Sobre Tráfico de Pessoas.

    Autor Mensagem
    Mila Turunen
    Veterano
    # mar/10


    parece uma brincadeira de mal gosto, de tão absurdo.

    O tráfico de pessoas é um fenômeno complexo e multidimensional. Atualmente, esse crime se confunde com outras práticas criminosas e de violações aos direitos humanos e não serve mais apenas à exploração de mão-de-obra escrava. Alimenta também redes internacionais de exploração sexual comercial, muitas vezes ligadas a roteiros de turismo sexual, e quadrilhas transnacionais especializadas em retirada de órgãos.

    A definição aceita internacionalmente para tráfico de pessoas encontra-se no Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em especial de Mulheres e Crianças (2000), instrumento já ratificado pelo governo brasileiro. Segundo o referido Protocolo, a expressão tráfico de pessoas significa:

    "o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração."

    O mesmo Protocolo define a exploração como sendo "no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos".

    O tráfico de pessoas é uma das atividades criminosas mais lucrativas. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o lucro anual produzido com o tráfico de pessoas chega a 31,6 bilhões de dólares. Levantamento do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes mostra também que, para cada ser humano transportado de um país para o outro, o lucro das redes criminosas pode chegar a US$ 30 mil por ano.

    Estimativas da OIT assinalam que durante o ano de 2005 o tráfico de pessoas fez aproximadamente 2,4 milhões de vítimas. A OIT estima que 43% dessas vítimas sejam subjugadas para exploração sexual e 32% para exploração econômica.

    Ainda há poucos dados disponíveis que permitam uma aproximação real da dimensão do problema no Brasil. Um dos estudos mais importantes para a compreensão desse fenômeno no Brasil foi a Pesquisa sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual (Pestraf), realizada em 2002. A Pestraf mapeou 241 rotas de tráfico interno e internacional de crianças, adolescentes e mulheres brasileiras, indicando a gravidade do problema no país. A Pestraf permanece ainda como a única pesquisa de abrangência nacional sobre o tema.

    Muitas das informações contidas na Pestraf foram incluídas no material que serviu de ponto de partida para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional, instituída em 2003, com o propósito de investigar as situações de violência e redes de exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Em pouco mais de um ano, a CPMI percorreu todas as regiões do país, realizou diversas reuniões e audiências, ouvindo representantes de entidades da sociedade civil, do Poder Público, bem como acusados e vítimas de exploração sexual. Em seu relatório final, a CPMI sugeriu alterações à legislação brasileira, algumas das quais já foram contempladas na alteração do Código Penal feita em março de 2005. A CPMI também avaliou políticas públicas e recomendou ações ao governo federal, muitas das quais já se encontram em execução.

    É importante apontar que, embora muitos casos referentes ao tráfico de pessoas envolvam vítimas brasileiras, o Brasil também tem sido o destino de muitas mulheres e meninas de países da América do Sul que são traficadas para fins de exploração sexual comercial, bem como de homens e meninos que são trazidos ao país para a exploração de trabalho escravo.

    fonte: http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJ0A9BD4F5ITEMID894216FA4EA2427D987 142B31FF7815CPTBRNN.htm

    o curioso é que, sempre que esse assunto é levantado, citam sobre a venda de crianças do Nordeste para exploração sexual na Europa. já perdi a conta de vezes que ouvi sobre isso. mas o Brasil também é receptor.

    parte dessas pessoas não percebem que são vítimas de um crime.
    recentemente, li um artigo sobre trabalho semi-escravo de bolivianos no Bom Retiro, com carga horária de 12 horas e salários baixíssimos (cerca de 200 reais por mês). não procuram a justiça por outros dois motivos: 1) imigração ilegal; 2) qualidade de vida melhor que no país de origem (por incrível que pareça).

    dissertem.

    ps.: não, ainda não tinha tópico.

    brunohardrocker
    Veterano
    # mar/10
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    Não há o que não haja.

    Marco Hietala
    Veterano
    # mar/10
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    2) qualidade de vida melhor que no país de origem (por incrível que pareça).

    O que fode é isso. A pessoa vive em uma miséria tão grande que acaba não se dando conta que não está trabalhando em condições dignas.

    Mila Turunen
    Veterano
    # mar/10
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    Marco Hietala
    exatamente. não é nem questão de conhecer os direitos como trabalhador (e não que conheçam...), mas não se dar conta do regime escravista.

    associam escravidão com raça no Brasil (até onde tenho conhecimento, apenas nas américas ocorreu esse tipo de regime), e fica difícil explicar para um branco/indígena/oriental/whatever, assalariado, que é um escravo.

    Eric Clapton
    Veterano
    # mar/10
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    O que tem de boliviano em São Paulo não é brincadeira!

    Tenho pena desse povo que sai de um lugar ruim para um lugar pior!

    kiki
    Moderador
    # mar/10
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    Eric Clapton
    Tenho pena desse povo que sai de um lugar ruim para um lugar pior!
    o pior que as vezes nem isso... acaba melhor aqui do que la.
    =/

    Mila Turunen
    associam escravidão com raça no Brasil (até onde tenho conhecimento, apenas nas américas ocorreu esse tipo de regime),
    que regime?

    se for a escravidão, existiu em diversos lugares do mundo, em diversas condições.

    o trafico de escravos em si ja nao sei.

    mas vale uma ressalva pseudointelectualzinho de merda:
    do ponto de vista economico isso nao é trabalho escravo. escravo nao recebe. se paga salario, é assalariado, é capitalista.

    nesse caso, "trabalho escravo" se refere às condições exploratorias de trabalho, similares a de um escravo, onde o trabalhador fica forçadamente atrelado ao seu patrao.
    o mesmo acontece atualmente em areas rurais, como plantações de cana.

    brunohardrocker
    Veterano
    # mar/10
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    kiki

    Acho que ela quis dizer que associam a escravidão a raça (negra), e que se um branco/amarelo etc, for submetido a isso ele não compreende que o está.

    do ponto de vista economico isso nao é trabalho escravo. escravo nao recebe. se paga salario, é assalariado, é capitalista.


    semi-escravo =]

    LeandroP
    Moderador
    # mar/10 · Editado por: LeandroP
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    Eu diria escravo, porque $ 200 por mês não é nem ajuda de custo. Não é nem um "custo-escravidão".

    Com um salário mínimo não se vive, imagine menos da metade.

    makumbator
    Moderador
    # mar/10
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    kiki
    nesse caso, "trabalho escravo" se refere às condições exploratorias de trabalho, similares a de um escravo, onde o trabalhador fica forçadamente atrelado ao seu patrao.
    o mesmo acontece atualmente em areas rurais, como plantações de cana.


    É o que a legislação brasileira chama de "trabalho análogo à escravidão" .

    Thiago Yoshiki
    Veterano
    # mar/10
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    LeandroP
    Que isso cara? Como você diz uma coisa dessas? Hoje em dia não tem escravos, só estagiários. :P

    TaylorBass
    Veterano
    # mar/10
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    E eu precisando de estágio.. =)

    LeandroP
    Moderador
    # mar/10
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    Thiago Yoshiki

    heuahuehauhe triste

    Mila Turunen
    Veterano
    # mar/10
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    _hm

    kiki
    se for a escravidão, existiu em diversos lugares do mundo, em diversas condições.
    oh yeah. alguns trabalhos em regime de servidão também são considerados, popularmente, como escravos.
    MAS, e sempre tem um mas, gerado por motivos diversos, como dívida. uma pessoa ser feita como escrava unicamente pela raça existiu somente com o tráfico negreiro.

    LeandroP
    Eu diria escravo, porque $ 200 por mês não é nem ajuda de custo. Não é nem um "custo-escravidão".
    o assunto é mor sério e tu me faz rir...

    kiki
    Moderador
    # mar/10
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    makumbator
    É o que a legislação brasileira chama de "trabalho análogo à escravidão" .

    ah, tá aí. me disseram que tinha um nome preciso, mas nao sabiam dizer como era.

    Mila Turunen
    uma pessoa ser feita como escrava unicamente pela raça existiu somente com o tráfico negreiro.
    gotgot
    =]

    thebassx
    Veterano
    # mar/10
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    comprei duas ontem. fugiram. liguei no procon, devo ser ressarcido em alguns dias.

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