, segurando e expremendo essa nota do braço, fazendo ela rasgar, ficar rouca, e as vezes perder a voz por uns 40 segundos, é difícil que um professor tenha o impulso de me ensinar a fazer isso, sem que eu sinta essa necessidade. E ainda mais difícil que ele me explique o sentimento desta expressão, ao invés de dizer que eu posso ganhar tempo no improviso com isso. E é neste ponto que acho que pode também ser muito cômodo se esconder atrás de um professor e virar um clone, ou um pupilo, ao invés de tornar a aventura da música uma coisa viva. Só para constar, eu pretendo ter aulas, mas com focos específicos, quando e se achar necessário. Hoje com a disponibilidade que há na internet, de assuntos, aulas, técnicas, de vários professores ao redor do mundo, se o cara entende inglês, ele tem uma grande biblioteca de estudos disponíveis e sobra dinheiro para adquirir equipo, ou um instrumento melhor, amp. Meu estudo de escalas hoje abraça também encontrar padrões dentro de uma escala, desenhos que soem diferenciados, e isso por exemplo pode levar meses, como por exemplo a escala penta hirajoshi está dentro do modo frígio(considerando a primeira nota coincidente). Estudo também com metrônomo e técnica. Meu estudo de técnica engloba desde velocidade, sustain, bends, limpeza das cordas não tocadas, até simplesmente tentar dentro desses tópicos encontrar uma sonoridade própria, na força da palhetada, no ângulo, na pressão dos dedos da mão esquerda, na duração, e isso, é raro um professor ensinar. Nem no youtube vejo esses assuntos e por isso me considero auto didata também. O que acha? Consigo evoluir fazendo deste jeito?

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    Felipetasouza Legal irmão, estamos juntos obrigado por expor a sua opnião que eu respeito.
    A melhor maneira de aprender um estilo é ouvindo e tocando, se não tiver isso nenhum professor do mundo vai ajudar alguem a tocar bem.
    O que se chama de ensino da teoria musical na verdade confunde um pouco as pessoas por causa da nomenclatura.
    A teoria que ensinamos é o que funciona na pratica mas que foi transformado em didatica para ser transmitido.
    Não ensinamos uma teoria que precisa ser testada para que um dia seja aceita como algo que funciona.
    Um ciêntista levante uma teoria que depois, de alguma forma precisa funcionar na pratica e então começam os testes, na música não é assim.
    A teoria musical so faz sentido para o aluno quando aplicada se não é mera filosofia musical.
    Para mim o principal de tudo esta em ouvir e tocar, o professor ou a metodologia entra para ajudar o aluno a romper com o teto que ele se depara por algum motivo nesse meio do caminho.
    Algumas pessoas conseguem transpor esse teto sozinhas, mas a imensa maioria não. Ter um professor ou uma didatica de excelência só vai somar. Eu toquei por 12 anos como autodidata, os 4 anos que passei na Berklee eu evolui mais do que os 12 que toquei sozinho porque por minha conta eu encontrei um teto, mas foi um caminho importante que eu fiz sozinho também que só somou com o que eu fiz com tutores, mas no fim, se não existisse um esforço da minha parte não existiria evolução.
    Outra coisa a respeito do aluno ou de estudante é que ele precisa ser desbravador, estudantes não precisam de babás, o papel do tutor não é esse, ninguém pode correr a maratona por outra pessoa, mas pode ajudar na preparaçào.
    Muitos músicos conseguiram excelentes resultados "sozinhos", tal como eu disse no video, sozinhos mas muito bem acompanhados. Agora, tocando sozinho em casa, sem musicos bons ao seu lado que vc possa sulgar vendo ou ouvindo eu duvido que alguem possa ir longe. Não conheço exemplos assim. Você pode ir longe sem improfessor mas se vc tiver um ambiente fomentador, sem isso eu não acredito.
    Esses grandes musicos de jazz formaram uma linguagem num ambiente altamente fomentador, os caras respiravam musica 14, 15 horas por dia em conjunto.
    Eu vejo que sinceramente 99% do que esta disponivel da internet desconexo, tal como digo no video, muitas coisas erradas, mas o meu papel como professor é ajudar quem quer ser ajudado.
    Muitas pessoas acreditam que não precisam de ajuda e acreditam que podem alcançar um grande nível de musicalidade sozinhos, quem sou eu para falar que elas estão erradas.
    O que eu sempre digo é. Me mostre o seu som, se ele for convincente e encontrar o lugar dele no meio musical então os fins justificarão os meios, mas a verdade é que tem muita gente com um discurso contundente mas que a música não corresponde no mesmo nível de contundência.
    Se o fim música é bom, então os meios nào são tão importantes, se o cara estudou em Xerém, na Berklee ou nunca saiu da toca é o de menos.

    Felipetasouza
    Membro
    # mar/13
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    mateusstarling

    Concordo com você. E ao mesmo tempo, como música é linguagem, achar um lugar no meio musical, nem sempre é status de sucesso ou excelência. Muita gente cultuada não grada a outros tantos e muita gente até desconhecida e pouco valorizada tem um nivel de sofisticação grande, as vezes até além do que espera a maioria dos formadores de opinião. Talvez eu perceba o mundo assim porque tenho amigos que são bons, e são competitivos de forma saudável, além de serem grande incentivadores. E também compartilhei dessas considerações porque vejo muita gente estudar muito, métodos, com tutores, se dedica, alcança um nivel grande tecnicamente, e até timbristicamente também, mas assim, na hora de dar algo que faça a música ir além, algo inédito, peculiar, autoral, pessoal, ou simplesmente inusitado ou sei lá, vulnerável, nunca acontece. E isso, é do que sinto falta cada vez mais. Essa veia, está no estudo, pois sem estudo e prática não se anda, mas me pergunto até como possível aluno, pois toco a pouco tempo, se a liberdade de achar seu próprio caminho e ter professores específicos para cada fase sua não seria melhor do que já partir pra um professor sem saber onde se quer ir.
    Ah, sobre mim, meu som ainda está bem no início, e não me vejo sequer como guitarrista solo ou algo assim. Estou praticando bastante para conseguir expressar as coisas que tenho em mente, e também, não passa muito pela minha cabeça ser convincente, mas ser sincero, isso é uma condição sine qua non. Vejo haver público para tantos estilos de guitarristas que gosto e que não gosto, todos na ativa, trabalhando, que não consigo pensar em ser convincente, mas sim estar à altura do que sinto com a minha música. Desta maneira, na hora certa, serei convicente pra quem buscar ouvir o que tenho a dizer/tocar. Da mesma forma que seu som e sua abordagem me agradam por exemplo e desagrada com certeza outros tantos. É normal que seja assim. Se eu for falar de guitarristas que não me convencem e são consagrados, vou ser apedrejado rs Mas sem fugir do cerne da questão, obrigado por responder minha dúvida/observação. Sou um aprendiz em estado inicial e poder "conversar"com alguém do seu nivel é muito bom. Um abraço.

    mateusstarling
    Veterano
    # mar/13
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    Felipetasouza Com internet fica mais facil e quase impossivel alquem que tem algo para dizer não ser descoberto, mesmo que demore um pouco. Mas a verdade é que o grande publico esta muito mais interessado em entretenimento do que em musica.
    Vou te dizer algo que é quase 100% de certeza. Como autodidata chegará um momento não muito distante, isso se vc for muito dedicado, que vc não vai conseguir romper a não ser que vc viva num ambiente com bons músicos. Grandes músicos autodidatas so conseguiram ser grandes porque viviam em ambientes musicalmente fomentador.
    Metade da minha vida musical foi como autodidata, eu não tive a sorte de começar a tocar ao lado de grandes musicos, isso se tornou uma realidade para mim depois de muitos e muitos anos.
    Portanto "atalhos" são bem vindos, independente de quem nos dá esses atalhos, seja o vizinho que é um musico super maduro e bacana por mostrar ou professor que vai a sua casa ou a distância.

    Felipetasouza
    Membro
    # mar/13
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    mateusstarling

    Tomara então que eu chegue logo neste ponto! rsrs

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