Old, but gold. . .

    Autor Mensagem
    Edward Blake
    Membro Novato
    # dez/15


    Olavo de Carvalho
    Playboy, novembro de 2006

    Outro dia, meu filho de dezessete anos me disse: “Pai, no Brasil nunca vi alguém que acreditasse em alguma coisa por ser verdade. Eles dizem o que querem que aconteça, ou o que acham que é bom para eles, e chamam isso de ‘verdade’.”

    É a experiência de um garoto que veio para os EUA dezoito meses atrás. Se tivesse desembarcado no Japão ou em Angola seria a mesma coisa. Ele tinha descoberto a diferença entre o Brasil e a espécie humana.

    Não foi só ele quem descobriu. Nossos melhores romancistas – Machado de Assis, Lima Barreto -- já haviam reparado no fenômeno. Para isso é preciso muito estudo, muita reflexão. Sobretudo é preciso que tenha despertado na sua alma aquilo mesmo que falta no ambiente: o desejo de conhecer a realidade, de sacudir de si o torpor solipsista e tentar descobrir as coisas como são. O brasileiro a quem isso aconteça vê logo um abismo abrir-se entre ele e os outros. O que ele aprendeu é incomunicável na linguagem comum, feita para expressar desejos, temores, esperanças, não fatos, coisas, situações. Ele é agora o portador de um segredo, e quanto mais se esforça em revelá-lo mais parece ocultá-lo sob um manto esotérico. Os profanos se vingam, chamando-o de arrogante e esnobe. A família ri dele, a namorada ameaça largá-lo. Então ele não agüenta mais: vende a consciência em troca de afeição. Está maduro para tornar-se um professor da USP.

    Tanto em Machado quanto em Lima Barreto os únicos personagens que querem saber da realidade acabam vivendo num quase completo isolamento. O Conselheiro Aires e M. J. Gonzaga de Sá personificam o destino da consciência inquieta num oceano de inconsciência satisfeita. Não estou falando do “destino do intelectual”. O Brasil está cheio de intelectuais. Eles não precisam se perguntar sobre a realidade porque já receberam todas as respostas na universidade, acompanhadas da reconfortante solidariedade grupal que acaba se tornando o mais invencível dos vícios. Eles tanto desprezam o conhecimento que, quando encontram alguém que sabe mais que eles, tratam logo de isolá-lo para que não cometa o pecado de lhes ensinar alguma coisa.

    A filosofia nasce da pergunta sincera sobre a realidade. Com o tempo, pode degenerar em imitação acadêmica, mas sempre há filósofos genuínos que a devolvem à sua inspiração primeira. No Brasil, o que se entende por filosofia não é nem a imitação acadêmica: é a imitação da imitação acadêmica européia. Sim, a nossa experiência da filosofia não vem da fonte direta, daquele espanto inicial, o thambos aristotélico, que desperta o desejo de conhecer. Não vem sequer dos gregos, portadores da experiência originária do thambos. Quando tomamos conhecimento da filosofia, já é de terceira mão, por meio de seus mais recentes subprodutos universitários. A régua com que medimos nossas miúdas especulações não é a profundidade e seriedade da experiência interior ou exterior, não é nem mesmo a tradição clássica; é o critério escolar do dia, é a opinião corrente de burocratas, arquivistas da filosofia. Na USP ou na PUC ninguém jamais se interessou em conhecimento da realidade. Talvez nem concebessem que ela existe -- e ainda foram reforçados nesse estado de ignorância homeostática pela autoridade clerical do desconstrucionismo, que transforma a impotência de conhecer numa obrigação estatutária de achar que não há nada para ser conhecido. Dispensados de respeitar a presença das coisas e seres, estão livres para tagarelar sobre “autores”, “textos”, “discursos”, “constructos culturais”, bem como para entregar-se à volúpia da “imposição de discurso” sob a desculpa de que ninguém jamais fez outra coisa no mundo.

    Não espanta que, após alguns anos dessa dieta, não agüentem manter nem sequer o padrão escolar, e caiam para a papagaiada ideológica. Ideológica? Não chegam nem a isso. Doutrinação ideológica supõe algum esforço intelectual, alguma ordenação das idéias. Isso está infinitamente acima da capacidade de um Emir Sader, de uma Marilena Chauí, de um Gilberto Felisberto de Vasconcelos. O que eles fazem é beletrismo publicitário esquerdista, desesperadoramente kitsch.

    O Brasil optou desde o século XIX por uma cultura de ódio ao conhecimento e de amor às futilidades socialmente lindinhas. Só faltava transformá-la numa força política organizada. Com a ajuda de Antonio Gramsci, a presente geração de intelectuais ativistas fez isso. O Mensalão, o dinheiro na cueca e cinqüenta mil homicídios anuais entre louvores entusiásticos à normalidade democrática são a cultura brasileira transfigurada em Estado.

    www.olavodecarvalho.org/textos/playboy_nov2006.html

    Fidel Castro
    Veterano
    # dez/15 · Editado por: Fidel Castro
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    Edward Blake

    Brasil é ingovernável, é anárquico. Mas absolutamente otimista, capaz de ver beleza onde não tem e ficar de boa onde não é pra ficar de boa.

    Vem de baixo pra cima isso. Essa visão da academia é reflexo disso.

    O texto dele começa bom, depois vira recalque. Acho que ele perdeu o ponto chave que seria analisar as coisas de baixo pra cima, por causa da birra eterna dele com a academia brasileira.

    brunohardrocker
    Veterano
    # dez/15
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    Muito bom.

    Emir Sader

    http://static.noticiasaominuto.com.br/stockimages/gallery/naom_566933b 091354.jpg

    Cadê o enxame de vespa feminazi agora?

    Wade
    Membro Novato
    # dez/15
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    Olavo de Carvalho

    Parei aqui.

    One More Red Nightmare
    Veterano
    # dez/15
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    O Olavo parece aqueles caras que tem síndrome de tourrette: estão falando normalmente, e de repente soltam um CARALHO no meio da frase, sem contexto algum.

    No caso do Olavo trata-se de uma tourrette silogistica. Ele está raciocinando normalmente, com propriedade eu diria, e do nada ele solta isso:

    vende a consciência em troca de afeição. Está maduro para tornar-se um professor da USP.


    Eu queria poder leva-lo a sério por mais tempo do que apenas algumas frases e raciocínios em um texto.

    Fidel Castro
    Veterano
    # dez/15
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    One More Red Nightmare

    Sindrome de Valeska, ele começa de forma coesa depois os recalques dele dominam o texto

    One More Red Nightmare
    Veterano
    # dez/15
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    Fidel Castro
    Esses gracejos são aceitáveis em vários momentos, eu mesmo só preciso de umas duas cervejas para começar a tecer comentários racistas ou misóginos. Mas ele faz isso em tudo o que escreve, puta que pariu.

    brunohardrocker
    Veterano
    # dez/15
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    One More Red Nightmare
    vende a consciência em troca de afeição.

    Dá um desconto. Nesta chave ele resumiu o Brasil.

    pianoid
    Veterano
    # dez/15
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    a reconfortante solidariedade grupal que acaba se tornando o mais invencível dos vícios

    the internets are always right

    Black Fire
    Gato OT 2011
    # dez/15
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    Edward Blake
    Leia aí http://www.valor.com.br/pedaladas . Veja como age a equipe da governanta, é a ilustração perfeita deste texto.

    Gui
    Veterano
    # dez/15
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    o astrólogo Olavo de Carvalho...fiz nem questão de ler. desculpe.

    brunohardrocker
    Veterano
    # dez/15
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    O Olavo tem que usar um pseudônimo.

    Tipo Eduardo Ajinomoto.

    One More Red Nightmare
    Veterano
    # dez/15
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    Se as pessoas são incapazes de identificar e criticar as ideias em um texto, a despeito do conhecimento do seu autor -- bom, então eu acho que o demérito está nelas, antes de qualquer coisa.

    General Patton
    Membro Novato
    # dez/15
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    Voces não possuem o mínimo de arrumação intracromossomial específica para entender os silogismos do mestre.

    Insufferable Bear
    Membro
    # dez/15
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    One More Red Nightmare
    não acho que o problema seja incapacidade...

    General Patton
    deviam beber mais pepsi?

    General Patton
    Membro Novato
    # dez/15
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    Insufferable Bear

    http://www.cbsnews.com/news/pepsis-bizarro-world-boycotted-over-embryo nic-cells-linked-to-lo-cal-soda/

    Is this claim true? Neither Pepsi nor Senomyx returned calls, so we don't know the companies' side of the story. But a perusal of Senomyx's patents suggests that it may well be. All but 7 of the company's 77 patents refer to the use of HEK 293 (human embryonic kidney) cells, which researchers have used for decades as biological workhorses. (For the bio-geeks among you, these cells offer a reliable way to produce new proteins via genetic engineering.)

    landlord
    Veterano
    # dez/15
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    General Patton

    Nada como ficar alimentando seus próprios mitos.
    Esse tópico representa a perda de tempo.

    PianoGlauco
    Veterano
    # dez/15
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    Informação complementar e altamente relevante ao escopo do debate:

    http://garotadaplayboy.blogspot.com.br/2012/04/playboy-capa-danielle-s obreira-gata-do.html?zx=ab5865be6bc40b37

    PianoGlauco
    Veterano
    # dez/15
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    General Patton

    Voces não possuem o mínimo de arrumação intracromossomial específica para entender os silogismos do mestre.


    Deu saudade do Dr. Enéas... (conheci a figura pessoalmente no lançamento do seu programa de governo).

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