Como anda a música erudita neste século?

Autor Mensagem
Die Kunst der Fuge
Veterano
# jun/11 · Editado por: Die Kunst der Fuge
· votar


Kobberminer
Cage foi o primeiro a questionar de forma eficiente (portanto prática)

Só faltou questionar de forma útil.

Kobberminer
Veterano
# jun/11
· votar


Die Kunst der Fuge

Utilidade é relativo
O lixo de um pode ser o luxo do outro

Ken Himura
Veterano
# jun/11
· votar


Kobberminer
Para isso, criou uma "música" composta apenas de silêncio...
E de sons aleatórios que acontecem durante a performance. Foi uma forma de questionar e demonstrar que não existe silêncio - não de maneira absoluta.

Essa música tem muitos conceitos embutidos nela.

McBonalds
Depois dou uma olhada no vídeo, com mais tempo.

Die Kunst der Fuge
Só faltou questionar de forma útil.
Qual a utilidade da arte? Ela só é o que é porque não tem utilidade prática.

Kobberminer
Veterano
# jun/11
· votar


Ken Himura
Foi uma forma de questionar e demonstrar que não existe silêncio - não de maneira absoluta.

Verdade.

Li uma vez uma história de que foi dada a Cage a oportunidade de entrar numa "câmara silenciosa", uma estrutura que se isolava de praticamente 100% dos sons externos. Quando Cage entrou na câmara, não ouviu absolutamente nada, exceto dois únicos que lhe chamaram a atenção: um grave e um outro mais agudo. Quando perguntou da onde vinham aqueles sons aos responsáveis pelo equipamento, lhe responderam: "O som mais grave é o som do seu coração bombeando. E o mais agudo é o som da carga elétrica do seu cérebro". Essa experiência lhe incentivou a compor o 4'33''

Viajado demais :)

makumbator
Moderador
# jun/11
· votar


Kobberminer
Ken Himura

O mais legal da 4'33'' é que existe a partitura dela editada e impressa pela Edition Peters. Logicamente possui apenas indicação de tacet(calado) nos 3 "movimentos"

Aqui para quem estiver com grana sobrando e queira comprar:

http://www.sheetmusicplus.com/title/4-33/1008430


Aliás, aproveito para indicar essa loja online. Farto material e excelente serviço.

Die Kunst der Fuge
Veterano
# jun/11 · Editado por: Die Kunst der Fuge
· votar


Kobberminer
Ken Himura

O que eu quis dizer com utilidade foi o seguinte, ilustando com um exemplo:

- Schoenberg quando criou o sistema dodecafônico estava, de uma certa forma, questionando o sistema anterior. Daí surgiu um novo sistema de composição a ser utilizado, trouxe novas possibilidades à música.

Vocês podem ver cada coisa nova na música como um questionamento ao anterior. O que de novo trouxe este tal questionamento do Cage?

A demonstração de que não existe silêncio absoluto? Façam-me o favor, né? Mesmo que existisse alguém que acreditasse na existência disso, não foi com esta composição que se provou que ele não existe, tampouco é tarefa da arte provar alguma coisa (na verdade o silêncio absoluto existe sim, só não pode ser experimentado por humanos, em virtude dos ruídos inerentes ao funcionamento do nosso próprio corpo).

A presença de elementos aleatórios na música? Pff... quem não sabia disso?

Mudou a forma de alguém pensar? Fala sério, né....

Trouxe algum conhecimento novo que pode ser implementado às músicas? Não, nada que já não se soubesse.

O questionamento dele foi válido, pois faz sentido, foi coerente, mas foi completamente inútil e não trouxe nada de novo, não mudou nada.

makumbator
Moderador
# jun/11
· votar


Die Kunst der Fuge

Mas essa "música" do Cage tem até um lado zen, é algo mais filosófico do que musical.

Recomendo que vc compre a partitura e faça um arranjo da peça :)

Mas ele tem uma contribuição importante com música "sonora", ele não ficava só nesse tipo de coisa. Ele tem belas peças para piano preparado.

Die Kunst der Fuge
Veterano
# jun/11
· votar


makumbator
Mas essa "música" do Cage tem até um lado zen, é algo mais filosófico do que musical.

Eu concordo que dá pra filosofar várias coisas em cima dessa música.
Mas dá pra filosofar bastante em cima de qualquer definição levada ao extremo, que foi o que ele fez.

Isso que ele fez é música?
Vírus é ser vivo ou não?

Recomendo que vc compre a partitura e faça um arranjo da peça :)

Auahuahuahuahuahu Não tem no IMSLP não?


Mas ele tem uma contribuição importante com música "sonora", ele não ficava só nesse tipo de coisa. Ele tem belas peças para piano preparado.

É, tô ligado, não condeno ele na totalidade não, apenas neste caso.

makumbator
Moderador
# jun/11
· votar


Die Kunst der Fuge
Auahuahuahuahuahu Não tem no IMSLP não?

Não senhor! E nem tab pra guitarra dessa música está disponível!


Isso que ele fez é música?

Essa música é um caso análogo ao do famoso mictório do Marcel Duchamps, chamada de " A Fonte", que é uma peça do conceito de ready-made, criado pelo artista francês. Inclusive, Cage e Duchamps se conheciam:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fonte_%28Duchamp%29

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ready_made

Nos dois casos foi a arte moderna levada ao extremo, e com implicações no chamado mercado da arte(que é muito importante nas artes plásticas, que em parte se parece com a especulação de bolsas de valores).

Die Kunst der Fuge
Veterano
# jun/11
· votar


makumbator

O objeto foi vandalizado em 6 de Janeiro de 2006, no Centro Pompidou, em Paris, por um francês de 77 anos que a atacou com um martelo. O vândalo foi detido logo em seguida e alegou que o ataque com o martelo era uma performance artística e que o próprio Marcel Duchamp teria apreciado tal atitude.


AUHASUHASUAHSUAHSUHUASH Trollou legal!

SODAPOP
Veterano
# jun/11
· votar








raf.pp
Veterano
# jun/11
· votar


Kobberminer

Mas não tem um pessoal que questiona a música tradicional fazendo peças totalmente atonais? Acho que isso deve ser mais interessante que uma partitura de pausas...

Ken Himura
Veterano
# jun/11
· votar


Die Kunst der Fuge
O que de novo trouxe este tal questionamento do Cage?
Muitos. Um dos mais importantes é que a platéia faz parte da música de certa forma, ela não tá lá só pra observar.

Die Kunst der Fuge
Veterano
# jun/11
· votar


Ken Himura
Um dos mais importantes é que a platéia faz parte da música de certa forma, ela não tá lá só pra observar.


Tá forçando, hein?

Ela participa tanto quanto em qualquer outra música normal, a única diferença é que é abafada nas partes mais fortes das músicas.

E participa menos do que num concerto de Axé onde o vocalista pede pra platéia cantar sozinha ou junto com ele, se estivermos falando de música no geral.

Outro dia eu fui num concerto e durante a execução do Hino Nacional o Maestro virou pra platéia e ficou regendo pra platéia cantar. Influência do John Cage?

Ken Himura
Veterano
# jun/11
· votar


Die Kunst der Fuge
Não tô forçando cara, isso é ready-made. É feito pra chocar mesmo.

E participa menos do que num concerto de Axé onde o vocalista pede pra platéia cantar sozinha ou junto com ele, se estivermos falando de música no geral.
Não, não é por aí. Se você emite um som qualquer (respiração, tossir, espirrar) já vira parte da performance.

O lance principal aqui é que não há som intencional - todos os sons são completamente aleatórios, ou seja, não tem ninguém com controle do que vai acontecer. Aleatoriedade sempre foi uma das paixões de Cage.

O que muitos criticam é o fato da música ser 3 movimentos de tacet com fermata; argumentam que qualquer um poderia ter feito isso (mesmos argumentos sobre o Duchamps, por sinal), mas estes não vêem a carga filosófica por trás desse trabalho, todas as referências que essa obra faz e nem analisam o background que fez um trabalho como este ser gerado. Não foi por acaso; ele não ficou louco de cachaça um dia e falou "riariairairiariariairairaira Vou fazer uma música de pausa e trollar todo mundo".

Dizer algo assim é a mesma coisa que falar que Beethoven tava morrendo de tédio, tomou umas cachaças e exclamou "vou colocar um coral nessa sinfonia aqui pra trollar esses cantores que reclamam de tudo". É falar que qualquer inovação na musica apareceu por cagada e/ou loucura.

Um trabalho sobre 4'33": http://solomonsmusic.net/4min33se.htm

J. S. Coltrane
Veterano
# jul/11
· votar


Como anda a música erudita neste século?

Morta desde que a vanguarda mostrou o seu fim no séc XX.

http://forum.cifraclub.com.br/forum/13/176394/

Ken Himura
Veterano
# jul/11
· votar


J. S. Coltrane
Não é bem assim, este outro tópico não é nada conclusivo sobre o suposto "fim da música".

J. S. Coltrane
Veterano
# jul/11
· votar


Ken Himura

foi só para ver se reacendia a polêmica

Ken Himura
Veterano
# jul/11
· votar


J. S. Coltrane
Ah sim! =p

Kobberminer
Veterano
# jul/11
· votar


foi só para ver se reacendia a polêmica

Odeio Brahms... sério...

Ken Himura
Veterano
# jul/11
· votar


Kobberminer
Odeio Brahms... sério...

Mas um Chopin da Brahms no Bach domingo é sagrado! Mas tem sempre uns que não Paganini a conta!

Die Kunst der Fuge
Veterano
# jul/11 · Editado por: Die Kunst der Fuge
· votar


Ken Himura
Mas um Chopin da Brahms no Bach domingo é sagrado!

Prefiro Dvorák um caldo Verdi.

Mas tem sempre uns que não Paganini a conta!

Bota eles na Liszt negra.

expedifer
Veterano
# ago/11
· votar


PRA QUEM QUISER ACOMPANHAR AGORA A OSESP AO VIVO VIA WEB CON SUA NOVA REGENTE (LIGUE SUA AMPLIFICAÇÃO NO PC):

http://concertodigital.osesp.art.br/player2.asp

expedifer
Veterano
# ago/11
· votar


Essa maestrina Marina Alsop, americana, deu jeito mesmo na OSESP, arrumando muita bagunça deixada pelo anterior Neschling, one pecebei (em estéreo) muita melhora, principalmente nas cordas, maior defeito do John Neshling

É claro que nunca se poderá comparar com orquestras como a de Moscou a de Berlim. Mas essa novayorkina vez bonito, aparelhando muitas arestas. Hoje podemos dizer que temos um orquestra a nivel mundial (nao no meio das superiores, mas muito boa).
Sobre a regente:
http://www.marinalsop.com/

Alsop, Marin (ôl'səp), 1956-, American conductor, b. New York City. The daughter of professional musicians, she began playing the piano at two and the violin at five. Alsop started conducting studies with Carl Bamberger in 1979 and also studied with Harold Farberman, Leonard Bernstein, and Seiji Ozawa. She founded the Concordia Orchestra in 1984 and accepted her first formal conducting position with the Richmond Symphony in 1988. From 1989 to 1995 she was music director of the Eugene (Oreg.) Symphony and the Long Island Philharmonic and from 1993 to 2003 she led Denver's Colorado Symphony. A guest conductor of many leading orchestras in the United States and Europe, Alsop was principal conductor (2002-8) of England's Bournemouth Symphony and the first conductor to be awarded (2005) a MacArthur Foundation "genius grant." In 2007 she became the first woman to lead a major American symphony when she assumed the music directorship of the Baltimore Symphony Orchestra. Extremely popular, she has reinvigorated the orchestra. Throughout her career, she has shown particular interest in Romantic, contemporary, and American music.

.


rhoadsvsvai
Veterano
# ago/11
· votar


gustavo dudamel vale a pena ouvir!, na verdade acho que é um regente , não sei se ele compoe , mas ele mistura com ums ritimos rlatinos fica da hora , ele é colombiano (ou venezuelano não tenho certeza) e ja é o regente da orquestra de los angeles , sendo q ele é novo ainda.

Jabijirous
Veterano
# ago/11
· votar


é longo mas enfim, está aqui meu humilde comentário


Ok, onde eu estava num tópico tão importante, senão tão importante quanto o próprio forum em si (é to forçando uma barra)

É muito fácil falarmos o que a gente gosta, o difícil é falar do que a gente não gosta não é verdade? Quando não gostamos, geramos polêmica pq estamos indo contra a vontade da massa e isso é o fim da picada (será?).

Depois que tudo virou música a coisa começou a tomar um rumo esquisito, só que eu sempre disse que quando o entretenimento veio ao mundo o povo começou a ficar menos inteligente para as artes com conteúdo, afinal de contas é muito mais fácil digerir uma música comercial que uma música com conteúdo mais pensativo. Mas será que a música voltada para o entretenimento não tem conteúdo?

Com o passar do tempo eu me questionei bastante sobre isso e vivemos em uma época diferente, porém com "essências" parecidas. Mas como assim?

Quando a música pra corte surgiu, era para agradar alguém e esse alguém era o manda chuva não é verdade? Então só por agradar alguém essa música virou entretenimento, já que o cara era pago para compor música para corte. Aí minha pergunta é, qual a diferença?? Você é pago para compor algo onde as pessoas têm que gostar, isso eu to falando de uns 3 ou quatro séculos atrás e a história sempre se repete e as brigas são sempre as mesmas.
Eu gosto das discussões, mas, tem que quer sadias senão vira bagunça mal educada.

De ros, quando você falou sobre peças que o Ken falou sobre o século passado. Lembre-se que você toca peça na guitarra elétrica, a música pode ser antiga mas a forma como você toca é contemporânea, assim com no choro, colocar uma 7M é o fim da picada para os tradicionalistas. Como o mestre Ken Himura falou, ainda estamos no início século 21, ainda irá surgir algo novo, afinal de contas, a história sempre se repete.

Die Kunst der Fuge, quando o schoenberg questionou o sistema anterior, vc está certo, porém vc tem que pensar que todo artista ele complementa algo novo na história. Tanto é que schonberg nunca escreveu um tratado sobre dodecafonismo. E outra Beethoven foi inovador, todos os grandes compositores foram inovadores. Bach tbi um deles.

Sobre 4'33'', sim foi muito polêmico, mas ele queria mostra algo que ninguém até certo tempo tinha pensado. E ele só fez essa peça pq viu um quadro totalmente em branco e aí viu que o silêncio, ou nada era algo que ninguém tinha pensado. Só acho o seguinte "(na verdade o silêncio absoluto existe sim, só não pode ser experimentado por humanos, em virtude dos ruídos inerentes ao funcionamento do nosso próprio corpo)".Faremos música pra quem, para os aliens? Cage se trancou numa câmera a vácuo e disse que não existia silêncio, pois escutou o barulho do seu próprio coração, então 4'33'' em uma galáxia onde Et´s vivem ele é o cara já que nós não podemos experimentar, nós seres humanos.

Jabijirous
Veterano
# ago/11 · Editado por: Jabijirous
· votar


Vale a pena lembrar que todas as peças de impacto tiveram grande importância na história da música e que todas elas foram rejeitadas e hj são grandes obras de arte. Como dizia Villa-Lobos, o feio de hj é o bonito de amanhã.

Beethoven foi criticado por seu mestre, Haydn. Ele dizia que sua peça era muita inovadora.
Acho que qualquer falta de conhecimento é válida. Válida para acertar e errar, principalmente errar, pois é ai que a gente aprende.

"Outro dia eu fui num concerto e durante a execução do Hino Nacional o Maestro virou pra platéia e ficou regendo pra platéia cantar. Influência do John Cage?" Tem um leve sarcasmo na sua pergunta. De repente sua resposta está láááá no período barroco.

Não, foi influência de Bach, o coral foi onde o povo (que não sabia ler música) participava cantando o tema das cantatas e Bach fazia uma harmonização a quatro vozes. A fermata nos corais de Bach não era pra definir a frase e sim para o povo se achar no decorrer da música.

Ainda vivemos no período barroco, muita gente pensa que vivemos no romantismo e isso está errado. O tonalismo aparece no barroco, a dramaticidade está no romantismo, somando os dois mais uma série de nuances harmônicas estamos no século 20, ou seja, NEO, conhece? Estamos no NEO clássico, NEO romântico e pq não NEO barroco??

Mal estamos vivendo a primeira década do século 21, relaxa, quando vc estiver com 60 ou 70 anos de repente algo novo na arte musical irá aparecer, afinal, a música sempre foi a última das artes a aparecer algo novo.

Natis
Veterano
# ago/11
· votar


mas já ta na hora de aparecer algo surpreendente não?
e quando aparecer os contemporâneos irão dizer que é puro lixo o novo movimento ,e algumas décadas depois se tornará belo! É A VIDA!

Jabijirous
Veterano
# ago/11
· votar


Natis

Não acho não, acho que ainda temos que ouvir muito a música do século passado.

Acho que a música micro tonal vai ser a música do século 21.

Die Kunst der Fuge
Veterano
# ago/11
· votar


Jabijirous

Eu vou responder, mas como é grande estou esperando um momento de disposição.

Enviar sua resposta para este assunto
        Tablatura   
Responder tópico na versão original
 

Tópicos relacionados a Como anda a música erudita neste século?