A polêmica das cotas para escolas públicas em universidades federais

Autor Mensagem
Master_Fire
Veterano
# ago/12 · Editado por: Master_Fire


As 59 universidades federais brasileiras terão que contar, em breve, com um sistema de cotas para ingresso dos novos estudantes. A expectativa é que a presidente Dilma Rousseff sancione, nos próximos dias, a lei que destina 50% das vagas oferecidas nestas universidades a alunos que tenham cursado o ensino médio integralmente em escolas públicas. Metade desta reserva beneficiará quem vem de família de baixa renda, com ganho máximo de um salário mínimo per capita.

Ainda de acordo com o texto aprovado na semana passada no Senado, as vagas deverão ser preenchidas por estudantes negros, pardos e indígenas, segundo a proporção observada pelo Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE) na região em que a universidade estiver localizada. A mesma regra também valerá para as escolas técnicas federais, que reservarão metade de suas vagas para quem cursou todo o Ensino Fundamental em escola pública.

O Ministério da Educação já divulgou que vai propor o veto do artigo que estabelece a média aritmética das notas dos alunos como critério para seleção. O ministro Aluizio Mercadante defende que, neste caso, seja usado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Polêmica

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foi a pioneira a adotar o sistema. Quase dez anos após o início das discussões sobre cotas no ensino público superior do País, o assunto ainda é polêmico. Especialistas concordam que o governo precisam ampliar, de alguma maneira, a participação dos jovens de famílias carentes, além de negros e indígenas, no ensino superior. Mas a reserva de vagas está longe de ser uma unanimidade entre docentes, alunos e estudiosos.
"A questão é como manter a qualidade e ao mesmo tempo fazer a inclusão. Não é uma equação fácil", avalia o sociólogo Simon Schwarzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, do Rio de Janeiro. Ele acredita que a política das cotas no Brasil pode acabar reduzindo a qualidade do ensino em instituições consideradas de excelência no País, caso as universidades não consigam se adequar para receber alunos que tiveram uma formação básica deficitária. O sociólogo propõe que sejam criados novos cursos para este público, no modelo das colleges nos Estados Unidos.

"Ou as universidades vão admitir essas pessoas hoje e daqui a um ano vão expulsá-las, por não conseguirem acompanhar os cursos, ou então vamos ter que baixar o nível para atender a essas pessoas, e as mais qualificadas vão embora, procurar outras instituições", afirma Schwarzman.

Já para o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Carlos Maneschy, é possível colocar na mesma sala de aula alunos aprovados no vestibular convencional e estudantes admitidos por cotas, sem prejuízo ao ensino. Ele conta que a Universidade Federal do Pará (UFPA), onde é reitor, adota há cinco anos a reserva de 50% das vagas para egressos de escolas públicas. E, segundo Maneschy, levantamentos mostram que, apesar das dificuldades iniciais apresentadas pelos cotistas, os índices de desempenho e de evasão entre alunos vindos de escolas públicas e de particulares são os mesmos. A UFPA ainda reserva, desde 2010, duas vagas para indígenas por curso.

A adoção de cotas também não alterou os indicadores de qualidade na Universidade Federal da Bahia e na Uerj, segundo o Maneschy.
Para o reitor, o sistema adotado no Pará contribuiu para uma maior democratização do acesso à universidade. Atualmente, 70% dos estudantes vêm de escolas públicas. Mas nem sempre foi assim. Um estudo de 1998 revelou que no curso de medicina, por exemplo, um dos mais elitizados, menos de 4% dos aprovados no vestibular vinham de escola pública. E menos de 1% eram negros.

Se por um lado a proposta do governo é bastante semelhante à adotada na UFPA, Maneschy ressalta, porém, que o projeto deve mudar totalmente a realidade de outras instituições federais, especialmente daquelas que até hoje não adotaram a reserva de vagas. Ele acusa a nova lei de ferir a autonomia das universidades, pois cada uma deveria ter o direito de adequar as cotas às suas peculiaridades. "Além disso, não vimos no projeto a preocupação com a garantia de financiamento à permanência desses estudantes, a fim de que possam contar com assistência moradia, alimentação, bolsa trabalho, assistência psicossocial", critica.
Segundo o presidente da Andifes, o Programa Nacional de Assistência Estudantil, que atualmente recebe 500 milhões de reais anuais, já não dá conta de todos os estudantes carentes das 59 universidades federais brasileiras.

As discussões continuam acaloradas quando se trata de cotas para população afrodescendente, também estabelecida no projeto aprovado. Contrário à medida, Simon Schwarzman diz que não há razão para "dividir a sociedade em grupos raciais estanques e categorizar a sociedade em termos de raça". O especialista, que foi diretor para o Brasil do American Institutes for Research, considera que a situação no Brasil é muito diferente, por exemplo, da vivida nos Estados Unidos à época da instituição de cotas nas universidades, ainda na década de 1960, a fim de romper com a discriminação racial.

No entanto, para Nelson Inocêncio, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), as cotas raciais não apenas devem existir como deveriam estar dissociadas das sociais. "A exclusão da população negra não é apenas por renda", diz. Apesar de fazer algumas críticas ao projeto, como a introdução de "pardos" na proposta, Inocêncio acredita que a reserva de vagas nas universidade pode ajudar a reduzir as diferenças sociais e raciais no País.
"Existe um pensamento conservador muito forte nas universidades, de que essas políticas vão comprometer a qualidade do ensino. É um discurso perverso, conservador, mas que permanece nas universidades e é compartilhada por alunos e professores", afirma o professor.

Inocêncio considera que não se pode permanecer no discurso do "mérito" quando se trata de ingresso na universidade pública, pois uma parcela da população já começa com uma defasagem muito grande na oportunidade de aprendizado. Segundo ele, também cabe aos educadores continuar cobrando do governo ações para melhorar o ensino médio. "Cota é uma solução urgente, mas temporária", diz. O texto do projeto prevê para daqui a dez anos uma revisão da lei das cotas.

Fonte:http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI6085734-EI8266,00- Cotas+para+escolas+publicas+geram+polemica+entre+especialistas.html

Master_Fire
Veterano
# ago/12 · Editado por: Master_Fire
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Será que as cotas vão abaixar o nível das faculdades federais, ou essa é uma tentativa de fazer com que os alunos de escolas públicas disputem em igualdade de condições com alunos que estudaram em escola particular vagas em universidades públicas?

Dissertem acerca desse tema.

Eric Clapton
Veterano
# ago/12
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Sinceramente não sei o que dizer ainda. Nem se sou contra ou a favor.

Black Fire
Gato OT 2011
# ago/12
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De novo?

TimRiddley
Veterano
# ago/12
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É muito mais fácil dar um jeitinho pros marginalizados sociais irem para a faculdade do que realmente tirar eles da marginalidade e lhes dar condições de entrarem por conta própria. Típico populismo.

TWT ICE
Veterano
# ago/12
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medida populista, ineficaz e vão se fuderem

Atom Heart Mother
Veterano
# ago/12
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assunto batido, blá blá investir na base escolar, é isso ae. flwss

Black Fire
Gato OT 2011
# ago/12
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ensino superior publico é populismo.

Die Kunst der Fuge
Veterano
# ago/12
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Cansei de ser enganado, vou embora pra Hong Kong.

Electric Eye
Veterano
# ago/12
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Foda-se, já estou na universidade mesmo.

TWT ICE
Veterano
# ago/12 · Editado por: TWT ICE
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melhor não brincar com essas coisas sabendo da grande quantidade de guerreiro dos teclados aqui

TimRiddley
Veterano
# ago/12
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Die Kunst der Fuge

Vai viver apavorado de um dia a China ir tomar conta da porra toda, que nem o resto do povo lá vive...

DrZaius
Veterano
# ago/12
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Racismo e desperdício.

DrZaius
Veterano
# ago/12
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Racismo e desperdício.

The Laughing Madcap
Veterano
# ago/12
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porque o caminho mais obvio de consertar de baixo para cima seria muito mainstream

tambourine man
Veterano
# ago/12
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se eu fosse prestar vest hoje iria correndo me matricular em uma escola pública. Fato

brunohardrocker
Veterano
# ago/12
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Eu entraria para um aldeia indígena.

Cavaleiro
Veterano
# ago/12
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Legal é que vai quebrar muita escola particular com qualidade de ensino superior a escola pública porque os pais vão matricular seus filhos em escola pública pra ter acesso a cota.

guizimm
Veterano
# ago/12
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eu ainda vou me fuder com isso

Rock With Salad
Veterano
# ago/12 · Editado por: Rock With Salad
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eu ainda vou me fuder com isso²

Não sei como fizeram algo tão imbecil como esse sistema de cotas...

guizimm
Veterano
# ago/12
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Não sei como fizeram algo tão imbecil como esse sistema de cotas...
pra que melhorar a educação pública se da pra fazer sistema de cotas?
isso é muito ridículo, é o sistema assumindo que presta um serviço de péssima qualidade e dizendo que não vai fazer nada a respeito

bblmanda
Veterano
# ago/12
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Não deveria haver vestibular, tinham que analisar o histórico do aluno

guizimm
Veterano
# ago/12
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Não deveria haver vestibular, tinham que analisar o histórico do aluno
aí é que eu me ferrava de vez, mas mesmo que não fosse assim, eu discordo

tambourine man
Veterano
# ago/12
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se é para ser arbitrário, que tudo se resolva na boa e velha luta na lama

bblmanda
Veterano
# ago/12
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guizimm
mas seria uma forma mais justa, é o que eu acho né

guizimm
Veterano
# ago/12
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bblmanda
avaliar uma pessoa pelas notas da vida inteira é estranho pra mim, as crianças iam ter que ficar desde cedo pensando em entrar na universidade, isso exige um nível de maturidade que a maioria não têm
justo mesmo é ter vaga pra todo mundo, mas como não tem, é preciso pensar em outros jeitos né

bblmanda
Veterano
# ago/12
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guizimm
mas aí, tu estuda a vida toda (o que deveria ser feito), e nada te garante que tu vai passar numa prova, onde só se tem uma chance e aí vários fatores são levados em conta, como o nervosismo, aqueles que vêm fazendo cursinho há vários anos e as cotas, é claro

Lìív
Veterano
# ago/12
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Sou contra cotas para negros e neutra em relação a cotas baseadas em fatores socioeconômicos (mas prefiro esta em relação àquela).

guizimm
Veterano
# ago/12
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bblmanda
se for assim, o que deveria ser feito era uma entrevista com cada candidato, junto com o histórico, ou algo assim, aí vc ve se a pessoa está preparada mais do que as outras pra fazer o curso, mas isso seria muito trabalhoso.
eu odeio que exijam de mim(faço parte do grupo de vestibulandos que sofrem esse tipo de pressão) por exemplo, que eu decida o que eu quero pro resto da minha vida, e me fazer estudar três anos pra fazer uma prova que vai infuir nisso, ou que queiram pegar meu histórico e decidir isso por mim.
só pra constar, não estou me fazendo de coitado, estou só exemplificando.

bblmanda
Veterano
# ago/12
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guizimm
pois é, o difícil é mostrar em uma prova o que tu estudou no EM, mas como vai continuar assim, vamos estudar :)

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