Todo cravista faz execução de época?

    Autor Mensagem
    Die Kunst der Fuge
    Veterano
    # jan/13 · Editado por: Die Kunst der Fuge


    A pergunta também é válida para quem toca pianoforte, viola da gamba, alaúde, clavicórdio, hurdy gurdy, enfim, instrumentos mais relacionados à música antiga.

    Ontem estava pensando sobre o assunto e imaginei que, como estes instrumentos estão fortemente atrelados á um repertório de música antiga, que o estudo da execução deste tipo de música deve ser parte do currículo de todos eles, e que o mesmo não é necessariamente verdadeiro para, por exemplo, trompistas, violinistas, ou pianistas.

    Sendo assim, existem cravistas profissionais que tocam música antiga sem realizar uma execução de época?

    ps: Esta dúvida me surgiu ontem quando eu estava ouvindo uma gravação das Toccatas de Bach, tocadas ao cravo pelo cravista Bob van Asperen, e a interpretação dele era bem diferente da pianista Angela Hewitt. Cogitei que a diferença pudesse ser por causa de uma interpretaão histórica, e depois de checar o background do cara eu vi que estava mesmo em boas mãos quanto a isso.

    pps: Eu sei que existem composições contemporâneas para estes instrumentos.

    makumbator
    Moderador
    # jan/13
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    Die Kunst der Fuge

    Vc está se referindo à execução de contínuo (que é algo improvisado e fortemente relacionado à música antiga) ou aos aspectos mais estéticos de execução "histórica"?

    Die Kunst der Fuge
    Veterano
    # jan/13 · Editado por: Die Kunst der Fuge
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    makumbator

    Eu tava pensando nos aspectos mais estéticos de execução histórica, mas o outro ponto também é interessante, quero saber também.

    makumbator
    Moderador
    # jan/13
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    Die Kunst der Fuge

    Acho que eles até se relacionam, pois um pianista "moderno" em geral não consegue criar um contínuo seguindo a cifragem de época.

    O próprio ato de ter que estudar como funciona a cifragem barroca acaba forçando os cravistas a entenderem melhor como a estrutura da música funciona como um todo, e isso os leva a pesquisar os maneirismos históricos, que se refletem na execução.

    Na cifragem barroca o cara tem a linha do baixo escrita em notação tradicional e sobre ela números e termos que definem não só a harmonia, mas principalmente os voicings utilizados (coisa que a cifra moderna não faz), e tudo isso ainda mantendo grande espaço para a criação individual em cima daquela informação.

    Ken Himura
    Veterano
    # jan/13
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    Die Kunst der Fuge
    Olha, de todos os cravistas que conheço, todos se dividem entre música contemporânea e música barroca. Música barroca porque é 90% do repertório para estes instrumentos e contemporânea porque gostam e estudam música atual.

    Um amigo meu, recém mestre em cravo pela UFRJ, fez sua tese em cima de Cláudio Santoro e adora tocar Villa-Lobos e tal. Toca piano também, como 99,99% deles, mas prefere o cravo. A mesma coisa é com o pessoal do órgão que, pela falta de cursos aqui, se arruma no piano e no cravo e depois vai pro exterior estudar.

    Tem o pessoal que toca música popular também com o cravo, tipo o disco da Rosana Lanzelotte de música brasileira, focado bem no Ernesto Nazareth.

    No caso dos outros instrumentos, acredito que a gamba seja diferente dos demais porque teve um movimento desde o final do século XIX e início do XX pra reviver os "consorti" (grupos do mesmo instrumento), sob o argumento que a viol é o instrumento melhor para adultos aprenderem - não sei se é verdade, mas funciona como um bom marketing. Criaram tem uns anos a elétrica também, o que deu mais um up na popularidade.


    Eu plano algumas peças para viol, mas tá na fila de músicas que tenho que compor agora em 2013 hahahah.

    Adler3x3
    Veterano
    # jan/13
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    Também gostaria de saber.
    É difícil dizer, pois como saber se alguém toca de acordo com a execução histórica?
    Depende mais da tradição das escolas em que a forma de tocar é passada de geração para geração.
    Mas cada nova geração incorpora novos conhecimentos, e assim é muito difícil dizer que alguém toca fielmente dentro do contexto histórico.
    E é bom lembrar que muito da música barroca ficou esquecida por um tempo considerável.
    Assim muito da prática de tocar pode ter se perdido.
    Outro dia assisti uma espécie de recital na TV, em que o Violoncelista tocava baseado na partitura, e o cravista fazia o acompanhamento mais ou menos baseado no que o Makumbator escreveu.
    Não percebi a partitura no Cravo, o músico era muito bom, e conseguia fazer um ótimo acompanhamento improvisado para o solista.
    No final o Cravista explicou que em grande parte das peças deste estilo era comum o improviso da linha do Cravo.

    A sonoridade do cravo me fascina.
    Não sei explicar, mas quando escuto uma peça bem escrita e tocada fico meio etéreo.

    SODAPOP
    Veterano
    # jan/13
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    tem umas pecas pra cravo escritas hoje em dia, mas a maioria que eu ouvi usam ele como elemento estetico pra citar a sonoridade barroca, mesmo que parodiando. As vezes eh dificil vc tirar um instrumento de seu contexto

    Adler3x3
    Veterano
    # jan/13 · Editado por: Adler3x3
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    SODAPOP

    È bem isto que você escreveu.

    Agora me deu uma vontade de fazer uma música para cravo.

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