Vamos associar intervalos aos sentimentos?

    Autor Mensagem
    caioscattini
    Veterano
    # nov/10


    Diferentes intervelos trazem diversas sensações aos meus ouvidos. Procurei descrever, sem consulta prévia alguma, o que cada um deles representa para mim.

    Tonica + 2ª menor.....um zumbido que me faz franzir a sombrancelha...barulho, caos
    Tonica + 2ª maior.....muito lindo, me remete à espacialidade, movimento, novidade
    Tonica + 3ª menor.....tristeza profunda. Belo, reflexivo, firme e constante, mas triste
    Tonica + 3ª maior.....Fala de pureza, vida. Me parece infantil (não pejorativo)
    Tonica + 4ª justa.....me parece um convite à alegria.
    Tonica + 5ª menor.....Bem, o famoso tritono é puro suspense, confusão e conflito.
    Tonica + 5ª justa.....Solidez, Força. Basico.
    Tonica + 5ª aumentada.Me lembra desvirtuamento (desvio) mudança drástica. Geralmente é transposição de tom M para m.
    Tonica + 6ª maior.....Meu intervalo favorito. Fala de sobriedade, auto-análise, paz
    Tonica + 7ª menor.....Parece uma grande brincadeira, gargalhada, zueira algo assim.
    Tonica + 7ª maior.....Melancolia, Pacato, Acomodação.

    É isso. Postem aí a opinião de vocês.

    Osvaldojr
    Veterano
    # nov/10
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    Muito interessante suas definições para sentimentos nos intervalos...
    Tônica + terça menor + 9 ............ tristeza enigmática, hehe

    caioscattini
    Veterano
    # nov/10
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    Osvaldojr
    ótimo! faltou paciência pra postar intervalos de 3 notas! mas a idéia é essa!

    ogner
    Veterano
    # nov/10
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    caioscattini

    hehehehe, vou testa-los aqui!!!!

    caioscattini
    Veterano
    # nov/10
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    Osvaldojr
    Tônica + terça menor + 9 ............ tristeza enigmática, hehe

    Ou então :
    Não sei o que está me deixando triste
    Ou até:
    Uma depressão sem motivo, sem explicação, de cortar o coração

    Alvaro Henrique
    Veterano
    # nov/10
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    Procure por Figurenlehre , Affektenlehre ou retórica do barroco.

    Quando surgiu o sistema tonal, há 250 anos, os caras fizeram isso, da forma mais elaborada possível.

    fernando tecladista
    Veterano
    # nov/10 · Editado por: fernando tecladista
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    Tonica + 7ª maior.....Melancolia, Pacato, Acomodação.
    Tonica + 2ª menor.....um zumbido que me faz franzir a sombrancelha...barulho, caos


    Tonica + 6ª maior.....Meu intervalo favorito. Fala de sobriedade, auto-análise, paz
    Tonica + 3ª menor.....tristeza profunda. Belo, reflexivo, firme e constante, mas triste


    Tonica + 3ª maior.....Fala de pureza, vida. Me parece infantil (não pejorativo)
    Tonica + 5ª aumentada.Me lembra desvirtuamento (desvio) mudança drástica. Geralmente é transposição de tom M para m.



    é interessante que as inversões dos intervalos ( o que conserva as mesmas notas) te passa sentimentos diferentes

    para mim uma sexta maior soa igual a uma terça menor, os dois intervalos são tristes

    caioscattini
    Veterano
    # nov/10
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    fernando tecladista
    Claro que são sensações diferentes!
    No primeiro caso, o intervalo de segunda menor tem duas notas adjacentes! A sensação auditiva é muito diferente.

    Não são as mesmas notas. Só tem o mesmo nome, ok? quando digo tônica + 6ª, a tônica é a nota + grave. Se a tônica for um Lá de 440hz, a sexta será um Fá# de 739.988845.

    A interação entre essas duas frequências não é igual a interação entre um Lá de 440Hz e um Fá# de 369.99442 (uma oitava acima), onde o Lá é uma terça menor do Fá#.

    Logo, sendo notas diferentes (de mesmo nome) tem intervalos diferentes, produzindo sensações diferentes.

    Ken Himura
    Veterano
    # nov/10
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    caioscattini
    No primeiro caso, o intervalo de segunda menor tem duas notas adjacentes! A sensação auditiva é muito diferente.

    Harmonicamente, não vai fazer diferença, o acorde vai ser o mesmo e ter a mesma função.

    Dogs2
    Veterano
    # nov/10
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    que merda hein

    caioscattini
    Veterano
    # nov/10
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    Ken Himura
    Ok, mas não estou falando de função harmonica, mas de intervalos.

    O intervalo entre C3 - E3, é o mesmo entre E2 - C3?
    Claro que não. Harmonicamente eles podem funcionar semelhantemente (apesar de não serem o mesmo acorde - um é o Dó maior e o outro é Dó com baixo em Mi).

    Você sabe bem que os dois acordes citados acima trazem sensações harmonicas diferentes sobre uma mesma melodia.

    Acha que não?
    Então toque 'Assim falava Zaratrustra' de Strauss começando aquela clássica introdução que é usada em '2001 - Uma Odisséia no espaço' trocando o C pelo C/E!

    Funciona? Claro; Mas não trazem a mesma sensação!

    Abraço

    Ken Himura
    Veterano
    # nov/10
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    (apesar de não serem o mesmo acorde - um é o Dó maior e o outro é Dó com baixo em Mi).
    Na verdade, inversão não é considerado um acorde diferente não. Então, é o mesmo acorde.

    Então toque 'Assim falava Zaratrustra' de Strauss começando aquela clássica introdução que é usada em '2001 - Uma Odisséia no espaço' trocando o C pelo C/E!
    O começo é C Maior no estado fundamental, depois C Maior na 2a inversão e depois C menor na 2a inversão. Exatamente pra usar este lance de "dó-sol-dó". A harmonia do início é uma bela duma nota dó uníssona. Qualquer outra nota que entrar aqui vai mudar o clima que Strauss queria - um uníssono.

    Mas a função como acorde vai ser a mesma tanto com dó, mi ou sol como baixo.

    caioscattini
    Veterano
    # nov/10 · Editado por: caioscattini
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    Ken Himura
    Mas a função como acorde vai ser a mesma tanto com dó, mi ou sol como baixo.

    Meu caro, admiro muito seu conhecimento e já aprendi várias coisas com seus posts.
    Mas nesse caso você está errado.

    Um mesmo acorde em suas inversões têm sonoridades diferentes.
    Utilizam as mesmas notas, podem substituir harmonicamente uns aos outros, mas compositores os posicionam em suas harmonias propositalmente, causando assim sensações diferentes.

    Em uma harmonia começando com C e depois vindo na sequencia um C/E traz uma sensação de mudança.
    Logo,
    Os dois trazem sensações auditivas diferentes.

    Ainda em 'Assim falava zaratrustra', há a seguinte sequencia:

    -Uníssono em C
    -Rápida modulação para Cm
    -Uníssono em C novamente
    -E uma transição para o IV grau (F), onde esta é precedida pelo acorde C/E!

    Se ao invés de C/E (que é um belo acorde do campo harmónico de C para ir para o IV grau) Strauss tivesse usado o C mesmo, seria a mesma sensação?
    Não estaria errado, nós sabemos, mas a sensação não é a mesma.

    Essa é a proposta do tópico. Sensações auditivas que os intervalos propôem.

    E é obvio que acordes em suas inversões têm sensações auditivas diferentes!
    Para mim, a primeira inversão é uma transição, um movimento, algo não definitivo. Por isso é muito utilizado como passagem.
    Já a segunda inversão é um chamado à dominante (você sabe bem disso) , inclusive muito utilizado na música classica para anteceder esse grau.

    A segunda inversão era mantida por compassos inteiros, uma seção da música clássica para anteceder à seção da dominante, que por sua vez conduz à Tónica , ou grand finale!

    Dogs2
    Veterano
    # nov/10 · Editado por: Dogs2
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    Esse negócio de inversão funcionar como o mesmo acorde em estado fundamental não é assim no discurso tonal, e em teorias pós-tonais como a do Hindemith se vc inverter as notas do acorde ele não continua sendo o mesmo acorde de maneira nenhuma, porque as relações intervalares entre as notas mudam, e o discurso musical dele funciona com base nisso, entre outras coisas

    Ken Himura
    Veterano
    # nov/10
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    Dogs2
    Sim, eu tou ligado. Mas o tonalismo de Hindemith é diferente do tonalismo "antigo". Ele classica os intervalos em consonantes e dissonantes e estabelece as relações tonais a partir daí (não que o normal não seja isso no tonalismo "antigo", mas se ele considerar que, por exemplo, uma segunda menor é consonância já rompe com este modelo).

    caioscattini
    As inversões servem para valorizar alguma nota do acorde, é um recurso útil na condução das vozes, exatamente pra não ficar saltando a torto e a direito e pra efeitos diferentes com a mesma harmonia, como você disse. Mas a função é a mesma, seja pra qual for - afinal, vai ser o mesmo acorde, com os mesmos graus.

    -E uma transição para o IV grau (F), onde esta é precedida pelo acorde C/E!

    Não. Até o compasso 21, este acorde não aparece em momento NENHUM, só no compasso 19, para os oboés - que são harmonizados pelo órgão que está fazendo um dó maior no estado fundamental. O acorde que precede o fá é um dó no estado fundamental, só que aberto e distribuído pelos naipes - compasso 14, último tempo.

    E é obvio que acordes em suas inversões têm sensações auditivas diferentes!
    Para mim, a primeira inversão é uma transição, um movimento, algo não definitivo. Por isso é muito utilizado como passagem.
    Já a segunda inversão é um chamado à dominante (você sabe bem disso) , inclusive muito utilizado na música classica para anteceder esse grau.

    A segunda inversão era mantida por compassos inteiros, uma seção da música clássica para anteceder à seção da dominante, que por sua vez conduz à Tónica , ou grand finale!

    Tudo uma questão de condução das vozes, exatamente pra não fazer muitos saltos desnecessários e pra não criar uma harmonia massante, igual o tempo inteiro. É mais simples fazer a cadência V7-I com a tônica na segunda inversão porque você vai resolver a harmonia praticamente por grau conjunto. Exemplo:

    Fá' - Sol' (ou até Mi', em uníssono)
    Ré' - Mi'
    Si - Dó'
    Sol - Sol

    caioscattini
    Veterano
    # nov/10
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    Ken Himura
    Ok, a discussão surgiu quando alguns acharam estranho intervalos diferentes entre notas de mesmo nome soarem diferentes para mim.

    O propósito do tópico é justamente a postagem de sensações particulares que os intervalos trazem à cada um.

    E...para mim, C e C/E trazem sensações diferentes.

    Agradeço os esclarecimentos.

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