O que acham da cena Blues no Brasil?

    Autor Mensagem
    Zwipek
    Membro Novato
    # ago/21


    Olá galerinha!

    Queria saber de vocês o que acham da cena blues no pais atualmente. Em outros tempos tinhamos Celso Blues Boy, Nuno Mindelis, dando uma moral para nós. Shows de B.B. King e Eric Clapton.

    Agora ao que parece o estilo desacelerou mundo afora, mas ainda temos caras como Robben Ford, Robert Cray e uns novos que já assisti por aí.

    Vejo que ainda há um apelo para o estilo no Brasil, com algumas bandas, mas normalmente cai naquela velha história de tocar em casamento e/ou ter de fundir um som mais Jazz para tocar em festivais e em mais lugares (sem preconceitos, acho esses mercados de grande valor).

    Dissertem. :)

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/21 · Editado por: Lelo Mig
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    Zwipek

    Cara, a cena blues no Brasil nunca foi grande coisa. O Blues teve um destaque nos 60-70 na Europa e nos 80-90 no Brasil com Celso Blues Boy, Nuno Mindelis, Blue Jeans, André Christovan, Blues Etilicos, e etc. mas não foi muito longe.

    Nem cena rock têm mais.

    O rock dominou o cenário por mais de 50 anos e trouxe consigo o blues na garupa para o palco principal. Nenhum outro estilo esteve em destaque por tanto tempo.

    Acabou!

    Filippo14
    Veterano
    # ago/21
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    Robben Ford já ta mais para lá do que para cá.

    Dois caras novos que tem despontado bem até é o Kingfish Ingram e o Jared James Nichols, muito bons.

    Abraço,

    LeandroP
    Moderador
    # ago/21
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    Essa banda é muito legal - Blues e Rock'n Roll

    https://www.youtube.com/watch?v=Rj5lhT8CYI0

    Delson
    Veterano
    # ago/21
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    Hoje temos alguns brasileiros se destacando mundo afora, como o já citado André Christovam, Art Menezes, Fred Sunwalk, Fernando Noronha, Marcos Ottaviano, Kiko Moura, Big Gilson e alguns outros que precisam me perdoar por não citá-los.

    Ken Himura
    Veterano
    # ago/21
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    Lelo Mig
    a cena blues no Brasil nunca foi grande coisa
    A minha "resposta" no tópico, que tá mais para uma pergunta, era nessa direção aí: e existe cena blues no Brasil?

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/21
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    Ken Himura

    "e existe cena blues no Brasil?"

    Pois é, o pessoal confunde existir meia dúzia de amantes do gênero (alguns até bastante bons) com existir uma cena.

    Zwipek
    Membro Novato
    # ago/21
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    Citei a tal "cena" apenas de forma a englobar os entusiastas que ainda levam o blues para os bares de rock, festivais e até eventos. Nunca imaginei alguém tocando com uma guitarra de 3 cordas histórias do mississipi.

    Mas entendo o que vocês disseram.

    Acho que o Blues consegue sobreviver no Brasil. O Rock também. O Samba também. O Choro também. Agora, é fora de questão achar que poderemos competir com o nadismo da Anittas, É o Tchan ou Ivete Sangalo.

    É mais fácil controlar um fantoche manipulável do que verdadeiros artistas que normalmente são temperamentais e complexos. Nenhum empresário é louco de criar uma cena repleta de gente louca incontrolável, né?

    Mas ainda tem uns loucos por aí, cientes de que não precisa aparecer no Faustão ou no BBB pra ser artista de verdade.

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/21
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    Zwipek

    "Anittas, É o Tchan ou Ivete Sangalo."
    Nenhum empresário é louco de criar uma cena repleta de gente louca incontrolável, né?


    Isso é o Pop brazuca. Não é melhor, nem pior, nem diferente de Rihana, Beyoncé, Justin Bibier, K Pop... um pouco mais pobre? Um pouco menos bem produzido? Talvez isso, no máximo, devido a sermos 3o mundo.

    Aliás, assista um clip de banda Hair Metal dos 80... em nada difere de Calypso. Traduza uma letra do Van Halen; tão "genial" quanto Wesley Safadão.

    Essa música pop descartável sempre existiu e continuará existindo, é o que dá grana, é o que move a máquina, é o que a maioria das pessoas querem ouvir.

    Os músicos da Banda da Ivete Sangalo são muito superiores as maioria das bandas de rock.

    Eu ouço 70% rock, alguém um dia falou que rock era música boa e eu acreditei nisso, mas não é. Continuo ouvindo, eu gosto, não vou deixar de ouvir, foda-se, mas é bosta. A maioria das letras são ridículas e musicalmente é pobre prá caralho.

    Se você tirar apenas o "gosto vs não gosto" não sobra nada. Analise friamente, no que Nirvana, Bon Jovi ou AC/DC, por exemplo, são melhores que Chitãozinho & Xororó?

    Percebe?

    Cmolena
    Membro Novato
    # ago/21
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    Concordo em muitos pontos com o Lelo....

    Mas falando sobre o blues no Brasil, na minha opinião, é uma coisa meio que esquisita porque não é de fato um estilo brasileiro, né? Então o que me parece é que tem bastante gente por aí que faz um som meio blues, mas que na real emulam muito do que os gringos fazem, né? Sei lá, minha opinião.

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/21
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    Cmolena

    "na real emulam muito do que os gringos fazem, né?"

    É exatamente isso. É aquela coisa de "japonês no samba".

    O Blues é americano, têm a ver com a cena dos escravos e trabalhadores das plantações de algodão nos EUA, é o lamento deles. Essa "vivência" nenhum gringo vai ter, na real, nenhum branco fora do Delta do Mississipi. É como o nosso samba de raiz, nas rodas baianas ou nos morros cariocas.

    Claro, nada impede que quem goste faça. Não sou contra o loirinho alemão ou o branco brasileiro tocarem blues; Acho que cada um deve fazer, se aprimorar, se dedicar e se divertir com o que gosta. Mas, não existe nem nunca existirá blues de verdade fora dos EUA. A própria cena blues inglesa dos anos 60 virou Rolling Stones, Black Sabbath e Pink Floyd... ou seja, nada a ver com o "traditional blues". Bom para rock! Ganhou a música como um todo.

    LeandroP
    Moderador
    # ago/21
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    Lelo Mig

    E o Nuno Mindelis? Marcos Ottaviano?
    Os caras têm o mojo, bitcho!

    LeandroP
    Moderador
    # ago/21
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    https://www.youtube.com/watch?v=pHJsW8od5P4


    https://www.youtube.com/watch?v=MrWlYyBJXB8

    Guilherme Ziggy puta guitarrista!

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/21 · Editado por: Lelo Mig
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    LeandroP

    Não disse que não têm "mojo", que não são bons.

    Vou usar outro exemplo: Conheço pessoalmente (não é amigo do primo do vizinho não, eu conheço os manos) uma banda de rockabilly, chamada Old Chevy.

    Os caras são bons prá caraio, já fizeram tour européia, o guitarrista (Simon Lira) e a banda estão no site oficial da Gretsch e os caras têm agenda de shows cheia.

    Mas, não existe "cena rockabilly" no Brasil e este rocker "Elvis fase couro e de lambreta" nunca foi uma realidade brasileira.

    O que não desqualifica em nada os rockers brazucas nem as fábricas de gel prá cabelo.

    Você entendeu... só tá querendo causar...hehehe.

    LeandroP
    Moderador
    # ago/21
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    Lelo Mig
    só tá querendo causar...hehehe

    Eu lão :p

    Zwipek
    Membro Novato
    # ago/21 · Editado por: Zwipek
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    Show business é, como o próprio nome indica, um negócio. Com uma pitadinha de arte, as vezes. Música "de verdade" são os eruditos e, talvez, o jazz, ainda que adote uma estética de improvisação que conduz o estilo para um segmento a parte.

    Minha questão sobre a "cena" blues é justamente uma dúvida originada por saber que o espaço dedicado ao jazz é restrito, e boa parte das vezes o artista precisa inventar moda de ser professor ou tocar outro estilo, como o supracitado blues.

    É quase como a comunidade científica brasileira, onde alguém que tem potencial para ser um grande pesquisador tem que dar aulas e viver de bolsa. Se está dando aulas enquanto poderia estar produzindo o que tem aptidão para fazer em alto nível, estamos jogando talentos fora.

    É assim com a música. A diferença é que hoje há o culto ao capital (não é uma crítica rebelde, apenas uma constatação evidente). E os mecenas não são mais apenas reis, rainhas ou religiões, mas também os empresários da "arte" surgidos no séc. XX, sedentos por lucro.

    Fora isso a música popular continua sendo como os menestréis do séc. XI. Trovadores clamando por algum tipo de atenção, mero entretenimento. Mas hoje eles podem gravar músicas e vídeos, capitalizando com sua pseudo-arte.

    Para finalizar o post, acho que temos de ser cautelosos ao avaliar o rock de uma maneira geral. Um estilo que foi mainstream durante 40 anos certamente compreende uma ampla gama de artistas, dos mais variados tipos e níveis. Mas concordo que mesmo o rock sempre foi business. Chuck Berry não queria rivalizar com Beethoven. Ele queria vender discos falando do seu mustang, ou o Elvis que queria comprar um novo Cadillac.

    O que há de errado nisso? Nada. Talvez apenas o fato de que algumas pessoas não separam artistas de artistas e é difícil entender como Wesley Safadão pode ser considerado compositor, assim como foi Chopin. Irônico.

    Filippo14
    Veterano
    # ago/21
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    Zwipek

    Wesley Safadão pode ser considerado compositor, assim como foi Chopin

    Sinceramente concordo, maaas, também acho meio tosco a gente ficar babando ovo porque determinado compositor faz coisas complexas ou é muito virtuoso, como se isso bastasse. Eu já vivi muito isso e sinceramente hoje tento pensar de outra forma. Tem muita coisa bela que é simples e talvez o Wesley Safadão ou quem seja pode ser capaz de entregar obras muito bonitas. Acho que quando a gente olha a música popular, a gente devia separar o artista (Wesley Safadão) do compositor, músico, cantor (Wesley Oliveira da Silva). Até por que, como o Lelo Mig, muito músico bom toca nessas bandas ou vive desse tipo de som.

    E concordo também com a pobreza teórica e musical da grandíssima parte das obras de rock, não que isso impeça-as de serem belas.

    Abraço

    Zwipek
    Membro Novato
    # ago/21 · Editado por: Zwipek
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    @Filippo14

    Você levantou alguns pontos interessantes. Analisando friamente, a música é uma arte instável, até mesmo na questão da padronização dos temperamentos, onde já existe uma dificuldade em se definir a forma "certa" de fazer música.

    Seria a arte uma coisa instável por natureza ou uma atividade meramente técnica? Assim como você, creio que não. É, supostamente, uma forma de trabalhar em um mundo metafísico e as vezes abstrato, com a finalidade de mostrar uma visão de mundo ou apenas despertar sentimentos.

    Ontem me emocionei ao escutar uma interpretação de Canon in D de Pachelbel, por exemplo. Do ponto de vista da musicologia, interpretação é uma das 2 vertentes possíveis juntamente com a criação.

    Há quem possa se emocionar ao escutar uma moda de viola, rir, chorar, dançar, gargalhar com o Raul Seixas, debochar, contestar, etc. Portanto de Beethoven a Tião Carreiro, temos essencialmente o objetivo de despertar uma emoção no receptor.

    A solução a meu ver, talvez seja separar "joio do trigo", dividindo as coisas entre poesia e prosa.

    Não é justo dizer que há menos arte no hai kai direto e reto de Leminski do que em um trecho da obra de Cervantes. Mas podemos dizer que o último se esmerou mais no volume de produção e técnica, reflexo da época em que registrou sua obra.

    O mesmo exemplo pode ser ilustrado na música, comparando a simplicidade dos power chords de Steve Jones nos Pistols com a habilidade e sofisticação de Al Di Meola.

    A própria comparação, muitas vezes, já se mostra um erro.

    Por fim, talvez definir o que é a arte seja o equívoco que origina todo o impasse, remetendo a natureza humana de crer em uma superioridade fajuta apenas por questão de gosto pessoal.

    Um tema complexo e simples ao mesmo tempo!

    Mas em termos de qualidade, ainda fico com Tchaikovsky, Schubert, Schoenberg e Prokofiev como artistas que devotaram suas vidas a produção de uma obra relevante para sua arte, que era a música. Em momentos mais anárquicos, talvez Miles Davis e Thelonious Monk estejam no páreo.

    Já a arte comercial sempre é uma arte que pode ser facilmente corrompida e em nome da visibilidade e marketing adere a outras artes como dança, poesia ou até recursos de moda e elementos circenses, apenas para conseguir algum tipo de destaque ou diferencial mercadológico.

    Me prolonguei demais, não quero entrar na questão filosófica de discutir estética amplamente, pois isso sim é um grande debate, provavelmente milenar. Porém é sempre bom acompanhar a opinião de outras pessoas.

    Indiegesto
    Membro Novato
    # ago/21
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    Ó a Luisa Sonza aí.




    Indiegesto
    Membro Novato
    # ago/21
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    Se você tirar apenas o "gosto vs não gosto" não sobra nada. Analise friamente, no que Nirvana, Bon Jovi ou AC/DC, por exemplo, são melhores que Chitãozinho & Xororó?


    Nem precisa ir longe. No que Nirvana é melhor que Bon Jovi?kkkk


    Eu ouço 70% rock, alguém um dia falou que rock era música boa e eu acreditei nisso, mas não é. Continuo ouvindo, eu gosto, não vou deixar de ouvir, foda-se, mas é bosta. A maioria das letras são ridículas e musicalmente é pobre prá caralho.


    Isso vale pra tudo que é música popular. Sobre o rock, a merda começa quando este é afastado de suas raízes negras e vira white trash music.

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/21
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    Indiegesto

    "Ó a Luisa Sonza aí."

    Bluseira raíz! Tacava-lhe o pau!

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