A epidemia de doença mental

Autor Mensagem
J. S. Coltrane
Veterano
# set/11


A epidemia de doença mental

Por que cresce assombrosamente o número de pessoas com transtornos mentais e de pacientes tratados com antidepressivos e outros medicamentos psicoativos

por Marcia Angell

Parece que os americanos estão em meio a uma violenta epidemia de doenças mentais.

[...]

No que se refere às crianças, o número é ainda mais espantoso: um aumento de 35 vezes nas mesmas duas décadas. A doença mental é hoje a principal causa de incapacitação de crianças, bem à frente de deficiências físicas como a paralisia cerebral ou a síndrome de Down.

[...]

O que está acontecendo? A preponderância das doenças mentais sobre as físicas é de fato tão alta, e continua a crescer? Se os transtornos mentais são biologicamente determinados e não um produto de influências ambientais, é plausível supor que o seu crescimento seja real?

[...]

Quando se descobriu que as drogas psicoativas afetam os níveis de neurotransmissores, surgiu a teoria de que a causa da doença mental é uma anormalidade na concentração cerebral desses elementos químicos, a qual é combatida pelo medicamento apropriado.

[...]

Trata-se de uma grande pirueta lógica, como apontam os três autores. Era perfeitamente possível que as drogas que afetam os níveis dos neurotransmissores pudessem aliviar os sintomas, mesmo que os neurotransmissores não tivessem nada a ver com a doença. Como escreve Carlat: "Por essa mesma lógica, se poderia argumentar que a causa de todos os estados de dor é uma deficiência de opiáceos, uma vez que analgésicos narcóticos ativam os receptores de opiáceos do cérebro." Ou, do mesmo modo, se poderia dizer que as febres são causadas pela escassez de aspirina.

[...]

Por razões óbvias, as indústrias farmacêuticas fazem questão de que seus testes positivos sejam publicados em revistas médicas, e os médicos fiquem sabendo deles. Já os testes negativos ficam nas gavetas da FDA, que os considera propriedade privada e, portanto, confidenciais. Essa prática distorce a literatura médica, o ensino da medicina e as decisões de tratamento.

[...]

Em particular, precisamos repensar o tratamento de crianças. Nesse ponto, o problema é muitas vezes uma família perturbada em circunstâncias conturbadas. Tratamentos voltados para essas condições ambientais – como auxílio individual para pais ou centros pós-escola para as crianças – devem ser estudados e comparados com o tratamento farmacológico.

No longo prazo, essas alternativas seriam provavelmente mais baratas. Nossa confiança nas drogas psicoativas, receitadas para todos os descontentes com a vida, tende a excluir as outras opções. Em vista dos riscos, e da eficácia questionável dos medicamentos em longo prazo, precisamos fazer melhor do que isso. Acima de tudo, devemos lembrar o consagrado ditado médico: em primeiro lugar, não causar dano (primum non nocere).

bica: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-59/questoes-medico-farmacolo gicas/a-epidemia-de-doenca-mental

J. S. Coltrane
Veterano
# set/11
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editado por mim, versão completa no link

Frigeri.
Veterano
# set/11
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Li tudo e não sei o que comentar.

Comuna CCCP
Veterano
# set/11
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O pior de tudo é que o crescimento não me surpreende, parece até meio óbvio...

Konrad
Veterano
# set/11
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é plausível supor que o seu crescimento seja real?

É plausível supor que o conhecimento sobre as doenças, seus desenvolvimento e sintomas tenha crescido e que mais casos estejam sendo diagnosticados.

Muito mais simples essa explicação, e não exclui a possibilidade de alguns abusos na prescrição.

Gansinho
Veterano
# set/11
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Eu acho que é o que o Konrad falou.
Aumento no número de diagnósticos.

Antigamente devia ser assim: "Hummm.. Esse menino não tem muita facilidade né... É burro."

Sedunk
Veterano
# set/11
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Estranho.

SODAPOP
Veterano
# set/11 · Editado por: SODAPOP
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é que nego inventa mil doenças
Hoje em dia eu sou são, mas daqui há um ano vão dizer que eu tenho uma síndrome psico-social de Warwrick-Sans volume IV (ao vivo)

thebassx
Veterano
# set/11
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heauehaeuaheuehae volume IV ao vivo haehaheheah

brunohardrocker
Veterano
# set/11
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J. S. Coltrane

Os transtornos mentais são biologicamente determinados?

Konrad
Veterano
# set/11
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brunohardrocker
Os transtornos mentais são biologicamente determinados?

Ao que parece, em grande parte.

brunohardrocker
Veterano
# set/11 · Editado por: brunohardrocker
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Konrad

A depressão?

(até agora eu acredito que não é, mas se a "causa" dela for neurotransmissores afetados e não "a morte da mãe" então eu tô muito louco.)

Cavaleiro
Veterano
# set/11
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Isso que dá aceitarem laudo de psicanalistas.

Konrad
Veterano
# set/11
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brunohardrocker
A depressão?

A tendência à. Ela pçode ser desencadeada por qualquer fator exógeno.

Mas sei lá, li muito sobre mas sou só curioso.

Die Kunst der Fuge
Veterano
# set/11
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brunohardrocker
(até agora eu acredito que não é, mas se a "causa" dela for neurotransmissores afetados e não "a morte da mãe" então eu tô muito louco.)


As duas causas são possíveis.

Konrad
Veterano
# set/11
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Cavaleiro

Lacan desaprova esse comentário.

Cavaleiro
Veterano
# set/11
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Konrad

Lacan é adorador da metafísica e da subjetividade em seu estado pleno.

Konrad
Veterano
# set/11
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Cavaleiro

Esqueceu de dizer "nojento" e "repugnante".

brunohardrocker
Veterano
# set/11
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Konrad
A tendência à. Ela pçode ser desencadeada por qualquer fator exógeno.

Mas sei lá, li muito sobre mas sou só curioso


É, isso ainda creio. Não sei muita coisa.

Die Kunst der Fuge
Veterano
# set/11
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brunohardrocker

Olha que legal:

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/832383-dormir-com-a-tv-ligada-pod e-causar-depressao-dizem-neurocientistas.shtml

brunohardrocker
Veterano
# set/11
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Die Kunst der Fuge
As duas causas são possíveis.

Então no caso posso dizer que se a causa for "deficiência dos neurotransmissores", temos uma causa biológica, que pode ser testada cientificamente.
E se a causa for "a morte da mãe" seria impossível chegar a esse diagnóstico cientificamente, portanto caberia ao método mais próximo da realidade, que seria a psiquiatria/psicologia?

Cavaleiro
Veterano
# set/11
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Konrad

Está implícito haha

Brincando, mas acho perigoso a junção saúde com pareceres qualitativos ou sem uma base estatística muito forte.

Cavaleiro
Veterano
# set/11
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Die Kunst der Fuge

Tenho até um tópico sobre isso:

http://forum.cifraclub.com.br/forum/11/247042/

brunohardrocker
Veterano
# set/11
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Die Kunst der Fuge
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/832383-dormir-com-a-tv-ligada-po d e-causar-depressao-dizem-neurocientistas.shtml

Lembro de ter visto essa notícia. Pois é, neste caso seria algo que afeta o cérebro, tal como a tela do computador afeta os olhos. É perfeitamente aceitável.

Die Kunst der Fuge
Veterano
# set/11
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Cavaleiro

Nem vi!
Acho que eu já tinha ido embora.

brunohardrocker

A morte da mãe também irá afetar os neurotransmissores/neuroreceptores, isso pode ser testado.

SODAPOP
Veterano
# set/11
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brunohardrocker
tal como a tela do computador afeta os olhos.

e o cérebro!
ah Bruno, vou te matar

brunohardrocker
Veterano
# set/11
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Die Kunst der Fuge
A morte da mãe também irá afetar os neurotransmissores/neuroreceptores, isso pode ser testado.

Então, o fato de afetar, nesse caso, seria uma consequência e não uma causa.

1 - Causa: Neurotransmissores -> Consequencia: depressão

2 - Causa: Morte da mãe -> Consequencia: Neurotransmisores -> Depressão

Como a "morte da mãe" não pode ser detectada por aparelhos, por exames e etc, não poderia ficar a cargo da ciência. Que método utilizariamos? Abriríamos ou não espaço para a psicologia?

Cavaleiro
Veterano
# set/11
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Eu tenho a impressão que em maior ou menor grau, todas as pessoas do planeta podem ser encaixadas em um ou mais transtornos mentais.

brunohardrocker
Veterano
# set/11
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SODAPOP
e o cérebro!
ah Bruno, vou te matar


Fumaram maconha perto de mim hoje. Nem ligue!

Die Kunst der Fuge
Veterano
# set/11 · Editado por: Die Kunst der Fuge
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brunohardrocker

Você deu uma forçada nessa equação ae.

A causa da depressão sempre vai ser os neuroreceptores/neuroreceptores, o que muda é o fator, externo ou interno, que causou um desbalanceamento deles.

E eu não sei onde você quer chegar com esse negócio aí da mãe, se o cara teve um problema no metabolismo dos neurotransmissores, uma vez detectado, isso tem de que ser tratado da mesma forma se foi pela morte do papagaio, por dormir com a TV ligada ou porque o time perdeu a final do campeonato, afinal de contas, não passa de um balanceamento químico.


E eu não sei muito sobre os métodos de determinação não, mas talvez seja possível determinar como a pessoa responde ao que lhe afetou, por exemplo monitorando as reações quando a foto da mãe é apresentada ou cosias do tipo, tenho que ver.

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